O NOSSO COMBATE
Aqui está um modesto programa de combate intelectual muito apropriado a estes tempos paradoxais de dogmáticas certezas "científicas":
"Meter-se com todos aqueles que se tomam demasiado a sério, a si próprios e à qualidade do conhecimento que têm".
(I believe that the principal asset I need to protect and cultivate is my deep-seated intelectual insecurity. My motto is "my principal activity is to tease those who take themselves and the quality of their knowledge too seriously.", Nassim Nicholas Taleb, Fooled by Randomness-The Hidden Role of Chance in Life and in the Markets, Penguin Books, 2007 [Texere, 2004])
"Meter-se com todos aqueles que se tomam demasiado a sério, a si próprios e à qualidade do conhecimento que têm".
(I believe that the principal asset I need to protect and cultivate is my deep-seated intelectual insecurity. My motto is "my principal activity is to tease those who take themselves and the quality of their knowledge too seriously.", Nassim Nicholas Taleb, Fooled by Randomness-The Hidden Role of Chance in Life and in the Markets, Penguin Books, 2007 [Texere, 2004])
2 Comentários:
Um programa de elogiar, especialmente no que respeita ao combate às formas mais bárbaras de pseudo-conhecimento sem respeito pela fé!
Mas, como em tudo nesta vida milagrosa, há que proceder com as devidas precauções e distinguir os diversos tipos de candidatos ao trono da fé verdadeira: o terrorismo epistemológico que -- sucedendo à mentira do dogma religioso e não menos absolutista, contraditório, desesperado e auto-destrutivo do que ela -- assegura que existe uma verdade incontestável segundo a qual não existe verdadeiro nem falso, assemelha-se muito a uma birra de criança que ainda não aprendeu a observar e raciocinar. Para exemplificar a profunda questão da Fé e da sua relação com a Verdade manifesta, ou seja, da distinção ontológica de que resulta o milagre do Real, tão desprezável -- senão mesmo desprezível --aos crentes nas falsas fés, consideremos, por exemplo, as seguintes asserções:
1) A Terra é um cubo (pseudo-conhecimento, ainda que atestado por livros sagrados, sumos-sacerdotes, pastorinhos visionários, etc.).
2) A Terra é aproximadamente cúbica (pseudo-conhecimento, ainda que atestado por sacerdotes liberais, intelectuais ecuménicos, pós-modernistas metafóricos etc.).
3) A Terra é uma esfera (aproximação ao conhecimento pela divulgação científica, naturalmente simplificadora).
4) A Terra é aproximadamente esférica (conhecimento científico, i.e. reconhecível pela fé verdadeira).
O que interessa perceber é que não só a última das asserções é a única digna de fé, como ainda que as duas primeiras são muito menos satisfatórias que as duas últimas: não merecem todas o mesmo grau de ridículo pela muito simples razão de que -- para empregar um cliché darwinista -- uma parra não é o mesmo que um fato de macaco...
Mais correctamente: «um fato-macaco». Queria eu dizer, é claro, que apesar das mãos e pés a descoberto, o macaco agasalha melhor que a parra. E é mais funcional neste mundo cá de baixo, longe dos paraísos reservados.
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