Homenagens...
No outro dia estava a almoçar calmamente numa tasquinha, quando me senti incomodado com o barulho que vinha da mesa ao lado. Aí, uma dozena de operários recordava animadamente os bons velhos tempos. Depressa, por entre as suas gargalhadas e esgares bestiais, pude-me aperceber que falavam de 75, dos dias em que fizeram greves, plenários e piquetes, quando enfim puderam humilhar o patrão, insultá-lo e, finalmente (heróis!), saneá-lo!
Senti que estava, de novo, em 75. Não gostei.
Senti que estava, de novo, em 75. Não gostei.
* * *
Soube agora que, hoje, se homenageia Vasco Gonçalves. Que fique claro, considero-o um bandido. Mas há, de facto, muito para homenagear: as nacionalizações; as usurpações; os saneamentos; as prisões com mandatos de captura em branco; a censura; a proibição de partidos que não concordassem com o sistema; a crise financeira; as ocupações, etc.
Ainda hoje muita da crise é fruto desses tempos. No entanto, há gente para fazer estas homenagens. É bom que nos apercebamos que muita gente sente saudades de 75 e que, para eles, esses tempos ainda estão vivos.
Há dias em que é triste viver em Portugal.
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