Diário semanal: primeira de Janeiro.
Dois artigos importantes na Spectator :
Paul Johnson escreve sobre Velázquez ("Velazquez: The high, the devastating price of Snobbery"), discorrendo como um génio pode perder - e nós também na medida em que ele deixa de produzir - pela sua busca de honrarias protocolares e inúteis; e Rod Liddle martela uma vez mais em, "Blair hasn't got the hang of Democracy" mas as contradições da "globalização democrática" dos neo-conservadores.
Sobre "estes", sumiram quase todos; no Weekly Standard continuam firmes; o que só lhes fica bem. Aqui na terra, estes fundamentalistas do "nem mais um tirano, já!" sumiram da face do sol. Um houve até que no seu zelo, queria que os americanos tivessem invadido Portugal, no tempo de Salazar, para instalar a democracia.
Na quarta, dia 3 de Janeiro, almocei no Belcanto e depois passei na Férin: no Belcanto gosto da comida, do pessoal e da frequência; comida portuguesa, pessoal antigo e bem educado, frequentado por alta percentagem de amigos e conhecidos; e a (nova) gerência, amigos antigos e do coração. É uma espécie de "clube" com porta para a rua, no Chiado. Desci depois até à Férin: além de ter o Futuro Presente, tem livros franceses de História, biografias e um ar "vieillot" e civilizado.
Na terça, 2, andei em filmagens, e perdi toda a inveja pelo "estrelato"; os protagonistas são escravos das equipas de filmagem. No Forte de Santo António do Estoril vê-se a austeridade de Salazar: no gabinete, no quarto de cama, em tudo. Mas que vista espantosa sobre o Atlântico, nesse tempo ainda "mar português". Passou ali os Verões de 1950 a 1968, ao lado da Baía de Cascais e de Cascais, sem arranha-céus, no pequeno forte seiscentista refeito nos anos 40.
À noite acabei de ver a "Season 5" do "24 hours". Excelente e aditivo thriller, mas acho difícil que um imbecil sem escrúpulos como o "Presidente" Logan, alguma vez pudesse chegar ao governo dos EUA. Jack Bauer continua em forma e a "equipe" da CTU, excelente.
Ontem, almocei sózinho e aproveitei para ler "A sombra de Maquiavel e a Ética tradicional portuguesa", um ensaio de Martim de Albuquerque, nos "Estudos em honra de Ruy de Albuquerque", retomando o tema e o título da sua obra central de 1974. Martim de Albuquerque soma virtudes difíceis de encontrar juntas num académico: inteligência, mundo, erudição.
E hoje,6 e sexta, andei pelas Beiras , fazendo um pouco do Vale do Mondego, com partida e chegada de Coimbra, voltando a Lisboa ao fim do dia: espantoso e escandaloso o grau de abandono em que está a casa de Salazar, no Vimieiro. Parece que agora há um projecto da Câmara de Santa Comba Dão de fazer ali um museu... Sempre será melhor que o que lá está, mas é preciso ter tanto cuidado com os esquerdistas fundamentalistas e com secular sanha vingativa, como com os direitistas burros, cujos louvores fazem tanto ou mais mal, que o mal-dizer dos inimigos. Fim de tarde no CADC, em conversa com o Zé Carlos Seabra Pereira, que está a republicar os "Estudos" e a procurar revitalizar uma dimensão de intervenção cristã, inteligente e coerente, na vida político-cultural portuguesa. E com mais filmagens. Amanhã acabamos em Elvas.
2 Comentários:
Espero sinceramente que a sua separata da Ética tenha chegado em melhor estado que a minha...
A minha, dedicada e enviada pelo autor, chegou em óptimo estado!
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