Gillo Pontecorvo (1919-2006)
O Jaime lembra-me a morte de Gillo Pontecorvo, há poucos dias. Era um cineasta "político" - que foi mais notável e notado por isso do que por uma obra cinematográfica que mesmo a crítica mais simpática sempre tratou com certa condescendência. Não era evidentemente um Visconti - por falar em cineastas comunistas: Pontecorvo pertenceu ao PCI de 1941 a 1956. Uma dos seus últimos filmes foi dedicado ao atentado que matou Carrero Blanco ("Operação Ogro", 1980). A Batalha de Argel - de que quase toda agente se lembra quando pensa em Pontecorvo - foi uma interessante tentativa de ficção "documentária". Um dos seus filmes mais polémicos foi Kapo (1959), a propósito do qual - e quando Paris ainda contava no mundo da cultura - a palavra "abjecção" esteve na boca de muitos críticos e esteve muito na baila o célebre ditado de Godard de que "o travelling é uma questão de moral". Éramos assim em 1959: ainda se falava sem ironia de "moral" e de "política" e quase nada era "relativo". Uma das coisas que custou a engolir nesse filme foi o retrato pouco abonatório que ali se traçava do papel dos presos que foram também carcereiros no universo concentracionário.
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