Eleições americanas:reflexões e conclusões (2)
Votações em tempo de guerra:
Há uma tradição eleitoral nos EUA de que, em épocas de conflito externo sério, o partido no poder perde espaço nas eleições.
Em 1862 em plena guerra civil, os Democratas, contra o Presidente Lincoln, ganharam 34 lugares na Câmara dos Representantes.
Em 1918, poucos dias antes do fim da Grande Guerra, os Republicanos obtiveram uma significativa vitória nas eleições, contra os Democratas: 25 lugares nos Representantes, 5 no Senado. O que veio a pôr em questão a política do Presidente W. Wilson para o pós-guerra, a entrada dos EUA para a Sociedade das Nações.
Em 1950, durante a Guerra da Coreia, outra vez os Democratas, Truman era Presidente, perderam 27 lugares na Câmara dos Representantes e 7 no Senado. Os Republicanos acusavam Truman de ser "mole" contra os comunistas.
Em 1966, no auge da escalada do Vietname, com Lyndon Johnson Presidente, os Democratas perderam 47 lugares nos Representantes e 3 no Senado.
Ou seja, em tempo de guerra, o Partido do Presidente no poder, geralmente perde as eleições intercalares. George W. Bush confirmou a média.
Exit Rumsfeld
Donald Rumsfeld demitiu-se, bode expiatório da derrota eleitoral e da "política dura" do Iraque, inspirada pelos neocons. Curiosamente, Rumsfeld não tem perfil de "neo-conservador" tipo - esquerdistas arrependidos chegados à direita e ansiosos de usar o poder americano na missionação democrática. Queria sobretudo mudar o Pentágono e para isso convilha-lhe a guerra no Iraque. Os neo-conservadores mostraram-lhe o caminho.
Agora sai, com um coro aliviado de injúrias. O meu sentimento é de mixed thougts, mixed feelings, e não esqueço a sua emblemática (e divertida) frase a respeito das "armas de destruição maciça": "Absence of evidence, is not evidence of absence"!
6 Comentários:
Agora o neocons têm as costas largas.
O erro é a familia Bush.
Depoios do SONHO Reagan, em quatro anos Bush pai delapidou TUDO. Agora é o filho.
A esta gente não há nada que resista.
O comentador que acha que «os neo-cons têm as costas largas» faria bem em reflectir sobre este divertido artigo:
HEADING FOR THE TALL GRASS
by Steven LaTulippe
http://www.lewrockwell.com/latulippe/latulippe72.html
De facto é de cortar a respiracao, mas onde é que está a novidade? Será que ninguém tinha reparado que os Wolfowitzes, Perles, Feiths e Ledeens se tinham posto ao abrigo há muito tempo? Fica agora a saloiada goy a pagar as favas pelo projecto falhado do Grande Israel à custa do pipeline até Haifa e da deportação dos palestinianos para a tão ambicionada "verdadeira Palestina" de além-Jordão...
Lembram-se do projecto oficial de bandeira para o novo Iraque, esse cúmulo dos cúmulos no que respeita a húbris subtil mas prematuro: em campo branco, um crescente azul sobre duas faixas horizontais da mesma cor, etc. e tal?...
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/3660663.stm
O imbecil Rumsfeld promovido a vilão e o Wolfowitz em pele de cordeiro a benemérito internacional... E os «neos» portugueses a chorar sobre as largas costas das eternas vítimas. So what's new?...
Como diz o articulista, ainda mal refeito da surpresa: «That one is bad enough, but their next excuse is so breathtaking in its gall that I wouldn’t have dreamed it possible, even for the neocons. If anyone still doesn’t "get it" when it comes to this crew, I give you the incomparable Richard Perle: "Huge mistakes were made, and I want to be very clear on this: They were not made by neoconservatives, who had almost no voice in what happened, and certainly almost no voice in what happened after the downfall of the regime in Baghdad." One can only stare at the words in stunned silence.».
Ilustre Pedro Botelho
Este blog parece a Travessa do Fala Só (já lá foi a sede um partido, se a memória não me falha do PRD eanista…).
O diálogo não é entre quem escreve e quem comenta, mas entre comentadores.
Enfim, modernices...
Mas, sabe quando se emprega a expressão “alhos e bugalhos” é sempre em sentido depreciativo, e conhecendo a Pessoa e sendo leitor da sua Obra, tenho por AMB a maior consideração cívica e intelectual.
Quanto aos neocons, é ‘gente’ em quem não me revejo. O que quero dizer é que para a América e para o Mundo a família Bush são trouxe problemas.
Cumprimentos.
PS – Espero que “Visitações” reabra, para podermos continuar este diálogo.
O mínimo que se espera de tais comentários dialogantes é que decorram nos locais próprios, preclaro foliculário: isso dos «eyes e bug-eyes» foi algumas entradas mais abaixo (de resto, o próprio autor da lista reconheceu que ela era «discutibilíssima»).
O que foi complicado em todo este processo foi que a política externa dos EUA ,em vez de ser guiada por critérios
de interesse nacional passou a seguir uma agenda de missionarismo democrático,
que ainda podia ser admissível enquanto discurso de justificação mas passou a ser genuína quando cairam ,pela não verificação, as razões "razoáveis".Só não vejo è aonde está a coerência da Esquerda ao ser contra esta política.Deve ser a paranóia anti-americana...
Parece-me que uma coisa são os missionários -- angélicos ou maquiavélicos, pouco vem ao caso -- e outra são os superiores da congregação que lhes distribuem as guias de marcha. Ou seja: tentar equacionar os acertos e erros da política externa americana para o Médio Oriente fechando os olhos ao facto singelo de ela ter deixado de existir como autónoma e independente dos exclusivos interesses judaicos (acertados ou desastrosos para os próprios judeus, mais uma vez não vem ao caso), só pode conduzir os missionários ao proverbial caldeirão e os analistas à perplexidade. O que não se deve perder de vista é isto (um bom resumo da caricata situação a que chegámos, por James Petras):
http://informationclearinghouse.info/article15494.htm
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