Grandes Portugueses:RESPOSTAS À "TV GUIA"
1. Acho que é uma oportunidade de, para um público alargado, fora do quadro académico ou político, poder analisar e explicar a História do século XX português. Essa História é, durante 40 anos, dominada pela figura de Salazar e geralmente tem sido mal contada.
2. Tirando situações de "clear and present danger" para valores ou pessoas essenciais, pondero sempre o que faço. Ponderei (rapidamente) e aceitei.
3. Penso que por um raciocínio de sectarismo ou pouco esclarecido, alguém no sistema do Concurso, achou que não era "politicamente correcto" incluí-lo. Que podia até ser um perigo para as instituições democráticas. O que é abusivo e ridículo. Felizmente perante o pasmo e indignação pública perante esta decisão, houve a reacção correcta. E Salazar foi incluído, embora com uma "bio" inicial que fazia dele uma espécie de "delinquente, dinossauro ou ditador de república das bananas". Mesmo assim, passou à final. Ele era o mesmo, os portugueses votantes também. Quem excluiu é que estava mal.
Explico por um espírito de ignorância e sectarismo, que pretende banir partes da História, como "más" e exaltar outras como "boas". Isto é particularmente esquisito quando feito em nome da liberdade e da democracia; banir pessoas, insultá-las, não as querer discutir a priori. A República Democrática de 1910 a 1926 era assim para os seus adversários à esquerda e à direita. Acabou mal. Esta 3ª República, também foi assim até 1976.
4. Não tenho uma estatística desse Forum e só no fim a vamos ter. Quanto a essas "maiorias" denegridoras nunca me importaram muito os números, sobretudo esses, como definidores da verdade; e sobretudo as pressões, insultos, ameaças ou acusações para tomar decisões ou formar convicções. Na minha adolescência, na Faculdade de Direito de Lisboa, aprendi a estar em minoria em muitas situações. Mais tarde estive no Ultramar, tive mandatos de captura por razões políticas a partir de 28 de Setembro de 1974, vivi 4 anos no exílio. Estou habituado a pagar o preço das minhas convicções. Não fui no tempo de Salazar salazarista, nem tenho por Salazar uma admiração beata, incondicional, saudosista. Nem quereria em Janeiro de 2007, restaurar o regime autoritário em Portugal. Respeito-o pelo seu patriotismo, pela sua integridade e grande estratégia na política externa. Acho-o, noutras coisas, como qualquer grande político e estadista, passível de críticas. Falarei de tudo no programa. Foi, como se sabe, um homem só, sem família, sem amigos, vivendo só para uma missão política. Pessoalmente não sou assim.
5. Se isto for visto como uma competição política - um duelo sobre a História recente portuguesa, em que os pólos são Salazar e Cunhal - acho que pode. Se for visto como uma análise histórica, serena, sedimentada, os Grandes do passado como - D. Afonso Henriques ou o Infante D. Henrique ou um grande poeta como Camões - têm mais "glamour". E sobretudo não há deles memórias negativas. No caso de um duelo das duas personalidades autoritárias Salazar-Cunhal, ainda que cada uma se proclamasse "democrata" a seu modo - um "cristão" outro "popular" - também pode haver a opção Arístides de Sousa Mendes. Simpática, humanitária, ligada a uma rebeldia em nome de uma causa humanitária. Sem inimigos.
6. Só acho curioso que se entenda que, quando os jovens escolhem Salazar é porque "não conheceram" o salazarismo. Quando são os velhos, é porque conheceram, mas como são velhos, não evoluíram. Se fossem os operários ou agricultores é porque são incultos; as donas de casa, porque não saem de casa. Os empresários é por razão de classe. Quer dizer, a lógica parece ser, à partida, a de excluir, como normal, o que sai do "pensamento único", que é deve ser-se anti-salazarista. Não sei se por aí vamos muito longe...
Em democracia parte-se do princípio que as pessoas, os eleitores, são todos livres e esclarecidos. Ou será só quando convém?
7. Aí têm que ver o programa, no dia 11 de Fevereiro, na RTP 1.
Jaime Nogueira Pinto
TV GUIA - 18.01.07
2. Tirando situações de "clear and present danger" para valores ou pessoas essenciais, pondero sempre o que faço. Ponderei (rapidamente) e aceitei.
3. Penso que por um raciocínio de sectarismo ou pouco esclarecido, alguém no sistema do Concurso, achou que não era "politicamente correcto" incluí-lo. Que podia até ser um perigo para as instituições democráticas. O que é abusivo e ridículo. Felizmente perante o pasmo e indignação pública perante esta decisão, houve a reacção correcta. E Salazar foi incluído, embora com uma "bio" inicial que fazia dele uma espécie de "delinquente, dinossauro ou ditador de república das bananas". Mesmo assim, passou à final. Ele era o mesmo, os portugueses votantes também. Quem excluiu é que estava mal.
Explico por um espírito de ignorância e sectarismo, que pretende banir partes da História, como "más" e exaltar outras como "boas". Isto é particularmente esquisito quando feito em nome da liberdade e da democracia; banir pessoas, insultá-las, não as querer discutir a priori. A República Democrática de 1910 a 1926 era assim para os seus adversários à esquerda e à direita. Acabou mal. Esta 3ª República, também foi assim até 1976.
4. Não tenho uma estatística desse Forum e só no fim a vamos ter. Quanto a essas "maiorias" denegridoras nunca me importaram muito os números, sobretudo esses, como definidores da verdade; e sobretudo as pressões, insultos, ameaças ou acusações para tomar decisões ou formar convicções. Na minha adolescência, na Faculdade de Direito de Lisboa, aprendi a estar em minoria em muitas situações. Mais tarde estive no Ultramar, tive mandatos de captura por razões políticas a partir de 28 de Setembro de 1974, vivi 4 anos no exílio. Estou habituado a pagar o preço das minhas convicções. Não fui no tempo de Salazar salazarista, nem tenho por Salazar uma admiração beata, incondicional, saudosista. Nem quereria em Janeiro de 2007, restaurar o regime autoritário em Portugal. Respeito-o pelo seu patriotismo, pela sua integridade e grande estratégia na política externa. Acho-o, noutras coisas, como qualquer grande político e estadista, passível de críticas. Falarei de tudo no programa. Foi, como se sabe, um homem só, sem família, sem amigos, vivendo só para uma missão política. Pessoalmente não sou assim.
5. Se isto for visto como uma competição política - um duelo sobre a História recente portuguesa, em que os pólos são Salazar e Cunhal - acho que pode. Se for visto como uma análise histórica, serena, sedimentada, os Grandes do passado como - D. Afonso Henriques ou o Infante D. Henrique ou um grande poeta como Camões - têm mais "glamour". E sobretudo não há deles memórias negativas. No caso de um duelo das duas personalidades autoritárias Salazar-Cunhal, ainda que cada uma se proclamasse "democrata" a seu modo - um "cristão" outro "popular" - também pode haver a opção Arístides de Sousa Mendes. Simpática, humanitária, ligada a uma rebeldia em nome de uma causa humanitária. Sem inimigos.
6. Só acho curioso que se entenda que, quando os jovens escolhem Salazar é porque "não conheceram" o salazarismo. Quando são os velhos, é porque conheceram, mas como são velhos, não evoluíram. Se fossem os operários ou agricultores é porque são incultos; as donas de casa, porque não saem de casa. Os empresários é por razão de classe. Quer dizer, a lógica parece ser, à partida, a de excluir, como normal, o que sai do "pensamento único", que é deve ser-se anti-salazarista. Não sei se por aí vamos muito longe...
Em democracia parte-se do princípio que as pessoas, os eleitores, são todos livres e esclarecidos. Ou será só quando convém?
7. Aí têm que ver o programa, no dia 11 de Fevereiro, na RTP 1.
Jaime Nogueira Pinto
TV GUIA - 18.01.07
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