QUE FITA VAI HOJE? - REPRISES
Quando eu ia verdadeiramente ao cinema, na Lisboa da segunda metade do século passado, havia cinemas de estreia e uma outra espécie de salas de um género mais modesto, conhecidas por cinemas de reprise, uma palavra francesa que fazia parte do vocabulário português nessa altura mas às vezes também se dizia em português mais clássico, reposição: eram o equivalente ao que no Madrid de uma parte da minha adolescência se chamava mais castiçamente cines de barrio. O efeito era o mesmo: esses cinemas passavam, normalmente em programa duplo, filmes que já não eram da última apanha. O seu lugar é hoje ocupado pela televisão: em Lisboa, pelo menos, é nesses mal denominados écrans das nossas casas que vemos os filmes que já deixaram há mais ou menos tempo as salas onde foram estreados - às vezes há muitos, muitos anos. Raramente há reestrenos nos cinemas e a garbosa cópia nova é também coisa do passado; quando temos alguma coisa parecida é muito mais imponente, um director's cut, por exemplo, em que o realizador nos mostra a sua versão definitiva do filme (muitas vezes ninguém ganha muito com isso, nem nós nem ele, como é o caso do Apocalypse Now Redux, embora a cena na plantação francesa que não aparecia na versão original mereça ser vista). Desculpem a digressão, mas esta noite, nos canais de televisão, quase tudo o que é digno de menção já foi visto não há muito e mais do que uma vez: Doze indomáveis patifes (The Dirty Dozen, 1967, de Robert Aldrich: a execução que há no princípio evoca o famoso A Hanging de George Orwell, o que não é dizer pouco), Get Carter (1971, não sei se alguma vez chamei a atenção para a presença entre os actores do dramaturgo John Osborne, no papel de um dos gangsters, Kinnear), às 20.00 e às 22.25, no TCM, Fargo (1996, dos irmãos Coen), às 21.30 no Hollywood...
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