2006 - Um ano mais
Um ano menos foi como Fernando Vizcaíno Casas - advogado e humorista espanhol - intitulou a edição do diário desabusado que escreveu de Maio de 1978 a Maio de 1979. Não foi - como poderia ter sido, numa versão mais optimista, "um ano mais". Era um livro tão desencantado como o seu título e um dos melhores que escreveu. Os humoristas quando escrevem um bocadinho mais a sério costumam revelar a melancolia que é normalmente atributo seu e da maior parte dos grandes cómicos. Era o caso também do nosso André Brun, que deu como epígrafe a um dos seus livros de crónicas "Ano novo, vida velha..." e a uma das suas crónicas sobre a passagem do ano o título paradoxal de "Ano velho, vida nova". Vizcaíno Casas, um autor franquista que nunca teve tanto êxito como depois da morte de Franco, escreveu entre muitos outros livros o estrondoso best seller ...E ao terceiro ano ressuscitou (uma ficção política sobre a ressurreição de Franco) cuja edição portuguesa teve um brilhante pósfácio de Manuel Múrias, mais tarde plagiado com o encantador descaro espanhol pelo próprio Vizcaíno Casas, no primeiro número - salvo erro - da edição espanhola da Playboy. Prestes a terminar o ano em que faz setenta anos que começou a Guerra Civil espanhola - e parece que toda a guerra há-de ser doravante, mais claramente do que no século XX, nalguma ou em toda a medida, uma guerra civil - lembrei-me deste escritor espanhol - e as recordações podiam ir sendo desfiadas por aí fora. Deve ser da idade. Numa veia menos saudosista, lembro a existência - ou recomendo que procurem, aos que não conhecem - a galáxia de belos e idiosincráticos almanaques e outras publicações de Ben Schott, a começar pelo Schott's Almanach propriamente dito. Bom ano para todos.
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