sábado, abril 28, 2007

AS ELEIÇÕES FRANCESAS VISTAS POR DAVID A. BELL

Decisive Vote
by David A. Bell

Henri IV, France's most popular king (1553-1610), was a model centrist in his day, which means that he often seemed a model of indecision. During the course of his life, he converted between Protestantism and Catholicism no fewer than five times. But, over the years, he learned how to deploy this apparent indecision for maximum political effect, tacking deftly between camps and finally uniting the country behind him.
It is fitting, then, that Henri IV is the great hero of today's model French centrist--and surprisingly effective political gadfly--François Bayrou (who comes from the king's native province of Béarn and has written a popular biography of him). Although Bayrou came in third in the initial round of France's presidential election last Sunday, he seems paradoxically to have gained more stature and prominence in defeat than Nicolas Sarkozy or Ségolène Royal have done in victory. Bayrou has cannily exploited his own apparent indecision--his refusal to endorse either candidate in the second round election on May 6--to become not king himself, but the closest France has had to a kingmaker in a long time.
Bayrou, a former schoolteacher and farmer, has been able to do this for two reasons. First, his 18 percent first-round showing (6.8 million votes) represents the best score by any centrist candidate in decades, giving him a credibility he previously lacked (in the 2002 race, he received an embarrassing 6.8 percent). Secondly, Royal, who scored just 26 percent to Sarkozy's 31 percent in the first round, desperately needs Bayrou's supporters. While she can count on most of the 10 percent of voters who favored the extreme left last Sunday--and many of the 16 percent who went to the polls but abstained--this still leaves her well short of a majority. Nearly all the polls show Sarkozy has a firm, if not commanding lead. Unless Royal can siphon off more Bayrou voters, she will almost certainly lose.
In theory, the task is almost impossible. Bayrou's UDF party (Union for French Democracy) is center-right, not centrist, and it has traditionally formed electoral coalitions with Gaullists, not Socialists. Bayrou himself served in two Gaullist cabinets. But Bayrou wants to destroy Sarkozy, whom he personally loathes, and he hopes to establish himself as leader of a permanent third force in French politics. Nicely for him, playing Hamlet (or Henri IV) allows him to pursue both aims at once.
At a news conference Wednesday, Bayrou sounded as if he were still in the running. He chided Royal for her unbudging statism and slashed wildly at Sarkozy, calling him the candidate of "threats and intimidation." This week, he also charged that, in 2004, Sarkozy--then serving in President Jacques Chirac's cabinet--tried to enlist him in a conspiracy against Chirac. Bayrou declared sententiously that this alleged treachery revolted him and that he has not spoken to Sarkozy since. Although Bayrou has refused to issue an endorsement for the second round, he will take part in a formal televised debate this weekend with Royal, and he has left open the possibility that after the formal Sarkozy-Royal television debate next Wednesday, he might offer further "indications" on how to vote. Royal has responded to Bayrou with a full-court pander that has set off angry murmurs among her own left wing. Sarkozy, meanwhile, has mixed conciliatory statements with threats that he might try to take over Bayrou's party.
ll these maneuvers--and, indeed, Bayrou's success--are only possible because of the instability of France's party system, which I discussed here last week. Bayrou first broke with the Gaullists several years ago when they tried to absorb his UDF into the new, broader right-wing UMP party (its ultra-vapid name, "Union for a Popular Movement," eloquently expresses its almost complete lack of unifying principles; it replaced the equally vapid Union for the Presidential Majority, which, as recently as 2002, replaced the even more vapid Rally for the Republic). Just this week, Bayrou announced his intention to supplant the UDF with a new, centrist "Democratic Party," while Sarkozy made clear that he wants to replace the UMP with yet another new Gaullist party. Sarkozy proposed that it might have distinct left and right-wing "poles," the better to reach out to both the UDF and Jean-Marie Le Pen's National Front.
Unfortunately, this instability makes it all the less likely that the winning candidate on May 6 will actually accomplish anything in office. For democratic leaders to carry out controversial reforms against concerted opposition--such as the unions and student organizations who pour into the French streets at the merest hint of a threat to the country's vaunted social "protections"--they need, at the very least, unquestioned support from their own political camp. A President Sarkozy who has to engage in constant contortions just to keep a jerry-rigged bipolar political party in line behind him will likely have a hard time indeed prevailing over serious resistance. Small wonder that Henri IV--who dealt with opposition in the classic, unforgiving manner of absolute monarchs--remains so popular among French politicians.
David A. Bell is a contributing editor at The New Republic and the author of The First Total War (Houghton Mifflin).

DO BRASIL I-O FASCÍNIO DA NATUREZA

Os viajantes do século XVII, porque já seguiam, no hemisfério Sul, os passos dos pioneiros do século anterior, tinham mais tempo e à vontade para olhar para a paisagem; por outro lado, as Américas fascinavam-nos pois misturavam um friendly environment, sobretudo comparado com a África, com uma wilderness que, para aventureiros voluntários ou por necessidade-dissidentes religiosos e políticos que muitos eram-é sempre um lugar de refúgio, ao abrigo da ordem dos déspotas e dos perseguidores.
Isto é válido para a America do Norte, com os seus Pilgrims, puritanos e outros "radicais de Deus, à Sua procura no Novo Mundo. Diferente para os católicos peninsulares.
No caso do Brasil, colonizado sob controle da Coroa de Portugal, por isso sem os excessos gananciosos dos Espanhóis nas suas "Américas", esta fixação, inicialmente só litorânea, vai avançar depois para o interior, mais como iniciativa privada, ex-post sancionada pela Coroa, do que por um plano premeditado estrategicamente. Estratégicos sim são os fortes e todo o complexo da "soberania"com o seu braço armado, como ainda ontem me lembrava o Cor.Luís Eugénio Peixoto, Director da Biblioteca do Exército, no Rio, referindo-se com admiração ao papel essencial do nosso D.João VI, na construção do Brasil.
Assim, público e privado uniram bem as mãos, por uma vez, na História nacional das duas Nações.

quinta-feira, abril 26, 2007

RECORDAR É VIVER-MEDIDAS ACTIVAS

"Medidas activas" é uma expressão soviética que foi introduzida nos anos 50 para descrever certas técnicas declaradas ou encobertas destinadas a influenciar os acontecimentos e os comportamentos em países estrangeiros ou os respectivos actos. Podem compreender a tentativa de influenciar as políticas de outro governo, minar a confiança nos seus líderes e instituições, perturbar as relações entre outras nações e desacreditar e enfraquecer os adversários, governamentais ou não. Isto implica frequentemente manejos que têm por objectivo enganar os destinatários (elites governamentais ou não e o público em geral de países estrangeiros) e distorcer a percepção que os oponentes têm da realidade.
As "medidas activas" podem ser conduzidas abertamente através de canais de propaganda estrangeiros patrocinados oficialmente, das relações diplomáticas e da diplimacia cultural. As técnicas políticas clandestinas incluem o uso de propaganda camuflada, desinformação oral ou escrita, agentes de influência, rádios clandestinas e organizações internacionais de fachada. Embora as "medidas activas" sejam principalmente de natureza política também podem incluir manobras militares e assistência para-militar a insurrectos e terroristas.

Richard H Schultz&Roy Godson, Dezinformatsia, Active Measures in Soviet Strategy, Pergamon-Brassey's, 1984

quarta-feira, abril 25, 2007

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO

É, apesar destas permanentes guerras de bandos, das negociações em curso para a intervenção do Exército, aliviando os efectivos da PM estadual para um patrulhamento mais intensivo, o Rio continua único, como concluíamos hoje de manhã, olhando da piscina do Hotel para os 360 graus de beleza em estado natural de mar atlântico e morro verde, cortado num céu quase azul ferrete às 8 da manhã.E ontem passeando à noite pelas ruas de Ipanema, animadíssimas, com os drogões sempre abertos, as livrarias, as jacarandás adormecidas, esta calma efervescente que me lembra um quadro de Magritte-"A invenção da Luz" que foi sempre para mim uma porta para outros universos: Nova Iorque à noite no Verão, sempre; o Jardim da Cordoaria à noite também no Verão do Porto dos anos 60, Paris, num domingo de 1981, acho em que lá cheguei vindo de combóio de Bruxelas, em 21 de Junho mais longo dia do ano e fui jantar para os lados da Défense. E Buenos Aires, onde nunca estive, senão pelos olhos e versos do Borges.

terça-feira, abril 24, 2007

AS VARIÁVEIS DA VIOLÊNCIA

The War of the World:Twentieth Century and the Descent of the West é um livro de Niall Ferguson que foi lido por Edward Luttwak (o autor do clássico Coup d'État: A Practical Handbook), a benefício dos leitores da revista Commentary. (O livro de Ferguson já foi traduzido e publicado em Portugal, pela Editora Civilização.) A resenha intitula-se "As variáveis da violência".
Nem se discute - acho eu - que o século passado pode gabar-se, para já, de ser o século em que a guerra e outras formas de violência organizada mataram mais gente do que em qualquer outro século da história. Há quem sustente mesmo que mais do que em todos os outros juntos (mesmo contando com os milhões de habitantes da América que a chegada dos europeus varreu da face do globo, embora em grande parte, é certo, por causas "naturais").
Em qualquer caso, Luttwack observa que "a grande questão" é saber porque terá sido - e sem regatear elogios aos méritos literários e históricos de Ferguson, discorda da resposta que ele dá. Para o crítico, nem alguns dos pressupostos nem as conclusões de Ferguson (que segundo Luttwak atribui quase tudo a "uma conjugação particularmente letal de três factores específicos: a componente étnica e racial da conflitualidade, a volatilidade económica e o declínio dos Impérios") são convincentes. E lembra, por exemplo, que o contributo para o score do século de dezenas de milhões de chineses que o Maoismo assassinou ou levou à morte foi obra de outros chineses da mesma "etnia" - como similarmente noutros casos, da União Soviética ao Cambodja.
"O homem - escreve Luttwak - é violento. Quando a sua capacidade de aplicar a violência aumenta e não aparece qualquer contrapeso político que a modere, torna-se ainda mais violento. Talvez a violência tenha aumentado muito no século XX apenas porque os progressos da administração e os avanços tecnológicos aumentaram exponencialmente a capacidade de a aplicar".
Falta saber que "contrapeso político" o poderia ter impedido - e porque não surgiu. Uma parte da resposta está certamente em que o século passado mais do que "a era dos extremos" foi mais propriamente a "era das ideologias" - ou seja das "religiões" "dos que não têm religião" - e por muitos méritos que se queiram atribuir à "religião" nesta matéria não se conhece nenhuma que que tenha sido ou seja uma máquina tão desregrada e brutal de morticínio e opressão como as suas selváticas imitações.

ILUSTRAÇÕES


Criei um Blog onde estou a pôr as ilustrações que tenho feito para o Futuro Presente (e algumas outras). O endereço: http://catalogodeilustracao.blogspot.com/

segunda-feira, abril 23, 2007

OUTRAS MÁSCARAS-EZRA POUND (1885-1972)


These tales of old disguisings, are they not
Strange myths of souls that found themselves among
Unwonted folk that spake an hostile tongue,
Some soul from all the rest who'd not forgot
The star-span acres of a former lot
Where boundless mid the clouds his course he swung,
Or carnate with his elder brothers sung
Ere ballad-makers lisped of Camelot?

Old singers half-forgetful of their tunes,
Old painters color-blind come back once more,
Old poets skill-less in the wind-heart runes,
Old wizards lacking in their wonder-lore:

All they that with strange sadness in their eyes
Ponder in silence o'er earth's queynt devyse?

EZRA POUND, MASKS

OUTROS LUGARES-CAMINHOS NA PRAIA 1

O Heidegger tem uns ensaios filosóficos, que coligiu sob o título Holzweg, caminhos na floresta, no sentido daqueles trilhos na mata usados pelos lenhadores, e que às vezes acabam de repente, não levam a parte nenhuma . E por isso podem levar ao mundo todo.Os caminhos , as pegadas, os passos em volta e na praia são assim também.

domingo, abril 22, 2007

PASSEIO DE DOMINGO COM VISTA SOBRE A INIMITÁVEL FLORENÇA


"Il ponte vechio"e´um cliché destes que ficam para sempre nas nossas cabeças de europeus post imperiais e post-quase-tudo que tem a ver com Grandeza, Império, Poder. Só nos ficaram, a bem dizer, as sombras, as memórias e estas gloriosas cidades antigas, meias medievais , meias burguesas, que a seu tempo também foram grandes e também cairam e decairam, ficando assim,numa imagem que podemos seleccionar na Web e propor à reflexão melancólica(ou vital e esperançada, depende do espírito de quem está a ver...) do próximo. Gostava de(voltar a)passear em Florença e olhá-la,ao crepúsculo, deste quarto sobre a cidade...

sábado, abril 21, 2007

LUGARES METATERRESTRES-O FIM DO LIMBO

Hoje li qualquer coisa "oficial" da Santa Sé no sentido do fim do Limbo. Notícia bem mais interessante do que a maioria do noticiário local, embora para mim signifique uma derrota nos termos de uma discussão muito cá de casa, com a Zèzinha que nunca acreditou no Limbo que achava absurdo.
Eu não. Porque segundo a doutrina tradicional, em vigor até agora, além das crianças que morriam por baptizar, o Limbo era o lugar de destino de todos os homens de boa vontade que , não por falta deles mas por circunstâncias do seu tempo histórico, não tinham podido ter conhecido Cristo, sido baptizados e conhecido a Fé. Por esta lógica, estariam ali, mesmo admitindo que na "descida aos Infernos" pós-Ressurreição,Cristo já dali livrara os grandes filósofos da Antiguidade, e tanta gente excelente anterior à Sua Paixão e Morte,(como os do quadro de baixo) a verdade é que continuaria a ser excepcionalmente bem frequentado. E fazia todo o sentido, no post-mortem cristão. Voltarei a falar do tema.





Giovanni Giotto, "La discesa all Limbo",(Alte Pinakothekke, Munchen)¨

NOSTALGIAS-UM ESPANTO DE MULHER



A Brigitte Bardot era, de facto (e sem fato, como em algumas das fotos) um espanto de mulher!Foi uma pena ter envelhecido tão mal, em todos os aspectos. Só me lembro de Et Dieu créa la Femme, visto muitos anos depois da saída do filme, num cinema da Gran Via de Madrid. Presumo, também depois da saída de D.Francisco (Franco y Bahamonde) deste mundo...

sexta-feira, abril 20, 2007

CARTA DA BULGÁRIA

À Iliana e ao Svetloslav, velhos amigos

Sei que não se trata de uma das paragens mais conhecidas dos portugueses e, decerto, não é das que desperta mais curiosidade. Contudo, devo dizer que tenho muita simpatia pela Bulgária, por Sófia, pelas suas paisagens e pelas suas gentes. A sua hospitalidade é dificilmente ultrapassável e a sua culinária tem algumas surpresas que vão muito para além das saladas de iogurte acompanhadas de rakya.

Há aspectos que atraem inevitavelmente na Bulgária. Seja a forma simpática como receberam de volta o Rei Simeão, seja a recuperação das tradições, seja sobretudo a forma como pretendem ultrapassar a herança de miséria deixada pelo regime comunista. Hoje, a Bulgária é possivelmente o país mais pobre da União Europeia e aquele que terá uma imagem mais fraca no exterior. Contudo, quem experimentou viajar pelas suas verdes planícies, atravessar os montes Balcãs ou ir dar um mergulho a Varna, no Mar Negro, sabe bem que estamos num país cheio de potencialidades e que, decerto, saberá recuperar e dar finalmente às suas gentes a justiça e felicidade por que tanto anseiam.

Portugal não será certamente dos países que mais marcam a sua presença em terras búlgaras, mas, também aí, algumas das nossas empresas estão presentes, ao mesmo tempo que a cooperação vai avançando, seja no campo cultural, militar ou económico. Falta-nos agora divulgar um pouco o turismo: é que se trata de dois povos que têm um grande desconhecimento recíproco, muito embora tenham imenso a oferecer neste campo
.

JUAN MANUEL DE PRADA

O prometido é devido. Finalmente li o último romance de Juan Manuel de Prada, El séptimo velo e aqui estou para dizer o que achei. O livro, logo quando saiu, recebeu o Prémio Biblioteca Breve 2007, da Editora Seix Barral, e percebe-se porquê. É que se trata de uma das melhores obras deste jovem autor espanhol que foi já considerado um dos seis mais prometedores escritores europeus. A sua escrita tornou-se mais adulta, abandonando o que alguns consideravam um excesso de arcaísmos e de recurso a um estilo demasiadamente barroco e carregado. De facto, ainda se nota o seu estilo tão peculiar, mas agora sente-se também uma segurança que porventura antes não existia.

Mas o prémio, o elogio quase generalizado da crítica, não é devido apenas a um estilo mais seguro. Não, o que impressiona antes de mais neste livro é a história, a caracterização dos personagens, o enredo, a cadência e a forma como agarra o leitor. A mim também me atraiu bastante outro aspecto: o ser politicamente incorrectíssimo. Porquê? Tão sómente por comparar algo que deveria ser para todos uma evidência: a violência cega dos totalitarismos, mas sejam eles castanhos ou vermelhos.

A história passa-se na França ocupada pelo III Reich, nos meios da resistência, entre comunistas, colaboracionistas, agentes da Gestapo e gente que pretende apenas sobreviver. Conta também, com grande realismo, o que foi a libertação e a vingança contra os que colaboraram. Tudo é contado através de um personagem que sofre de amnésia e que descobre que é um herói da resistência, mas na investigação que vai fazer ao seu passado irá descubrir pormenores terríveis e, pelo caminho, irá também sacrificar o único amor da sua vida.

O último livro de Juan Manuel de Prada fala-nos do problema da identidade, das lealdades, da necessidade de nos conhecermos a nós mesmos. Mas não conto mais. Quem quiser conhecer a história terá de ler o livro, o que aconselho vivamente.

NAPOLEÃO EM BORODINO: QUANDO O VENCEDOR PERDE



Napoleão na Rússia é o paradigma da derrota do "romântico"que, para além do bem e do mal, faz dos pontos de chegada novos pontos de partida.Estes "românticos são personagens de grandeza trágica , devorados por um daimon de si próprios, que não os larga e sempre empurra para novas empresas e aventuras. Como Alexandre da Macedónia, que entretanto morreu too young para ter tempo de conhecer a derrota.
Napoleão foi o eterno "perturbador" do equilíbrio europeu, virando(toda) a Europa contra si.
O seu vencedor russo , Koutusov, estudara o modo de guerra dos Franceses. Não lhes deu batalha foi retirando e levando-os atrás dele. A terra e o tempo russos deles se encarregaram. Enjoy Borodino.

quarta-feira, abril 18, 2007

NOSTALGIAS DA "QUEDA" - DIEN BIEN PHU



Dien-Bien-Phu foi o meu primeiro e muito sério desaire político-militar.Tinha 8 anos. Acho que já falei nisso aqui. Segui com enorme atenção, no "Comércio do Porto", dia a dia, o cerco. Foi a 8 de Maio de 1954, que o campo entrincheirado se rendeu, depois de meses de resistência e combate. Sorrows of Empire. Era o princípio do fim. A Legião Estrangeira foi magífica. Este post é para lembrar tudo isto, acontecido há mais de meio século.

terça-feira, abril 17, 2007

CONSTITUIÇÃO EUROPEIA

Recebido do Luis Filipe Coimbra:

1. Blair pushes to drop EU constitution - 17.04.2007 - 09:07---------------------------------------------------------------------------- UK prime minister Tony Blair has said that the EU should not be looking to resurrect a new constitution but should rather focus on getting workable rules for the bloc.http://euobserver.com/9/23874/?rk=1

Obrigado.

segunda-feira, abril 16, 2007

RENÉ RÉMOND (1918-2007)

Morreu no sábado passado o historiador francês René Rémond, autor do famoso Les Droites en France - de 1954, várias vezes reeditado. Pouco antes da sua morte foi publicado em edição de bolso o Les Droites aujourd'hui (2005), de que falaremos num dos próximos números da revista. Um dos seus últimos livros foi Le nouvel anti-christianisme.

OS TREZENTOS

O governo do Irão ficou zangadíssimo com o "desenho animado" americano 300, a história da batalha das Termópilas desenhada por Frank Miller e passada ao cinema por Zack Snyder. Entre nós, um suplemento cultural pergunta em título "Bush, um soldado de Esparta?". Não estão a ver bem o filme.
Recapitulemos: no filme opõe-se uma civilização persa sofisticada, descrente e luxuriosa a uma Esparta em que se vive um ideal "fascista" de sacrifício e combate pela Pátria e pelos Deuses até à própria morte; o que é que se parece mais com o Ocidente e o que é que se parece com o regime de Teerão? Trezentos combatentes suicidas contra ""a máquina de guerra (...) maior do mundo" - o que é nos devia lembrar? E a conferência de imprensa dos militares ingleses escarninhamente libertados por Ahmadenijad, com as famílias, os amigos chorosos e os olhos postos nos lucros da serialização da sua "magnífica aventura", faz-nos pensar que é do lado do Ocidente que está a ideia de que "um soldado nunca se rende, nunca se submete"?
Os 300 não são propaganda - são mais wishful thinking.

DO(I)S HERÓIS: ULISSES E AQUILES



À partida, o herói é um destruidor de regras estabelecidas, de mitos e ritos antigos. Mas actua de acordo com um código, segundo outras regras, outros mitos. A Ilíada retrata um mundo arcaico, uma história passada num campo militar grego, uma horda feudal que cerca uma cidade inexpugnável: Agaménnon é "um primeiro entre iguais"; Aquiles e a sua cólera, os seus valores, são também arcaicos, quase incompreensíveis, (in)humanos, para nós enquanto racionais. Apesar da "humanização" pelo Brad Pitt no filme de Wolfgang Petersen, da paixão por Briseida e compaixão pela dor de Príamo (Peter O’Toole que agora faz estes papéis de velho da Antiguidade.

Ulisses introduz neste quadro "antigo" a modernidade; é um conciliador – traz a política e o interesse a um quadro que é regulado (só) pela honra e pelo medo; e introduz ardis, truques, na arte da guerra; e ganha fora das regras.

O cavalo de Tróia é a entrada da modernidade nesta História (e Literatura) ocidental. Os orientais já tinham estes ardis – a Bíblia está cheia deles, no Livro dos Juízes e no Livro dos Reis. As Mil e Uma Noites, na narrativa de Sherazade, também.

Mas Ulisses, depois deste estrategema (strategos é o chefe militar...) que põe fim ao cerco de Tróia (e que já não vem na Ilíada que acaba com os "funerais de Heitor") tem todo um livro para si – a Odisseia.

É uma das minhas mais remotas leituras a Odisseia na versão resumida da Sá da Costa, "explicada às crianças e contada ao povo"... Ou seria contada ao povo e explicada às crianças? Havia também uma edição em quadradinhos, e depois as versões dos peplum. Impressionavam-me os Cíclopes e o Polifermo; Calipso e Circe, que apesar da Censura do Estado Novo não eram nada de deitar fora; as naves, com os remadores, que eram uma referência obrigatória, no início daquelas espantosas produções fílmicas franco-italianas, com uma baralhada de heróis da Antiguidade. E uma voz "off", que ficou ali, tempos sem fim, um narrador que dizia "Quatrocenti anni ante Christo, Ulisses...".

Ulisses é um herói não só do seu "mundo" – o Mediterrâneo, muitos séculos antes de Cristo – mas de sempre e para sempre. Curioso, corajoso, inteligente, astucioso, prudente, forte, bom marido, bom pai, bom amante; chefe exemplar, leal aos seus amigos, mas rei justiceiro pagando as ofensas pouco cristãmente – como os pretendentes ficaram a saber, massacrados até à última.

Aquiles era de outro mundo. O mundo antigo, um mundo antes de Cristo e antes de Aristóteles. Um mundo dórico, clânico, primitivo, bárbaro. O mundo grego antes da razão filosófica, da compaixão dramática, da política aristotélica. Um mundo moralmente assustador, mas com a sua sedução estética. Aquiles é o pai de uma raça – a vitalista e irracionalista das "bestas loiras". Que seduziram Nietzsche, professor tímido e cortez, enfermo crónico, fisicamente nos seus antípodas. E o génio cabotino de Wagner.

Depois, no século XX, esta éticas pagãs serviram para muita coisa. Para outras éticas - estéticas mais complicadas que agora nos levariam longe. Um longe para onde hoje não queremos ir.

Jaime Nogueira Pinto
Publicado no Expresso a 14 de Abril 2007

domingo, abril 15, 2007

100 ANOS DE W.H. AUDEN (1907-1973)

Apesar dos antípodas políticos sempre adorei a poesia de W.H.Auden. Digam se esta não é magnífica?


Epitaph on a Tyrant

by W. H. Auden

Perfection, of a kind, was what he was after,

And the poetry he invented was easy to understand;

He knew human folly like the back of his hand,

And was greatly interested in armies and fleets;

When he laughed, respectable senators burst with laughter,

And when he cried the little children died in the streets

NOSTALGIAS FRANCESAS (ALIÁS B(R)ELGAS)



E cá estou outra vez de volta, a esta memória ou arquivo adolescente de imagens, de músicas, de personagens que povoavam , então(anos 60) o nosso universo e a nossa cabeça.Desta vez é o Jacques Brel, ouvido, até quase ao limite, em noites infindáveis de conversa; conversa de adolescentes, sobre formas de fazer a revolução "nacional-revolucionária", sobre as "revoluções do século XX, sobre as ocasões perdidas-Argélia e etc. Sobre "miúdas", paixões, ligações, incluindo algumas"perigosas". Líamos na altura o Laclos, e eu tinha descoberto o "Gatsby", o F.S.Fitzgerald e andava à procura da Zelda. E no Cinema tínhamos o Bergman e o Fellini mais intelectuais, bons westerns, como Aconteceu no Oeste, com o insólito do Henry Fonda fazer de "mau" e o Bronson de "bom". E a Claudia Cardinale a ser boa, óptima, em todos os sentidos! E ouvíamos o Brel, com as suas letras rebeldes, um bocado"anarcho". Que saudades de "Amsterdam".

sábado, abril 14, 2007

ADIEU MON AMI - A SHORT MEMOIR OF JACQUES JONET

Jacques Jonet (à esquerda na foto) morreu há uma semana, 8 de Abril, Domingo de Páscoa da Ressurreição. Tinha estado com ele pouco antes, no fim de semana de 23-25 de Março, em Bendern , no Liechenstein; nesse fim de semana tinha-se sentido mal e tivera de ser hospitalizado. Já fora à reunião de cadeira de rodas, como se pressentisse que não ia durar muito e quisesse despedir-de alguns amigos de toda a vida.
Conheciamo-nos há quase 30 anos, e entre o"Clube"de Vaduz, "Le Cerle "e as vindas dele a Lisboa (raras) e minhas a Bruxelas (mais frequentes) devemos ter estado cerca de 100 vezes ao longo destes anos e em quatro continentes.Tempo e espaço para fazer uma amizade, que se estendeu à Zèzinha e à Martine. O Jacques tinha 2 metros macissos; eu não chego (para minha pena, mas habituei-me e fui dando para o gasto) ao 1,70mts. Como nos dávamos muito e pensávamos parecido, c'était le "Grand Belge" et "le petit portugais"-uma dupla com alguma capacidade de reflexão e reacção.
O Jacques era há muitos anos PDG das Éditons du Lombard, de Bruxelas uma referência da banda desenhada. Mas era e foi nessa condição e acção que o conheci um combatente e militante dos valores católicos, conservadores - ou melhor tradicionalistas - anticomunistas, etc.,etc. Fizemos juntos algumas "guerras"da Guerra Fria (éramos amigos de um importante "routier" desse período, Brian Crozier) e ainda tentámos encontrar outras sinergias, por exemplo "africanas". O Jacques era coerente, corajoso, religioso, com um grande sentido de humor e da Amizade. Os seus códigos de vida tinham muito a ver com as regras da Cavalaria; da Cavalaria à séria - ser fiel a Deus, combater o bom combate, defender os fracos, pôr no lugar os soberbos e outras espécies de malfeitores. Não são costumes muito populares hoje em dia, mas ele não se incomodava muito com isso.
Eu também não.Deus o receba e o ressuscite no dia da Última Páscoa.P.N.A.M.

PROMENADE DA DIMANCHE - À NICE, PROMENADE DES ANGLAIS



Hoje, neste belo domingo de Primavera, proponho a Promenade des Anglais, em Nice. É um bocadinho cliché turístico mas tenho razões próprias e especiais para gostar muito deste lugar. Desde a componente literária e nostálgica da Côte d' Azur, como" locus"narrativo da modernidade, (a praia de Tender is the Night, do Scott Fitzgerald) até uma tradição política direitista que, por ser domingo, estar fora da agenda e eu agora ter de ir almoçar, não vou aqui desenvolver. Divirtam-se!
P.S. O hotel à vista é o "Negresco".De luxo, giríssimo, bons quartos e bom serviço, a melhor localização. Mas caro. Mais "em conta", a dois quarteirões, está o Hotel de Westminster.

PORQUE HOJE É SÁBADO!



Porque hoje é sábado e daqui a dois sábados estou por lá, sem Carnaval mas com o Rio de Janeiro de sempre, essa natureza magífica não domesticada mas só um pouquinho arrumada, cidade com memórias que ainda agora o André Jordan tão bem evoca, deixo aqui um post breve e alegre, que sem rancor estendo aos estimáveis "anti-fascistas" preocupados e vigilantes. Vigiem menos e divirtam-se um bocado. Afinal, foi só um concurso!

sexta-feira, abril 13, 2007

LIVROS E MAIS LIVROS

Enquanto se vai continuando a vaticinar sem pestanejar "o fim do livro" - os livros amontoam-se cada vez mais depressa. Segundo contas recentes (que não verifiquei) sai um livro novo no mundo de 30 em 30 segundos. Há dez mil novos romances publicados por ano - e dez vezes mais, ao todo, no mercado. A publicação de livros processa-se a um ritmo cinco vezes superior ao do crescimento da população. Só para ler o catálogo da Amazon eram precisas mais de 150 vidas. Se morrermos não é de fome - é de fartura.

CITAÇÕES : SOBRE A "EUROPA"

"Conquistado e subjugado pela força política europeia, Portugal nunca passaria de parente pobre da Europa material. O destino de Portugal é outro."

Raymond Abellio, 1976, prefácio de Le Cinquième Empire, Dominique de Roux, Éditions du Rocher, [1977] 1997 - tradução própria.

quinta-feira, abril 12, 2007

QUEM ENSINA?

"Filhos de licenciados têm dez vezes mais oportunidades" - é como o DN titula a toda a largura da primeira página uma peça sobre as conclusões de um estudo realizado pelo Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior. O estudo mostra que os antecedentes económicos e culturais são decisivos no acesso à universidade: em Medicina por exemplo, sete em cada dez alunos têm pais com estudos superiores. Isto e outras verificações desse estudo não mostram uma "diferença de oportunidades"; mostram uma diferença de aptidões, capacidades e propensões. A "igualdade de oportunidades" - mesmo para quem acredite nela e se alguém a conseguisse assegurar - nunca será o mesmo, claro, que a igualdade de resultados ou a igualdade de destinos. Mas custa a aceitar pelos doutrinários do igualitarismo - que, no limite, se os deixarem, tentarão sempre alinhar tudo pelo nível mais baixo - porque só isso está ao alcance da "engenharia social". (Há um conto futurista de Kurt Vonnegut em que, nas aulas de baile, as bailarinas mais gráceis e esbeltas são carregadas de pesos para que não ofusquem injustamente as mais pesadas e desajeitadas, nas escolas os alunos mais inteligentes são obrigados a usar óculos de forte graduação que os impeçam de estudar muito tempo sem terríveis dores de cabeça para não concorrerem deslealmente com os menos dotados, e assim por diante.)
Ficamos a saber também, entretanto, que "a maioria dos alunos que optam por cursos de educação e formação (professores) vêm de famílias só com o 1º ciclo". Não é só na miséria material que há um "ciclo infernal".

MEMORIES OF THE RAJ - 1 - A PALACE IN THE WILDERNESS


As memórias mais remotas que tenho da Índia são histórias lidas na infância, adaptações do Kippling ou então vários "Sandokan"do Emílio Salgari, esse narrador italiano de viagens e histórias de todo o mundo, que nunca saiu da Itália. Mais tarde fascinaram-me as histórias à volta do "Great Mutiny"e do "grande jogo" na NW Frontier.
Mas o meu "imaginário" indiano anda mais à volta de símbolos: símbolos orientalistas, um luxo para um "africano"como eu. Como Palácios, que nos surpreendem do meio da selva (como este da gravura). Um bocadinho kitsch, mas sugestivo.
Nessas leituras de infância, nestes Palácios havia uma espécie de "bela adormecida", guardada por um tigre, e o nosso papel era como na canção brasileira "ser o herói" e libertar a princesa. Neutralizando, with extreme prejudice, o dito tigre. De preferência com uma Remington apropriada. Muito mais emocionante, à Sandokan, com um punhal, em crescente. Ou a dagger do Oman. Dreams, Indian dreams.

quarta-feira, abril 11, 2007

CURSO DE FORMAÇÃO POLÍTICO-SOCIAL: 1ª LIÇÃO



Os bons "westerns", antes da chegada dos "filosóficos" e políticamente correctos, eram uma grande escola de formação político-social. Adorei este, O homem que matou Liberty Valance. Era com filmes assim e não seminários sobre os "direitos humanos", que se formavam homens justos, sérios e fortes. Hoje temos à direita e à esquerda uma colecção de cretinos, cobardolas e ressabiados, que não abrem a boca sem pedir uma sondagem"científica"sobre as consequências do que vão dizer!

terça-feira, abril 10, 2007

"ISN'T SHE BEAUTIFUL?" - PHOTO BY BRUCE WEBER

Fiz o meu footing entre as 7 e as 8, tive algumas ideias e pensamentos positivos, e sobretudo lembrei-me que dentro de duas semanas vou estar a caminho do Rio, para umas férias de 10 dias com toda a minha tribo. O que, mais o dia de hoje, me fez feliz, quase eufórico.Para celebrar e comunicar estes sentimentos podia tomar vários caminhos:um post "anti-antifascistas" assanhdos, tipo o Salazar a ser declarado "homem da Providência" pelo Papa PioXII. Que foi!
Um excerto das cartas do João Franco ao Salazar a dizer-lhe,quanto se revê na sua obra. Que escreveu!E estatísticas de vítimas do Gulag, da Descolonização, de presos em 74-75, de custos económicos do 25 de Abril. Mas estou noutra! mais parecida com a modelo do Bruce Weber. Have a good day!

segunda-feira, abril 09, 2007

NOSTALGIAS - UN VERO PEPLUM



Eco un vero peplum!Bruscamente, nesta Primavera, aparece-me no You Tube, este Hercules Unchained, com o Steve Reeves, o Primo Carnera e uma daquelas Sylvias tão boazinhas como boazonas, que acabaram em Maio de 68. E eu que queria explicar tanto o que eram os peplum...Júpiter seja louvado!

OS CARTAZES:UMA OPERAÇÃO BEM SUCEDIDA?

Em termos de marketing político poucas operações se podem orgulhar de ter obtido tantos resultados com tão poucos meios como o PNR com o cartaz sobre a imigração. O que é preciso, como dizia uma estrela de cinema, é que falem de nós, mesmo que seja para dizer bem. Neste caso, com um simples outdoor o PNR conseguiu uma exposição mediática para o partido e para a sua "mensagem" que cobriu desde as primeiras páginas dos jornais ao horário nobre das televisões, passando por quase todas as estações de rádio. José Pinto Coelho tornou-se uma figura nacional. Nem dizer bem de Salazar granjeia uma notoriedade comparável. E até um grupo de humoristas tão talentoso e com tanta visibilidade actual como o "Gato fedorento" ajudou a fazer repercutir esta operação, com a ajuda de todos os que desfiguraram o cartaz do PNR, mostrando o seu respeito pela liberdade de expressão que nunca se aplica aos verdadeiramente "outros". Infelizmente, o cartaz e a tempestade mediática perfeita que gerou por um reflexo de Pavlov do politicamente correcto vão talvez tornar quase impossível ou adiar mais uma vez qualquer discussão séria sobre as questões - sérias - da imigração e dos imigrantes.

SMART MONEY

Vem nos jornais que Barack Obama já tem um "cofre de guerra" quase tão cheio como o de Hillary Clinton. As contas de campanha servem de indicador das tendências de voto. No campo do Partido Democrático também correm pela nomeação para a candidatura, com diferentes fortunas, Al Gore e o untuoso John Edwards. No campo Republicano está à frente no voto "verde" Mitt Romney, um nome que pouco dirá aos portugueses. Rudolph Giuliani e John Mc Cain também correm, mas com fortuna inferior. O dinheiro não é o nervo só da guerra - também do combate político, especialmente em regime democrático. Quem não cresce em dinheiro tem poucas possibilidades de aparecer. Como noutras áreas da vida democrática aplica-se o velho ditado da grande democracia norte-americana: money talks. É um dos mais directos "custos da Democracia", Deus a guarde. Mas claro, como li há muito tempo num cartaz de um grande banco no aeroporto de Genève, o dinheiro talvez fale mas "a riqueza sussurra" (wealth whispers). Se pudermos, havemos de falar mais detidamente nestas questões, na Revista. Não votaremos nas eleições presidenciais americanas - mas se calhar devíamos poder votar, como propunha ironicamente Régis Debray no seu "O Édito de Caracala - Defesa dos Estados Unidos do Ocidente", Guimarães Editores, 2004.

MITOS URBANOS 1-"A NOITE DE MOLLY BLOOM"

Molly Bloom, Penélope ambígua inventada por Joyce, atormenta e inquieta o coração dos homens desde que o seu criador assim quiz. Sensualidade e sensibilidade desbragadas, "palavrões", como dizíamos já do Amante de Lady Chaterley, comprado e lido às escondidas.Só se é uma vez adolescente, e no Portugal puritaníssimo do último Estado Novo, ao contráriodo que as patetas das antifascistas de serviço clamam, já havia mini-saias, pernas bonitas para as usar e boîtes.Mas estes livros mais ousados, tínhamos que os ler às escondidas...O que dava mais graça a tudo.

domingo, abril 08, 2007

PASSEIOS AO DOMINGO 2- AUGUSTE MACKE,"PROMENADE"(1914)


quarta-feira, abril 04, 2007

A DEMAGOGIA ANTIFASCISTA DO PROF. ROSAS

Numa mini-entrevista à SÁBADO, o Prof. Fernando Rosas, depois de considerar que a "vitória de Salazar foi o consumar de uma força manipulatória", escreve que "tanto o programa de Cunhal como o de Salazar foram propaganda e não tiveram o mínimo rigor histórico".

Quanto às teorias conspiratórias, não sei se ficam bem a um académico, a quem se pede racionalidade e espírito crítico. Admiti-las é um bocado ridículo, mas talvez lhe fique bem.

Já gostaria, que se o sobredito prof.Rosas acha que o meu programa "não tem o menor rigor histórico", me apresentasse dados, números, factos, falsos ou errados, que eu tivesse incluído no meu documentário.
Aliás estou à espera, não só de Rosas – mas de outros críticos. Rosas e os "antifascistas" não gostaram do programa. Estão no seu direito. Historicamente Salazar venceu os comunistas em Portugal. Rosas e outros "antifascistas" partidários dos regimes mais opressivos da História, e que no período de 74-75, em que tiveram algum poder em Portugal o usaram para denunciar, mandar prender, agredir, sanear, os seus inimigos políticos, não gostaram.Por isso se atrevem a dizer estas generalidades, mais ou menos torpes.
Eu conheço a obra da Fernando Rosas e sei que ele sabe que não foi assim. Aliás escreveu-o, na sua obra, com outra distância analítica.
Mas Rosas, como outros estudiosos e académicos, que entram na política, tem agora uma constituency a quem precisa de excitar e dar contas. E que acham que Salazar foi uma espécie de Hitler seminarista, ou ditador fradesco e ignorante. Por isso põe de parte o escrúpulo histórico e o respeito da verdade. Do mesmo modo, como na campanha do aborto, excitava, umas troupes do BE, de histéricos, nos debates públicos, tentando aterrorizar os adversários.
Foi uma esquerda assim – e Rosas sabe isso bem – que criou o 28 de Maio e a Ditadura. Foi essa esquerda de I República, com a ditadura de rua de Partido Democrático, do terror contra a oposição, dos católicos, dos conservadores, dos monárquicos, que tornou o regime impossível e levou à revolução nacional.
Não podendo recorrer hoje a esses métodos, Fernando Rosas satisfaz a sua clientela – que se satisfaz com pouco – permitindo-se dizer que não há o menor rigor histórico no meu programa.
Bem sei que tenho uma vantagem nesta matéria sobre ele; posso ser livre e independente, porque não tenho claques, nem partidos. Posso ter convicções mas ser objectivo.
Ele não pode! É o problema.

terça-feira, abril 03, 2007

NOSTALGIAS - OS "INESQUECÍVEIS" E UM "SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO"



"Unforgettable" is unforgettable for me. O Nat King Cole foi o símbolo de uma América mítica, de filmes a preto e branco, e de noites brancas animadas por músicos pretos; e por copos de "gin"e mulheres fatais como a Ava Gardner e a Laureen Bacall. Gostava - quem na minha geração não gostou - de ser o Phillipe Marlowe, e sair de um Clube de jazz numa noite de Verão, com uma morena desconhecida, e ao caminhar por Park Avenue, à altura da 70th Sreet, descobrir que era a própria Ava Gardner no estado em que estava naquele post em que aqui a postei há dias. Dreams, ou "Contos da Era do Gin". Um conto para o Scott Fitzgerald, um filme pró Woody Allen.

segunda-feira, abril 02, 2007

O PRÓXIMO NÚMERO

O próximo número da revista Futuro Presente estará em breve pronto a ser distribuído. Quanto a essa distribuição, haverá novidades. Consoante oportunamente será anunciado oficialmente, um grupo editorial e livreiro vai encarregar-se de distribuir a nossa revista numa centena de livrarias e outros pontos de venda de publicações, em todo o país. O tema de capa do número é - como não podia deixar de ser - Salazar. A quem não saiba ou não se lembre, recordamos que em 1990 já dedicámos ao tema um número do Futuro Presente, "Salazar Visto da Direita", de cujo sumário constavam artigos sobre "O nascimento da economia moderna" (António Marques Bessa), "Salazar e a doutrina política do Estado Novo" (António José de Brito), "As origens ideológicas do Estado Novo" (Jaime Nogueira Pinto), "Salazar e a Igreja" (António Maria Pinheiro Torres), "Salazar e a Política de Defesa na II Guerra Mundial" (Carlos Bessa) e "Salazar, a política ultramarina e a defesa do Ultramar" (Joaquim Silva Cunha). Entretanto a Bertrand decidiu reeditar Salazar visto pelos seus íntimos, um livro de 1993, que já tinha tido uma segunda edição, organizado e prefaciado por Jaime Nogueira Pinto.

JEAN BAUDRILLARD

Morreu vai fazer um mês o "pensador pós-moderno" francês Jean Baudrillard, um dos nossos prazeres culposos. Há muitos, muitos anos, coabitei com ele (sem ideia de pecado) - numa revista que durante alguns anos se publicou em Madrid, com inusitado êxito, a Punto y Coma, do meu amigo Isidro Palacios, de Mariana de Albuquerque (Vaz Pinto), de Javier Esparza (hoje no ABC, se ainda lá está) - "expressão de ideias actuais sobre literatura, ciências, artes e imagens". Assisti ao nascimento da revista, na qual vieram a colaborar muitos nomes ilustres, entre os quais alguns talvez inesperados numa revista de "direita": lembro-me da concorridíssima festa de aniversário da revista, nos salões a transbordar da Sociedad General de Autores, estávamos nos finais de 1987, e na qual participaram o filósofo anarquista Javier Sádaba, o jornalista e intelectual "anti-franquista" Fernando Sánchez Dragó, o montanhista Luis Fraga, Vintila Horia, etc. No último número que tenho, datado de Abril de 1988, em vésperas da minha despedida de terras espanholas, era publicada justamente uma entrevista com Jean Baudrillard, cujo último parágrafo, a propósito, tem graça citar hoje, vinte anos depois: "Todo este fenómeno da Revolução Iraniana criou um efeito de fascínio muito mais interessante do que a problemática clássica do Terceiro Mundismo. Tem sido analisado como um caso de regressão religiosa, mas ao fim e ao cabo é uma questão de estratégias. Esta revolução é hoje o único elemento irredutível à influência ocidental; dir-se-á: e os direitos humanos? Muito bem, mas isso nada altera quanto à questão estratégica e à nova pujança deste universo simbólico." Já na sua Amérique formulava outra verdade mal compreendida que, modéstia à parte, nos podemos gabar de ter percebido antes ou ao contrário de muita gente: os "EUA são a versão original da modernidade" (citado por Joana Amaral Cardoso, no seu necrológio do DN) - e todo o "imperialismo" americano, no que tem de bem sucedido, deriva daí.
Jean Baudrillard também foi chamado à conversa no Futuro Presente, nº 40, a propósito da polémica que originou a publicação de um seu ensaio sobre a arte contemporânea na revista Krisis, de Alain de Benoist, uma daquelas tempestades em copos de água que a intelectualidade francesa conseguia - e agora tenta sem muito êxito - transformar em questões de transcendência mundial (L'extrême droite attaque l'art contemporain!). Depois publicaremos imagens.

domingo, abril 01, 2007

SUNDAY WALKS-SUGGESTIONS

Davam grandes passeios aos domingos é o título de um romance de José Régio(1941) que me ficou na memória, e hoje voltou à superfície. Pensei em lugares para "grandes passeios" dominicais:deixo aqui esta sugestão tropical-Nassau(Bahamas) de Winslow Homer.

DOMINGO TRANQUILO, EM LISBOA


Passando os olhos pelos jornais, concluo que hoje os "anti-fascistas" parecem estar mais calmos.Tanto quanto sei foram passar o fim-de-semana numa acção internacionalista de apoio ao "Camarada Chávez"! Mas voltam, pra nos maçar. Outros foram com o"camarada Jerónimo" pró Alentejo. E outros pró Zimbabué a (com) bater nos contra-revolucionários.

(MID) ORIENTAL DREAMS 1- SINDBAD'S WEEK-END

A MINHA CURTA VIDA ENTRE OS "GRANDES PORTUGUESES"

Participei na sessão final do "passatempo" da RTP "Os grandes portugueses". Só vi uma tentativa de resumo da minha brevísima intervenção. Segundo esse sumário telegráfico - que não sei de quem é e vou citar de memória - Salazar seria para mim o maior português de sempre porque "era de origens modestas e fez uma grande política". A referência à extração social de Salazar foi feita no contexto da consideração do seu "génio" - única explicação para uma carreira em que não foi ajudado por uma ancestralidade ilustre, uma posição económica destacada, uma máquina política de apoio (a não ser a que veio a criar ele próprio), etc. Chegou à política e triunfou na política de mãos nuas. Isto é um ponto. Outro ponto, que me importava salientar como lição para o presente, era que Salazar demonstrou como é possível que um Estado que não seja uma grande potência, como não era o Portugal do século XX e ainda menos é o de hoje, consiga pela tenacidade, a inteligência e a visão de um estadista fazer uma política grande (que não quer dizer o mesmo que uma grande política, nem o contrário, de resto).
Continuo a achar caricato, entretanto, que se faça agora a todo o vapor o panegírico de D. Afonso Henriques, do Infante, de D. João II, de Camões, etc. - e se castigue com denodo a "visão salazarista" da história de Portugal, caracterizada pela exaltação de D. Afonso Henriques, do Infante, de D. João II, de Camões, etc. Quanto ao mais, aquela sessão final do programa foi um inenarrável espectáculo de anti-salazarismo pânico: Nuno Artur Silva chegou a dizer que Fernando Pessoa, pobre dele, nasceu e viveu no Portugal cinzento de Salazar e do Estado Novo. Como toda a gente deve saber, Fernando Pessoa nasceu em 1888, viveu quase toda a sua vida adulta no mundo a cores da I República e morreu em 1935, era o Estado Novo uma criança, com dois anos de idade - e Salazar tinha entrado para o governo há menos de dez. Só Fernando Dacosta - como já vem sendo hábito - salvou a honra dos anti-salazaristas (e espero que este reconhecimento que é uma pura questão de justiça intelectual não lhe traga dissabores).