terça-feira, abril 22, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - DUAS OU TRÊS, PELO MENOS

Está a começar (20.00, mas dura mais de três horas) no TCM mais uma exibição do Ben Hur (1959) de William Wyler, protagonizado por Charlton Heston, um dos melhores maus actores do cinema americano. Heston morreu há dias. Wyler tinha-o dirigido pelo menos num outro filme, The Big Country, realizado no ano anterior, um western de "prestígio" mas nem por isso menos merecedor de consideração, muito bem escrito, dirigido, interpretado e fotografado. Este Ben Hur mostra como não há "magia" digital que substitua a grandiosidade física dos grandes cenários e dos "cast of thousands" (compare-se a corrida das quadrigas com as cenas de gladiadores do Gladiator de Ridley Scott (2000). Daqui a umas horas - já se deve saber o que aconteceu nas primárias da Pensylvannia entre H. Clinton e B. Obama - o TCM passa The Public Enemy (O inimigo público, 1931, William Wellman) - à 1.55, um clásico do cinema de "gangsters" com James Cagney e a famosa cena da toranja esborrachada na cara de Mae Clarke, para horror das feministas e das pessoas de bom coração e grande satisfação, ao que consta, do ex-marido dela. Quem ficar acordado, já sabe. Entretanto, na RTP Memória, às 22.05, temos Os revoltados do Caine, com Humphrey Bogart num papel muito afastado da sua habitual persona cinematográfica. The Caine Mutiny (1954), a partir de um romance de Herman Wouk, foi dirigido por Edward Dmytryk e é um bom espectáculo "teatral". Tem duas grandes interpretações de José Ferrer (e nunca é demais lembrar, a propósito, o seu fantástico Cyrano de Bergerac, 1950, Michael Gordon) e Fred Mac Murray, no papel de intelectual "revolucionário", covardola e cínico que o advogado Jose Ferrer faz absolver mas despreza. Foi fácil ver neste filme, como no Há lodo no cais de Kazan, uma referência à política do tempo: Dmytryk fora um dos "dez de Hollywwood" mas tinha sido depois retirado da hagiografia progressista quando decidiu que na "guerra" em curso não queria estar do lado dos comunistas, que conhecia de ginjeira, com quem já não tinha nada em comum e passara a detestar.

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