LUGARES METATERRESTRES-O FIM DO LIMBO
Hoje li qualquer coisa "oficial" da Santa Sé no sentido do fim do Limbo. Notícia bem mais interessante do que a maioria do noticiário local, embora para mim signifique uma derrota nos termos de uma discussão muito cá de casa, com a Zèzinha que nunca acreditou no Limbo que achava absurdo.
Eu não. Porque segundo a doutrina tradicional, em vigor até agora, além das crianças que morriam por baptizar, o Limbo era o lugar de destino de todos os homens de boa vontade que , não por falta deles mas por circunstâncias do seu tempo histórico, não tinham podido ter conhecido Cristo, sido baptizados e conhecido a Fé. Por esta lógica, estariam ali, mesmo admitindo que na "descida aos Infernos" pós-Ressurreição,Cristo já dali livrara os grandes filósofos da Antiguidade, e tanta gente excelente anterior à Sua Paixão e Morte,(como os do quadro de baixo) a verdade é que continuaria a ser excepcionalmente bem frequentado. E fazia todo o sentido, no post-mortem cristão. Voltarei a falar do tema.
Giovanni Giotto, "La discesa all Limbo",(Alte Pinakothekke, Munchen)¨
Eu não. Porque segundo a doutrina tradicional, em vigor até agora, além das crianças que morriam por baptizar, o Limbo era o lugar de destino de todos os homens de boa vontade que , não por falta deles mas por circunstâncias do seu tempo histórico, não tinham podido ter conhecido Cristo, sido baptizados e conhecido a Fé. Por esta lógica, estariam ali, mesmo admitindo que na "descida aos Infernos" pós-Ressurreição,Cristo já dali livrara os grandes filósofos da Antiguidade, e tanta gente excelente anterior à Sua Paixão e Morte,(como os do quadro de baixo) a verdade é que continuaria a ser excepcionalmente bem frequentado. E fazia todo o sentido, no post-mortem cristão. Voltarei a falar do tema.
Giovanni Giotto, "La discesa all Limbo",(Alte Pinakothekke, Munchen)¨
11 Comentários:
Com o devido respeito, a questão, tal como a apresenta, encontra-se desfocada.
A existência do Limbo pode parecer absurda (e é-o de facto, para aqueles cuja fé -- funcional, ao contrário das outras -- aponte na direcção da maravilhosa razão humana), mas não mais que a virgindade de Maria, a ascensão corporal de um ente histórico de nome Jesus Cristo rumo a um Céu imaterial, a transubtanciação da farinha em hemoglobina mística aí por alturas do esófago, desde que a refeição decorra em ambiência propiciatória, e muitos outros pontos de fé que, como tal, devem ser considerados infalivelmente verídicos pelos crentes.
Acontece que o Limbo que foi infalivelmente existente até uma data recente, se tornou infalivelmente inexistente a partir daí. A única questão agora é saber para onde foram as almas inocentes que lá se encontravam à data do encerramento. Penso que essa questão é que ainda não é ponto assente.
«... e muitos outros pontos de fé que, como tal...»
Leia-se «como tais». Muitos são os caminhos da fé, e abruptas as suas veredas.
Lembro-lhe que como católico,apostólico,romano,espero mais do"seu devido respeito".De qualquer modo o Limbo que eu saiba não tinha uma definição dqgmática,pelo que não é comparável a sua existência ou inexistência com a de outras verdades e mistérios a que V.,como bom crente nos "mistérios"da razão,a s quer confundir.Cumps.
Alexandre, espere sentado. O respeito é para com as pessoas; as ideias que se aguentem...
Alexandre: «... outras verdades e mistérios a que V., como bom crente nos "mistérios"da razão...»
Um pequeno comentário à parte judiciosa da sua observação: a fé na razão é melhor que as outras porque funciona, como decerto já terá constatado. É por isso que o seu supremo mistério é exterior e superior ao mundo da superstição. Por exemplo, se quer ir fazer umas férias ao Brasil, procede racionalmente: começa por estudar horários de aviões, procura comprar bilhete, estar no local de embarque à hora apropriada, etc.. Não sobe ao telhado de malas na mão para dizer «fá-fé-fi-fó-fum vou levantar voo», por mais que seja a sua fé nos outros mistérios (que não funcionam). Cumps.
Dizia eu próprio, sem intenção de ofender quem quer que fosse: «É por isso que o seu supremo mistério é exterior e superior ao mundo da superstição».
Posto o que, recordando o tom ofendido do Alexandre, dei comigo a matutar sobre que outras possíveis palavras se poderiam utilizar em lugar de «superstição», sem perda de sentido.
«Irracionalidade»? Não serve. A reacção seria provavelmente qualquer coisa como «está a chamar irracionais aos outros?!...»
«Cegueira intelectual?» Também não. E se calhar ofende os cegos, ainda por cima.
«Autismo infantil frente ao mundo real?» Ainda menos, pelas mesma razões.
E aqui temos nós um problema de comunicação: como designar ideias que desprezam a fé no grande mistério da inteligência -- que no fundo todos veneram, ainda que por vezes envergonhados e cheios de remorso -- sem trazer inevitavelmente à colação o facto desse desprezo constituir, em si próprio e perante os próprios, um insulto à inteligência?
Escrevo apenas para recordar que o Papa não decretou o fim do limbo - nem o poderia fazer contra a tradição -, e que mais uma vez nos encontramos tão-só perante um caso de flagrannte ignorância jornalistica.
http://rorate-caeli.blogspot.com/2007/04/tiny-comment.html
http://sacristanserrano.blogspot.com/2007/04/estupidario-la-abolicin-del-limbo.html
Caríssimos irmãos em Cristo e na Razão,
Estava longe de pensar que um post à volta de uma velha discussão familiar sobre o Limbo, levasse a tão altos voos.Eu imaginei sempre o Limbo como um lugar de espera,de espera em esperança, por essa descida de Cristo para levar de volta com Ele para o Pai,todos os que ali estavam e que ficavam livres a partir da Sua Ressurreiçao.(É claro que tudo isto são tretas para o Pedro Botelho,que é um devoto da Razão e incrédulo quanto a estas outras Verdades e Mistérios e que por isso está automàticamente fora desta discussão sobre o Limbo,que é tema de cristãos,sobretudo de católicos e cristãos-velhos.)Entre crentes, e antes que o P.B.faça algum reparo ao meu uso de maiúsculas nos possessivos de Cristo,sempre achei o Limbo,apesar de em termos figurativos me parecer uma espécie de consultório médico dos anos 60,com números antigos do "National Geographic" e das "Selecções",e com frequentadores um bocado para o maçador, um sítio onde se deviam encontrar pessoas-ou "almas" interessantíssimas.Mas depois explico o meu "raciocínio"Boa noite.
Sarto,
Os meus agradecimentos pelas suas interessantes referências sobre a continuação do Limbo para onde vão, entre outras, as almas das crianças inocentes deste planeta (pelo menos), condenadas à privação de Paraíso pelo facto de não terem recebido baptismo cristão. Estou aliás inclinado a crer que a ordem de soltura, seria, apesar da omnipotência divina, praticamente incomportável, dado o grande número de retidos. Portanto tudo continua na mesma: no Céu, em alegres correrias sob o olho enternecido do Pai de todos, uma pequena minoria, a das crianças que morreram baptizadas; e no Limbo infernal para a eternidade, não exactamente nos suplícios eternos como tantas almas infelizes, mas provavelmente aborrecidas até à medula espiritual pelos debates dos velhos filósofos virtuosos pré-cristãos, orientais e outros que tais, a maioria das crianças da espécie. Enfim, é uma ordenação como outra qualquer. Podia ser pior (tudo no Inferno, por exemplo).
JNP: «... um devoto da Razão e incrédulo quanto a estas outras Verdades e Mistérios...»
O problema é que a palavra «outras» não reconcilia magicamente o irrenconciliável: se tudo é verdade, o conceito de verdade entra em colapso.
Breve exemplo, escolhido intencionalmente no seio da matéria dogmática (para não desiludir o Alexandre): ou a farinha e o vinho consagrados continuam farinha e vinho, sendo a transformação meramente simbólica, ou se transformam de facto noutras coisas. A investigação prática através de uma simples sondagem gástrica a um crente voluntário, compadecido do infeliz destino que espera os incrédulos ignorantes e desejoso de lhes indicar o caminho da verdade, seria simples. No entanto, a própria ideia aparece como ridícula, tanto ao crente como ao incrédulo. Porquê? Porque no fundo ambos sabem antecipadamente onde está a fé verdadeira e onde a falsa, e só um deles aceita sacrificar no altar da falsidade.
Referia-me eu ao «altar da falsidade».
Cá está o problema: era no sentido do inglês "falsehood" e não necessariamente no de «impostura», com as implicações mais aborbitantes aos códigos de civilidade.
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