quarta-feira, março 07, 2007

UMA SEMANA EM WASHINGTON (1)

Chegámos – eu e a minha filha Maria Teresa – com um nevão extraordinário, que durou o Domingo de 25 de Fevereiro; demos uma volta de carro com o F. V. nos arredores com muita neve de vários palmos. A neve é um tema da pintura americana, de Childe Hassam até às fotos de Stieglitz. Mas essa é neve de New York. Esta é neve da Virgínia e Maryland, neve do campo que me lembrou um quadro do velho Bruhgel, o dos cães e dos homens no regresso da caça. Neve "mais limpa" como a da velha Rússia do Henry Troyat, que morreu anteontem.

Segunda, 26, pela manhã, o tempo mostra sinais de melhoria, persistindo da neve, apenas aquela parda e lamacenta nas ruas. Revisita aos museus de Arte da Smithsonian: colecções magníficas, também de pintura europeia: por um lado, os milionários americanos dos finais do século XIX princípios do XX – os Morgan, os Mellon, os Rockfeller – compraram na Europa muitas coisas, que depois doaram aos seus museus; por outro, há uma "arte americana" nativa, que vai dos naïfs do período colonial aos – Edward Hopper, Winslow Homer, Georgia O’Keefe, John Singer Sargent – que pegaram nos temas e na paisagem americanos. Até Roy Lichenstein e Pollock.

Outra coisa boa de Washington são os clubes: é mais agradável ficar lá que nos hotéis. Pois é quase ficar em casa. Ficámos no Cosmos Club, no 2121, Massachussets. O Cosmos é o clube dos políticos, académicos e intelectuais. Tem entre os seus sócios dezenas de prémios Nobel e prémios Pulitzer numa galeria de entrada...

Na Quarta, 27 de Fev., almoçámos com o W.K. no Metropolitan – o clube mais tradicional da capital, downtown, perto da Casa Branca. E voltámos lá para o jantar da Anglosphere, uma associação cultural anglo-americana, animada por dois velhos amigos – o John O’Sullivan que foi speechwriter de Tatcher e o Dan Oliver da Heritage Foundation. A sair, bruscamente, de uma cabine, Henry Kissinger, himself, para surpresa e divertimento da M. T.

Noto que as medidas de segurança, aqui, como em Nova Iorque, estão menos obcessivas, que das últimas vezes que cá vim; no State Department em vez de ter que se chegar com 20 minutos de antecedência, bastam 5 minutos.

Revejo outros amigos de há quase 30 anos, como o Jimmy Lucier e o Jeff Gayner. Conhecemo-nos em Fevereiro de 1980, numa reunião no Madison Hotel nos primeiros passos da "Era Reagan", quando começou a "Segunda Guerra Fria" e o fim da União Soviética. De um modo ou de outro, fomos "combatentes" dessa guerra, a única que me lembro de ter corrido bem para "o lado de cá". Pelo menos até ver.

(to be continued).

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