tag:blogger.com,1999:blog-208239902024-03-07T23:12:47.558+00:00O FUTURO PRESENTEcultura - debate - entrevistas - opiniãoMiguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.comBlogger1122125tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-83281091369462156162009-12-17T19:34:00.003+00:002009-12-17T19:42:29.168+00:00QUE FITA VAI HOJE? - DUAS PALAVRASJá não são os dias ou as semanas que passam a correr - são os meses. Onde já vai Setembro... Mas hoje tem de ser. Às 22.30, na RTP Memória, <strong>Laura</strong> (1944, de Otto Preminger, com Gene Tierney); às 00.30, no TCM, <strong>The Naked Spur</strong> (<strong>Esporas de Aço</strong>, 1953, de Anthony Mann, com James Stewart). Não (uma) percam (duas).Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-46028717419468689062009-09-29T08:50:00.003+01:002009-10-05T23:18:02.840+01:00NO FIM DA FESTANos tempos da autêntica asfixia democrática, os chefes políticos eram reis e reinavam por graça do céu. Depois, ou porque a fé diminuiu ou os homens entenderam não meter Deus nestas trivialidades, foi preciso buscar outras soluções.<br />Foi uma modernização, como diria o Eng. Sócrates, que trouxe as ideias de soberania nacional e de vontade do povo. Mas como a nação e o povo, respeitabilíssimos entes que eram e são, não passavam de uma entidade histórico-cultural e da soma de criaturas diferentes e dispersas, foi preciso encontrar formas de os ouvir, ou perceber o que queriam.<br />A história política dos séculos XIX e XX dá conta da polémica entre as correntes interpretativas dessa vontade popular: da guilhotina revolucionária à Shoa e aos Goulags russo e chinês, tais teorias aplicadas pelos seus seguidores mais autênticos, fizeram correr muita tinta e ainda mais sangue.<br />Duas guerras – a Segunda e a Fria – reduziram, em teoria, tais teorias, à democracia representativa liberal. Que quer combinar a vontade da maioria com a garantia da minoria, uma ideia original das ilhas britânicas que agora procura estender os seus benefícios a lugares remotos, como o pitoresco Afeganistão.<br />Em vez de prosseguir na senda da busca dos tais “melhores” representantes (aqueles mais iguais que devem mandar nos outros) a teoria democrática assenta tal selecção na soma aritmética das vontades de todos os outros, melhores, iguais ou piores que eles. Passa-se da metafísica ao jogo legal - quem tiver mais votos ganha.<br />O jogo eleitoral tem como chave convencer – por artes de retórica e de dialéctica, retórica para os eleitores, dialéctica contra os adversários - da bondade e coerência de propostas e propósitos próprios e da maldade dos contraditores. E dada a publicidade do debate e a necessidade de dispor bem o soberano - o povo - faz-se uma festa em que as artes e formas de comunicação contam pelo menos tanto como os conteúdos, e aquilo que, com o relativo valor desde que o céu se retirou destas coisas, se pode chamar a sua verdade ou mentira à luz do bem público. E a simpatia e empatia dos comunicadores profissionais – jornalistas, marqueteiros, comentadores – conta muito.<br />Assim sendo, os resultados de domingo não admiram: Paulo Portas é um convincente retórico e dialéctico, “tecnicamente o melhor político português”, diz Vasco Pulido Valente; José Sócrates vem a seguir nestas artes; Louçã tem um toque zangado, agressivo que assusta as tias mais idosas; Jerónimo de Sousa é fixe mas de cassete velha. Manuela Ferreira Leite pode ter razão, mas não “é fixe”, não tem retórica, não dá a volta à realidade, não faz da política uma festa. E sobretudo não disfarça isso.<br />E os festivos – todos – não lhe perdoam. Viu-se.<br /><br />(Artigo publicado no <em>i</em>, 29-09-09)jaime nogueira pintohttp://www.blogger.com/profile/02642362204779389814noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-21943859955676214612009-09-26T19:42:00.006+01:002009-10-05T23:19:48.824+01:00COMO É QUE FAZEM?O Bloco de Esquerda tem elevadas preocupações de justiça e equidade e quer fazer um mundo perfeito. A questão é: como?<br />O conde de Romanones era uma das maiores fortunas de Espanha. Um seu amigo, homem com preocupações sociais, passava o tempo a dizer-lhe que era uma vergonha ser rico assim, havendo tanta miséria em Espanha, que devia fazer alguma coisa.<br />Um dia, farto, Romanones respondeu-lhe:<br />- Quanto achas que vale a minha fortuna?<br />- Não sei, para aí uns cem milhões de pesetas!<br />- E quantos espanhóis é que há?<br />- Para aí uns vinte milhões!<br />- Então quanto calha a cada um?<br />- Cinco pesetas!<br />O Conde tirou do bolso uma moeda de um duro e deu-a ao amigo,<br />- Pois toma lá a tua parte e não me maces mais!<br />Outra história, da guerra civil de 1936-1939: uns trabalhadores anarquistas ocuparam uma empresa dos arredores de Valência, entraram pelo gabinete do patrão armados e exigiram-lhe o capital social da empresa. O patrão tinha a consciência tranquila, pagava salários justos, tratava bem o pessoal; pedagogicamente, explicou-lhes o conceito de capital social, acrescentando, claro, que não era coisa que tivesse ali com ele.<br />Mas eles insistiram e mandaram-no abrir o cofre-forte, no qual estariam os cobiçados milhares do capital social. O patrão fez-lhes a vontade e entregou-lhes o dinheiro. Os trabalhadores contaram-no mas verificaram que ainda faltava muito para o capital social. Outra vez o pobre rico, já menos seguro, lhes explicou a teoria geral contabilística e o absurdo de esperar que o capital da empresa estivesse ali, fisicamente, em <em>cash</em>.<br />Talvez por ser "bom patrão", não o humilharam com um julgamento popular. Mataram-no ali mesmo.<br />Estas histórias saltaram-me à memória com os planos económicos do BE, nomeadamente com a ideia de pagar a Segurança Social com um imposto sobre as grandes fortunas!<br />Os dirigentes do BE são como o amigo do Romanones: têm elevadas preocupações de justiça e equidade, exibem um ar superior e enjoado perante tudo o que tem a ver com negócios, empresas, lucros, dinheiro, compromissos. Só eles são éticos, nesta choldra que é a vida pública. E querem trazer um mundo melhor, perfeito.<br />Só que, como os ricos portugueses - e os pobres e os remediados - , não são perfeitos nem generosos,como aMadre Teresa de Calcutá. E tendo em conta que o capital é móvel e volátil, como vão lá chegar? Com leis? Mas as leis são "de classe", e mudar leis e reformas é o que fazem socialistas e sociais-democratas.<br />Então como? Os utópicos de outros tempos recorriam a processos expeditos: os jacobinos guilhotinavam os aristocratas; os anarquistas punham bombas nos Grands Magazins; os bolcheviques, os maoístas, os castristas, campo de concentração para aqui, massacre para acolá, fuzilamento q.b., também se esforçaram durante um século por essa perfeição.<br />Não estou a ver o Dr. Louçã a cortar a cabeça às nossas marquesas; nem o Dr. Fazenda a dar um tiro no Sr. Américo Amorim para ter o capital social da GALP; nem Miguel Portas a pôr bombas nos supermercados para refrear o consumismo. E, de todo, o meu amigo Fernando Rosas a levar agrários para um <em>paredón</em> na charneca alentejana. Nisso não acredito!<br />Mas então como é que fazem?<br /><br />(Artigo publicado no <em>i</em> )jaime nogueira pintohttp://www.blogger.com/profile/02642362204779389814noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-44031194976218575012009-09-26T12:47:00.006+01:002009-09-26T17:26:06.981+01:00QUE FITA VAI HOJE? - DIA PAUL NEWMANJá lá vão uns dias de ausência...Vamos a ver se nos organizamos. Para já, em pouco mais do que os 140 caracteres do <em>canon</em> vigente: às 15.00, mais uma reposição de <strong>Butch Cassidy and the Sundance Kid</strong> (<strong>Dois homens e um destino</strong>, 1969), era na RTP Memória; à noite, na RTP2, a partir das 22.45,<strong> Sweet Bird of Youth</strong> (<strong>Corações na penumbra</strong>, 1962, o Paul Newman um bocadinho <em>louche</em>, mas lavadinho, de uma certa época, encontra Tennessee Williams; quem quiser ver duas vezes a seguir, pode ligar o TCM às 20.00) e<strong> Harper, detective privado</strong> (1966), primeira e notável adaptação de um dos romances de Russ MacDonald, <strong>The moving target</strong>, uma das aventuras de Lew Archer, rebaptizado no cinema). Ainda no TCM, às 22.05, Tennessee Williams, Newman e o realizador Richard Brooks, juntos outra vez: <strong>Gata em telhado de zinco quente</strong>, 1958) Muitos filmes e as palavras são como as cerejas. Já não dava para o <em>twitter</em>, afinal.<br /><br />P.S.-17.25, Quase não reparava, mas hoje P. Newman também aparece em <strong>A torre do Inferno</strong> (<strong>Towering Inferno</strong>, 1974) que o Hollywood começou a passar às 17.15. Assim, acho que está por fim completo o Dia Paul Newman.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-71729803542777130442009-09-26T01:40:00.004+01:002009-09-26T13:05:19.694+01:00SOBRE O VOTO DE 27 DE SETEMBROJá aqui não vinha há muito tempo. Hoje acho que podem ter algum interesse estas reflexões que publiquei no <em>i </em>, na minha coluna das terças feiras<br /><br /><strong>Da utilidade do Voto</strong><br /><br />O fundamentalismo não só é religioso ou islâmico. Há também um fundamentalismo democrático, ou dos "democratas", e bem passámos por ele, desde a I República, de saudosa memória e próximo centenário, ao glorioso PREC. Este fundamentalismo persiste na tradição do "aprofundamento democrático" de que os bloquistas são exemplo e da unidade antifascista, que acorda em certas ocasiões.<br />Mas também se vê no olhar para a democracia como uma espécie de religião laica, de rousseauniana transcendência, com solenes símbolos e rituais, sacralizados e venerados, através dos quais a vontade popular se revela aos homens. Assim, o voto será um acto de fé e de devoção inabaláveis num partido e num líder. Atributo que, considerada a oferta, aqui e agora, é manifestamente exagerado e despropositado.<br />Os fundamentalistas condenam o voto útil como uma profanação. Ora, para a maioria dos eleitores, o voto é útil. Sobretudo à medida que melhor compreendem os mecanismos da representação e da vida política e percebem que tinha alguma razão quem dizia que a política era escolha entre dois inconvenientes.<br />Por isso, muito mais que votar-se pró, vota-se contra, num voto defensivo contra um mal maior. Foi o que tivemos e temos de fazer, as pessoas de direita deste país em que o "partido mais à direita se chama "centro" e onde ainda se usa o Salazar como fantasma graças à esquerda. E em que uma referência à "questão nacional" a propósito do TGV causa uma onda de histeria jornalística.<br />O voto útil é simples e prático, sem estados de alma complicados.<br /><br />Quem tiver como desiderato principal afastar o eng. Sócrates e o PS do poder, goste muito ou nada do PSD, ache a dra. Ferreira Leite pouco simpática ou destituída de "carisma", vota no PSD e na "doutora".<br />Quem tiver como objectivo essencial cortar o caminho "à direita" e à "doutora", mesmo que ache Sócrates "vendido ao capitalismo" e o PS um bando de burgueses sem ponta de chique, tem de votar no PS e no "engenheiro".<br />Esta é a filosofia do voto útil como voto contra. Voto ideológico da direita não há, pois nem o CDS nem o PSD se assumem como tal. Voto ideológico de esquerda - há o tradicionalista no PCP, e o pós-moderno no BE. Este voto no BE vai servir aos bloquistas para o seu cenário-maravilha - serem poder, sem as responsabilidades de poder. Depois do que disseram e fizeram ao PS e a Sócrates, não teriam lata (é o termo) de se coligar. Mas - se o PS fizer governo - adorarão ficar como uma minoria de pressão e controlo, chantageando o PS no sentido da sua agenda, obrigando-o às recusas que comprometem e às transigências que rebaixam. Este é um cenário que repugna a muitos dirigentes socialistas e também a muitos eleitores. Mas ouvido o dr. Soares há ainda uma "ala esquerda" saudosista da aliança antifascista a dar a sua ajuda.jaime nogueira pintohttp://www.blogger.com/profile/02642362204779389814noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-18343708295115508552009-09-03T15:50:00.005+01:002009-09-03T16:25:09.931+01:00O DISCURSO DE MARCO ANTÓNIO - NÃO ME ESQUECIO prometido é devido. Não me esqueci, só demorei. Aqui vai "O discurso de Marco António" de Manuel Maria Múrias, escrito para o número 0 do <strong>Bandarra</strong>, o primeiro dos três que foram publicados, no saudoso verão de 1974. Na primeira página perguntava-se, "Para quê?" - e explicávamos, serenamente. Não nos serviu de muito. O artigo de MMM era ilustrado com um imagem de Marlon Brando no papel de Marco António, do filme <strong>Júlio César</strong> de Joseph Mankiewickz.<br /><br /><br />"<em>Frontaria da Assembleia Nacional. Manhã cinzenta e triste. A multidão sussurrante transborda do grande largo. Trazendo nos braços um corpo exangue, Marco António surge no topo das escadarias. Arenga ao povo.<br /></em><br />- Amigos, Portugueses, compatriotas:<br />Trago-vos Portugal nos braços. Venho para os seus funerais - e não para o louvar. O mal das pátrias sustenta-se além da morte. O bem enterra-se com elas. Ninguém se lembra das glórias do Aragão, nem das da Navarra - nem sequer das da Sabóia. Recordam-se, porém, sensivelmente, os seus pecados ... Seja assim com Portugal. Os drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro (três honradíssimos cidadãos) permitiram que vos falasse. Disseram eles que a nossa Pátria, em oito séculos de história, quase só se portou mal. Reconheçamo-lo contritamente sem discutir: - os drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro são três grandes personalidades que nos restituíram a liberdade. Quem somos nós para os contestar?<br />Vós tinheis orgulho neste velho Portugal. Julgastes que era honra pertencer-lhe e acompanhar na memória a gesta dos seus santos e heróis, conquistadores e navegadores, que, mares além, nos tempos dantes, por todo o orbe, dilataram a Fé e o Império. Os drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro acusam-no agora da maior cobiça. Castigaram-no severamente. São três homens justos, três nobres, e honrados, e incorruptos cidadãos. Veneremo-los. Esqueçamo-nos do que nossos pais nos ensinaram: - depois de Ceuta, largado mundo fora, Portugal, com uma ou outra excepcionalíssima excepção, só cometeu crimes. Paga hoje as suas faltas - faltas do povo e dos chefes. Do Infante, de Vasco da Gama, de Albuquerque, de Camões, de Vieira e de Mouzinho. Penitenciemo-nos. Até a Santa Madre Igreja, pela augusta voz dos nossos bispos, já se penitenciou. Porque não o faremos nós? Construamos humildemente, sem fumos de grandeza, o futuro que merecemos. Reduzamo-nos.<br />Durante séculos, no silêncio dos corações, rezámos a S. Francisco Xavier, a S. João de Brito e a S. Gonçalo da Silveira. Supusemo-los no céu, sentados à direita de Deus Pai. Sabemos hoje de ciência certa que foram apenas agentes do nosso torpe imperialismo, do nosso orgulhoso amor à guerra, da nossa cupidez mercantilista. Isso, sabiamente, nos ensinam os Drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro - três impolutos cidadãos, três homens sem mancha, honrados e verdadeiros campeões da liberdade. Que podem as nossas memórias contra a sua veracidade munificente?<br />Imaginámos (durante cinco séculos - imaginámo-lo apaixonadamente) que andávamos pelo mundo a continuar Portugal, cientes de ser essa a sua missão, o seu destino, a sua glória. Reconhecemos hoje pela voz honrada dos drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro - que por esse mundo de Cristo destruímos civilizações, arrazámos metrópoles, cometemos genocídios. Que as cidades, vilas e aldeias que erguemos não são nossas, mas de gente estranha - e que os povos nossos irmãos, trazidos para nós, em nós confiantes, eram traidores à Pátria deles que, em verdade e em boa hora, vai deixar de ser a nossa.<br />Com infinito orgulho, com altíssima devoção, sentimo-nos, centúria após centúria, o décimo-terceiro apóstolo, povo do Espírito Santo, farol de palavra divina. Oh! O or­gulho dos homens! A petulância das gentes! A hipocrisia paranóica! Fomos uns rapinantes sem escrúpulos, vorazes comerciantes, mercadores astuciosos, criminosos sem perdão, exploradores insensí­veis, bandidos sem coração, ladrões desavergonhados, piratas do alto-mar, canalhas sem remissão. Caridosamente, sem o afirmarem (para não nos chocarem mais) insinuam isso os drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Francisco Sá Carneiro - três eminentes senhores, fiadores da nossa liberdade, desta paz democrática, desta prosperidade que vamos a disfrutar. Devemos acreditá-los, e agradecer-lhes, e defendê-los. Reconheceram as nossas culpas - e andam a remi-las. Vão acordar Portugal da longa noite em que o adormecemos.<br />A partir de 1961, ferozmente dominados por Salazar (parolo seminarista, tortuoso financeiro ... ) vós acompanhastes ao cais os melhores de todos vós - e, em espírito, embrenhastes-vos, com eles, nos matagais africanos. Muitos deles regressaram ou mortos, e povoam inermes os cemitérios do rectângulo, ou estropiados, ou meio doidos. Vós julgastes que eles tinham ido defender Portugal e os Portugueses. Exceptuando os drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro - a maior parte de vós supôs que Portugal defendia o seu direito, e que as carnificinas de Angola, da Guiné e de Moçambique tinham sido perpetradas pela UPA, pelo PAIGC e pela FRELIMO. Sabemos agora que não; fomos nós os matadores, fomos nós os assassinos, somos nós os respon­sáveis, somos nós os grandes réus. A UPA, o PAIGC e a FRELIMO limitaram-se, honradamente, a proceder em legítima defesa, a reagir heroicamente aos nossos ataques cavilosos, às nossas agressões mal intencionadas, à nossa fúria colonialista. Não o confessando há treze anos, não abandonando Angola nessa altura - ofendemos a paz, a liberdade e a democracia. Quem quiser continuar Portugal - está contra o mundo inteiro, orgulhosamente só e nós queremos estar acompanhados, e ser cumprimentados, e aplaudidos, e cortejados, e bajulados por todos os grandes deste mundo. Queremos ser Holanda, Suécia, Dinamarca ou Finlândia, gente respeitada, pacíficos produtores de margarinas, ricaços. Para isso nos encaminham gloriosamente os drs. Mário Soares, Álvaro Cunhal e Francisco Sá Carneiro - três sábios, e prudentes, e sensatos cidadãos.<br />Quisemos que as gentes achadas pelos mareantes fossem portuguesas. Honrávamo-nos com isso, julgávamos honrá-las. Deixamo-las agora entregues a si próprias, nuclear e financeiramente protegidas pelos Estados Unidos, pela União Soviética e pela China. Deixámos de as explorar; vamos poupar milhões. Seremos prósperos, e bem edu­cados, e respeitados por todo o mundo civilizado e pela moral prevalecente. Vão elas deixar de ser portuguesas - vamos nós humilissimamente esforçar-nos por continuar a sê-lo.<br />Se eu tivesse as qualidades oratórias do dr. Mário Soares, a capacidade organizativa do dr. Álvaro Cunhal, a distinção aristocrática do dr. Francisco Lumbralles de Sá Carneiro - poderia ambicionar, talvez, conduzir-vos à revolta, mostrando-vos as cicatrizes sangrentas deste velho Portugal vencido. Mas eu sou, apenas, um pobre homem com poucos estudos e pouco pensamento, um desgraçado - e eles, três notáveis, honrados e proeminentes cidadãos. Têm o poder, a força e a vitória; prender-me-ão quando quiserem sem ninguém protestar; ·calar-me-ão. Vós, meus Amigos, meus amados Portugueses, meus queridos compatriotas, sede indulgentes comigo; parece que a alma me vai com o Portugal antigo. Já que não o podemos louvar - choremo-lo com honradez. Quantas vezes o aclamámos e o levámos em triunfo? Alguém nos impedirá de o chorar?<br /><em>O silêncio aumenta a velha praça. Acolá e além um soluço risca o muro da tristeza. O povo volta as costas à casa da representação nacional. O pano desce lentissimamente. Portugal, arfante, parece morrer devagar."</em>Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-65343123100715696342009-08-08T22:56:00.003+01:002009-08-08T23:17:22.092+01:00QUE FITA VAI HOJE? - HITCHCOCKJá não chego a tempo de me anticipar ao começo de <strong>Intriga internacional</strong> (<strong>North by Northwest</strong>, 1959), um entretenimento que não deixa de nos entreter - e um bocadinho mais do que isso... - sem uma ruga, passados 50 anos sobre a sua estreia. Era às 22.40 na RTP2. Mas ainda se pode ver um bom bocado - e a seguir a RTP2 passa outro filme do "mestre do suspense", à 1.00, <strong>Dial M for murder</strong> (<strong>Chamada para a morte</strong>, 1954) - também de ver e rever, com Grace Kelly e um excelente Ray Milland, e comparar com a versão recente (<strong>A Perfect Murder</strong>, <strong>Um crime perfeito</strong>, 1998, Gwineth Paltrow, Michael Douglas, Viggo Mortensen, dirigidos por Andrew Davis, sempre competente mas não num dos seus melhores dias). No Hollywood, se tivesse acordado mais cedo, podia ter recomendado a quem se quisesse aborrecer com elegância o <strong>De olhos bem fechados</strong> (<strong>Eyes Wide Shut</strong>, 1999), despedida de Stanley Kubrick. Mas ainda posso lembrar que a seguir, no mesmo canal, só às 00.10 (a despedida de SK é uma longa despedida) o <strong>Ocean's Eleven</strong> de Steven Soderbergh, <strong>Façam as vossas apostas</strong>, 2001 - que eu acho divertido - não é o caso de toda a gente - e não menos "elegante".Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-7589666167508093202009-08-07T18:31:00.003+01:002009-08-07T19:38:03.973+01:00QUE FITA VAI HOJE? - TCM OUTRA VEZMais uma noite TCM: às 20.00, o <strong>Mogambo</strong> (1953) de John Ford, às 21.55, <strong>A conspiração do silêncio</strong> (<strong>Bad Day at Black Rock</strong>, 1955) de John Sturges - quem ainda não viu não deve perder - e por fim, às 23.15, uma das comédias mais perfeitas de Blake Edwards, mas vista e revista (sem trocadilho), <strong>Victor, Victoria</strong> (1982), que até torna momentaneamente suportável a Julie Andrews. No Hollywood, às 21.30, uma curiosidade: a produção de Steven Spielberg <strong>Young Sherlock Holmes</strong> (<strong>O enigma da pirâmide</strong>, 1985), dirigida por Barry Levinson. Para me tentar redimir de preguiçosamente não ter avisado ninguém que o <strong>Júlio César</strong> de Shakespeare e Joseph Mankiewickz passava uma destas madrugadas, um dia destes ponho aqui o "discurso de Marco António" de Manuel Maria Múrias que publicámos no <strong>Bandarra</strong> em 1974 ilustrado com uma fotografia de Marlon Brando no papel e com o discurso que inspirou essa memorável prosa.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-84720582901951584332009-07-28T20:09:00.002+01:002009-07-28T20:23:25.821+01:00QUE FITA VAI HOJE? - TCMNo TCM, várias coisas pouco vulgares: um <em>western</em> dos anos 50 com James Cagney, dirigido por Robert Wise, <strong>Honra a um homem mau</strong> (<strong>Tribute to a Bad Man</strong>, 1956), às 21.40. Antes, às 20.00, um filme de espionagem pouco conhecido: <strong>The Liquidator</strong> (1965), dirigido por Jack Cardiff, cuja gloriosa carreira como director de fotografia se transformou numa carreira menos gloriosa, mas nem sempre desinteressante, como realizador. Finalmente, <strong>It's Always Fair Weather</strong> (<strong>Dançando nas nuvens</strong>, 1955) uma comédia musical de Stanley Donen, com Gene Kelly, Dan Bailey, Cyd Charisse, etc., sobre a qual muito haveria a dizer - e já se disse. Só lhes digo uma coisa: vejam-na.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-15157668823434180262009-07-26T13:48:00.004+01:002009-07-26T17:54:09.179+01:00QUE FITA VAI HOJE? - CONCORRÊNCIAÉ verão. A RTP1 concorre, ao domingo, com a sessão dupla dos sábados da RTP2, numa veia mais "popular" (a sessão de ontem na RTP2 foi dedicada a dois filmes portugueses, de Manuel Mozos: não pude ver). Hoje, na RTP1, à meia-noite, a segunda parte do díptico de Clint Eastwood sobre a II Guerra Mundial, <strong>Cartas de Iwo Jima</strong> (<strong>Letters From Iwo Jima</strong>, 2006), a batalha vista do lado japonês; a seguir, <strong>Bloody Sunday</strong>, de Paul Greengrass (<strong>Domingo sangrento</strong>, 2002), o famoso episódio dos <em>troubles</em> irlandeses, em tom de documentário. Greengrass (o dos dois últimos Bourne) também realizou, mais recentemente, com uma técnica semelhante, a história de um dos voos do 11 de Setembro, a do avião que se despenhou na Pensilvânia (<strong>United 93</strong>, 2006). Neste momento, um cineasta mais interessante do que Eastwwod. A RTP Memória brinda-nos a oportunidade de ver, às 21.20, <strong>Os três da vida airada </strong>(1952), um filme português não muito visto, com Milú (António Pedro Vasconcelos chamou a atenção para os méritos deste filme de Perdigão Queiroga num programa recente sobre a grande vedeta do cinema português). No TCM, às 20.00, <strong>My Favourite Year</strong> (<strong>O meu ano favorito</strong>, 1982), uma boa comédia de Richard Benjamin, com um <em>tour de force</em> de Peter O'Toole: os mesmo anos 50 de <strong>Os três da vida airada</strong> mas na incipiente televisão dos EUA: ver os dois filmes em paralelo é um interessante exercício de história cultural comparada.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-45861820090421566182009-07-23T19:11:00.003+01:002009-07-23T19:32:06.588+01:00QUE FITA VAI HOJE? - ÀS ONZE E UM QUARTO, ONZE E MEIANo Hollywood, às 23.15 passa uma das adaptações ao cinema de Philip K. Dick menos conhecidas - e das mais bem sucedidas e com menos meios: <strong>Gritos mortais</strong> (<strong>Screamers</strong>, 1995, Christian Duguay). Um quarto de hora mais tarde, no TCM, um filme de aventuras dos gloriosos anos 50: <strong>Valley of the Kings</strong> (<strong>O vale dos reis</strong>, 1954), com Robert Taylor e Eleanor Parker, dirigido por Robert Pirosh (1910-1989), um argumentista e realizador que pelo nome não perca, que trabalhou com os irmãos Marx e com Danny Kaye e por duas vezes foi nomeado para o Óscar de melhor argumento (num dos casos com o filme de William Wellman <strong>Battleground</strong>, em 1949). Teve, entre os anos 50 e 80, uma longa e extensa carreira na televisão.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-48871237427651328752009-07-22T20:07:00.002+01:002009-07-22T20:26:01.073+01:00QUE FITA VAI HOJE? - AMERICANOSÀs 23.05 no Hollywood passa <strong>Blood Simple</strong> (<strong>Sangue por sangue</strong>,<strong> </strong>1984), um dos primeiros neo-neo-<em>noirs </em>e filme que lançou os irmãos Coen (Ethan e Joel), ultimamente mais conhecidos, por exemplo, por <strong>Fargo</strong> (1996) ou pelo oscarizado <strong>No Country For Old Men</strong> (<strong>Esta terra não é para velhos</strong>, 2007). No TCM, quase em simultâneo, às 23.20 um dos filmes talvez menos lembrados de John Huston, <strong>The Night of the Iguana </strong>(<strong>A noite da iguana</strong>, 1964), com Richard Burton, Ava Gardner e Deborah Kerr, a partir de uma peça de Tennessee Williams.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-2053327270934443442009-07-21T18:10:00.002+01:002009-07-21T18:45:43.926+01:00QUE FITA VAI HOJE? - FREUD NA AMÉRICAÀs 22.30, na RTP Memória, <strong>Freud - Além da alma -</strong> além da alma?! - (<strong>Freud ou The Secret Passion</strong>, 1962), dirigido por John Huston e interpretado por Montgomery Clift, um esforço honroso embora não se conte entre os filmes mais memoráveis de Huston (Jean Paul Sartre, como toda a gente sabe, trabalhou no argumento, embora a colaboração não lhe seja creditada no filme). A psicanálise está entranhada na cultura americana - mas em fins dos anos 50, com a sua plácida aparência, e princípios dos 60, o cinema americano trouxe esta modalidade psiquiátrica para o proscénio com este filme, com <strong>Suddendly Last Summer</strong>, também com M. Clift (<strong>Subitamente no verão passado</strong>, Joseph Mankiewicz, 1959), <strong>Psycho</strong>, Hiychcock, 1960 e outros... A verificar. No TCM, repetem, uma vez mais, <strong>O planeta proibido</strong> (<strong>Forbidden Planet</strong>, 1956), Freud - nem de propósito... - Shakespeare (<em>A Tempestade</em>) e ficção científica; e depois <strong>Os três mosqueteiros </strong>de George Sidney(1948), com Gene Kelly, uma comédia musical em que não se canta nem se dança: respectivamente, às 20.00 e às 23.50.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-55748987290011189792009-07-21T09:54:00.003+01:002009-07-21T10:01:20.785+01:00LIDO ESTA MANHÃNão é propriamente uma novidade. É um texto com cerca de cem anos, sobre as razões da queda da monarquia em Portugal: entre outras coisas "por nunca ter tido partidos separados por ideologias diferentes, mas apenas grupos sem noção diferente das coisas e, portanto, como em todo o caso em que a inteligência não impera, governados apenas pelos instintos e pela politiquice de caciques". (Fernando Pessoa, <em>Da República</em> (1910-1935), Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão, Ática, 1978)Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-17261505082773872432009-07-19T17:08:00.007+01:002009-07-26T14:16:58.568+01:00QUE FITA VAI HOJE? - MESMO AO DOMINGO<strong>Supremacia</strong> (<strong>The Bourne Supremacy</strong>, 2004), às 23.45 no AXN, é o segundo filme da (até agora) trilogia Jason Bourne, com Matt Damon: dirigidos por Doug Liman (<strong>The Bourne Identity</strong>, 2002) e Paul Greengrass (<strong>Supremacia </strong>e <strong>The Bourne Ultimatum</strong>, 2007) são uma série de filmes de acção bem sucedidos, só comparáveis a <strong>O assalto ao arranha céus</strong> (<strong>Die Hard,</strong> 1988) de John McTiernan (cujos sucessores não estiveram à altura - embora o terceiro, com Jeremy Irons, fosse bastante superior ao medíocre <strong>Assalto ao aeroporto</strong>, 1995 - o quarto já não o vi). Infelizmente o êxito da série Bourne deu ao argumentista Tony Gilroy a posterior oportunidade de desperdiçar grandes recursos, incluindo esplêndidos elencos, em vários péssimos <em>thrillers</em>, o último dos quais foi o ridículo e mais do que maçador <strong>Dupla sedução </strong>(<strong>Duplicity</strong>, 2009, dirigido pelo próprio Gilroy). Todas as medalhas têm o seu reverso. Às 21.50 no mesmo AXN, passa <strong>Ned Kelly</strong> (2003), uma nova versão da história do fora da lei australiano já biografado no cinema, em 1970, num filme de Tony Richardson, com Mick Jagger no protagonista. É de temer o pior, mas nunca se sabe (a propósito, as minhas desculpas por ter suposto há uns tempos que podia ser interessante o filme de Joe Carnahan <strong>Um trunfo na manga</strong>, que, infelizmente, levado pela minha própria sugestão, decidi ver). No Hollywood, às 23.50, os admiradores de Rowan Atkinson, o Mr. Bean, podem vê-lo numa paródia do James Bond, <strong>Johnny English </strong>(2003), mas aviso que quem tenha visto o <em>trailer</em> já deve ter visto tudo o que tem alguma graça neste filme. Falando de Bruce "Die hard" Willis, outro sólido filme de acção com ele, no Hollywood também, às 22.00, <strong>Nome de código: Mercúrio</strong> (<strong>Mercury rising</strong>, 1998), dirigido por Harold Becker. E à meia-noite em ponto na RTP1, vou tentar ver <strong>As bandeiras dos nossos pais</strong>(<strong>The Flags of Our Fathers,</strong> 2006), a II Guerra Mundial segundo Clint Eastwood, primeira parte. Quem não quiser, nem tiver paciência para o Mr. Bean, tem no TCM <strong>Yolanda and the Thief </strong>( <strong>Yolanda e o vigarista</strong> (?), 1945), um mais ou menos obscuro musical de Vincente Minnelli, com Fred Astaire. Tem os seus fãs.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-38430367205570362692009-07-18T15:54:00.003+01:002009-07-18T19:51:40.725+01:00OSCAR WILDE<em>L'Osservatore Romano</em>, jornal do Vaticano, escreve o elogio de Oscar Wilde e lembra um dos seus aforismos: <em>Catholicism is for saints and sinners alone – for respectable people, the Anglican Church will do. </em>(O catolicismo é só para santos e pecadores - para as pessoas respeitáveis a Igreja Anglicana serve perfeitamente.)Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-38310327893013304492009-07-18T15:06:00.003+01:002009-07-18T22:32:20.258+01:00QUE FITA VAI HOJE? - TOP OF THE WORLD, MA!Uma sessão dupla em cheio, na RTP2: a partir das 22.45, dois filmes de James Cagney, <strong>Angels With Dirty Faces</strong> (<strong>Anjos de cara </strong><strong>negra</strong>, 1938, Michael Curtiz), cuja última sequência "redentora" é célebre - e não conto para não estragar a surpresa a alguém - e o <strong>White Heat</strong> (<strong>Fúria sanguinária</strong>, de Raoul Walsh, 1949, um dos grandes filmes de<em> gangsters</em> de sempre). A fotografia deste último é de Sidney Hickox, director de fotografia de muitos outros filmes deste género que se designa, às vezes com excessiva generalidade, por "negro". A RTP hoje é quase dona da noite: às 21.15, na RTP Memória passa <strong>A história de Glenn Miller</strong> (1953), uma <em>biopic</em> convencional, mas não desprezível, sobretudo para quem goste de <em>big bands</em>, dirigida por Anthony Mann e com James Stewart, o par que se juntou, antes e depois, para fazer os famosos e fabulosos <em>westerns</em> que já sabemos. No TCM, às 23.10, um filme muito bem feito e um bocadinho enfadonho sobre a seita religiosa americana dos <em>quakers</em> (os <em>friends</em>) - Richard Nixon foi educado nessa fé - com Gary Cooper: <strong>Sublime tentação</strong> (<strong>Friendly Persusasion</strong>, 1956, William Wyler). No AXN há espectáculos mais modernos: <strong>O tigre e o dragão, </strong>cinema popular de Hong Kong tornado respeitável (<strong>Crouching Tiger, Hidden Dragon</strong>, 2000, do versátil Ang Lee), às 22.30, e logo a seguir, às 00.35, <strong>Charlie's Angels - Potência máxima</strong> (<strong>Full Throttle</strong>,<strong> </strong>2003), o mesmo em versão "americana", com os "anjos" Cameron Diaz, Drew Barrymore, Lucy Liu, mais Demi Moore - deve ser isso a potência máxima.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-16880018560604681382009-07-14T19:46:00.004+01:002009-07-14T20:11:32.786+01:00QUE FITA VAI HOJE? - SEMPRE QUALQUER COISANo TCM, às 20.00, <strong>Welcome to Hard Times</strong> (1967), um filme de Burt Kennedy, um segundão, que não tem muito má imprensa e é uma adaptação de um<em> western</em> cuja existência desconhecia - ou me tinha passado completamente - do escritor E. L. Doctorow (um romancista muitas vezes adaptado ao cinema, hei-de fazer a lista, na qual se destaca o <strong>Ragtime</strong> filmado em 1981 por Milos Forman). No mesmo canal, às 23.50, quem quiser pode rever - ou ver - <strong>O prisioneiro de Zenda</strong>, de Richard Thorpe (The Prisoner of Zenda, 1952) com o inevitável e inefável Stewart Granger.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-25345616482918928492009-07-11T13:21:00.003+01:002009-07-11T16:47:36.563+01:00QUE FITA VAI HOJE? - SATURDAY NIGHT LIVEFalai no mau: à 1.15 a RTP1 passa <strong>As confissões de Schmidt</strong> (<strong>About Schmidt</strong>, 2002), com Jack Nicholson e Alexander Payne no seu pior. Em compensação a RTP Memória traz-nos a lembrança de Robert Redford, Paul Newsman, o argumentista William Goldmann e o realizador George Roy Hill no seu melhor, ou pelo menos no seu mais divertido e profissional: <strong>Butch Cassidy and the Sundance Kid</strong> (<strong>Dois homens e um destino</strong>, 1969 - estamos no limiar do <em>flower power</em> e todas as tristes ilusões bucólicas - ou não - dos 70). William "Nobody knows anything<em>"</em> Goldman (1931-) é um dos muitos argumentistas que fizeram do cinema de Hollywood grande parte do que ele é, embora pouca gente lhes preste a devida atenção. É também um dos grandes cronistas do espectáculo teatral e cinematográfico nos USA: <strong>The season</strong>, sobre o negócio do teatro, e <strong>Adventures in the Screen Trade</strong>, sobre cinema, são dois livros a ler - como se diz? - absolutamente, com proveito e imenso prazer. Paul Newman, em todo o seu ainda mais juvenil esplendor (trinte e sete anos bem conservados) está hoje também no TCM, às 21.30, em <strong>Corações na penumbra</strong> (<strong>Sweet Bird of Youth</strong>, 1962, de uma famosa peça de Tennesse Williams, dirigido por Richard Brooks). À mesma hora, no Hollywood, <strong>The American President</strong> (<strong>Uma noite com o Presidente</strong>, 1995, Rob Reiner), com Michael Douglas e Annette Bening: não é dos melhores filmes de Rob Reiner mas vale a pena ver os primeiros dez ou vinte minutos. Às 00.25, na TVI, uma incógnita interessante: <strong>Um trunfo na manga </strong>(<strong>Smoking Aces</strong>, 2006), de Joe Carnahan, o realizador de <strong>Narc </strong>(2002) um filme de mini-culto. Carnahan tem em preparação <strong>White Jazz</strong> (a partir do romance eléctrico de James Ellroy, o escritor de<strong> L.A. Confidential</strong>) e <strong>Killing Pablo</strong> (sobre Pablo Escobar, um rei da droga biografado pelo jornalista Mark Bowden, o autor de <strong>Black Hawk Down</strong> - de que saíu o filme do mesmo nome, de 2001, intitulado <strong>Cercados</strong> em Portugal). A RTP2 dedica a sua sessão de sábado a David Lynch: <strong>Mulholand Drive</strong> (2001) e o surrealista <strong>Eraserhead</strong> (<strong>No céu tudo é perfeito</strong>, 1977): para cinéfilos profissionais.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-67401244161278763792009-07-10T18:54:00.003+01:002009-07-10T19:17:50.421+01:00QUE FITA VAI HOJE? - CURIOSIDADE MÓRBIDAÀ 1.10, no Hollywood, é exibido <strong>O renascer dos mortos</strong> (<strong>Dawn of the Dead</strong>, 2004), sobre uma epidemia de mortos-vivos ou <em>zombies</em> (não sei se em termos ténicos rigorosos se lhes pode chamar exactamente assim, mas a ideia é a mesma e os hábitos alimentares são do mesmo género). É o primeiro filme para cinema de Zack Snyder, o realizador do célebre <strong>300</strong>. A ver por conta e risco dos curiosos. Já agora, por uma daquelas coincidências que estão sempre a acontecer, o TCM passa às 20.00, outra vez, <strong>Poltergeist</strong>, 1982, de Tobe Hooper, o de <strong>The Texas Chainsaw Massacre, </strong>1974, e Spielberg (o de toda a gente sabe o quê) e às 21.50 <strong>The Hunger</strong> (<em>vampire chic</em>), 1983, de Tony Scott.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-68599676698095126732009-07-04T19:47:00.003+01:002009-07-04T20:39:31.436+01:00QUE FITA VAI HOJE? - ENA PÁFalar hoje de "embaraço da escolha" não é um exagero - é um <em>understatement</em>. Começando pelo fim, mas sem chegar a raspar o fundo da panela: na RTP1, à 01.10, <strong>Sideways</strong> (2004), uma comédia de Alexander Payne, muito gabada, oscarizada e apreciada - não me entusiasmou, mas tem os seus momentos; Payne foi muito felicitado (chegou a falar-se em filme de culto) por <strong>Citizen Ruth</strong> (1996) e <strong>Eleição </strong>(<strong>Election</strong>, 1999) e também, até, por <strong>About Schmidt </strong>(2002), um filme detestável com Jack Nicholson em que trucidou um excelente romance de Louis Begley, de que praticamente só conservou o título, não se percebe para quê; na RTP2, um festival Marlon Brando, grandeza e decadência, com <strong>Um eléctrico chamado desejo</strong> (<strong>A Streetcar Named Desire</strong>, 1951, Elia Kazan, etc.) e <strong>Reflexos num olho dourado</strong> (<strong>Reflections in a Golden Eye</strong>, 1967, John Huston, do romance de Carson McCullers); à meia noite, no TCM, um super clássico da comédia musical: <strong>The Band Wagon</strong> (<strong>A roda da fortuna</strong>, 1953), Vincente Minnelli dirige Fred Astaire, Cyd Charisse, Oscar Levant, Jack Buchanan...: à 01.15, no Hollywood o primeiro, ainda um pouco informe mas o mais interessante <strong>Mad Max</strong> (<strong>As motos da morte</strong>, 1979), Mel Gibson a começar a sua carreira. O melhor - se assim se pode dizer - é já às 21.15 na RTP Memória: <strong>My Darling Clementine</strong> (<strong>A paixão dos fortes</strong>, 1946), Wyatt Earp, Doc Holliday e o O.K. Corral segundo John Ford e um dos grandes <em>westerns </em>e dos grandes filmes de sempre.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-35083446530380452382009-06-23T19:55:00.005+01:002009-06-23T21:08:36.167+01:00QUE FITA VAI HOJE? - A FINE DAYÉ um dia calmo mas não desinteressante. Com o título português (será verdadeiro? acho que não) <strong>Sangue frio em água quente</strong> passa no Hollywood às 21.30 <strong>The Drowning Pool</strong> (Stuart Rosenberg, 1975), adaptação de um romance de Ross MacDonald (o escritor que recolheu a herança literária de Raymond Chandler e foi também um mestre - menor - do romance de detectives privados como sub-género do romance "negro" ou <em>hardboiled</em>); que me lembre é a segunda das duas vezes - foram duas, foram - que Paul Newman interpretou o personagem criado por MacDonald, que no cinema mudou de nome: o Lew Archer dos livros teve na vida cinematográfica o nome de Harper, ninguém sabe bem porquê (o outro filme foi, justamente, <strong>Harper</strong> (adaptação por William Goldman - havemos de aqui voltar - de <strong>The Moving Target</strong>, Jack Smight, 1966). Para matar saudades. Às 22.30, na RTP Memória, <strong>Gambit</strong> (<strong>Ladrão roubado</strong>, 1966, de Ronald Neame - já lembrei aqui este realizador pouco lembrado e subvalorizado), uma comédia policial com boa reputação, com Michael Caine e Shirley MacLaine: acho que vi, mas vou refrescar a memória. À meia noite e cinco, no TCM, <strong>The Belle of New York</strong> (1952), uma comédia musical de segunda classe mas em que dançam Fred Astaire e Vera Ellen. Há quem diga que como nunca. Vamos ver.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-64853177479026975792009-06-14T19:29:00.004+01:002009-06-14T19:48:29.339+01:00QUE FITA VAI HOJE? - CLÁSSICOSNão me posso demorar, mas: no TCM - às 20.00, <strong>Mogambo</strong> (1953), de John Ford, aventura africana, e às 00.10, <strong>À beira do fim</strong> (<strong>Soylent Green</strong>, 1973), ficção científica, de Richard Fleischer a partir, salvo erro, de Harry Harrison. De madrugada (02.45) na RTP1, <strong>Terra sangrenta </strong>(<strong>The Killing Fields</strong>, 1984), de Roland Joffé, um excelente filme - primeiro papel no cinema de John Malkovich, é o fotógrafo - sobre um episódio verídico da "libertação" revolucionária do Cambodja, cujos horripilantes malefícios ignorados pelas boas consciências hoje estão mais do que documentados. Sempre edificante.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-12208673582682755722009-06-13T22:46:00.002+01:002009-06-13T22:55:17.070+01:00QUE FITA VAI HOJE? - DENTRO DE MOMENTOSA noite da RTP2 - nossa habitual companheira dos sábados - é dedicada à comédia musical, com dois exemplares não muito típicos do que para mim é a comédia musical: <strong>Chicago</strong>, 2002, agora, uma versão da obra de teatro (co-autoria de Bob Fosse, tendo como primeiro número musical, muito apropriadamente, <strong>All that jazz</strong>) e a seguir <strong>Sete noivas para sete irmãos</strong>, (<strong>Seven Brides for Seven Brothers</strong>, 1954), um clássico da comédia musical atlética de Michael Kidd.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20823990.post-44436904808038034312009-06-12T20:03:00.001+01:002009-06-12T22:10:05.240+01:00QUE FITA VAI HOJE? - UM HOMEM DE TALENTOO ciclo de romances de Ripley (o primeiro - <strong>The Talented Mr. Ripley</strong> - teve na Colecção Vampiro o título de <strong>Um homem de talento,</strong> que parece que não podia ser outro) é onde o mundo doentio de Patricia Highsmith é mais suportável. (Aí e nalguns contos de <strong>Mermaids on the golf course</strong> e <strong>Little Tales of Misoginy </strong>e, vá lá, em <strong>O desconhecido do Norte Expresso</strong>, seu primeiro romance, adaptado ao cinema por Hitchcock, <strong>Strangers on a Train</strong>, 1951.) <strong>Um homem de talento</strong> teve duas adaptações ao cinema - uma excelente versão francesa que é um dos melhores filmes de René Clément, <strong>Plein Soleil</strong>, <strong>À luz do sol</strong>, 1960, também um dos melhores papéis de Alain Delon, em princípio de carreira, logo antes de <strong>Rocco e os seus irmãos</strong>, de Luchino Visconti, já agora - e a recente versão de Anthony Minghella, que não me deslumbrou, apesar de todos os seus méritos e de uma maior fidelidade à letra do original literário. <strong>Ripley's Game</strong>, terceiro da série, foi filmado duas vezes também: por Wim Wenders, <strong>L'ami américain</strong>, 1977 (apesar das poses, gostei - com um Bruno Ganz inesquecível no protagonista) e por Liliana Cavani, <strong>O jogo de Mr. Ripley </strong>(2002), que, embora sem poses e com John Malkovich, não é tão bom. Os outros romances da saga Ripley são, por ordem de aparição, <strong>Ripley Underground</strong> (o segundo), <strong>The Boy That Followed Ripley</strong> e <strong>Ripley under Water</strong>. O filme de <em>la </em>Cavani passa hoje na RTP1, às 00.35.Miguel Freitas da Costahttp://www.blogger.com/profile/18158862672621175851noreply@blogger.com0