O universo da Direita
Uma das características do universo da Direita é haver, várias, muitas direitas. É um espaço livre como o resumiu, esse "italiano útil", como lhe chama o João Bigotte Chorão, que foi Giuseppe Prezzolini. E nós procuramos, neste espaço receber, "todas as direitas, as que existem e as que já esquecemos". Falámos disto, há dez anos, em A Direita e as Direitas.
A Esquerda tinha, à partida, uma vocação unívoca, um modelo evolutivo, uma "marcha da História", que ela sabia de onde vinha e (depois de Marx) para onde ia. Não foi assim, como sabemos, para bem de todos.
Mas na Direita essa diversidade sempre foi reconhecida, até nas dicotomias académicas: direita tradicionalista e direita liberal; direita conservadora e revolucionária; direita religiosa e laica; direita realista e idealista; "Nova Direita" e Direita tout court e as "clássicas" divisões de René Rémond, "legitimista", "orleanista" e "bonapartista". A bibliografia sobre estas matérias é imensa e disponível para quem quiser informar-se e estudar.
Os últimos 150 anos da História europeia, a partir dos modelos "constitucionalismo estabilizado", documentam essa profusão e proliferação das direitas: como elas se entenderam, se combinaram, se aliaram, se guerrearam. Como reagiram ao industrialismo, ao urbanismo, à mudança tecnológica, ao socialismo, à Revolução soviética, ao fascismo, à militarização da política de entre guerras. E como resistiram e se adaptaram, em épocas próximas de pensamento único.
Esta diversidade das "direitas" - supõe um denominador comum - a Direita - que, na medida em que conhece estas modalidades político-operativas e "ideológicas", tem que ser "metapolítico" ou "filosófico". Logo o que nos pareceu ser um denominador comum, presente em todas as "direitas", é o nó do problema. Como na Esquerda.
Tal denominador tem a ver com "fundamentos" como o pessimismo antropológico, quer o augustiniano quer o maquiavélico, que desconfia da natureza humana e lhe põe regras e controles - o Estado, as Leis, as instituições intermédias; o realismo, no sentido da linha hegeliana de que "todo o real é racional"; a consideração dos conjuntos metapolíticos e político-territoriais em que precisamente estão os indivíduos, e que são superiores a eles - a Religião, a Nação, a Família; o reconhecimento das desigualdades úteis (Maurras); a análise dos "custos da mudança". E há o historial das direitas anglo-saxónicas, que é diferente. E há o fascismo e a sua classificação à direita ou à esquerda que também é problemática.
Isto é o abc do problema, e está estabelecido, há muitos anos e tratado em centenas de títulos - editados em línguas cristãs e em latitudes civilizadas. Que haja ignorantes arrogantes que queiram fazer de tudo isto tábua rasa, arrombar alvoraçados portas abertas, chegar a casa alheia e dispor dela, sem legitimidade de ser, ou de saber, é que é surpreendente. Portugal no seu melhor...
A Esquerda tinha, à partida, uma vocação unívoca, um modelo evolutivo, uma "marcha da História", que ela sabia de onde vinha e (depois de Marx) para onde ia. Não foi assim, como sabemos, para bem de todos.
Mas na Direita essa diversidade sempre foi reconhecida, até nas dicotomias académicas: direita tradicionalista e direita liberal; direita conservadora e revolucionária; direita religiosa e laica; direita realista e idealista; "Nova Direita" e Direita tout court e as "clássicas" divisões de René Rémond, "legitimista", "orleanista" e "bonapartista". A bibliografia sobre estas matérias é imensa e disponível para quem quiser informar-se e estudar.
Os últimos 150 anos da História europeia, a partir dos modelos "constitucionalismo estabilizado", documentam essa profusão e proliferação das direitas: como elas se entenderam, se combinaram, se aliaram, se guerrearam. Como reagiram ao industrialismo, ao urbanismo, à mudança tecnológica, ao socialismo, à Revolução soviética, ao fascismo, à militarização da política de entre guerras. E como resistiram e se adaptaram, em épocas próximas de pensamento único.
Esta diversidade das "direitas" - supõe um denominador comum - a Direita - que, na medida em que conhece estas modalidades político-operativas e "ideológicas", tem que ser "metapolítico" ou "filosófico". Logo o que nos pareceu ser um denominador comum, presente em todas as "direitas", é o nó do problema. Como na Esquerda.
Tal denominador tem a ver com "fundamentos" como o pessimismo antropológico, quer o augustiniano quer o maquiavélico, que desconfia da natureza humana e lhe põe regras e controles - o Estado, as Leis, as instituições intermédias; o realismo, no sentido da linha hegeliana de que "todo o real é racional"; a consideração dos conjuntos metapolíticos e político-territoriais em que precisamente estão os indivíduos, e que são superiores a eles - a Religião, a Nação, a Família; o reconhecimento das desigualdades úteis (Maurras); a análise dos "custos da mudança". E há o historial das direitas anglo-saxónicas, que é diferente. E há o fascismo e a sua classificação à direita ou à esquerda que também é problemática.
Isto é o abc do problema, e está estabelecido, há muitos anos e tratado em centenas de títulos - editados em línguas cristãs e em latitudes civilizadas. Que haja ignorantes arrogantes que queiram fazer de tudo isto tábua rasa, arrombar alvoraçados portas abertas, chegar a casa alheia e dispor dela, sem legitimidade de ser, ou de saber, é que é surpreendente. Portugal no seu melhor...
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