sexta-feira, janeiro 18, 2008

O ESPÍRITO REVOLUCIONÁRIO SEGUNDO KOLAKOWSKI

Leszek Kolakowski nasceu e viveu a primeira parte da sua vida na Polónia (1927-1968). Foi membro do PCP (o polaco, claro, cuja designação técnica era Partido dos Trabalhadores). Filósofo, "historiador das ideias" e professor de filosofia, desde 1968 que ensina no "Ocidente" (Canadá, Estados Unidos, Grã-Bretanha). Inventou um "marxismo humanista" que não sei se ainda perfilha. No seu conhecido e monumental estudo sobre as "principais correntes do marxismo" escreveu: "Presentemente o marxismo não serve para interpretar o mundo nem para o mudar: é um catálogo de slogans que servem para organizar diversos interesses" (citação que figura num dos artigos sobre Kolakowski disponíveis na "Internet"). "O espírito revolucionário" é o título de uma colecção de ensaios de Kolakowski que foi publicada em França em 1977, num volume que inclui também "Marxismo, utopia e anti-utopia". No ensaio que dá o título a esse livro, Kolakowski tem a seguinte definição da "mentalidade revolucionária": "É uma atitude espiritual que se caracteriza pela crença particularmente intensa na possibilidade de uma salvação total do homem, em oposição total à sua situação actual de escravatura, de tal sorte que entre uma e outra não haveria nem continuidade nem mediação; mais ainda, que a salvação total seria o único e verdadeiro fim da humanidade, ao qual todos os outros valores se deveriam subordinar como meios. Não existiriam mais do que um só fim e um só valor, que seriam a negação absoluta do mundo existente." Para Kolakowski esta definição ajusta-se como uma luva a certas formas de cristianismo, em especial entre as nascidas da Reforma, que opõem esta doutrina revolucionária do "tudo ou nada" a uma Igreja que conta com "o mundo imperfeito das fraquezas humanas, um mundo que se deve encarar com benevolência e procurar melhorar". Mas onde a "mentalidade revolucionária" realizou e tenta realizar todas as suas sinistras virtualidades é na sua versão puramente política - de que é exemplo marcante a "Revolução proletária" dos marxistas.

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