AS VARIÁVEIS DA VIOLÊNCIA
The War of the World:Twentieth Century and the Descent of the West é um livro de Niall Ferguson que foi lido por Edward Luttwak (o autor do clássico Coup d'État: A Practical Handbook), a benefício dos leitores da revista Commentary. (O livro de Ferguson já foi traduzido e publicado em Portugal, pela Editora Civilização.) A resenha intitula-se "As variáveis da violência".
Nem se discute - acho eu - que o século passado pode gabar-se, para já, de ser o século em que a guerra e outras formas de violência organizada mataram mais gente do que em qualquer outro século da história. Há quem sustente mesmo que mais do que em todos os outros juntos (mesmo contando com os milhões de habitantes da América que a chegada dos europeus varreu da face do globo, embora em grande parte, é certo, por causas "naturais").
Em qualquer caso, Luttwack observa que "a grande questão" é saber porque terá sido - e sem regatear elogios aos méritos literários e históricos de Ferguson, discorda da resposta que ele dá. Para o crítico, nem alguns dos pressupostos nem as conclusões de Ferguson (que segundo Luttwak atribui quase tudo a "uma conjugação particularmente letal de três factores específicos: a componente étnica e racial da conflitualidade, a volatilidade económica e o declínio dos Impérios") são convincentes. E lembra, por exemplo, que o contributo para o score do século de dezenas de milhões de chineses que o Maoismo assassinou ou levou à morte foi obra de outros chineses da mesma "etnia" - como similarmente noutros casos, da União Soviética ao Cambodja.
"O homem - escreve Luttwak - é violento. Quando a sua capacidade de aplicar a violência aumenta e não aparece qualquer contrapeso político que a modere, torna-se ainda mais violento. Talvez a violência tenha aumentado muito no século XX apenas porque os progressos da administração e os avanços tecnológicos aumentaram exponencialmente a capacidade de a aplicar".
Falta saber que "contrapeso político" o poderia ter impedido - e porque não surgiu. Uma parte da resposta está certamente em que o século passado mais do que "a era dos extremos" foi mais propriamente a "era das ideologias" - ou seja das "religiões" "dos que não têm religião" - e por muitos méritos que se queiram atribuir à "religião" nesta matéria não se conhece nenhuma que que tenha sido ou seja uma máquina tão desregrada e brutal de morticínio e opressão como as suas selváticas imitações.
Nem se discute - acho eu - que o século passado pode gabar-se, para já, de ser o século em que a guerra e outras formas de violência organizada mataram mais gente do que em qualquer outro século da história. Há quem sustente mesmo que mais do que em todos os outros juntos (mesmo contando com os milhões de habitantes da América que a chegada dos europeus varreu da face do globo, embora em grande parte, é certo, por causas "naturais").
Em qualquer caso, Luttwack observa que "a grande questão" é saber porque terá sido - e sem regatear elogios aos méritos literários e históricos de Ferguson, discorda da resposta que ele dá. Para o crítico, nem alguns dos pressupostos nem as conclusões de Ferguson (que segundo Luttwak atribui quase tudo a "uma conjugação particularmente letal de três factores específicos: a componente étnica e racial da conflitualidade, a volatilidade económica e o declínio dos Impérios") são convincentes. E lembra, por exemplo, que o contributo para o score do século de dezenas de milhões de chineses que o Maoismo assassinou ou levou à morte foi obra de outros chineses da mesma "etnia" - como similarmente noutros casos, da União Soviética ao Cambodja.
"O homem - escreve Luttwak - é violento. Quando a sua capacidade de aplicar a violência aumenta e não aparece qualquer contrapeso político que a modere, torna-se ainda mais violento. Talvez a violência tenha aumentado muito no século XX apenas porque os progressos da administração e os avanços tecnológicos aumentaram exponencialmente a capacidade de a aplicar".
Falta saber que "contrapeso político" o poderia ter impedido - e porque não surgiu. Uma parte da resposta está certamente em que o século passado mais do que "a era dos extremos" foi mais propriamente a "era das ideologias" - ou seja das "religiões" "dos que não têm religião" - e por muitos méritos que se queiram atribuir à "religião" nesta matéria não se conhece nenhuma que que tenha sido ou seja uma máquina tão desregrada e brutal de morticínio e opressão como as suas selváticas imitações.
3 Comentários:
«e por muitos méritos que se queiram atribuir à "religião" nesta matéria»
Calculo que a intenção aí fosse «deméritos». Mas, atenção, a questão de «não se conhecer nenhuma que...» não tem em conta as diferenças abismais no campo das possibilidades tecnológicas. É só ler o Velho Testamento para se perceber de onde vem a inspiração profunda da moderna bomba «J» (para designar colectivamente a «A», a «H» etc.).
Antes que me acusem de provocação: «J» porque praticamente todos os que a ela estiveram intimamente ligados eram japoneses, é claro. Mas podiam ter sido arianos ou islamistas que também não teria tido grande importância, ao que consta.
A propósito de extermínios, esta pérola foi ouvida há coisa de minutos num filme de origem inglesa ou americana sobre as experiências aliadas com gás de mostarda (sobre vítimas militares inocentes), durante a 2ªGM, que está a passar na SIC Notícias: "Hitler had a pathological hatred of chemical weapons"...
Não é piada, é a sério. É mais uma doença, mais um ódio abominável. Desta vez às armas químicas. Uma patologia das mais imperdoáveis. Aqui fica à consideração dos que ainda pensam que a ideologia totalitária sob que continuamos a viver é muito diferente da Infame de sempre.
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