NÃO APAGUEM A MEMÓRIA 1
Faz hoje 90 anos a criação da Tcheka, a "polícia política" ou "polícia secreta" do regime comunista russo - uma das mais duradouras instituições soviéticas e certamente a mais perfeita e mais eficiente. Foi criada por Lenine e continuada e aprimorada por sucessivas gerações de humanistas soviéticos. O nome foi mudando: GPU, NKVD, KGB. As siglas são acrónimos de nomes como "Comissão extraordinária pan-russa para a repressão da contra-revolução e da sabotagem" (versão inicial) ou, mais discretamente, "Comité de Segurança do Estado" (a última versão, que durou até ao fim do regime soviético russo). O modelo deu tão bons resultados que foi exportado para todos os países ou zonas do mundo em que o poder soviético se estabeleceu ou quis estabelecer. À medida das ambições do Partido Comunista e da dimensão do primeiro país que conquistou, as suas vítimas contam-se por muitos milhões no mundo inteiro, a começar pela Rússia dos primórdios da Revolução. O nome original figura no título de um dos grandes romances do século XX, o Madrid de Corte a Checa do falangista Agustín de Foxá, cuja acção decorre na Espanha que vai da proclamação da República à Guerra Civil. Um dos criadores da Tcheka instruia assim os membros da organização, em 1918: "Não interessa procurar provas de que o vosso prisioneiro se opõs ao poder soviético por palavras ou acções. O vosso primeiro dever é perguntar-lhe a que classe pertence, quais as suas origens,, qual o seu grau de instrução e qual a sua profissão". Como lapidarmente escreveria mais tarde o revolucionário Victor Serge, que a Revolução não poupou, o que distingue a justiça revolucionária da justiça burguesa é que julga as pessoas pelo que são e não pelo que fizeram. Eram tempos sinceros em que contribuir para implantar o "Terror Vermelho" era um título de glória. Quem procurar "Tcheka" na Internet encontra em primeiro lugar duas ou três páginas de referências ao cantor cabo-verdiano que tem esta palavra como nome artístico e, ao que parece, é uma celebridade internacional. O emblema da Tcheka, que se manteve igual através de todas as suas encarnações, é constituido por um gládio e um escudo, com a foice e o martelo no centro de uma estrela de cinco pontas.
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