sábado, setembro 29, 2007

PASSEIO DE DOMINGO - ADEUS AO VERÃO NA FALÉSIA



Durante mais de 20 anos viemos no Verão aqui para o Algarve para a Torre da Medronheira, ao lado de Olhos d´Água. Este fim de semana apeteceu-me, antes do Outono vir aqui dizer adeus ao Verão. Sexta e sábado estiveram dias óptimos de praia:hoje de manhã, com nuvens e luz outonal, parecia que estávamos na Normandia, numa daquelas paisagens marinhas dos impressionistas franceses de há cem anos. Depois o Sol abriu e deu para banhos e uma boa despedida do verão em Portugal. Mas como vou indo para os Trópicos não me aflige muito.

A PROPÓSITO DO PSD

Não sigo muito a política doméstica, mas estou francamente(e positivamente) divertido com vitória de Luís Filipe Menezes nas "directas" do PSD. Contra os "notáveis"(ou serão só "notórios"...) contra os "analistas"(muito empenhados nas análises "objectivas"...) e contra os "fabricantes de opinião" de validade duvidosa ou fora de prazo. E que acertam, quando é para ficar tudo na mesma!Mas não percebem que o importante, na "análise"política, é perceber a mudança. Não é preciso ser Maquiavel para perceber isto...

sexta-feira, setembro 28, 2007

28 DE SETEMBRO

Em 28 de Setembro de 1974 estava marcada a famosa e esquecida manifestação da "maioria silenciosa". Para mim e para o Manuel Múrias era principalmente o dia em que saía o número três do Bandarra, que era o quarto, contando com o número zero (na primeira página desse número que não chegou a ver a luz do dia, publicávamos uma fotografia de Spínola com a Guarda Republicana: Spínola cercado). O Manuel Maria Múrias dizia muitas vezes por essa altura: "Se me apanho preso, nem acredito." Foram-no buscar a casa nessa madrugada e esteve "arrecadado" até Dezembro de 1975. Eu não estava em Lisboa - e não voltei lá senão em 1976 e definitivamente só em 1988. Para alguns de nós foi - realmente - "o primeiro dia do resto das nossas vidas".

quinta-feira, setembro 27, 2007

INTO AFRICA - NUM POEMA DE PETER CAMPION


"SIMILE"
by Peter Campion

The way on green alluvial islands where the Zambezi meets the Cuando

the lions (cubs scanning smudged horizons as the father drops his snout in gore)
shake out a clump of vertebra and sinews in their teeth to extract the sweetest meat

so we might call it "merciless":
like that we rip reality from all the surfaces that flow

around us. And live in the amnesia of our doing it (I know I do) and so no end to war.
And hate it in ourselves and colonize our drives and swallow them and so we eat.

quarta-feira, setembro 26, 2007

SER CONSERVADOR: A VERSÃO ANGLO-SAXÓNICA - 6

"Todos eles [Burke, Hume] argumentavam contra a corrente intelectual dominante so seu tempo - a Era da Ilustração - que via nos costumes e nos hábitos e no preconceito impedimentos que podiam ser varridos de modo a restaurar a mente humana ao seu estado original de tábua rasa onde a razão poderia então escrever a sua mensagem. Para os revolucionários franceses, o que passava por ser a natureza humana não era uma coisa destinada com que se transigisse ou que se domasse, como pensavam os autores dos Federalist Papers, mas sim destinada a ser modificada.

Pode ver-se aqui a crucial diferença entre os Franceses, com a sua ideia de recomeçar a história e criar um conjunto totalmente novo de instituições políticas perfeitamente racionais, e os americanos, que no desenho de uma Constituição punham toda a sua fé nos pesos e contra-pesos e na separação de podertes como modo de controlar os efeitos daquilo que os Cristãos designariam por pecado original. Este conflito entre a escola da tabula rasa e a escola da natureza humana tem continuado e tem estado no cerne de muitos debates sobre as decisões políticas e sociais.

Em contraste com o que estava a acontecer em França, onde se concentrava em Paris, Burke dava grande ênfase ao que era local, próximo e particular. 'Estar preso à subdivisão, amar o pequeno pelotão a que pertencemos na sociedade, é o primeiro princípio (o germe, por assim dizer) dos afectos públicos'. Aqui pode ver-se como Burke é um percursor de Tocqueville em sublinhar a importância da sociedade civil, das associações e dos corpos intermédios, por oposição ao Estado; das reais vontades particulares das pessoas que se entregam às particulares actividades da sua vida particular, por oposição à Vontade Geral esposada pela Revolução."

Owen Harries, "What Conservatism Means", The American Conservative, Novembro de 2003

AHMADINEJAD NOS ESTADOS UNIDOS

THOUGHTS ON AHMADINEJAD AND ICONOGRAPHY:

"I. Once again, Iran's President Ahmadinejad's reputation was rescued by the ineptitude, rudeness and stupidity of a well- known reporter and then by those opponents of his who reenact the Yeats depiction of a world of discourse in which "the worst are full of passionate intensity." On the "60 Minutes" interview with Scott Pelley, Ahmadinejad showed himself--as in time past he'd done with such other famous and inept interviewers as Mike Wallace and Brian Williams--good- humored, well-informed and patient under rude, persistent, clumsy questioning. So, instead of accepting and building on Ahmadinejad's response to his question about Iran's working toward nuclear weapons, namely, that the day of such weapons' utility had long passed, Pelley accused him of not answering his question. Which of course evoked a rational, still good humored response that he, Ahmadinejad, was not a Guantanamo Bay prisoner being interrogated by the CIA but the elected president of the country in which they sat."

terça-feira, setembro 25, 2007

POE'S POEM

"A Dream Within A Dream"

Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow-
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.

I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand-
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?

Edgar Allan Poe

domingo, setembro 23, 2007

PASSEIO DE DOMINGO - ARNO, FLORENÇA



O Outono aproximou-me sempre da Itália. É um tempo em que a luz das cidades fica mais especial, e em que gosto particularmente de partir, erraticamente, pelas ruas medievais destas cidades que foram no seu tempo Cidades-Estado e que hoje são a memória mágica desse tempo-Roma(que era a como que a Cidade-Estado dos Papas), Florença, Bolonha, Milão...E Veneza, claro. Mas hoje apeteceu-me lembrar esta margem do Arno, tão rica para mim de símbolos e de histórias.

sexta-feira, setembro 21, 2007

DEPOIS DE AMANHÃ: KEROUAC

Há amanhãs que nunca chegam - por exemplo, os amanhãs que cantam do "futuro radioso" - e outros que tardam em chegar, como o do prometido Jack Kerouac, já lá vão uns dias. Antes de voltar a Kerouac, queria ter lido ao menos os trechos de On the Road seleccionados para o Portable Jack Kerouac (Ann Charters, ed., Viking portable Library, 1996), que esse, sim, faz parte da minha desarrumada biblioteca, juntamente com The Subterraneans, Vanity of Duluoz e as recordações de Joyce Johnson. Ainda não consegui ler mais do que duas ou três páginas, porque tem havido sempre interrupções - e não adio mais. Kerouac, que morreu em 1969 com 47 anos, era um homem de convicções "conservadoras" em muitos aspectos, ao contrário do que a sua vida e imagem de boémio rebelde e "inconformista" podiam fazer pensar. Não se privou de manifestar as suas "verdades" verdadeiramente inconvenientes, em particular numa das suas últimas aparições em público, em 1968, no programa de televisão de William F. Buckley, Jr., "Firing Line". O nossos jornais e suplementos literários fazem referência a esse lado incómodo, católico, anti-comunista e anti-hippie, patriota, do "inventor" da beat generation, coisa que não teria acontecido, provavelmente, se não existisse a "rede". O progresso tem também os seus custos para o "conforto intelectual". Em Portugal foi publicada pela Ulisseia em 1960 uma tradução de Hélder dos Santos Carvalho intitulada Pela estrada fora (ler a história desta edição em "Kerouac contra a PIDE", no "Ípsilon" do "Público", 24 de Agosto). Mais, se calhar - depois de depois de amanhã.

P.S. Vejo agora que há pelo menos mais duas edições de Pela estrada fora em Portugal, na Relógio d'Água, em 1999, e na colecção Mil Folhas do "Público". Não encontrei indicação de tradutor nas notícias sobre qualquer delas. Será a versão de 1960? Neste país ninguém nos diz nada.

quinta-feira, setembro 20, 2007

UM KANDINSKY "BULGAKOVIANO"...



Este Kandinsky,"Senhora em Moscovo"(1912), que por acaso até podia ser um Chagall, tem -chamam-me a atenção - coisas do"Mestre e Margarida", uma "féerie" de cores, os voos, o tempo. Mas o Bulgakov escreveu o livro entre 1928 e 1940. Mas podia ser...

ON PENALTIES

O penalti que o Futebol Clube do Porto marcou no jogo contra o Liverpool, pelo pé de Lucho González, lembrou-me um irresistível livro do jornalista inglês Andrew Anthony, On Penalties, justamente, estudo e meditação sobre a grande penalidade, em que, sendo o autor um homem ilustrado, não falta uma referência ao Peter Handke da Angústia do Guarda Redes no Momento do Penalti e sua consideração da "metafísica" do assunto: a bola foi ao centro da baliza, o que garante quase sempre que entra e se o guarda-redes tivesse resistido à quase inevitável tentação de se mexer talvez o tivesse defendido. Sobre penalties também escreveu uma vez com imensa graça o jogador e treinador Jorge Valdano, numa das memoráveis crónicas que o DN, salvo erro, publicou durante um dos últimos campeonatos da Europa ou do Mundo (o Euro 2004?).

terça-feira, setembro 18, 2007

RE(LER)VISIONISTA!

É o que eu sou... Estive a reler O Mestre e Margarida do Bulgakov e agora a rever a Ninotchka, do Lubitsch, obras ainda por cima críticas do comunismo...

"NINOTCHKA" - ET C'ÉTAIT BEAU PARIS EN 1939...



É de Ernst Lubitsch e de 1939 esta magistral comédia anti-comunista, com a Greta Garbo e o Melvin Douglas nos papeis principais e o Bela Lugosi a fazer de Comissário Político. Estive a revê-la esta noite, daquela edição dos filmes da Greta Garbo em caixa de metal-"Greta Garbo Collection" que tem também Rainha Christina, Anna Karenina, Margarida Gautier, Mata Hari, Grand Hotel. Mas anticomunistas primários e secundários de todo o mundo unam-se para ver a Ninotchka que não se arrependem! E "la vie en rose" de Paris, avant la Guerre.

segunda-feira, setembro 17, 2007

OS "LOBOS" E "OS DOIS ESTANDARTES"

Mais uma daquelas coincidências a que acho graça: no dia em que a equipa portuguesa de rugby que disputa o campeonato do mundo jogava contra a "toda poderosa" Nova Zelândia cheguei à página 166 do grande romance de Lucien Rebatet Les deux étendards, em que Michel, um dos protagonistas, e o autor, numa nota de rodapé, falam dos All Blacks, era por volta de 1950. Lucien Rebatet pertence à geração "maldita" daquilo a que Paul Sérant chamou "o romantismo fascista". A Livros do Brasil publicou em português, há uns largos anos, as suas "Memórias de um Fascista", continuação do célebre Les Décombres, de 1942, proscrito muito tempo em França e só reeditado uma vez, nos anos 70, por Jean-Jacques Pauvert, com uma etiqueta preventiva do género "fumar mata", mutatis mutandis. Pol Vandromme, crítico belga, estudioso entusiasta da "droite buissonnière" (e de Jacques Brel, de Tintin, de Georges Brassens, etc.), publicou em 1968 um bom estudo sobre Rebatet. Petite histoire: Lucien Rebatet foi um dos protectores e mentores do jovem François Truffaut.

ALAN GREENSPAN - QUEM FALA ASSIM...

Do WSJ desta manhã,excertos do novo livro de Alan Greenspan ,ex-Presidente do FED



On his father, who left the family when Greenspan was small:

He always seemed to feel awkward talking to me, and it made me feel awkward, too.

On the author Ayn Rand:

I was intellectually limited until I met her.

On President George W. Bush:

For the five years we overlapped, [he] honored his commitment to the autonomy of the Fed... [He] remained tolerant of, if not receptive to, my criticism of his fiscal policy… The administration also took the Fed's advice on policies we thought were essential for the health of the financial markets [such as cracking down on Fannie Mae and Freddie Mac] … [even though] President Bush had very little to gain politically by supporting [such] a crackdown…

On Bush's refusal to veto Republican bills:

My greatest frustration remained [his] unwillingness to wield his veto … [A] senior White House official [said that] the president didn't want to challenge House Speaker Dennis Hastert. "He thinks he can control him better by not antagonizing him," the official said … To my mind, Bush's collaborate-don't-confront approach was a major mistake.

On former Fed Chairman Paul Volcker:

In conversation I always found him quite introverted and withdrawn… He was a bit of a mystery to me.

On former president Ronald Reagan:

Stored in his head must have been four hundred stories and one-liners; while most of them were humorous, he was able to tap them instantly to communicate politics or policy. It was an odd form of intelligence, and he used it to transform the country's self-image.

On former president George H.W. Bush:

The economy was his Achilles' heel, and as a result we ended up with a terrible relationship.

On Vice President Richard Cheney:

With his combination of intensity and sometimes sphinxlike calm, he'd shown extraordinary skill [as President Ford's chief of staff]. The camaraderie we built in those years following Watergate had not waned.

On former President Bill Clinton:

A fellow information hound [with] a consistent, disciplined focus on long-term economic growth. [His relationship with Monica Lewinsky] made me feel disappointed and sad.

On Clinton Treasury Secretary Robert Rubin and Undersecretary Lawrence Summers during the Mexico peso devaluation crisis:

We became economic foxhole buddies. I felt a mutual trust with Rubin that only deepened as time passed.

On wife Andrea Mitchell:

She always jokes that it took me three tries to propose to her … Actually I proposed five times.

On his testimony in January 2001, supporting tax cuts as long as the budget surplus continued:

I'd misjudged the emotions of the moment. We had just gone through a constitutional crisis over an election – which, I realized in hindsight, is not the best time to try to put across a nuanced position based on economic analysis. Yet I'd have given the same testimony if Al Gore had been president.

On beginning to raise rates in 2004:

Our hope was to raise mortgage rates to levels that would defuse the boom in housing, which by then was producing an unwelcome froth.

On subprime mortgages:

[T]he benefits of broadened home ownership are worth the risk. Protection of property rights, so critical to a market economy, requires a critical mass of owners to sustain political support.

On capitalism:

The great "problem" inherent in capitalism [is] that creative destruction is often, and by a great many, viewed simply as destruction… Capitalism creates a tug-of-war within each of us. We are alternately the aggressive entrepreneur and the couch potato, who subliminally prefers the lessened competitive stress of an economy where all participants have equal incomes.

On the tension in China between authoritarianism and capitalism:

The communist system is a pyramid in which power flows from the top … The system holds together because each official is beholden to the person directly above him…. However, if market pricing is substituted for any level of the pyramid, political control is lost. You cannot have both market pricing and political control… Today, President Hu appears to wield less political power than did Jiang Zemin, and he less than Deng Xiaoping… Without the political safety valve of the democratic process, I doubt the long-term success of such a regime.

On the current account deficit and the dollar:

It is easy to exaggerate the likelihood of a dollar collapse … I am far more inclined toward the more benign outcome.

On reluctantly accepting the Enron Prize from the James A. Baker Institute at Rice University in November 2001 as the scandal-plagued energy company tumbled towards bankruptcy:

I owed Jim Baker a great deal, so … I agreed to accept the award.

On corporate governance:

Corporate governance had morphed into a kind of authoritarianism… The CEO of a profitable corporation today is given vast powers by the board of directors he essentially appoints.

----Emily Steel

domingo, setembro 16, 2007

PASSEIO DE DOMINGO - LISBOA NO ANTIGAMENTE



Neste domingo, apetecia-me voltar 40 anos atrás, e ir a pé ou do carro-eléctrico, por esta cidade, com estas cores, com este Outono, à procura de alguém que entretanto já encontrei...

sábado, setembro 15, 2007

MAIS BULGAKOV

Dado o interesse à volta de Bulgakov e de "O Mestre e Margarida"transcrevo aqui este artigo de Rubens Figueiredo:

"BULGAKOV,O SEM PARTIDO"

Como o stalinismo atormentou um dos
maiores escritores russos do século XX

Rubens Figueiredo*



"Os manuscritos não ardem em chamas" foi uma frase muito repetida pelos russos, sob o regime comunista. Extraída do romance O Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov (1891-1940), ela representava um desafio à censura, vigente no país até a década de 1980. O que ninguém poderia prever era o teor profético que essas palavras assumiriam em relação ao próprio Bulgákov, um dos maiores autores russos do século passado. Em 1926, a polícia deu uma busca em sua casa e confiscou vários diários e anotações. O escritor tentou reavê-los durante anos, apelando a quem podia. Enfim, recuperou os papéis – apenas para lançá-los ao fogo assim que chegou em casa, pensando em livrar-se de futuros aborrecimentos. Dados como perdidos, os ricos diários de Bulgákov sobreviveram, no entanto. Na década de 1990, quando os arquivos da polícia política soviética foram abertos, lá estava uma cópia deles, cuidadosamente datilografada pelos burocratas.

Esse episódio dá uma idéia das agruras dos intelectuais sob o regime de Josef Stalin, que durou de 1924 a 1953. Sobretudo de intelectuais como Bulgákov, que tentavam criar sem a ingerência de um governo detentor de todos os meios de comunicação. A sina desse escritor que, em pleno domínio do realismo-socialista, fundia o fantástico à sátira, pondo para dançar na mesma roda bruxas, diabos, espiões e burocratas, é retratada no livro O Diabo Solto em Moscou (Edusp; 584 páginas; 42 reais). Trata-se de uma biografia de Bulgákov, assinada pelo estudioso da literatura russa Homero Freitas de Andrade, além de uma ótima seleção de contos.

Um dos méritos do livro é mostrar como Bulgákov reelaborou, em forma de ficção, os fatos de sua vida. Depois de ter presenciado o suicídio de um amigo apavorado com o recrutamento militar, Bulgákov foi médico no front, durante a I Guerra. Segundo a esposa enfermeira, "fazia amputações da manhã à noite". Ela segurava os feridos enquanto ele operava. Transferido para o interior, contaminou-se ao sugar por um tubo o muco de uma criança com difteria. Recorreu à morfina para aliviar as dores e viciou-se na droga. Mandava a mulher conseguir morfina e, descontrolado, chegou a jogar contra ela um fogareiro a querosene e ameaçá-la com um revólver. Sobrevieram a Revolução de 1917 e a guerra civil. De novo médico no front, Bulgákov testemunhou execuções sumárias, torturas e enforcamentos coletivos, enquanto grassavam epidemias de tifo e cólera. Essas experiências ressurgem em textos como A Morfina e Relatos de um Médico Jovem, presentes nesse volume.


Roger Viollet
Mikhail Bulgákov: biografia e seleção de contos

Farto da medicina, Bulgákov resolveu dedicar-se apenas à literatura em 1920, obtendo enorme êxito com a peça Os Dias dos Turbin (1926). O próprio Stalin a viu muitas vezes e sabia trechos de cor. Mas nem isso impediu que ela fosse proibida. Bulgákov era um sem-partido – ou seja, optou por não se filiar ao Partido Comunista – e suas obras inspiravam hostilidade. Cinco anos depois, e de forma inexplicável, Stalin mandou reencenar a peça e Turbin chegou a ter 800 apresentações. Só que os direitos autorais não iam para Bulgákov. Proibido de publicar e com suas peças banidas dos teatros, o escritor se viu privado dos meios de vida. Em desespero, chegou a enviar uma carta a Stalin (veja quadro). Certo dia, o telefone tocou e o próprio ditador lhe disse: "Nós o aborrecemos tanto assim? Precisamos nos encontrar para uma conversa". Em vista da crescente brutalidade do regime, o tom paternal do líder havia de soar bastante ameaçador.

A situação de Bulgákov tornou-se absurda: os teatros lhe encomendavam peças que não encenavam. Uma delas foi ensaiada em vão durante quatro anos. Sua criação tornou-se uma atividade clandestina e seus contos insólitos – como Anotações nos Punhos – podem ser mais bem entendidos à luz dos caprichos da censura, dos labirintos da burocracia, do clima de vigilância e delação constantes, que assombraram Bulgákov até o fim da vida. Hoje, restaurantes em Moscou levam o nome de seus personagens e um ônibus turístico percorre os locais citados em O Mestre e Margarida. Não deixa de ser um final feliz.



SOU ADMISSÍVEL NA UNIÃO SOVIÉTICA?

"Após todas as minhas obras terem sido proibidas, começaram a ecoar vozes entre muitos cidadãos dos quais sou conhecido como escritor, que me dão sempre o mesmo conselho: Escrever uma 'peça comunista' e, além disso, dirigir ao Governo da União Soviética uma carta de arrependimento, contendo a negação de opiniões precedentes manifestadas por mim em obras literárias, e assegurando que doravante hei de trabalhar como um escritor fiel à idéia do comunismo. Não dei ouvidos a esse conselho. É pouco provável que lograsse aparecer num aspecto favorável tendo escrito uma carta mentirosa. Nem mesmo ia tentar escrever uma peça comunista, sabendo naturalmente que não conseguiria. TODO E QUALQUER SATÍRICO NA UNIÃO SOVIÉTICA ATENTA CONTRA O REGIME COMUNISTA. Será que sou admissível na União Soviética?"


Trecho da carta enviada a Stalin por Bulgákov,
em Março de 1930

sexta-feira, setembro 14, 2007

RELER "O MESTRE E MARGARIDA" DE MESTRE BULGAKOV (I)



Michail Bulgakov(Kiev,1891-Moscovo,1940), por Vaclav Zeman


Acabei hoje de reler "O Mestre e Margarida" de Michail Bulgakov.Já tinha testemunhado do meu entusiasmo,quando descobri uma versão filmada("Master and Margarita", truveo.com.).Bom fui reler,o livro andou uns dias comigo entre Hammamet,Lisboa e Maputo e respectivos voos.E acabei-o hoje.
É um livro muito rico e muito complexo...Um livro esotérico,metafísico,cheio de enigmas e inícios,mas também de humor ,com momentos rabelaisianos, ou até,d-me quem sabe,joyceanos.A fabulosa imaginação deste grande escritor russo,a viver no Moscovo da ascensão e consolidação de Estaline e do seu terror,levou-o a imaginar uma série de histórias diferentes que se cruzam nestas páginas:o Diabo(Voland) vai a Moscovo com três demónios menores.Em pleno comunismo,e os comunistas,bons ateus,não acreditam nele,apesar de uma vastíssima demonstração de coisas fantásticas que o quatuor das Trevas vai fazendo.O Prof.Jorge Borges de Macedo,com o seu modo único de falar das coisas ,dos livros ,de tudo,dizia que era "o Mal absoluto"visitando "o mal relativo"...Mas,ao reler, fico com a impressão que, para o Bulgakov, o grupo diabólico não é assim tão mau.Na verdade eles expõem ,pelo ridículo, a paranóia da burocracia comunista,a hipocrisia e mentira do sistema.E com os desacatos que contra ele vão comentando participam até numa obra de Justiça e "retribuição".Mas tão pouco,nesta obra de Bulgakov,o comunismo é tratado como o mal absoluto.
Nesta história,no mesmo tempo e lugar,passa-se outra história -a de Margarida ,que ama e é amada de grande paixão por um personagem conhecido por "o Mestre".Margarida é lindíssima,sensual,apaixonada,arrebatada,sem limites.O Mestre um intelectual romântico,obcecado por escrever a histót´ria de Pilatos,quje é em parte a história e de Cristo e a própria História.(Cont.)

quarta-feira, setembro 12, 2007

PODE ESTE HOMEM SALVAR O IRAQUE? GENERAL DAVID H. PETRAEUS



O General David H.Petraeus, responsável militar máximo norte-americano no Iraque, que tem estado em audições no Congresso em Washington sobre a situação no país, é além de um soldado corajoso e inteligente, um homem com um bom sentido de humor. Cito,em abono desta afirmação, duas passagens de um seu artigo na revista The American Interest, intitulado "Beyond the Cloister":

"When I first went to Iraq in 2003,my coleagues and I were repeatedly greeted by Iraqis-in the case in Mosul-who would say to us in the course of conversation:"We love democracy!...What is it?"(...)
(...)"Nonetheless,I wrote a paper for that professor entitled,"The Invasion of Grenada:Illegal,Immoral, and the Right Thing to Do."

JACK KEROUAC

Assinalam os jornais que faz cinquenta anos que foi publicado o célebre livro de Jack Kerouac On the Road. Tenho de confessar que não o li, nem é um dos dois ou três livros de Kerouac que tenho. Fica só esta lembrança. Mais, amanhã.

terça-feira, setembro 11, 2007

SETEMBRO NEGRO

"Setembro Negro" foi o nome adoptado pelo grupo terrorista que perpetrou o ataque de Munique, One Day in September (é o título de um livro de Simon Reeve sobre o atentado de 1972). Há seis anos outro dia de Setembro "abalou o mundo": toda a gente será hoje lembrada, de uma maneira ou de outra, do 9/11. Nesse tempo até Le Monde dizia que éramos todos americanos. We've come a long way, baby. No número 51 da nossa revista (Outono de 2001) publiquei algumas notas sobre o 11 de Setembro que tenciono reproduzir aqui, total ou parcialmente, em doses homeopáticas: "Um dia de setembro", "As Torres de Babel", "O terrorismo islâmico". Talvez tenha piada relê-las agora - e talvez seja um princípio para a "digitalização" de um arquivo do FP à disposição de quem esteja interessado. De momento, em homenagem à data, só duas citações que destacámos nessa altura: Terrorism is not mindless. It is a deliberate means to an end. (Grant Wardlaw, 1982); "O objectivo dos terroristas, disse Lenine, é aterrorizar. É também, provocando represálias, recrutar combatentes entre os 'moderados' que os apoiam." (Murray Sayle, "Terror and Television"). Coisas óbvias, que é preciso estar sempre a repetir.

WESTERN SPAGHETTI

"No Festival de Veneza defendeu-se que se não fossem esses filmes com pistoleiros brutais, ecos e assobios da música de Morricone, o cinema não seria o que é hoje." (Público, 7 de Setembro, 2007, "Um molho especial chamado western spaghetti"). Pois não: mas estaríamos melhor se fosse o que era ontem ou ante-ontem, o de John Ford ou Anthony Mann ou Delmer Daves ou mesmo o de Budd Boeticher, André de Toth e muitos outros (para falar de westerns), ou dos grandes realizadores italianos dos pós-guerra e do pós-pós-guerra - e por aí fora. Mas temos de voltar ao assunto (até para lembrar também, mais demoradamente, os críticos da Présence du Cinéma de Michel Mourlet, um "fascista" que se perdeu para a crítica de cinema mas continua a escrever, que nos anos 60 tomaram a sério o peplum, os Hércules contra Maciste, o Riccardo Freda, o Vittorio Cottafavi e outros realizadores tão menores como os italo-germano-espanhóis do Faroeste de super pacotilha mas com obra apesar de tudo mais respeitável). Reapreciaremos isso tudo - se formos capazes - em próximos posts e na revista. Tentarei violentar a minha preguiça e a minha incompetência e incluir imagens - que neste caso fazem mesmo falta.

segunda-feira, setembro 10, 2007

TARDE DE TOROS

Não sou frequentador dos tendidos, não porque desgoste de assistir a corridas de touros e até a "touradas", à portuguesa. Nunca calhou. Mas o meu interesse na matéria é sobretudo literário. Vi muitas corridas na minha mais tenra infância, graças ao meu avô paterno que era grande amador da fiesta. Ria na mesma, com fair play, quando líamos em voz alta o André Brun e aquelas linhas taurinas em que ele fala da sorte de estoque e observa que "quando a espadinha dá em osso o diestro leva marrada até no céu da boca". Tenho amigos aficionados. Por causa deles, soube que o diestro José Tomás - um daqueles toureiros mercuriais e carismáticos, entre o génio e a espantá - talvez não toureie esta semana, como estava previsto, numa das corridas da Feira de Salamanca, devido a uma recente colhida.
Tinha lido em El Mundo que José Tomás é um toureiro que parece procurar o sofrimento: "De uma dúzia de festejos que leva toureados - escreveu Javier Villan nesse jornal, há dez ou doze dias - José Tomás foi revolcado, que me lembre, em Barcelona, Burgos, Ávila, San Sebastián, e Málaga. Não sei se é verdade mas dizem-me que, dias antes da sua reaparição, no silêncio de uma praça sem público, um touro, à porta fechada, também atirou com ele ao ar e lhe deu uma respeitável sova. Se é verdade, demonstra a ideia metafísica que tem do toureio José Tomás. Há uns anos, em pleno apogeu tomasino, escrevi - sobre umas fotografias luminosas de Anya Bartels - um texto a que dei o título de José Tomás, claves rituales de un enigma, livro que fala do sentido sacrificial do seu toureio, de um entrosamento brutal com a tragédia."
A história desta última colhida é mórbida. O toureiro participou na corrida celebrada na mesma praça e no mesmo dia em que fazia exactamente 60 anos foi morto Manolete, seu ídolo, corneado pelo famoso e infame Miura de nome "Islero". (De Manuel Rodríguez "Manolete" - se conta, se não me engano, a seguinte história: ajudavam-no a vestir-se; um dos ajudantes terá sentido no toureiro um arrepio e perguntou-lhe "Tiembla Usted Maestro?" - e a resposta terá sido "Sí, es el miedo, ese viejo amigo mío." Não tenho a certeza se foi também de Manolete outra célebre resposta: Não tem medo das cornadas? - Más cornadas da el hambre.) Mal José Tomás saltou ao ruedo em Linares, no passado dia 28 de Agosto, para o seu primeiro touro, foi logo ferido. Com um torniquete de emergência, improvisado por um dos membros da quadrilha, concluiu a faena, matou o touro, cortou duas orelhas. Triunfo. Segundo o parte médico sofreu "uma cornada na coxa direita, com duas trajectórias, de 10 e 15 centímetros". Para já, saiu vivo do transe e recebeu o Troféu Manolete.

SER CONSERVADOR : A VERSÃO ANGLO-SAXÓNICA - 5

"Os conservadores são mais propensos do que os 'liberais' a apreciar a função latente das instituições talvez porque tendem precisamente a preocupar-se mais com a estabilidade e aquilo que a pode perturbar e porque têm uma visão orgânica da sociedade. Quem se preocupa principalmente com os direitos e as necessidades individuais e pensa em termos de padrões racionais é natural que preste menos atenção a essas funções latentes.

Se a complexidade da sociedade e da ordem política era uma das razões pelas quais Burke temia as mudanças radicais e rápidas, havia para tal temor uma segunda razão, igualmente poderosa, que residia nas suas reservas quanto ao motor da mudança que era proposto: o papel da razão nos assuntos humanos. Burke rejeitava a ideia Iluminista do homem como um ser predominantemente racional, calculador, lógico. O seu lado racional existe, mas é uma pequena parte da totalidade da sua constituição. 'Tememos - dizia Burke - pôr os homens, um a um, a viver e tratar apenas com a sua porção própria de racionalidade, porque suspeitamos que que essa porção é escassa em cada um deles.' O hábito, o instinto, o costume, a fé, a reverência, o preconceito - o conhecimento prático acumulado através da experiência, tudo isto era mais importante do que o raciocínio abstracto. Colectivamente, e para bem como para mal, era essa a natureza humana.

Burke não era o primeiro a exprimir estas convicções. O grande filósofo escocês David Hume tinha insistido, uma geração antes, na importância do hábito e do costume. E um ano ou dois antes dos escritos de Burke, os fautores da Constituição Americana e autores dos Federalist Papers, do outro lado do Atlântico, já insistiam em que na construção de uma ordem política era preciso ter totalmente em conta os aspectos agressivos, egoistas e aquisitivos da natureza humana. 'É preciso estar muito perdido em especulações utópicas', achava Hamilton, 'para esquecer que os homens são ambiciosos, vingativos e rapaces.'

Owen Harries, "What Conservatism Means", The American Conservative, Novembro de 2003

domingo, setembro 09, 2007

PASSEIO DE DOMINGO - ROMA, VIA DEI CONDOTTI



E parece que lá se foi o Verão... O meu acabou em Moçambique, na semana passada. Hoje,aqui em Lisboa, faz um tempo ambíguo, e apetece fazer planos para o Outono. Em Roma, naVia Condotti, lá para Outubro, vai ser agradável passear, ver as montras do "Eddy Monetty" e as gravatas e sapatos do "Farragamo", voltar à esquerda na Via Babuino, com antiquários e "militaria", escolher livros de "Il Mulino" na Feltrinelli, entrar numa das duas igrejas gémeas da Piazza del Popolo, comer um sorbet de limão na esplanada, antes da Via del Corso... E consoante a hora e o estado das pernas seguir melancolicamente pelo LunghoTevere, num fim de tarde dominical e outonal, com o Tibre milenar mas não preguiçoso, olhando o recorte no crepúsculo do Castel St'Angelo... Ou voltar ao Hotel, ao meu velho (de vinte anos de estadia obrigatória...) Hotel Sant'Anna no Borgho Pio. É um belo programa, que espero fazer muito em breve.

quinta-feira, setembro 06, 2007

DESCOLONIZAÇÃO: À FRANCESA - ARGÉLIA 2

"Plus je vois la merde noire (corruption, intégrisme, généraux...) dans laquelle l'Algérie s'enfonce un peu plus chaque jour, plus je découvre en images que les seules choses que tiennent encore debout lá-bas (infrastructures, urbanisme...) sont celles que la France coloniale y a construites, plus je me dis que leur seul espoir, c'est qu'on y retourne."

Alain Soral, primeiro verbete de Abécédaire de la bêtise ambiante (Paris, 2002)

DESCOLONIZAÇÃO: À FRANCESA - ARGÉLIA 1

Nos anos 50 e princípios dos 60 o grande combate "anti-colonialista" travou-se na Argélia, antes - e, por muito pouco tempo, durante - a nossa Guerra do Ultramar. A resistência de Portugal em África perdurou, e venceu, por mais de dez anos depois da capitulação da França. Acabou por quebrar, já se sabe, mas talvez tenha "morrido na praia", como se costuma dizer.

A "Argélia Francesa" foi uma causa "nossa". Detestámos então, intensamente, o General De Gaulle, o "maquiavel" pomposo, sem nobreza e sem verdadeira grandeza, que se começara a revelar como jovem oficial desleal e astuto na Grande Guerra e depois de cavalgar o patriotismo francês durante a II Grande Guerra consentira na imolação dos patriotas da Resistência às ambições e manobras do Partido Comunista do desertor e "colaboracionista" avant la lettre Maurice Thorez. Um nojo. Fazíamos nossas as dores de Maurice Bardèche, cunhado do Robert Brasillach "assassinado legalmente", por despeito. Em 58 e nos anos seguinte voltava a trair: enganava os camaradas de armas que o tinham alcandorado ao poder, e os pieds-noirs e os harkis, cuja história e tragédia uma nova geração traz de novo à actualidade, em livros (veja-se, entre muitos outros e só como exemplo, Un mensonge français - Retours sur la guerre d'Algérie, de Georges-Marc Benamou, 2003), debates de televisão, etc. Sempre ele, Lui qui les juge, como diz o título de um dos livros que nesse tempo publicou o advogado Jacques Isorni. Líamos com indignação esses livros e com gáudio o panfleto de Jacques Laurent Mauriac sous De Gaulle e quantas diatribes se publicavam sobre o oráculo de Colombey-les-Deux Églises. Nunca perdoámos ao homem.

Foi, inesperadamente, o Boletim da Ordem dos Advogados ali ao Largo de S. Domingos a vir relembrar-me essas velhas histórias: o número 47 (Maio-Agosto de 2007) da OA inclui um artigo de Carlos Pinto de Abreu, sobre o julgamento, condenação e execução do "último francês fuzilado", o Tenente Coronel Bastien Thiry, que comandou o célebre atentado dito do Petit-Clamart contra De Gaulle. Já li coisas mais bem escritas e não traz novidades, mas não deixa de ser interessante.

"O MESTRE E MARGARIDA" - RETROSPECTIVA

Agora que o "trailer" do filme (ver mais abaixo) realizado a partir do romance de Bulgakov se tem mantido ao alcance dos nossos leitores, reproduzo abaixo os textos de duas das tentativas do Jaime para partilhar connosco essa sua descoberta. Consegui recuperá-los e aqui vão - em homenagem à persistência do Jaime e ao romance:

O MESTRE E MARGARIDA: BULGAKOV EM FILME
Com grande excitação - naturalmente não devia - descobri esta versão em imagens (filme, série de TV, teatro filmado, ainda não pude averiguar...) do grande romance do Bulgakov. Apresso-me a partilhá-la. Depois falaremos mais sobre o assunto.

O MESTRE E MARGARIDA II
Bem, estou a descobrir mais trechos do grande romance de Bulgakov, em filme. Desde que o li há muitos anos, tenho-o feito ler a muita gente. O Bulgakov é um grande escritor, com um daqueles sentidos "metafísicos" da Literatura. O Prof. Jorge Borges de Macedo, que gostava muito deste romance, comentava esta situação chave do princípio, do Diabo em Moscovo, em plena euforia do triunfo dos Bolcheviques:" Veja, é o Mal absoluto, visitando o mal relativo. E este - os comunas" - dizia Macedo, com a sua sempre presente combatividade e ausência de correcção política - "não acreditam nele, obrigando-o a uma série de manifestações paranormais, que os deixam indiferentes! Os grandes burros, sempre a darem explicações científicas..."Hoje deixo estas imagens que os que leram o livro entendem. Os que não leram,são uns sortudos, pois podem lê-lo pela primeira vez...

Luciano Pavarotti-Que descanse em paz.



Soube logo de manhãzinha,pelas 6hs 30ms locais pela SKY da morte de Pavarotti e tive,sinceramente,pena.Como cantou tão bem a Senhora do Céu estou certo que esta o levará para ao pé dela depressa...E talvez continue a cantar por lá.Who knows?

terça-feira, setembro 04, 2007

NA RETIRADA DE BAÇORÁ DAS TROPAS INGLESAS...



Lembrei-me deste poema do Blake...Outros tempos, outras vontades, outros ingleses(?), apesar de serem hoje, na Europa os únicos a ter uma força militar digna desse nome.

"A War Song to Englishmen"

Prepare, prepare the iron helm of war,
Bring forth the lots, cast in the spacious orb;
Th' Angel of Fate turns them with mighty hands,
And casts them out upon the darken'd earth!
Prepare, prepare!

Prepare your hearts for Death's cold hand! prepare
Your souls for flight, your bodies for the earth;
Prepare your arms for glorious victory;
Prepare your eyes to meet a holy God!
Prepare, prepare!

Whose fatal scroll is that? Methinks 'tis mine!
Why sinks my heart, why faltereth my tongue?
Had I three lives, I'd die in such a cause,
And rise, with ghosts, over the well-fought field.
Prepare, prepare!

The arrows of Almighty God are drawn!
Angels of Death stand in the louring heavens!
Thousands of souls must seek the realms of light,
And walk together on the clouds of heaven!
Prepare, prepare!

Soldiers, prepare! Our cause is Heaven's cause;
Soldiers, prepare! Be worthy of our cause:
Prepare to meet our fathers in the sky:
Prepare, O troops, that are to fall to-day!
Prepare, prepare!

Alfred shall smile, and make his harp rejoice;
The Norman William, and the learnèd Clerk,
And Lion Heart, and black-brow'd Edward, with
His loyal queen, shall rise, and welcome us!
Prepare, prepare!

William Blake

segunda-feira, setembro 03, 2007

"O Mestre e Margarida"-Insist...(ófeles...)



Parece haver-como no livro do Bulgakov-umas artes diabólicas que apagam os filmes que vou pondo aqui no "blog" a propósito do livro.Vamos a ver se este sobrevive...

domingo, setembro 02, 2007

PASSEIO DE DOMINGO (II) - QUARTO COM VISTA SOBRE O ÍNDICO



Hoje acordei com esta vista do Índico. Mas já não estou em férias. Tenho é a sorte de ter trabalho para fazer em Moçambique que é uma terra belíssima com gente encantadora e um dos hoteis mais fascinantes do mundo - o Polana.

PASSEIOS DE DOMINGO - (I) HAMMAMET (TUNÍSIA)



Na semana passada por impossibilidade técnica não houve passeio. Mas estava aqui em Hammamet na Tunísia. Bonito não é? Férias curtas a ler revistas literárias inglesas e americanas a banhos e sol. Fica agora com atraso.