sexta-feira, maio 26, 2006

Fronteiras

Como já sabe quem tem acompanhado as nossas escassas notícias, no número 61 da revista falaremos da questão das "fronteiras". Acabámos por decidir que será o chamado "tema de capa" e incluiremos algumas referências à questão, além do artigo da António Marques Bessa que já anunciámos. Há muitas fronteiras, além das geográficas. Entretanto soubemos por uma crónica de Le Figaro que "a França renuncia ao debate sobre as fronteiras da Europa", o que tem a ver com as famosas crises do chamado "alargamento" e a neurastenia europeia que traz a França prostrada desde o famoso e retumbante "não" à malfadada "Constituição Europeia" - a respeito da qual , diga-se de passagem, como alguém disse a outro propósito, os nossos votos são de que "descanse em paz com a Serra da Estrela em cima". O autor da crónica parece aprovar a prudência da França, pois - diz ele - trata-se de facto não de uma questão geográfica mas de "uma escolha política e estratégica". Sem fronteiras?

Lobos de Ouro

Muita gente deve ter lido nos jornais a notícia que o Público deu recentemente a toda a largura da primeira página: parece que se vai desviar o traçado de uma estrada para não incomodar uma alcateia de lobos;a tranquilidade dessa meia dúzia de animais custará ao erário público, dizem, uns cem milhões de euros. Falávamos no nosso número 60, a propósito dos mais ou menos inconsequentes alarmes ecológicos com que quase todos os dias somos assustados e os poderes públicos e os interesses privados são chantageados, do "império do medo". O que havemos de chamar a isto?

sexta-feira, maio 19, 2006

Os Selos da Fortuna

No mercado ibérico, coube aos portugueses expatriados na Espanha, o record da grande burla. Mais uma vez um esquema de cadeia sucessiva de "investidores", que se vai auto-alimentando, os que chegam depois pagam para os que já lá estão, até que a montanha mágica desaba, ou porque uns desconfiam ou porque se corta a linha de abastecimento de novos associados.
Foi o que aconteceu com o negócio dos selos do Sr. Albertino Figueiredo, que desabou, no meio de grande ruído da imprensa espanhola e portuguesa, deixando mais de 200.000 clientes com as suas poupanças comprometidas. Agora toda a gente diz que desconfia ou desconfiava. Mas o facto é que Albertino Figueiredo tinha chegado aos píncaros da consagração e da condecoração políticas, em Lisboa e Madrid.
Se os "grandes" deste mundo o acolhiam, porque haviam os pequenos de desconfiar?

A Bomba e o Irão: uma modesta proposta conservadora

Vamos iniciar no número em preparação – o 61 – uma nova secção do Bloco de Notas que se intitula "Por palavras suas" em que transcreveremos ou traduziremos textos actuais já publicados que nos pareçam de especial interesse. O primeiro será "Uma modesta proposta", de Brent Scowcroft, sobre a questão do armamento nuclear e do Irão. Scowcroft, que já esteve associado a Kissinger nas tarefas de aconselhamento dos grandes e dos poderosos, é actualmente Presidente de The Scowcroft Goup, uma firma de consultoria em matérias de estratégia e relações internacionais. Durante trinta anos serviu nas Forças Armadas americanas; reformou-se como Tenente-General, depois de ter sido Assessor Adjunto para a Segurança Nacional. Mais tarde ocuparia o posto de Assessor para a Segurança nacional com os presidentes Ford e Bush, pai. Tanto na sua carreira militar como civil tem ocupado e ocupa numerosas posições de responsabilidade e relevo na Administração americana e na área da consultoria. O texto em questão foi publicado na revista The National Interest, Primavera de 2006

terça-feira, maio 16, 2006

Vivos e Mortos

Na nossa secção VIVOS OU MORTOS vamos publicar um texto sobre Noam Chomsky, cedido pela revista Commentary, a conhecida revista dos judeus "conservadores" americanos com que mantemos uma velha relação. A caba de sair mais um virulento panfleto contra a política norte-americana do famoso – para alguns famigerado - filólogo e activista, Failed States. Chomsky foi escolhido ainda não há muito tempo pela revista Prospect (Outubro de 2005, número comemorativo do 10º aniversário da revista), numa iniciativa conjunta com a Foreign Policy americana, como um dos cem intelectuais "públicos" mais importantes do mundo. Ao explicar os critérios da escolha a Prospect dizia que "Os candidatos tinham de estar vivos e ainda activos na vida pública (embora muitos dos que incluímos na lista já não estejam no auge das suas faculdades). Isto excluiu pessoas como Milton Friedman ou Solzhenitsyn que teriam sido automaticamente incluídos numa lista destas há 20 anos." E por aí fora.
A morte de Soljenitsine que a "a melhor publicação política do ano" assim nos anunciou de passagem é uma notícia manifestamente exagerada, como diria Mark Twain, visto que o defunto escritor russo ainda este mês foi entrevistado para o Moscow News ("Salvar a nação é a primeira prioridade do Estado", é o cabeçalho das declarações de Soljenitsine). Lapso freudiano, wishful thinking, ou seja tomar os desejos por realidades?

segunda-feira, maio 15, 2006

O Prec

Ao longo do ano passado o Público publicou uma série de vinhetas sobre os anos do PREC que foram agora coligidas em livro e distribuídas com o jornal Expresso em fins de Abril. É um interessante repositório de factos, documentos e declarações desses tempos meio esquecidos. Numa primeira vista de olhos encontrámos um erro que merece ser corrigido: diz-se, a certa altura, numa referência à situação que se vivia em princípios de 75, que Manuel Maria Múrias dirigia então o semanário A Rua; Liberdade, sim, mas não libertinagem: nessas datas MMM não dirigia coisa nenhuma, estava "arrecadado" em Caxias ou talvez já na Penitenciária, hoteis do Estado onde passou mais de um ano, entre Setembro de 1974 e fins de 1975, com muitos outros privilegiados que ali viveram nessa época a expensas do Estado, que magnanimamente os foi sustentando apesar de nem sequer terem culpa formada.

O inevitável Código Da Vinci

Vai estrear-se a versão cinematográfica do romance de Dan Brown que se transformou num fenómeno editorial. Prevê-se que o filme seja um fenómeno comercial equivalente no cinema. Já abordámos ao de leve as patetices do livro ("O Código Dá Vinte", FP nº 56). Talvez não seja para tomar muito a sério, como pretendem os que minimizam a relevância deste êxito e acham que discutir o assunto é gastar cera com um ruim defunto. Mas o facto é que há muitos thrillers igualmente bem arquitectados e "fabricados" e poucos se aproximam em tiragens e notoriedade deste: custa a crer que o elemento anti-cristão e, em particular, anti-católico não tenha desempenhado algum papel nas dimensões do sucesso. Entretanto o actual Mestre do Templo, título do pároco da Temple Church de Londres, cujos antecessores, na Idade Média, chefiavam a Ordem dos Templários, escreveu um livrinho bem-humorado sobre a questão, que se intitula The Da Vinci Code and the Secrets of the Temple, Canterbury Press, 2006, e se baseia numa conferência que ele lá pronuncia regularmente para os turistas e curiosos que visitam em grande número a velha igreja, muitos deles com o romance de Dan Brown debaixo do braço. Robin Griffith-Jones organizou um guia conciso e bem sinalizado das principais dúvidas e afirmações do livro a respeito dos Evangelhos, dos Templários, etc., e dá-lhes resposta, com uma fleuma muito britânica. Há um vídeo da conferência em www.beliefnet.com.