terça-feira, janeiro 31, 2006

FP comemora Schmitt

Carl Schmitt morreu há duas décadas (1985). Ao longo da sua história, a Futuro Presente deu sempre grande atenção a este pensador que era, afinal, o último grande representante da escola realista europeia, na linha de Maquiavel, Hobbes e Max Weber. Assim, é natural que, nos números ainda referentes a 2005, tenhamos dado uma atenção particular à sua obra. Na última revista publicada, Jaime Nogueira Pinto escreveu sobre Carl Schmitt. Ontem, hoje e amanhã e, no próximo número, publicaremos um artigo de Teodoro Klitsche de la Grange intitulado Notas actuais sobre a Teoria do "Partisan".

Contudo, e neste momento em que se fala cada vez mais sobre Carl Schmitt, lembra-se aqui a importante obra de Nuno Rogeiro, um dos fundadores da Futuro Presente, O Inimigo Público. Carl Schmitt, bin Laden e o Terrorismo Pós-Moderno, sobre a qual, inexplicavelmente, nunca foi feita qualquer recensão na nossa revista.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Vladimir Volkoff

Já por diversas vezes nos referimos no Futuro Presente à figura e à obra de Vladimir Volkoff, um conhecido autor francês de origem russa, oriundo de uma dessas muitas famílias que se refugiaram em Paris logo a seguir à revolução bolchevique. A nossa equipa gosta bastante deste autor e dos seus escritos politicamente incorrectíssimos, embora nos dividamos entre os que lhe preferem os ensaios e os que gostam mais dos romances.

Autor de uma já vasta bibliografia, publicará no início de Fevereiro mais um título a acrescentar à sua lista de romances: Le tortionnaire. O livro promete e, mal apareça nos escaparates, não deixaremos de lhe fazer referência.

Para quando a tradução em português dos seus romances?

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Houellebecq, não Houellebecque

O autor de La possibilité d'une île chama-se, claro, Michel Houellebecq - em vez de, como deixámos sair - Houellebecque. Aqui deixamos a correcção. Entretanto, recomendamos que leiam no próximo número da revista a recensão do livro, já entregue pelo Jaime Nogueira Pinto.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Telegraficamente

A eleição de 22 de Janeiro (também) quis dizer:
1) O fim do "antifascismo", como passo para a respeitabilidade política. Os candidatos de esquerda eram todos antifascistas da primeira hora (Mário Soares) - e de sempre - os outros três!
O seu discurso bateu o tema, com aplicação. M. Soares, mesmo, na necessidade de autojustificação, quase chegando a imputar a Cavaco Silva propósitos desestabilizadores.
Todos mais ou menos referindo a conspiração dimitroviana – fascismo + grande capital – com Louçã e Jerónimo metendo Sócrates nesse saco tenebroso e conspiratório.
2) Outros significados:
A esquerda "patriótica" – no sentido da esquerda que não é internacionalista, europeísta, iberista – ou que pelo menos afirma alguma preocupação nacional (Alegre) – ficou à frente da outra esquerda – Soares, BE.
O candidato suprapartidário - Cavaco - apresentou-se independente e recolheu, depois, apoio partidário – e o candidato em dissidência com a candidatura oficial do seu partido – Alegre – somaram quase ¾ dos votos.
Isto vale (e significa) o que vale, que é alguma coisa.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Michel Houellebecque

A ideia que tinha de Michel Houellbecque era de um autor politicamente incorrecto e erótico-porno-"obsceno", ao modo do Pedro Juan Gutiérrez da "Trilogia de Havana" e de algum Henry Miller.
Agora que li – o Eduardo deu-mo no Natal, com dedicatória apropriada – La possibilité d’une île – acho que é também um pensador reaccionário no (nosso) melhor sentido; contra a "modernidade", do choque tecnológico, a globalização e outras banalidades!
Utopia negativa, La possibilité d’une île, explora o terreno da science-fiction política, no estilo dos melhores anglo-saxónicos dos "anos dourados" da SF, de A. Huxley aos "americanos" Bradbury, Asimov, A. E. Van Vogt. Li também, agora, em Moçambique, Les particules élémentaires do mesmo M. H. que igualmente recomendo!

FP em mudança

Estamos atentos às várias críticas e sugestões que nos têm sido feitas a propósito da inexistência de um site da Futuro Presente; estamos de acordo, é absolutamente necessário dispormos de um tal meio de comunicação. No entanto, não se pode fazer tudo ao mesmo tempo. Tivemos primeiro que assegurar a necessária captação de publicidade para viabilizar um aumento do número de revistas ao ano; estamos agora a regularizar a sua publicação e a garantir a sua periodicidade (embora ainda não o tenhamos conseguido na totalidade); aumentámos o número de colaboradores e os temas tratados; estamos também a ensaiar a sua distribuição em diversas papelarias e livrarias do País e, finalmente, eis que surge o nosso blog.

Falta ainda fazer muitas coisas e há diversos aspectos a melhorar, mas não se podem negar as alterações que a Futuro Presente tem sofrido nos últimos tempos. Precisamos agora da vossa ajuda para a sua divulgação.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

As duas Espanhas

Ainda não chegou às mãos dos nossos leitores o último número da revista Futuro Presente e já gostaria de incluir algumas novidades no meu artigo As duas Espanhas. Nele fala-se essencialmente da obra de Juan Manuel de Prada, um jovem autor católico e conservador espanhol que começa a agitar o meio literário do país vizinho devido a uma sucessão de prémios e de referências elogiosas. Com uma escrita prodigiosa e muito original, saúda-se a próxima publicação em português de "O Silêncio do Patinador", uma recolha de originalíssimos contos deste autor que está já a trabalhar no seu novo romance.
A sua nova obra, que se anuncia volumosa e polémica, girará em torno da ideia de identidade e das raízes de cada um de nós, através da história de um homem que descobre que o seu pai afinal não o é.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

C.S.Lewis

Está em exibição o filme baseado nas "Crónicas de Narnia" de C.S.Lewis - que nos veio lembrar o autor do clássico The Screwtape Letters, traduzido para português para a Grifo por Carlos Babo, com o título Vorazmente teu. (Em francês, este livro tinha o título mais explicativo de Tactique du Diable). É um autor por quem o cinema já se interessou (com Dois estranhos, um destino, um filme biográfico, com Anthony Hopkins). Tem muito que se lhe diga - e tentaremos dizer alguma coisa num dos próximos números da revista.

Eleições presidenciais

ESCOLHA DECISIVA OU MAIS DO MESMO? A consideração dos cenários da eleição presidencial parece ir ser, agora, o material predilecto dos "analistas". Como se se tratasse de um momento gravíssimo da vida nacional, de escolhas dramáticas entre candidatos e projectos políticos abissalmente opostos e com grande poder de decisão no futuro próximo.
Na realidade trata-se de "mais do mesmo", ou seja, de uma continuidade das escolhas que aos portugueses nos trinta anos de regime democrático têm sido oferecidas: ou um Partido Socialista, o PS que, na verdade na doutrina e na prática é e sempre foi, e tem sido precisamente desde o Dr. Soares, social-democrata; ou de um PSD – Partido Social Democrata – que se afirma social-democrata, vai buscar os votos aos eleitores da direita e tem uma política que não difere, substancialmente da do PS, com excepção daqueles temas – como o aborto – em que a pressão das bases militantes tem sido mais forte.
Também para as presidenciais, e apesar da retórica "apartidária" ou suprapartidária dos candidatos principais – Cavaco Silva, Mário Soares, Manuel Alegre – as coisas são o que são. Cavaco Silva é militante e foi dirigente do PSD; os outros – Soares e Alegre – são do PS; mais à esquerda, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã representam um outro despique, mais pequeno, mais doméstico, mais local – saber quem tem mais votos na extrema-esquerda e pode hegemonizar tal espaço: se o PC, o velho partido de Cunhal com a sua tradição resistencialista, pós-modernos. Se o BE, dos trotskystas da revolução permanente. Nada de novo, pois, nesta frente "oriental".
Para a direita, que não tem, nem tem tido partido nem candidato, restando-lhe geralmente abster-se, votar no "mal menor" do CDS-PP ou no "mal menor" maior do PSD, nas legislativas, e nos candidatos de "não esquerda" nas presidenciais, a história vai, outra vez repetir-se.
A direita não tem candidato próprio ou pelo menos vizinho. O seu "mal menor" é Cavaco Silva, pelas razões que a esquerda não gosta dele: não foi resistente antifascista, nem sequer da "ala liberal"; passou pelo serviço militar em África quando lhe coube a vez; é um profissional responsável como académico e especialista em Finanças públicas; é um político com bom nome em termos de honorabilidade pessoal e capacidade de entendimento da problemática macro-económica. E é católico, chefe de família e com posições conservadoras quanto a questões como a defesa da vida.
Mas tem uma visão economicista da política; não se tem mostrado sensível ao problema da Nação portuguesa na complexidade e lucidez da União Europeia e, sobretudo, numa Península Ibérica e numa Espanha em vésperas de fragmentação. Escapam-lhe ou não acha muito relevantes os problemas que aí estão, os dos conflitos agónicos da civilização, em que religião, raça, nação, são temas centrais. E é europeísta quanto baste, partidário da Constituição Europeia.
O Dr. Soares está em campo por razões que não são as mais respeitáveis: candidatou-se, ao fundo, porque se maça profundamente, na sua pele de octogenário que não se entretém com as coisas que se entretêm outros octogenários: a família, os netos, a leitura de livros, a escrita de outros, as viagens e meetings com idênticos has-beens, que tanto animam as reformas do ex-políticos, bem mais jovens, como Clinton ou Fernando Henrique Cardoso e Joaquim Chissano.
O Dr. Soares não quis ficar assim e, para se entreter – não há nenhum problema crítico nacional em que o seu específico regresso à vida política possa ajudar – lançou-se nesta campanha. E o PS aceitou-o e endossou-o (também) pelas piores razões: porque o Dr. Soares, sendo uma personalidade política autónoma, de per se, a sua derrota é a sua derrota e só depois a do PS. O que não sucederia com nenhum outro candidato!
Manuel Alegre é de uma esquerda mais genuína, mais ideológica, menos dos interesses e do pragmatismo volúvel de Soares (que passa de Porto Alegre aos seus amigos de Davos, com grande rapidez e à vontade). Tem mesmo, para os nacionalistas (e deixando de lado as questões do passado, entretanto fortíssimas...), uma preocupação republicana e patriótica de defesa em relação à Espanha. Apesar da retórica antifascista será concerteza, se passar à segunda volta, um adversário mais difícil para Cavaco que Mário Soares:
Porque faz, facilmente, o pleno da esquerda. E também pela questão nacional, que lhe dá certa simpatia na direita eurocéptica. Que não a levará a votar nele, mas pode levá-la a não votar contra ele, em Cavaco. O que fará contra Soares, que nas questões europeias e peninsulares é politicamente correcto, isto é pela Constituição Europeia e achando que a Espanha não é um problema para Portugal. E que é um internacionalista convicto.
Quanto ao mais, ideias e programas, há uma enorme semelhança e convergência, na linguagem neutra e politicamente correcta dos candidatos, sendo um destes casos paradigmáticos de que o esforço principal das candidaturas e candidatos será convencer os eleitores do contrário. Senão não terão público, nem mercado. JNP

A nossa vida

Está pronto mais um número da revista – a que nos dá jeito chamar "o" Futuro Presente, embora sobre esta matéria a gramática e alguns circunstantes opinem que devia ser "a", de revista.
É o número 59 e tem como "tema de capa", se assim se lhe pode chamar, autores. Lembramos algumas efemérides do ano que acabou há pouco, entre as quais os sessenta anos do fuzilamento de Robert Brasillach, um autor a que voltaremos mais desenvolvidamente num dos próximos números, como faremos com Fernando Pessoa, que morreu fez setenta anos em Novembro. Publicamos um texto de Juan Velarde Fuertes, sobre os aspectos económicos do Quijote (em 2005 comemorou-se o quarto centenário da primeira edição da primeira parte da obra-prima de Cervantes), um estudo de Jaime Nogueira Pinto sobre Carl Schmitt e um texto sobre Sartre de Roger Scruton. Além das secções habituais, que neste número incluem "As nossas figuras" e a crónica de Paulo Mendes sobre "Os meios e os fins", publicamos uma homenagem de Roberto de Moraes a D.Pedro V, no centésimo quinquagésimo aniversário da sua Aclamação.
Dado que é provável que o número não esteja na mão de todos os leitores antes de Domingo, dia 22, adiantamos aqui uma das notas do nosso "bloco" que é dedicada às eleições presidenciais.
Está quase pronto também o último dos cinco números da revista datados de 2005, o nº60, que será dedicado à política, e de que daremos em breve mais notícias. Para já podemos adiantar que além dos colaboradores habituais tem colaboração do nosso amigo Alexandre Franco de Sá, e do italiano Teodoro Klitsche de la Grange (director da excelente Behemoth, de Roma). Contamos falar, entre outras coisas, do Senador McCarthy, a propósito do filme de George Clooney Good night and good luck, e de um escritor de que gostamos muito e morreu há pouco, John Fowles, o autor de "A mulher do tenente francês", um grande romance, e de The Collector, um precursor da recente voga dos serial killers e outros delinquentes transtornados, de charme (como Hannibal Lecter) ou não. Esse livro foi adaptado ao cinema num filme dirigido em 1966 por William Wyler e vai ser readaptado agora por Steven Spielberg, ao que parece.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Diário de bordo

Este é o blog da revista "Futuro Presente". Foi fundada em 1980, com o sub-título "Revista de nova cultura". Comemorámos, portanto, vinte e cinco anos em 2005. Entre os seus fundadores estiveram António Pinheiro Torres, António Marques Bessa, Vítor Luis Rodrigues, Nuno Rogeiro e Jaime Nogueira Pinto, que tem sido sempre o seu Director. Actualmente a revista é publicada de dois em dois meses. Miguel Freitas da Costa é o Director Executivo, a Coordenação Editorial é de Bernardo Calheiros e o Desenho Gráfico e Paginação de Diogo Freitas da Costa.
Blog é a abreviatura de weblog, ou seja um log na web. Dava-se e dá-se o nome de log - no inglês que é a língua universal dos nossos dias - ao "registo escrito oficial de uma viagem, em especial num navio ou num avião". A web é aquilo a que vulgarmente chamamos "internet" e cujo nome original ou "técnico" é World Wide Web (é de onde vêm os três ws dos endereços electrónicos). Toda a gente, calculo, já sabe isto, mas vem sempre a propósito lembrar a origem das coisas. Só gente mais intrépida ou atrevida é que se atreve a falar da causa delas, como o Miguel Esteves Cardoso de outros tempos (mas era a brincar).
Este blog pretende ser o "diário de bordo" da nossa revista. Tentaremos ir registando os incidentes de percurso, sugestões, projectos, ideias ou lembranças que nos vão ocorrendo e que encontrarão ou não o seu lugar nos números em preparação. Dos livros que estamos ou não a ler, dos filmes, das pessoas, dos temas que nos vão interessando. Não queremos falar de tudo. Queremos falar só do que tenha a ver com a nossa revista. Queremos ir fazendo o "diário de bordo" da nossa viagem editorial. Já não é pouco, se conseguirmos.