sexta-feira, novembro 24, 2006

"Grandes Americanos": uma reflexão sobre os EUA (2)

A respeito dos "100 mais" da América, e até para comparação com uma iniciativa parecida local (a propósito, quando sabemos os resultados sobre o "maior" português ou será que saiu um português "incorrecto"?), ontem dizíamos que foram atribuídos os lugares cimeiros a políticos, metade a presidentes - dois Founding Fathers - Washington e Jefferson - dois do século XIX - Lincoln e Madison - e dois do século XX - Wilson e F. D. Roosevelt. E fora da política, só Edison, o grande inventor.

O critério do inquérito americano era a "influência", no sentido do papel, da participação, da intervenção na vida e na configuração da sociedade americana. A questão da "influência" é sempre ambígua, pois pode ser "positiva" ou "negativa". Lenine, Hitler e Mao-Tse-Tung são personalidades chave dos seus países e da História do século XX; foram, nesse sentido, muito "influentes" e "grandes". Mas para quê, para que resultado? Em Portugal, por exemplo, Álvaro Cunhal foi uma figura muito influente da História do século XX e é uma personalidade importante, com carácter, com coerência, com pensamento. Tudo isso, entretanto, para muitos portugueses, em que me incluo, foi uma influência nefasta, negativa, prejudicial na História de Portugal. O Otelo e o Vasco Gonçalves foram igualmente influentes e nefastos, um foi (é) um néscio e o outro, Deus lhe perdoe, era um paranóico. Mas as suas acções tiveram efeitos trágicos na vida do país e de milhões de pessoas, aqui e em África.

Os historiadores do painel, em certo sentido - e porque partem do princípio que os Estados Unidos, em última instância, tiveram, têm uma História grande e positiva - associaram a influência à "boa" influência, ou pelo menos, num sentido genérico "não má" ou "não negativa".
Passemos à segunda "tranche" dos seleccionados:

11º - John Rockefeller - "inventou " o petróleo e a filantropia.
12º - Ulysses Grant - foi o general decisivo da Guerra Civil.
13º - James Madison - o verdadeiro "pai da Constituição".
14º - Henry Ford - "inventou" o automóvel para todos.
15º - "Ted" Roosevelt - o sentido da aventura e do movimento da América.
16º - Marc Twain - o criador literário da "épica" americana.
17º - Ronald Reagan - tornou populares os valores conservadores e acabou com a URSS.
18º- Andrew Jackson - nacional-populista, democrático e militar.
19º - Thomas Paine - panfletário radical. Também fazem falta... numa sociedade conservadora.
20º - Andrew Carnegie - o self-made man e filantropo por excelência. O "sonho americano".

Continuam os presidentes - Madison, Grant, Ted Roosevelt, Reagan, Jackson - e o escritor político - Paine; mas chegam em força os industriais e homens de negócios - Rockefeller, Ford, Carnegie, os nomes lendários dos tycoons.

Algumas observações: ao contrário da nota facciosa e politicamente correcta dos "Grandes Portugueses", que respira "antifascismo" quanto à idade contemporânea, "Os Grandes Americanos" são mais "independentes". Aliás não há muitos contemporâneos o que só mostra bom-senso, pois o tempo é que se encarrega de arrumar estas coisas. O primeiro na lista é Bill Gates (54º), embora von Neumann, como cientista e investigador, fosse mais o pai do computador... Ralph Nader (96º), é à partida, o outro "vivo" ilustre.

Nós, estamos cheios de vivos. Alguns bem "mortos"; outros, futebolistas, artistas do espectáculo e antifascistas - destes alguns bem modestos de ideias e obras, para além da "cidadania vigilante". Não se enxergam...

* * *
NOTA: fotografias de Ronald Reagan, Henry Ford e John Rockefeller.

1 Comentários:

Blogger jaime nogueira pinto disse...

De qualquer modo gosto de ver o Reagan em primeiro...e muito obrigado a C. pelo seu esclarecimento que completa e complementa vários pontos.Cá, vamos ver, mas é esquisito que ainda não haja nada, uma vez que a votação já fechou há quase um mês.Será que "os portugueses" escolheram quem não deviam?

sábado, novembro 25, 2006 9:55:00 da tarde  

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