O Cavalo Vermelho
Há um livro que, não sendo propriamente uma novidade editorial, tem passado completamente despercebido em Portugal. E, no entanto, foi um verdadeiro êxito de vendas em muitos outros países, tendo sido igualmente alvo de grandes e acesas polémicas. Os motivos pelo qual não terá sido traduzido e publicado em português terão a ver com o facto de se tratar de uma obra com mais de mil páginas, o que constitui certamente uma aposta arriscada para as nossas editoras, mas penso que a principal razão é o ser politicamente incorrectíssima e dar uma versão do comunismo muito diferente daquela que nos querem impingir.
Eugenio Corti, quando publicou, em 1983, Il Cavallo Rosso, narrando a sua experiência na frente russa durante a II Guerra Mundial, não estava provavelmente à espera que a sua publicação se viesse a revelar um verdadeiro "caso literário". A história começa com uma juventude feliz nessa Itália dos anos 30, marcada pela revolução fascista. Depois vem a época do entusiasmo juvenil que conduz os protagonistas a oferecerem-se, como voluntários, para a grande cruzada contra o bolchevismo. Seguem-se a neve, o gelo e o frio, o início da retirada que irá conduzir à prisão pelos comunistas, aos campos de trabalho escravo e, mais tarde, muito mais tarde, à libertação e ao regresso a Itália onde se luta, ao lado dos aliados, contra um Mussolini que já só domina o território da República Social Italiana.
Este romance, baseado em factos verídicos e na própria experiência do autor, apesar da sua dimensão lê-se quase sem fôlego, dada a vivacidade com que são descritos tantos episódios, marcados pela dor e pelo desespero. Sobretudo a terrível luta contra o frio e a sua prisão pelos comunistas, onde vão encontrar numerosos compatriotas presos já há muitos anos, bem como campos para mulheres, repletos de freiras e religiosas das mais diversas nacionalidades. Contudo, as páginas mais duras são as respeitantes à fome, a uma fome terrível que transforma homens comuns em selvagens, que os conduz mesmo a casos de canibalismo e a um sofrimento extremo impossível de narrar.
Penso que é um livro que faz falta no nosso País, sobretudo num momento em que se tenta, de novo, dar alguma respeitabilidade aos regimes comunistas. Convém que não nos esqueçamos do que aqueles regimes representaram e do sofrimento que provocaram.
Para quem esteja interessado, existe uma versão em francês: Le Cheval Rouge, editado pela L'Age de L'Homme.
Eugenio Corti, quando publicou, em 1983, Il Cavallo Rosso, narrando a sua experiência na frente russa durante a II Guerra Mundial, não estava provavelmente à espera que a sua publicação se viesse a revelar um verdadeiro "caso literário". A história começa com uma juventude feliz nessa Itália dos anos 30, marcada pela revolução fascista. Depois vem a época do entusiasmo juvenil que conduz os protagonistas a oferecerem-se, como voluntários, para a grande cruzada contra o bolchevismo. Seguem-se a neve, o gelo e o frio, o início da retirada que irá conduzir à prisão pelos comunistas, aos campos de trabalho escravo e, mais tarde, muito mais tarde, à libertação e ao regresso a Itália onde se luta, ao lado dos aliados, contra um Mussolini que já só domina o território da República Social Italiana.
Este romance, baseado em factos verídicos e na própria experiência do autor, apesar da sua dimensão lê-se quase sem fôlego, dada a vivacidade com que são descritos tantos episódios, marcados pela dor e pelo desespero. Sobretudo a terrível luta contra o frio e a sua prisão pelos comunistas, onde vão encontrar numerosos compatriotas presos já há muitos anos, bem como campos para mulheres, repletos de freiras e religiosas das mais diversas nacionalidades. Contudo, as páginas mais duras são as respeitantes à fome, a uma fome terrível que transforma homens comuns em selvagens, que os conduz mesmo a casos de canibalismo e a um sofrimento extremo impossível de narrar.
Penso que é um livro que faz falta no nosso País, sobretudo num momento em que se tenta, de novo, dar alguma respeitabilidade aos regimes comunistas. Convém que não nos esqueçamos do que aqueles regimes representaram e do sofrimento que provocaram.
Para quem esteja interessado, existe uma versão em francês: Le Cheval Rouge, editado pela L'Age de L'Homme.
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