"Give Politics a Chance!"
As eleições de 7 de Novembro mostraram que o Iraque, a corrupção e os escândalos, envolvendo políticos do GOP, trouxeram a derrota dos Republicanos no Congresso. Foi o sinal para uma Administração eleita numa linha de interesse nacional, mas que depois do 11/9 trocou a guerra certa e necessária - a campanha contra o macro-terrorismo - pela guerra contraproducente - a guerra do Iraque.
O número de conservadores entre os democratas eleitos, conservadores fiscais e de costumes, "against bigger taxes and for guns and God" e a rejeição, nos referendos locais, dos projectos "liberais", provam que a maioria conservadora se mantém no país. Mas o eleitorado recusou e puniu duas coisas: a utopia da "democratização" global e a linha "virtudes públicas, vícios privados".
O Iraque passou a uma "guerra esquecida", ou para esquecer. Vimos outras: a Argélia, a nossa "guerra de África", o Vietname. Nestas "guerras", quando chega a hora de partir, há sempre quem pague o preço da "volubilidade" da política das metrópoles ou dos aliados: os "colonos" - pieds-noirs da Argélia e "retornados" portugueses - e a parte da população ontem "leal", hoje "colaboracionista". E depois há os combatentes, que acreditam que estavam no terreno a lutar por coisas boas e eternas: a pátria, a civilização, a liberdade. São "os soldados perdidos"...
Na Argélia, centenas deles, geralmente das forças de elite, desertaram e juntaram-se à OAS; em Portugal, no caos poliárquico do PREC ninguém quis saber, sobretudo do que e de quem ficava para trás - e foram as guerras civis - de que se culparam os locais e a "guerra fria"! No Iraque, há 150.000 militares americanos, mais rapazes que homens, mais da "América profunda" que das grandes cidades, na maioria soldados da "fiel infantaria" e dos marines de que ninguém quer saber, desde que a "guerra" se tornou "perdida". Das centenas de correspondentes de há três anos, restam uma dúzia... Os oficiais vão, uma vez mais, ser os portadores das más novas e dos "body bags". Não há colonos: mas se a saída for à pressão, sunitas e shiitas vão bater-se ao carro armadilhado, à kalash, à faca, no caos das milícias meio sectárias meio-crime organizado, pouco religiosas! Fora os "duros" vão fazer esquecer a manipulação da intelligence, a caução dada a charlatães e burlões como o Sr. Chalabi,. O Iraque, esse, ou vai reduzir-se a uma área fragmentada, uma espécie de super-Líbano dos anos 80, ou, mal menor, verá a ascensão de um dos generais do N.I.A. - New Iraquian Army, (parece que há algumas brigadas capazes e Allah as conserve!) que conseguirá restaurar a ordem e segurança no que restar do país, repetindo um modelo "cesarista"; solução menos má mas nos antípodas da utopia do "novo Médio Oriente"!
Será a altura de "dar" à política uma chance? Por uma razão simples: os "argumentos" dos Estados Unidos são mais poderosos perante os governos de Damasco, Teerão e Ramalah, que face a "guerrilheiros" no terreno, no Iraque ou na Palestina. Foi assim na Guerra Fria com a União Soviética, patrono e patrão dos "terroristas" de então e que os "controlou" quando foi preciso. Agora pode resultar ou não, mas não há muitos mais caminhos.
Publicado no Expresso a 25.11.2006
O número de conservadores entre os democratas eleitos, conservadores fiscais e de costumes, "against bigger taxes and for guns and God" e a rejeição, nos referendos locais, dos projectos "liberais", provam que a maioria conservadora se mantém no país. Mas o eleitorado recusou e puniu duas coisas: a utopia da "democratização" global e a linha "virtudes públicas, vícios privados".
O Iraque passou a uma "guerra esquecida", ou para esquecer. Vimos outras: a Argélia, a nossa "guerra de África", o Vietname. Nestas "guerras", quando chega a hora de partir, há sempre quem pague o preço da "volubilidade" da política das metrópoles ou dos aliados: os "colonos" - pieds-noirs da Argélia e "retornados" portugueses - e a parte da população ontem "leal", hoje "colaboracionista". E depois há os combatentes, que acreditam que estavam no terreno a lutar por coisas boas e eternas: a pátria, a civilização, a liberdade. São "os soldados perdidos"...
Na Argélia, centenas deles, geralmente das forças de elite, desertaram e juntaram-se à OAS; em Portugal, no caos poliárquico do PREC ninguém quis saber, sobretudo do que e de quem ficava para trás - e foram as guerras civis - de que se culparam os locais e a "guerra fria"! No Iraque, há 150.000 militares americanos, mais rapazes que homens, mais da "América profunda" que das grandes cidades, na maioria soldados da "fiel infantaria" e dos marines de que ninguém quer saber, desde que a "guerra" se tornou "perdida". Das centenas de correspondentes de há três anos, restam uma dúzia... Os oficiais vão, uma vez mais, ser os portadores das más novas e dos "body bags". Não há colonos: mas se a saída for à pressão, sunitas e shiitas vão bater-se ao carro armadilhado, à kalash, à faca, no caos das milícias meio sectárias meio-crime organizado, pouco religiosas! Fora os "duros" vão fazer esquecer a manipulação da intelligence, a caução dada a charlatães e burlões como o Sr. Chalabi,. O Iraque, esse, ou vai reduzir-se a uma área fragmentada, uma espécie de super-Líbano dos anos 80, ou, mal menor, verá a ascensão de um dos generais do N.I.A. - New Iraquian Army, (parece que há algumas brigadas capazes e Allah as conserve!) que conseguirá restaurar a ordem e segurança no que restar do país, repetindo um modelo "cesarista"; solução menos má mas nos antípodas da utopia do "novo Médio Oriente"!
Será a altura de "dar" à política uma chance? Por uma razão simples: os "argumentos" dos Estados Unidos são mais poderosos perante os governos de Damasco, Teerão e Ramalah, que face a "guerrilheiros" no terreno, no Iraque ou na Palestina. Foi assim na Guerra Fria com a União Soviética, patrono e patrão dos "terroristas" de então e que os "controlou" quando foi preciso. Agora pode resultar ou não, mas não há muitos mais caminhos.
Publicado no Expresso a 25.11.2006
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