quarta-feira, setembro 26, 2007

SER CONSERVADOR: A VERSÃO ANGLO-SAXÓNICA - 6

"Todos eles [Burke, Hume] argumentavam contra a corrente intelectual dominante so seu tempo - a Era da Ilustração - que via nos costumes e nos hábitos e no preconceito impedimentos que podiam ser varridos de modo a restaurar a mente humana ao seu estado original de tábua rasa onde a razão poderia então escrever a sua mensagem. Para os revolucionários franceses, o que passava por ser a natureza humana não era uma coisa destinada com que se transigisse ou que se domasse, como pensavam os autores dos Federalist Papers, mas sim destinada a ser modificada.

Pode ver-se aqui a crucial diferença entre os Franceses, com a sua ideia de recomeçar a história e criar um conjunto totalmente novo de instituições políticas perfeitamente racionais, e os americanos, que no desenho de uma Constituição punham toda a sua fé nos pesos e contra-pesos e na separação de podertes como modo de controlar os efeitos daquilo que os Cristãos designariam por pecado original. Este conflito entre a escola da tabula rasa e a escola da natureza humana tem continuado e tem estado no cerne de muitos debates sobre as decisões políticas e sociais.

Em contraste com o que estava a acontecer em França, onde se concentrava em Paris, Burke dava grande ênfase ao que era local, próximo e particular. 'Estar preso à subdivisão, amar o pequeno pelotão a que pertencemos na sociedade, é o primeiro princípio (o germe, por assim dizer) dos afectos públicos'. Aqui pode ver-se como Burke é um percursor de Tocqueville em sublinhar a importância da sociedade civil, das associações e dos corpos intermédios, por oposição ao Estado; das reais vontades particulares das pessoas que se entregam às particulares actividades da sua vida particular, por oposição à Vontade Geral esposada pela Revolução."

Owen Harries, "What Conservatism Means", The American Conservative, Novembro de 2003

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