segunda-feira, março 31, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - FALTA SÓ UM QUARTO DE HORA

Na RTP Memória, às 22.00: O Planeta Proibido (1957). Mais, logo.

domingo, março 30, 2008

OUTRA VEZ O XAI XAI

E cá está a Praia Velha do Xai-Xai, com o seu hotel abandonado e casas irregulares pé na areia. A linha da rebentação marca os recifes.

PASSEIO DE DOMINGO - DO XAI XAI A MAPUTO, PASSANDO PELO HOPPER E CAPE COD!



São 240 kms por uma estrada bastante boa para os padrões deste Continente. Passando por Marracuene, Magul, Manhiça, e outras povoações no "Pajero", impecavelmente conduzido pelo Sr. Vilanculos. Cruzamos o Incomati e o Limpopo. Na Praia do Xai-Xai fomos hoje a uma bela lagoa entre os recifes e a areia, com casas sobre as dunas a lembrar quadros do Hopper, de faróis e de Cape Cod ...E vou procurar as parecidas do Xai-Xai!

sábado, março 29, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - FINDING NEAME

Isto, por hoje, é mais fitas que foram ontem - ou anteontem. Primeiro, uma correcção: The Million Pound Note, de Ronald Neame, chamou-se em Portugal Milionário sem vintém (e não, como escrevi fiado na memória, "Milionário por um dia"); verifiquei isto na minha colecção de programas de cinema, onde também encontrei vários outros títulos portugueses dos filmes de Neame, como A verdade em primeira mão (The Horses's Mouth); darei mais pormenores noutra altura. Revi O Homem das Pistolas de Ouro: mesmo dando o desconto da tropelia que consiste em adaptar o cinemascope às dimensões do écran "normal", tenho de reconhecer que assenta como uma luva a este filme o severo juízo de David Thomson (The New Biographical Dictionary of Film, 2004) sobre a última fase da filmografia de E. Dmytryk, "one dud after another, mostly at Fox, polishing meanings until they were blunt and usually passing his own solemnity to his players" - incluindo neste caso Henry Fonda e o agora falecido Richard Widmark, em duas das piores interpretações das rerspectivas carreiras, embora sempre tenha a Dorothy Malone, ainda em todo o seu esplendor, para nos servir de consolo.

sexta-feira, março 28, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - A LEI E A DESORDEM

Hoje, mais uma vez, quem nos salva é a RTP Memória (o conhecimento antecipado da programação do TCM continua a ser um mistério insondável para mim). Às 22.15 exibe O Homem das Pistolas de Ouro (Warlock, 1959), um filme de cow-boys de Edward Dmytryk, um realizador cuja carreira foi praticamente liquidada não por ser um dos famosos "dez de Hollywood", os comunistas ou ex-comunistas que se recusaram a testemunhar perante a Comissão Parlamentar sobre Actividades Não (ou Anti) -Americanas, mas justamente porque depois de pensar no assunto duas vezes decidiu reconhecer o papel dos tiranetes do PC no mundo do cinema (há alguns elementos sobre esta questão e as posições de E. Dmytryk no número 50 da Futuro Presente: "O Perigo Vermelho" e "Edward Dmytryk"). Como lá se escreveu "Dmytryk chegou a ser nos anos 40 uma das esperanças do cinema americano, com filmes como Crossfire e Murder, My Sweet. Nunca foi um realizador muito acima da média, embora tenha uma filmografia com muitos filmes sólidos e interessantes. Na segunda fase da sua carreira, a obra mais memorável foi Os revoltados do Caine, que ao lado de Há lodo no cais, um filme contemporâneo mas muito superior de Elia Kazan, sempre foi 'lido' como uma justificação da sua posição perante o HCUA e consequentemente merecdor de igual desprezo pela crítica bem-pensante." Ele próprio se explicou em Odd Man Out, A Memoir of the Hollywood Ten (1996). Nos últimos tempos do resto da sua vida dedicou-se ao ensino do cinema e escreveu um livro sobre montagem cinematográfica. Morreu em 1999. Sobre O Homem das Pistolas de Ouro, um título português bastante rocócó, Manuel Múrias escreveu uma nota crítica interessante que tentarei exumar e publicar aqui. Entretanto, morreu no passado dia 24, velhinho e sem muita pompa, o actor Richard Widmark, de quem falaremos.

quinta-feira, março 27, 2008

FIM DE SEMANA NO XAI XAI

Aqui é a"promenade" do Xai-Xai onde vamos passar um long week-end a convite de amigos cá de Moçambique. Não há mar, nem areia, nem praia, como estas da Costa Oriental de África.
Conheço-as de Mombaça a Pemba à Ilha de Moçambique e a Durban, até ao Eastern Cape - estas já mais frias. Domingo dou notícias do passeio.

QUE FITA VAI HOJE? - MEMÓRIAS

Se tivesse podido teria dado uma olhadela à "Cinememória" da RTP Memória desta tarde: exibiu um filme que não deve ser muito fácil rever e é com certeza, quanto mais não seja, uma curiosidade, A tia de Paris (Centennial Summer, 1946). É uma comédia musical e histórica realizada por Otto Preminger, um realizador a quem devemos filmes como Laura (realizado dois anos antes), ou o perfeito Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder, 1959) ou Advise and Consent, de 1962. Os intérpretes de A tia de Paris foram Cornel Wilde, Jeanne Crain, Walter Brennan, Linda Darnell, Constance Bennett, cada um deles merecedores de umas linhas, pelo menos. Mas não pode ser. E ainda temos pendente o caso de Ronald Neame, hoje com 96 ou 97 anos, que foi assistente de câmara no primeiro filme falado inglês, o Blackmail, de Hitchcock, de 1929 (cuja versão muda original é muito melhor do que a falada, como se pode verificar comparando as duas numa recente edição em dvd). Depois de chegar a realizador, Neame foi fazendo filmes até aos anos 80. Lembro-me bem de quase todos os filmes dele que vi, desde o Milionário por um dia (The million pound note, 1953) ou o famoso The Horse's Mouth (1958), com Alec Guinness, até Hopscotch, uma comédia de espionagem com Walter Mathau, de 1980, passando por Gambit, de 1966 ou Tunes of Glory, 1960. Ainda temos de voltar ao assunto mas como diziam, mais ou menos, os antigos a arte felizmente é longa e a vida infelizmente breve.

quarta-feira, março 26, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - PASSO

Quantas faltas me serão relevadas? Hoje vou dar mais uma. Continuo sem conseguir informar-me sobre a programação do canal Turner Classic Movies - e nos outros a colheita de hoje deixa bastante a desejar. Em todo o caso, no Canal Hollywood, às 23.30 e à 1.30, respectivamente, passam: Alfie e as mulheres (Charles Shyer, 2004), cujo principal interesse é lembrar-nos o primeiro Alfie (Lewis Gilbert, 1966) em que Michael Caine teve um dos seus primeiros papéis importantes, uns meses antes de personificar o "Harry Palmer" criado pelo romancista Len Deighton e que foi o princípio da sua consagração - numa carreira de dezenas de filmes e papéis notáveis; e Mary Reilly (Stephen Frears,1996), com John Malkovich e Julia Roberts, uma reinterpretação da história do Dr.Jeckill e de Mr. Hyde, uma história vitoriana eternamente explorável sobre a qual G. K. Chesterton escreveu algumas páginas memoráveis de que darei aqui uma amostra logo que deite a mão ao livro. Também não é desinteressante comparar as duas traduções portuguesas do conto de Robert Louis Stevenson que estão actualmente à venda, uma delas assinada por Agostinho da Silva.

"PÍPEL"

"Pípel" é mais ou menos como os franceses pronunciam a palavra inglesa people, que ultimamente usam a torto e a direito (é ver qualquer debate ou entrevista na TV5) para designar o "povo" das revistas côr-de-rosa ou do coração (do "fígado", chamava-lhes um cronista madrileno), o também chamado entre nós com nítido exagero "jet set". Se os franceses não existissem devíamos inventá-los.

terça-feira, março 25, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - A CORRER

Só uma rápida sugestão: O homem que nunca existiu, (The Man Who Never Was, 1956). Quem se lembra de que existiu o realizador inglês Ronald Neame? Falaremos dele mais de espaço, um destes dias. Para já, na RTP Memória, às 22.15, este filme que, se bem me lembro, foi a minha inocente iniciação nos meandros do "jogo duplo" e da "contra-informação". "Baseado em factos reais".

O NOVO PORTUGUÊS

O novo português é um lugar estranho, onde o comum dos mortais passa a ser "o comum mortal", a baba e o ranho de "chorar baba e ranho" passam a ser "baba e choro", onde as "invasões fiscais" fazem as vezes da fuga aos impostos e as faltas são castigadas, inovadoramente, com "sansões". Continua.

segunda-feira, março 24, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - O CARTEIRO TOCA SEMPRE DUAS VEZES, OU MAIS

Esta noite, às oo.45, na RTP1, é exibida outra vez a versão mais recente - e a menos interessante, se descontarmos os interesses inconfessáveis - de The Postman Always Rings Twice (1981) com Jessica Lange e Jack Nicholson, sob a direcção de Bob Rafelson e com argumento menos do que ilustre de David Mamet, argumentista, dramaturgo e cineasta cujo talento tem sido mais bem empregue em muitos outros casos. A versão mais celebrada deste romance "negro" de James M. Cain é a versão americana de 1946 com John Garfield e Lana Turner, realizada por Tay Garnett. Luchino Visconti baseou-se neste mesmo romance para a sua primeira longa-metragem, Ossessione (1942), uma estranha escolha, uma bela estreia e um filme precursor em mais do que um aspecto. James Cain foi autor também do livro que deu origem a um dos mais perfeitos exemplares do chamado "filme negro" e uma das "obras primas" do género que melhor resistiram à passagem do tempo: Double Indemnity (1944), de Billy Wilder, com Barbara Stanwick e Fred Mac Murray, num dos seus papeis de falso bom rapaz, com um toque de velhacaria, em que mais se distinguiu como actor - neste filme, em O Apartamento (1960, de B. Wilder também, com Jack Lemon) ou em Os Revoltados do Caine (The Caine Mutiny, Edward Dmytryk, 1954). Se Double Indemnity lhes aparecer uma noite destas não o percam. Na adaptação cinematográfica colaborou o grande Raymond Chandler, um dos pontos altos da sua passagem desconfortável e relativamente breve por Hollywood.

OS ÚLTIMOS ESCUDOS

Em Cabo Verde - malhas que o Império tece...- ainda há "escudos". Não sabemos por quanto tempo, que o Euro tem a sua sedução. E também ainda se pode fumar em quase toda a parte - naquelas amoráveis paragens, Àfrica/Europa da imaginação.

PASSEIO DE DOMINGO (NA SEGUNDA...)

Pois ontem nao consegui vir aqui. Foi um Domingo de muita chuva, no Trópico, Maputo, ex-LM, Mocambique. Domingo de Páscoa, com missa em Santo Antonio do Polana que sempre me lembra umas igrejas alemãs e madrilenas dos anos 50. A chuva tambem tem memórias fortes-filmes "negros" ingleses, Europa do Leste na Guerra Fria, Carmona no Verão de 74 e A Bend on the River do V.S. Naipaul , um romance que acho uma bela introdução à África de hoje.

quinta-feira, março 20, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - QUO VADIS

Que fita vai hoje? Noutros tempos, isto nem se perguntava, numa Quinta Feira Santa. No Madrid da minha remota adolescência, na segunda metade dos anos 50 do século passado, a Semana Santa não incluía cinema - salvo nas salas que decidiam exibir alguns títulos de História Sagrada ou de pretensões edificantes, como o Judas de Ignacio F. Iquino (El Judas, 1952), com o nosso António Vilar. O Sábado de Aleluia era a explosão dos estrenos a marcar o fim da Quaresma. Numa reminiscência ou resíduo desses tempos e desses hábitos a RTP1 passa hoje (à meia noite) o Quo Vadis (1951), do livro da Henryk Sienkiewicz, "romance da antiga Roma", como se dizia numa velha revista do Parque Mayer, popularizado entre nós numa das colecções de literatura juvenil da Romano Torres. Passa-se no tempo de Nero (Peter Ustinov) e das perseguições aos cristãos. Salvação Barreto faz uma pega de caras na arena do circo. Enfim, uma Santa Páscoa para todos e até domingo ou segunda.

quarta-feira, março 19, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - OUTRA VEZ

Depois da pausa que refresca - aqui estamos outra vez. Um só filme para hoje: O Chacal (The Jackal), na TVI, à meia noite e vinte. Realizado por Michael Caton-Jones, com Richard Gere, Bruce Willis e Sidney Poitier, é um filme que me pareceu mais bem feito e me divertiu mais do que à maioria dos críticos, que à época da estreia o classificaram muito mal. Embora não seja o que se chama um remake, foi baseado num filme de que muitos de nós nos lembramos e hoje é bastante prezado e, muito de quando em quando, tem aparecido na televisão: The Day of the Jackal (1973), de Fred Zinneman. Na Wikipedia, em "The day of the jackal" (film), detalham-se parecenças e diferenças e puras transposições de um filme para o outro. Zinneman, parafraseando Agustina a propósito de Manuel Alegre, é um grande realizador menor, um realizador oscarizado duas vezes: como director de Até à eternidade, (From Here to Eternity, 1953) um melodrama tirado de James Jones, com grandes interpretações - Frank Sinatra, Donna Reed, etc., e um tom documental próprio de um realizador que se iniciou no documentário, na Áustria natal, onde foi companheiro de Billy Wilder e Robert Siodmak, outros dois austríacos do cinema americano, que é em grande parte um cinema de "estrangeiros", um filme, aliás, gozado, entre outros, por Wilder em O pecado mora ao lado (The Seven Year Itch, 1955); e com Um homem para todas as estações (A Man for All Seasons, o filme de 1966 sobre o Santo inglês Sir Thomas More, que na sua crítica elogiosa do Tempo Presente Manuel Gama chamou "O elogio da razão"). Fred Zinneman realizou também o célebre western O combóio apitou três vezes, um filme progressista sobre, paradoxalmente, a cobardia das multidões (High Noon, 1953) e cujo contraponto filosófico e político é o Rio Bravo de Howard Hawks; os amantes encartados do western desdenham este filme quase tanto como as vanguardas do progresso da humanidade desdenham o povo. Zinneman morreu, com 89 anos, justamente no ano de O Chacal, 1997. Chacal era sobre um atentado da OAS contra De Gaulle nos anos 60, o filme de Caton-Jones passa-se na América do pós-guerra fria e da lua-de-mel russo-americana contra o "terrorismo". Entre uma coisa e outra pode contar-se uma parte importante da história do século XX.

O IMPÉRIO COMO NAÇÃO

Peço desculpa, antes de mais nada, pelo abuso da primeira pessoa - um escrúpulo anacrónico, reparo neste mesmo momento, pouco ajustado à própria natureza dos blogs e à sua ética confessional. A minha participação nas Conferências Lusófonas organizadas pela Fundação Luso Africana para a Cultura e que se iniciaram a semana passada em Cabo Verde obrigou-me a pensar em questões que há muito não me preocupava em sistematizar. O tema geral desta primeira ronda de conferências que arrancou agora é "Fim do Império, princípio das Nações". O mote que me cabia era "Do Minho a Timor". O tema que acabei por escolher neste enquadramento foi "O Império como Nação" - ou seja a tese de que no caso português o Império desde sempre foi entendido como a peculiar confomação de uma peculiar "nação", um entendimento que foi ofuscado durante mais de um século pelo progressismo "colonial" que aplicadamente, como em tantos outros casos, copiámos do "estrangeiro", da mística "republicana" francesa em particular. De caminho, falou-se da recente reabilitação do Império sob as suas várias formas como modalidade estatal não desprovida de virtudes, uma reflexão que se encontra até certo ponto sintetizada no trabalho de Deepak Lal intitulado justamente In Defense of Empires (um texto publicado em 2002 e cujo tema foi desenvolvido num livro do mesmo autor a que ele chamou In Praise of Empires: Order and Globalization). Foi uma excelente ocasião para lembrar o "anti-colonialismo" integracionista de Fernando Pacheco de Amorim, cuja obra tanto marcou uma parte da geração que chegou ao fim da adolescência nos anos em que começavam as guerras do Ultramar: de Três Caminhos da Política Ultramarina (Coimbra, 1962) até Na Hora da Verdade (Coimbra, 1971). E para citar, em abono da tese, um texto do século XVII que reza assim: "...a Índia e mais terras ultramarinas de cujo governo se trata neste Conselho, não são distintas nem separadas deste Reino, nem ainda lhe pertencem por modo de união, mas são membros do mesmo reino, como o é o Algarve e qualquer das províncias do Alentejo e Entre Douro e Minho, porque se governam com as mesmas leis e magistrados e gozam dos mesmos privilégios que os do mesmo Reino e assim tão português é o que nasce e vive em Goa ou no Brasil ou em Angola como o que vive e nasce em Lisboa...". O "Portugal do Minho a Timor" foi um lema propagandístico do Estado Novo mas não uma sua invenção. O "fim do Império", no caso português, foi de certa maneira o fim da Nação. Essa Nação desapareceu para não mais voltar. Não é inútil pensar que dos Estados-Nações em que se desfez, incluindo o Portugal que conserva esse nome, possa nascer um novo "Império" - um "Império consensual", como aquele de que fala o diplomata e pensador inglês Robert Cooper a propósito da União Europeia. Mas isso é outra história, como se costuma dizer que dizia Kipling.

domingo, março 16, 2008

PASSEIO DE DOMINGO - FAROL EM SANTIAGO (CABO VERDE)

Pois andamos por aqui ontem - alguns dos conferencistas que fomos à Praia, Cabo Verde, para as Conferências Lusófonas. Estas correram muito bem, as intervenções dos convidados locais foram de grande nível - e voltamos hoje a Lisboa. O meu senão - a minha mala ficou esquecida no Hotel. O farol acima é o Farol D. Maria Pia, na ilha de Santiago, e via-o do meu quarto do Hotel Pestana-Trópico, indo até lá a pé todas as manhãs. Ontem fomos lá - a Ana Rita , a Inês ,o Miguel F.C. , o Miguel Padrão e eu.
Cabo Verde está numa boa volta e para nós a viagem foi excelente e ... Falarei mais disto adiante pois agora tenho que ir à missa.

terça-feira, março 11, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - ONZE DE MARÇO

Em duas palavras: Terra Bruta (Two Rode Together, John Ford, 1963), às 22.05, na RTP Memória. Até breve.

segunda-feira, março 10, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - DEZ DE MARÇO

Para já, é mais "que fita foi ontem?". Uma dificuldade técnica impediu-me de comparecer aqui de quinta-feira em diante mas não quero deixar de assinalar, primeiro, que a sessão dupla dos sábados da RTP2 parece ter definitivamente dado lugar a uma sessão "singular", que neste último fim de semana foi mesmo uma meia sessão visto que Um Longo Domingo de Noivado (Un Long Dimanche de Fiançailles, de Jean-Pierre Jeunet, 2004), misteriosamente, e sem mais explicações, ficou a meio. A partir de um livro de Sebastien Japrisot, escritor veterano do romance policial francês cujos romances foram todos adaptados ao cinema, é um filme que, independentemente de outras considerações, se insere numa súbita curiosidade pela Grande Guerra (1914-18) que se tem manifestado nos últimos anos em romances, séries de televisão, filmes, efemérides jornalísticas ou livros de história (não vou alongar-me, mas The Pity of War, do historiador Niall Ferguson e a trilogia romanesca de Pat Barker, Regeneration, entre outras obras, foram o prelúdio desta recente voga). Em segundo lugar, entre sábado e domingo passaram, entre outros, os filmes Wild Things (Ligações Perigosas, um filme criminal doublé de comédia negra do realizador John McNaughton, 1998), Pretty Woman (Um Sonho de Mulher, 1990, Garry Marshall, com Julia Roberts e Richard Gere, uma espécie de manual do perfeito conto de fadas para pessoas crescidas da era do "fim da história"), o sempre irresistível The Maltese Falcon, (O Falcão Maltês, 1941, o primeiro filme de John Huston, com Humphrey Bogart e Sidney Greenstreet, além de Peter Lorre et al.).
Na Cinememória de hoje, na RTP Memória, além de ter passado à tarde The Gang's All Here, uma das últimas extravagâncias plástico-musicais do coreógrafo e realizador Busby Berkeley, em esplendoroso technicolor (Sinfonia de estrelas, 1943), é exibido esta noite Viagem ao fundo do mar (1964) um filme não especialmente interessante mas que é uma das raras oportunidades que a televisão nos dá de ver o actor Richard Basehart, actor americano que entrou em dezenas de filmes, incluindo um film noir de segunda escolha mas alguns méritos intitulado He Walked by Night (1948) e, mais inesperadamente, La Strada (1955) e Il Bidone (O Conto do Vigário, 1956), de Fellini. Só para acabar: às 23.45 de hoje o Canal Hollywood torna a exibir Na Vigília da Noite, o filme de Ridley Scott que, a par de Blade Runner e Black Rain, mais gostosamente revejo e no qual, como aponta com muita agudeza David Thomson, há um magnífico "apartamento de luxo em Manhattan que se torna um personagem da história" (Someone to Watch Over Me, 1987).

domingo, março 09, 2008

PASSEIO DE DOMINGO - CIDADE VELHA (CABO VERDE)

A "Cidade Velha" em Santiago, Cabo Verde. Esta semana, na quarta-feira, 12 de Março, vamos para a Praia, para as primeiras "Conferências Lusófonas". O "vamos" - ou o "nós" do "vamos"-são além de mim, o Fernando Catroga, a Inês Pinto Basto, o Jorge Seabra, o José Carlos Seabra Pereira , todos professores da Universidade de Coimbra;´e a Ana Rita Padeira, o Augusto M.Seabra e o Miguel Freitas da Costa daqui de Lisboa. Vem também connosco, de Moçambique,
o Nelson Saúte.
A temática destas conferências é "Fim do Império-Princípio das Nações" e tem a ver com os modos de ver, sentir e viver , em Portugal e nos países lusófonos, a conjuntura histórica do século XX até à Descolonização, historiando as percepções da I República e do Estado Novo, bem como as visões da Literatura e do Cinema, antes e depois do 25 de Abril.

sexta-feira, março 07, 2008

WALL STREET - THE IMAGES


Na minha linha de ilustrar com bonecos os textos do Miguel aqui vai este Michael Douglas gestor de sucesso...

quinta-feira, março 06, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - DIA SEIS DE MARÇO

Parece que fiz confusão e ontem sempre passou no Canal Hollywood Atrás das Linhas do Inimigo com o nosso Joaquim de Almeida e hoje é que lá se pode ver, às 23.45, em Até ao fim, a interpretação, também premiada, da oscarizada deste ano Tilda Swinton. Peço desculpa.
Hoje, ao longo do dia e da noite, vão passando muitos filmes dignos de menção - mesmo que nem todos mereçam fazer parte das nossas cinematecas particulares - desde o moralizante Wall Street (1987), de Oliver Stone, em que Michael Dougla tinha a frase emblemática da década de 80 - Greed is good - até ao desmoralizante El Mariachi (1992), de Robert Rodríguez, o compincha de Quentin Tarantino noutras aventuras cinematográficas e que este filme lançou. É o famoso filme que supostamente foi feito por 7.500 dólares e depois ganhou milhões: Joe Queenan, colaborador da revista Movieline e humorista "cáustico", quase sempre com graça, gozou essa "lenda urbana" do filme feito por tuta e meia (e até publicou um livro intitulado: The Unkindest Cut: How a Hatchet-Man Critic Made His Own $7.000 Movie and Put It All on His Credit Card). Entre esses filmes (foi esta tarde), está O último combóio de Gun Hill (1959), um western de John Sturges, um realizador já desaparecido (1992, com 81 anos) e cujos filmes de cowboys dos anos 50 não se esquecem - e menos se esquece Conspiração do Silêncio (Bad Day at Black Rock, 1955), com Spencer Tracy. Ainda gostava de dizer duas palavras sobre John Carpenter, cujo filme de terror A Bíblia de Satanás (In the Mouth of Madness, 1995), é exibido hoje às 23.55 na RTP1). Fica para depois. Sempre adianto que nunca percebi o que é que tanta gente via no seu filme Assault on Precinct 13 (Assalto à 13ª Esquadra, 1976). que de uma assentada estabeleceu a sua reputação de "culto".

quarta-feira, março 05, 2008

QUE FITA VAI HOJE?

Hoje era um dia bom para o Nuno Rogeiro me substituir: o Canal Hollywwod passa às 21.30 Candyman, um filme de terror que sei que aprecia (baseia-se num personagem criado por Clive Barker, um inglês de Liverpool que vive em Los Angeles com a filha e um "companheiro"; é novelista, cineasta, autor de bandas desenhadas, video jogos, etc., e tem muitos admiradores); o Nuno gostaria de falar do filme e da obra de Clive Barker. Eu nem por isso.
No deserto cinematográfico de hoje (sobre a programação TCM há uns dias que não encontro informação nos locais habituais), só mais um destaque: no mesmo Canal Hollywood é exibido The Deep End (Até ao Fim, 2000), que não conheço mas tem no papel principal Tilda Swinton, a actriz que este ano foi premiada com o Oscar para a melhor interpretação num papel secundário, em Michael Clayton. O filme que o meu jornal erradamente anunciava era Behind Enemy Lines (Atrás das Linhas do Inimigo, John Moore, 2001); nesse filme que afinal não passa hoje entra Joaquim de Almeida no mais improvável papel dos muitos papéis improváveis que lhe têm dado na sua carreira internacional: o de empertigado oficial francês.

REPUBLICANOS E DEMOCRATAS

Depois de um novo "super tuesday", o caso republicano está fechado: Mike Huckabee desistiu, John McCain consagrou-se como candidato republicano à eleição para Presidente dos Estados Unidos em Novembro próximo. Já recebeu o endorsement de George Bush, uma benção discutível. No campo do Partido Democrático a corrida continua mais ou menos empatada entre Obama e Clinton, aritmética e politicamente. Clinton insinuou que talvez se venha a impôr um ticket Clinton-Obama: isto é, se acabarem por a escolher a ela; não é provável que no caso contrário haja um ticket Obama-Clinton.

terça-feira, março 04, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - HENRY KING, HILDEGARDE NEFF

À terça é dia de Cinema na RTP Memória: hoje (22.05) o filme em exibição - As neves de Kilimanjaro (1952) - é, de novo, uma adaptação de uma obra de Ernest Hemingway sob a direcção de Henry King. Vimos há pouco The Sun Also Rises e ainda houve mais uma vez em que King se cruzou com o mesmo escritor, no filme de O Velho e o Mar (The old man and the sea, 1958), em que, ao que parece, terá tido a sua intervenção, embora fosse assinado por John Sturges. A carreira de Henry King foi longuíssima (de 1916, ou antes, até 1962, ano do seu último filme, outra adaptação de um grande romance americano, Terna é a Noite, de F. Scott Fitzgerald. Viveu 96 anos (1886-1982); quando morreu era ligeiramente mais velho do que o próprio cinema. Ninguém aprecia muito as suas adaptações literárias - embora haja unanimidade, e se a memória não me trai, acho que fundada, em considerar o seu western The Gunfighter (1950), com Gregory Peck, um filme de qualidade acima da média. Não é geralmente considerado à altura de Hemingway - no que não sou tão categórico e talvez se deva a que as adaptações cinematográficas põem em evidência o muito que há de banal e artificioso na obra do escritor. O cenário de The Snows of Kilimanjaro -como toda a gente sabe ou já percebeu - é a África da caça grossa dos "grandes caçadores brancos" que serviu a "Papa Hemingway" para um dos seus melhores contos: "The short happy life of Francis Macomber" e para muitas outras narrativas.
Neste filme entra uma actriz esquecida, que ainda era à época "the gorgeous Hildegarde Neff" (nome verdadeiro Hildegard Knef), uma actriz alemã que teve um dos seus últimos papéis em Fedora (1978) de Billy Wilder - e de que nunca mais me esqueci desde que a vi pela primeira vez, há muitos, muitos anos, num filme com Tyrone Power e Patrícia Neal, chamado Diplomatic Courier (1952, Correo Diplomatico, era, salvo erro, o título da versão espanhola que passava num programa duplo qualquer do Madrid dos anos 50). Depois de uma prometedora estreia num cotado filme alemão do pós-guerra (Os assassinos estão entre nós, 1946, Wolgang Staudte) a carreira dela nunca correspondeu às expectativas iniciais. Fez teatro (até na Broadway, com êxito, a comédia musical Silk Stockings, de Cole Porter, que no cinema foi protagonizada por Fred Astaire e Cyd Charisse), cantou (uma "segunda Marlene"), entrou em filmes alemães, norte-americanos, franceses - e até num filme inglês de terceira ordem chamado Mozambique (1965). Em 1970 publicou uma notável autobiografia intitulada, na versão inglesa que li, The Gift Horse (em alemão, para os muito curiosos, é Der geschenkte Gaul: a cavalo dado...). Morreu em 2002.

THE SEARCHERS - (SWEETS FOR MY SWEET) - POST SCRIPTUM

Acresentado hoje a Que fita vai hoje? - A desaparecida....:

"Quem procurar The Searchers na web vai encontrar em doses iguais e alternadas informações sobre o filme de Ford e o conjunto inglês dos anos 60 do mesmo nome. Francamente não me lembro deles, mas toda a gente se lembra pelo menos de um dos seus êxitos Sweets for my sweet, mesmo quem não liga o nome às pessoas. A coincidência não é casual: segundo o sítio oficial da banda o nome do conjunto foi tirado do filme."

AINDA WILLIAM F. BUCKLEY, Jr.

Num livro já várias vezes aqui chamado à colação, The Southern Tradition - The Achievement and Limitations of an American Conservatism, em cujas menos de 150 páginas se concentra uma considerável soma de observações e reflexões muito penetrantes sobre a "direita", e não só americana, Eugene D. Genovese, um ex-marxista, diz o seguinte sobre Buckley:
"It was the achievement of William Buckley in ideological work and of Ronald Reagan in party politics to forge a right-wing coalition out of disparate elements that stand at opposite philosophical poles."

E depois de referir as razões do apoio dos conservadores sulistas a Reagan, acrescenta:

"But southern conservatives underst(ood) the contradiction that neither Ronald Reagan nor George Bush nor even William Buckley has faced squarely. Capitalism has historically been the greatest solvent of traditional social relations. Thus, Marx and Engels praised capitalism and the bourgeosie for their destructive impact on traditional society and culture."

segunda-feira, março 03, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - A DESAPARECIDA NÃO É "A DESAPARECIDA"

O nosso intervalo acabou. (Nas sessões de cinema de antigamente havia dois intervalos, entre os "complementos" e a primeira parte do filme - e a meio do filme; dez minutos de cada vez para tomar um café, comer um bolo, fumar um cigarro, discutir o filme e tomar parte na vida social que fazia parte de ir ao cinema. O intervalo, desaparecido durante muito tempo com a chegada dos "multiplexes" e a sua funcionalidade mais apressada, renasce nalguns casos: é preciso vender as pipocas e a Coca Cola à conformada juventude rebelde.)
A campainha que nos chamou para dentro da sala outra vez foi a notícia lida esta manhã - que se verificou nitidamente exagerada - de que hoje o Canal Hollywood (23.30) passava The Searchers (A Desaparecida, 1956), um dos filmes mais importantes de um dos mais importantes e prolíficos realizadores norte-americanos, John Ford. Mas era um rebate falso. O filme de que se trata, embora com o mesmo título em português, é The vanishing (1993), um remake americano dirigido pelo realizador holandês George Sluizer do seu próprio filme Spoorlos (1988), que lhe granjeara a sua meia hora de fama e foi candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1989. Sluizer dirigiu em Portugal o filme de Diogo Infante Mortinho por chegar a casa ( Dying to go home, 1996). O verdadeiro A Desaparecida foi um dos vários argumentos escritos para John Ford por Frank S. Nugent (1908-1965) entre os anos 40 e os anos 60: foi ele quem escreveu, por exemplo, Forte Apache (1948), The quiet man (O homem tranquilo, 1952), The Last Hurrah (O último hurra, 1956, com Spencer Tracy - um filme sobre política americana que vem muito a calhar nesta época de presidenciais USA e está em promoção na Fnac) e Two Rode Together (Terra Bruta, 1961); não é pouco. Foi uma colaboração marcante que resultou em vários excelentes filmes e cujo último episódio foi um filme despretencioso e menor mas divertido e desenxovalhado que se chamou Donovan's Reef (1963) e foi estreado no cinema Império, com o título português de A Taberna do Irlandês. Frank S. Nugent começou por ser jornalista desportivo, passou a crítico de cinema (um crítico arguto: estão disponíveis na internet por cortesia do NYTimes algumas das suas críticas dos anos 30) e depois, até ao fim de uma vida não muito longa, argumentista em Hollywood. Na sua maior parte os seus argumentos foram escritos para filmes de Ford.
P.S. (4-3-07) - Quem procurar The Searchers na web vai encontrar em doses iguais e alternadas informações sobre o filme de Ford e o conjunto inglês dos anos 60 do mesmo nome. Francamente não me lembro deles, mas toda a gente se lembra pelo menos de um dos seus êxitos Sweets for my sweet, mesmo quem não liga o nome às pessoas. A coincidência não é casual: segundo o sítio oficial da banda o nome do conjunto foi tirado do filme.

domingo, março 02, 2008

WLLIAM F. BUCKLEY (2), POR JOHN B. JUDIS

Bill Buckley, who died yesterday, will, of course, be remembered as the man who was most singly responsible for the modern conservative movement. Before 1955, when Buckley founded National Review, there were disparate strands of an American right--from free market anti-New Dealers to traditionalists like Russell Kirk to anti-Semitic crackpots like Gerald L. K. Smith. Through National Review, Buckley constructed a new conservatism by knitting together the traditional and free-market strands of the right with the militant anti-Communism of former Communists and Trotskyists like Whittaker Chambers and James Burnham and by casting out of the new mix the various anti-Semites and kooks. Barry Goldwater was around, too, but Goldwater's politics--set forth in a book ghosted by National Review editor Brent Bozell, Bill's brother-in-law--were inconceivable before National Review. Buckley provided the synthesis.

William F. Buckley, Jr.

William F. Buckley, Jr.

Buckley didn't necessarily provide the theory. He was a brilliant impresario and editor and later became an exceptional columnist and television personality. Buckley himself yearned to write what he called a "big book" on the model of Russell Kirk's The Conservative Mind--it was to be called The Revolt against the Masses--but he gave up in the early '60s and settled for the fast lane of punditry, hosting Firing Line, and later novel-writing. A conservative by political reputation and a traditionalist in his faith, he was nonetheless at home, and reached the peak of his own success, during the frenetic '60s. He was most comfortable in the role of a rebel--and as Dwight Macdonald wrote in a review of Buckley's first book, God and Man at Yale, he had much of the temperament and sensibility but none (or very little) of the political outlook of the left-wing rebel.

When I was writing his biography, William F. Buckley, Jr.: Patron Saint of the Conservatives (1988), I had trouble understanding his Catholicism, but I finally figured it out when I was watching him host Evelyn Waugh's Brideshead Revisited on public television. Buckley's Catholicism was not the docile faith of the working-class Irish or Italian. Instead, he was very much in the mold of the English Catholic, for whom religion is a fighting faith against the prevailing Anglican Church. Thus, Buckley would feel no compunction in challenging American Catholics' deeply held support for welfare capitalism or later in rebelling against Pope John XXII's Pacem in Terris.

Yet the key to Buckley is to understand that he was a rebel, but not a heretic. He fancied himself and his politics to be anti-establishment, yet he was part of the American establishment against which he rebelled. He never went so far as to be cast out, or to attempt to be cast out. He was raised in upper-class Sharon, Connecticut, went to prep school and Yale, and lived on the Upper East Side and in Stamford, Connecticut. He was a member of the Council on Foreign Relations in good standing. Politically, he occupied a space on the right similar to that occupied by socialist Michael Harrington on the left. Just as Harrington used to call for a politics that represented the left wing of the possible, Buckley tried to construct a politics that represented the right wing of the possible. In 1956, National Review endorsed Dwight Eisenhower in spite of its misgivings about his acceptance of the New Deal and his reluctance to roll back Soviet communism. Eisenhower's buttons that year read "I like Ike." National Review's editorial was titled, "I prefer Ike." Buckley also took the lessons of Goldwater's rout in 1964 to heart and backed Richard Nixon in 1968.

What was true on a political level was also true on a personal level. Many of Buckley's best friends were liberals like John Kenneth Galbraith. He got along famously with Norman Mailer, with whom he debated frequently during the 1960s. When I was writing his biography, I was always puzzled by this side of Buckley, and after I had done a draft, I hold him that I couldn't figure out how the young Buckley, who as a teenager was pretty insufferable and not well-liked, became a man of such wide-ranging and close friendships. I had gone through Buckley's papers at Yale, which trace his political career, but at that point, he gave me a stack of letters that he had written to his mother and sisters when he was in the army at Fort Benning at the end of World War II.

What I found in those letters was a clue to the mystery that is Bill Buckley. When he was at officer's training school, Buckley, who was only 18 at the time, couldn't get by on his good grades and brilliance, and found himself not only disliked, but on the verge of being flunked out of officer candidates' school. In the letters he wrote, Buckley revealed a fear and anguish about his place in the world and how people thought of him. He got his commission, but he also learned that he had to leaven his own political and intellectual convictions with a tolerance for people who didn't share them. He would sometimes condemn their views, but he would not condemn them. By the time he arrived at Yale, he was pretty much the Buckley whom we've known for the last sixty years--witty, arrogant, but always with a certain restraint, even at times a gentleness and consideration. And I think that same sense of limits and boundaries--a sense of how far he could and couldn't go--affected the way he conducted himself politically. As a political figure, Bill Buckley ceased to be central to Republican conservatism sometime in the 1980s. He was displaced by both New Right conservatives who saw him as too willing to break bread with the Council on Foreign Relations and who conceived of conservatism as an alliance between the religious right and K Street, and also by neo-conservatives who, even after the Cold War was over, wanted to continue to fight it out against new enemies. That wasn't the conservatism of early National Review. Once the Soviet Union fell, for instance, Buckley no longer favored an embargo against Cuba. What was the point? And, finally, he was skeptical about the crusade that was the Iraq war.

Buckley, too, may have simply felt toward the new establishment of Republican conservatism the same ambivalence he felt against the old liberal establishment. As conservatives actually gained power, Buckley found himself once again standing athwart history and yelling stop. He remained a rebel to the end.

John B. Judis is a senior editor at The New Republic and a visiting scholar at the Carnegie Endowment for International Peace. His book William F. Buckley, Jr.: Patron Saint of the Conservatives (Simon & Schuster) is available in paperback.

LEMBRANDO W. F. BUCKLEY, Jr.


Estou a chegar de Cabo Verde (Mindelo e Praia, com passagem por Espargos, no Sal) e tenho aqui no "futuro presenteblog" a triste surpresa da morte de Bill Buckley, através das referências do Miguel e do John O Sullivan. Conheci-o pessoalmente há mais de 20 anos, era aqui Embaixador dos EUA um grande amigo comum, o Frank Shakeaspeare. Jantámos com Buckley e a mulher em casa da Tju Vilalva. Tenho desse encontro alguns dos seus livros dedicados. Como A Hymnal:The controversial arts, numa edição de bolso, onde ele escreveu-"For Jaime Nogueira Pinto, a fellow-in-arms".
Foi este livro de ensaios que levei para (re)ler, na hora do almoço, com uma divertida crítica a Three Days of the Condor, intitulada "How Robert Redford saved us from the CIA". Rip...

sábado, março 01, 2008

WILLIAM F. BUCKLEY, Jr.- RIP

Só agora soube (por um comunicado do Senador John McCain, as voltas que o mundo dá!) que morreu no passado dia 27 de Fevereiro, aos 82 anos, William F. Buckley, Jr., autor de numerosos livros, de centenas de páginas de artigos, ensaios e memórias, fundador e alma da revista National Review, que se publica há mais de 50 anos. O seu primeiro livro foi God and Man at Yale (1951). Tem um brilhante ensaio sobre The Politics of Assassination (publicado em 1968 na revista Esquire e incluído na colectânea The Governor Listeth), de que me lembro sempre que leio as habituais declamações sobre a "inutilidade" da violência e em que dá como exemplo de atentados que mudaram o curso da história o assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe Real em 1908. Era um "verdadeiro conservador", um magnífico e divertido escritor e um polemista temível mas nunca mesquinho. Foi uma das minhas mais constantes companhias intelectuais nos anos 70 e 80. No blog http://www.instapundit/ encontram-se links para os tributos que lhe foram e estão a ser prestados por muita gente, incluindo artigos de Mark Steyn, Norman Podhoretz e Cristopher Hitchens. A National Review Online tem como é natural muito material sobre Buckley. Transcrevo a seguir o artigo publicado na NRO pelo nosso amigo John O'Sullivan, Editor e colaborador da NR.

A Great Man -- and a Fun One [John O'Sullivan]
When news of Bill's death reached me, I was in Prague. It was suitable and perhaps comforting place to hear such sad news since Prague is one of the great European cities Bill helped to liberate from communism. Eighteen years ago he and I were here on a National Review Institute political tour of Eastern Europe. This was only a year after the collapse of the Berlin Wall and the "velvet revolutions." Because of Bill's leadership in the anti-Communist and conservative movements, everyone wanted to meet him. New ministers, heads of new political parties, and editors of old national newspapers (with new editorial lines) told him of how they had read smuggled copies of NR during the years that the Communist regime condemned them to work as stokers and quarry-men.
He took it all very humbly and even a little quizzically. It was as if he didn't quite believe that he had blown a trumpet and, lo, the walls of Communism had tumbled down — "literally," to use a word whose misuse he occasionally denounced. He was a great man and a figure of great historical significance. He founded the American conservative movement that, among many other achievements, won the Cold War. But he wanted to slip quietly away to avoid the presidents and prime ministers rushing up to ask for his autograph.
We at National Review were far luckier than they. We saw him regularly twice a month and whenever else we felt like ringing him up. He was a ready source of advice, argument, vocabulary, and wit. All the novel and insoluble problems an editor faces he had faced and solved 30 years before. Above all, he was fun — right to the end.
When death came for him, said Churchill of George VI, "he came as a friend." I think the same is true for Bill. All his ambitions, public and private had been realized, more than triumphantly. He had lost the beloved wife of more than fifty years. His son Chris had long ago proved himself an independent spirit more than capable of sparring on his own two feet. He was as mentally sharp and as good company as he had ever been — I saw him for dinner last month in Palm Beach where he thoroughly enjoyed himself — but he was tired. He had enjoyed his vacation in this vale of tears but he wanted to go home.We should be sorry for ourselves and his family over his death. We can be glad for him.