Figuras Ilustres (4): D. Tomás de Zumalacárregui
(Transcreve-se aqui uma pequena evocação do célebre General carlista espanhol, originalmente publicada na revista Alameda Digital.)
Entre estas, várias poderíamos referir. Contudo e dado tratar-se de uma figura relativamente desconhecida no nosso País, pareceu-nos importante lembrar o exemplo do Tenente-General D. Tomás de Zumalacárregui.
Quem foi o General Zumalacárregui? O nome depressa nos remete para as terras das vascongadas, para a pequena aldeia de Ormáiztegui, onde nasceu no ano de 1788, período em que se começavam a agitar pela Europa as forças da revolução e do desrespeito pelas instituições vigentes. Filho de um advogado, o jovem Zumalacárregui não parecia predestinado a seguir a carreira militar, mas, de facto, aproximavam-se tempos de excepção onde o recurso às armas era inevitável, espalhando-se a crise por todo o continente.
Em 1808 os exércitos napoleónicos invadem Espanha, espalhando os ideais regicidas e a negação de todos os valores em que acreditava D. Tomás. Não será assim de estranhar que o jovem basco estivesse nas primeiras linhas de combate, participando, sob as ordens do General Palafox, no cerco de Zaragoza e na batalha de Tudela, onde começa a revelar notáveis dotes militares. Durante o segundo cerco da cidade será feito prisioneiro, conseguindo no entanto escapar pouco tempo depois para se ir juntar às forças do guerrilheiro Gaspar de Jáuregui, «o Pastor». Mas também aí não ficará muito tempo, pois o seu carácter, fortemente caracterizado pelo espírito de disciplina e por uma enorme Fé que lhe trazia a sua arreigada religiosidade, não se coadunava com as características próprias deste tipo de forças. Depressa irá regressar às fileiras do exército regular, acabando a guerra como capitão.
No entanto, a figura do General Zumalacárregui virá a ganhar toda a sua fama e prestígio nos anos que se seguem. De facto, perante a guerra civil que oporá, como em Portugal, as forças partidárias da monarquia tradicional aos liberais, dará um grande contributo para que, em pouco tempo, fosse levantado um exército. Na campanha realista contra o sistema constitucional de 1820-1823, tornou-se então famoso pelo seu génio militar às ordens do General Santos Ladrón de Cegama, acabando a guerra como Tenente-Coronel.
Durante o reinado do tristemente célebre Fernando VII, é acusado de absolutismo (parece, aliás, que a moda também pegou por cá) e começa a ser preterido nas promoções por motivos meramente políticos, o que o leva a abandonar a vida militar, pedindo uma licença ilimitada. Contudo, a crise vai agudizar-se com a morte do monarca, chegando a um ponto insustentável quando o General Santos Ladrón de Cegama, seu antigo comandante, é fuzilado na sequência das revoltas populares a favor de Carlos V. É altura do oficial regressar ao activo, alcançando então sucessivas vitórias nas numerosas batalhas em que é chamado a participar e que vão começando a pôr em dúvida o sucesso dos liberais de D. Isabel.
Nas suas tácticas quase invencíveis, Zumalacárregui fez amplo recurso aos ensinamentos colhidos durante a sua permanência junto das forças da guerrilha, usando com mestria o seu conhecimento do terreno e a dedicação que lhe votavam os homens ao seu serviço. Foi um grande militar, profissional da Milícia, que aprendeu na mesma escola dos grandes generais da sua época como Wellington, Soult ou Silveira. Em tempos muito difíceis, chegou mesmo a fazer recurso a tácticas brutais, mas fê-lo sempre apenas quando a situação o exigia e em retaliação por comportamentos semelhantes dos seus inimigos. Contudo, teve permanentemente impregnados na mente e a orientar a sua actuação, os princípios de patriotismo e fervor religioso que havia adoptado desde a mais tenra juventude.
Ao tentar conquistar Bilbau, por ordem de D. Carlos e contra a sua opinião de militar, é ferido no momento em que inspeccionava as suas tropas. Desse ferimento resultaria uma fatídica septicemia que o levaria à morte em 1835, com 47 anos. Depressa o rei, em recompensa pelos seus serviços, lhe concederá a Grandeza de Espanha com os títulos de Duque de Vitória e Conde de Zumalacárregui.
Depois da sua morte, não mais será esquecido, sendo sempre lembrado como um herói e como o principal general carlista. Hoje, chegam mesmo a aclamá-lo como um dos precursores do nacionalismo basco. Tem um museu na sua casa de família.
O General Zumalacárregui foi bem o exemplo do herói do seu tempo. Combateu primeiro na guerra da independência, defendendo a sua pátria. Serviu depois as suas ideias, sob o signo da Tradição e às ordens de D. Carlos V, contra todos aqueles que queriam impor um modelo de sociedade contrário aos princípios que tinham feito a Espanha grande. Num momento em que o país vizinho volta a correr o risco de desagregação e se criam as condições para uma profunda divisão da sociedade espanhola, motivada pelos fortes ataques do governo de Zapatero à família e à religião, pareceu-nos a figura ideal para aqui evocar.
* * *
Num momento em que, em Espanha, a esquerda se encontra com toda a pujança, subvertendo as instituições, negando Deus, desmembrando a Pátria e atacando a noção mesma de Família, é importante recordar algumas figuras do país vizinho que, em horas difíceis, souberam travar o bom combate.
Entre estas, várias poderíamos referir. Contudo e dado tratar-se de uma figura relativamente desconhecida no nosso País, pareceu-nos importante lembrar o exemplo do Tenente-General D. Tomás de Zumalacárregui.
Quem foi o General Zumalacárregui? O nome depressa nos remete para as terras das vascongadas, para a pequena aldeia de Ormáiztegui, onde nasceu no ano de 1788, período em que se começavam a agitar pela Europa as forças da revolução e do desrespeito pelas instituições vigentes. Filho de um advogado, o jovem Zumalacárregui não parecia predestinado a seguir a carreira militar, mas, de facto, aproximavam-se tempos de excepção onde o recurso às armas era inevitável, espalhando-se a crise por todo o continente.
Em 1808 os exércitos napoleónicos invadem Espanha, espalhando os ideais regicidas e a negação de todos os valores em que acreditava D. Tomás. Não será assim de estranhar que o jovem basco estivesse nas primeiras linhas de combate, participando, sob as ordens do General Palafox, no cerco de Zaragoza e na batalha de Tudela, onde começa a revelar notáveis dotes militares. Durante o segundo cerco da cidade será feito prisioneiro, conseguindo no entanto escapar pouco tempo depois para se ir juntar às forças do guerrilheiro Gaspar de Jáuregui, «o Pastor». Mas também aí não ficará muito tempo, pois o seu carácter, fortemente caracterizado pelo espírito de disciplina e por uma enorme Fé que lhe trazia a sua arreigada religiosidade, não se coadunava com as características próprias deste tipo de forças. Depressa irá regressar às fileiras do exército regular, acabando a guerra como capitão.
No entanto, a figura do General Zumalacárregui virá a ganhar toda a sua fama e prestígio nos anos que se seguem. De facto, perante a guerra civil que oporá, como em Portugal, as forças partidárias da monarquia tradicional aos liberais, dará um grande contributo para que, em pouco tempo, fosse levantado um exército. Na campanha realista contra o sistema constitucional de 1820-1823, tornou-se então famoso pelo seu génio militar às ordens do General Santos Ladrón de Cegama, acabando a guerra como Tenente-Coronel.
Durante o reinado do tristemente célebre Fernando VII, é acusado de absolutismo (parece, aliás, que a moda também pegou por cá) e começa a ser preterido nas promoções por motivos meramente políticos, o que o leva a abandonar a vida militar, pedindo uma licença ilimitada. Contudo, a crise vai agudizar-se com a morte do monarca, chegando a um ponto insustentável quando o General Santos Ladrón de Cegama, seu antigo comandante, é fuzilado na sequência das revoltas populares a favor de Carlos V. É altura do oficial regressar ao activo, alcançando então sucessivas vitórias nas numerosas batalhas em que é chamado a participar e que vão começando a pôr em dúvida o sucesso dos liberais de D. Isabel.
Nas suas tácticas quase invencíveis, Zumalacárregui fez amplo recurso aos ensinamentos colhidos durante a sua permanência junto das forças da guerrilha, usando com mestria o seu conhecimento do terreno e a dedicação que lhe votavam os homens ao seu serviço. Foi um grande militar, profissional da Milícia, que aprendeu na mesma escola dos grandes generais da sua época como Wellington, Soult ou Silveira. Em tempos muito difíceis, chegou mesmo a fazer recurso a tácticas brutais, mas fê-lo sempre apenas quando a situação o exigia e em retaliação por comportamentos semelhantes dos seus inimigos. Contudo, teve permanentemente impregnados na mente e a orientar a sua actuação, os princípios de patriotismo e fervor religioso que havia adoptado desde a mais tenra juventude.
Ao tentar conquistar Bilbau, por ordem de D. Carlos e contra a sua opinião de militar, é ferido no momento em que inspeccionava as suas tropas. Desse ferimento resultaria uma fatídica septicemia que o levaria à morte em 1835, com 47 anos. Depressa o rei, em recompensa pelos seus serviços, lhe concederá a Grandeza de Espanha com os títulos de Duque de Vitória e Conde de Zumalacárregui.
Depois da sua morte, não mais será esquecido, sendo sempre lembrado como um herói e como o principal general carlista. Hoje, chegam mesmo a aclamá-lo como um dos precursores do nacionalismo basco. Tem um museu na sua casa de família.
O General Zumalacárregui foi bem o exemplo do herói do seu tempo. Combateu primeiro na guerra da independência, defendendo a sua pátria. Serviu depois as suas ideias, sob o signo da Tradição e às ordens de D. Carlos V, contra todos aqueles que queriam impor um modelo de sociedade contrário aos princípios que tinham feito a Espanha grande. Num momento em que o país vizinho volta a correr o risco de desagregação e se criam as condições para uma profunda divisão da sociedade espanhola, motivada pelos fortes ataques do governo de Zapatero à família e à religião, pareceu-nos a figura ideal para aqui evocar.
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