Nostalgias 25: Maria Antonieta ou prima della rivoluzione
"Antes da Revolução" era a douceur de vivre, a tal a que se referia esse celerado de muito talento - Talleyrand - quando dizia, muito depois, na nostalgia desarmada e desarmante da própria velhice, que quem não tinha vivido no Ancien Régime não tinha conhecido a tal douceur de vivre. Diríamos nós que essa douceur e "qualidade de vida", falando ordinária, corrente e publicitariamente, dependia do estatuto social, do status, do estamento (Stamen, em alemão) de "quem" vivia. Maria Antonieta estava no topo do mundo e conheceu essa douceur de vivre em Versailles, como Rainha de França. Não deve ter percebido muito bem o que estava a chegar, nem que os fundamentos do poder real, e até do poder social da sua classe, tinham sido já destruidos, nos próprios salões da aristocracia francesa, que desde a Regência admirava piamente, com aquela estupidez fútil dos suicidas sociais, os que os iam empurrando para o cadafalso. Era, no fundo uma mulher nova, bonita, divertida, curiosa, casada com um marido maçador, bondoso, com hobbies de classe média bem sucedida, que entretanto era Rei de França "por graça de Deus", coisa que practicamente nenhum francês acreditaria com muita convicção, incluindo - e isto ainda agravava as coisas como se viu adiante - o próprio Luís XVI.
Na desgraça, aliás como a maioria dos seus companheiros de infortúnio, e enfrentando as mais terríveis injúrias e sofrimentos que uma mulher e mãe pode passar, Maria Antonieta foi de uma extrema dignidade e coragem. Noblesse oblige... e nestas circunstâncias limite, sempre dá alguma formação, senão para viver bem, pelo menos para bem morrer.
1 Comentários:
jeito, dá jeito...
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