GUERRA E PAZ
A Guimarães Editores, onde estou há uns dias, fez traduzir e publicou, vai já para três ou quatro anos, um livro que propus ao Francisco Cunha Leão editar e que se intitula A invenção da paz, do historiador militar inglês Michael Howard. O livro despertou na altura, modestamente, algum interesse. A Rádio Paris Lisboa (hoje Rádio Europa-Lisboa), salvo erro, chegou a dedicar-lhe um programa de debate, de que o DN deu na altura notícia (com um pequeno lapso: publicava uma fotografia supostamente do autor que retratava, sim, o ex-líder do Partido Conservador que tem o mesmo nome). Esse magistral livrinho de "reflexões sobre a guerra e a ordem internacional" tem como epígrafe uma sentença oitocentista de Sir Henry Maine: "A guerra parece ser tão velha como o homem mas a paz é uma invenção moderna". Não é um livro muito optimista. Encontrei agora nos arquivos da Guimarães um velho exemplar do clássico "pacifista", bem intencionado e razoavelmente equivocado de Norman Angell, aqui editado em 1914, A Grande Illusão (escrevia-se mesmo com dois l's) e traduzido pelo Dr. Carlos José de Menezes. É uma obra que tem sido lembrada ultimamente e que talvez valha a pena reeditar agora que a História da Europa e do Mundo é o que é e que a Grande Guerra de 14/18, seus antecedentes e consequentes, concita tanta atenção. Tem uns interessantes lampejos de uma teoria avant la lettre do "choque de civilizações" e da guerra do futuro como guerra civil. É acusada, diga-se de passagem, de ter servido de inspiração, no título e também no espírito, ao grande filme de Jean Renoir La Grande Illusion (com duas inesquecíveis interpretações de Pierre Fresnay e Eric von Stroheim, 1937). Angell, nascido em 1872, era do Partido Trabalhista, recebeu em 1933 o Prémio Nobel da Paz e viveu até 1967.
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