segunda-feira, junho 30, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - POR DESCARGO DE CONSCIÊNCIA

Às tantas (01.50) no AXN, Summer of Sam (Verão Escaldante, 1999) um dos filmes mais desagradáveis de Spike Lee, um cineasta capaz do melhor e do pior, que é sempre melhor quando não se deixa levar pelo rancor racial e político que possui em abundância (entre o melhor, além de Do the Right Thing -1989 - veja-se, por exemplo, o Clockers, 1995, baseado no romance homónimo de Richard Price, um escritor, jornalista e argumentista que merece um capítulo à parte). Num registo diferente do melhor e do pior, Spike Lee tem dois filmes também a ver, O infiltrado (Inside Man, 2006), com uma grande banda sonora de Terence Blanchard, e A vigésima quinta hora (2002), que não apreciei totalmente (miscasting de Edward Norton, que não é actor para todos os papéis). Quem quiser ver um dos mais bem sucedidos thrillers de Roger Donaldson tem à 01.30, no Hollywood, Alta traição (No Way Out, 1987). Para quem tenha podido, à tarde, às 17.00, no mesmo Hollywwod, passava um dos famosos filmes do Billy Wilder cruel dos anos 50: O grande carnaval (The Big Carnival, também conhecido por Ace in the Hole, 1951).

domingo, junho 29, 2008

PASSEIO DE DOMINGO - JARDIM DE VERÃO DE S. PETERSBURGO

Depois de toda a "Anna Karenina" e "Velha Rússia" de ontem à tarde e de ter ouvido, no espectáculo comemorativo dos 50 anos do Casino do Estoril , "Summertime", num magnífico dueto da Kiwi Te Kanawa e da Mariza, hoje pensei na frescura de um jardim russo, em Petersburgo, onde talvez o Bronsky e a Anna tivessem andado.
Ou não, mas onde me apetecia hoje estar, com memórias de outros jardims. Até de um domingo-não há muito, -aqui no Jardim do Campo Grande.

NOSTALGIAS - "SUMMERTIME" BY ELLA AND LOUIS

sábado, junho 28, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - A MULHER ABSOLUTA

Telegrama: às 23.35, RTP2, A mulher absoluta (Pat and Mike, 1952); na máquina de escrever, Ruth Gordon e Garson Kanin, na direcção, George Cukor, nos protagonistas, Spencer Tracy e Katherine Hepburn. A preto e branco.

ANNA KARENINA - VIVIEN LEIGH EM 1948



À tarde fiquei a ver, na TV, uma recente(1997...) versão da "Anna Karenina", com a Sophie Marceau (Anna), o Sean Bean (Vronsky) e o James Fox (Karenine). Lembrei-me de procurar outras mais antigas, como esta de 1948.
Estava também a pensar que este tema da paixão-adultério que "acaba mal" é tratado na mesma época e para a mesma época por três grandes escritores - Tolstoi (Anna Karenina) , Flaubert (Madame Bovary) e Eça (O primo Basílio) - e que os personagens e os desfechos têm muita coisa paralela. Não sei se há algum estudo ad hoc dos três romances mas parece-me interessante.

NOSTALGIAS - DO SINATRA E DE NOVA IORQUE!

"THE ATONEMENT"



Em português "A expiação" . Acabo de ver e é uma grande fita. E o Ian Mc Ewan é um grande escritor!

quinta-feira, junho 26, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - FRITZ LANG ET AL

Menção honrosa: Clash by Night (1952), um dos filmes americanos do grande realizador alemão Fritz Lang, num dos géneros americanos que ele explorou com êxito, o do "filme negro" (como em The Big Heat, 1953, por exemplo - títulos portugueses amanhã): passa hoje às 23.15 no TCM. Nunca vi este, que tem a assinar o argumento dois importantes escritores americanos modernos, o romancista Alfred Hayes (um dos romances que mais me impressionou foi o seu In Love e My Face for the World to See também é notável) e o dramaturgo Clifford Odets, colaborador de Alexander Mackendrick em The Sweet Smell of Success, nunca por demais lembrado... É daqui a 10, quinze minutos. (E ainda me faltou tempo para avisar que Marylin Monroe tem no filme de hoje um dos seus primeiros papéis.)

segunda-feira, junho 23, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - REGISTO

Só para efeitos de registo: The Gang's All Here, Busby Berkeley, 1943 (RTP Memória, 22.10) chama-se em português Sinfonia de Estrelas; The Desk Set (Walter Lang, com Spencer Tracy e Katherine Hepburn, ) é A mulher que sabe tudo (ibid., 16.00).

domingo, junho 22, 2008

PASSEIO DE DOMINGO - METRO DE LISBOA


O Metro de Lisboa pode ser um lugar interessantíssimo. No tempo e com a companhia certos, mas também na descoberta de estações bem decoradas, surpreendentes. Como esta. Experimentem.

QUE FITA VAI HOJE? - REVISÂO DA MATÉRIA DADA

Há um aspecto (é mesmo a palavra) das sessões televisivas de cinema que devia ser aqui mencionado - ou, se já foi, mais vezes do que tem sido. E vem a propósito: é a dos filmes feitos em cinemascope serem quase sempre passados depois de estropiados pelo processo dito de pan and scan, um método que esquarteja a imagem filmada para a adaptar à dimensão dos chamados écrans de televisão, o que altera consideravelmente os valores estéticos desses filmes (todos os pormenores no Google, em pan and scan, caso alguém esteja interessado): vemos um filme diferente daquele que, bem ou mal, foi pensado e filmado. Foi o que aconteceu ontem mais uma vez com Tiro de escape. E o que provavelmente vai acontecer daqui a meia-hora, quando passar (fica o aviso) no TCM, às 20.00, Planeta proibido (Forbidden Planet, Fred M. Wilcox, 1956, torno a dizer). Revistos Tiro de escape e Chacal, verifico que o filme do muito incensado Peckinpah envelheceu pior, nalguns aspectos, do que o do menos reputado Fred Zinneman. O Chacal traz muitas coisas à lembrança. Conta, como se sabe, a história fictícia de uma tentativa de atentado contra De Gaulle (é uma de pelo menos duas cinematizações dos best-sellers de Frederick Forsyth que deram filmes bem melhores do que os livros; o outro em que estou a pensar é Dogs of war, de John Irvin, 1980). Passa-se no princípio dos anos 60, logo a seguir à execução de Bastien Thiry, o último fuzilado de França, após o atentado falhado do Petit Clamart. Ainda estavam bem abertas as feridas da guerra da Argélia, a França do dia a dia não era assim tão diferente do Portugal da mesma época e no berço da Liberdade os "serviços" democráticos torturavam até que mort s'ensuive, se necessário, os "inimigos do Estado", sem remorso de maior. Num papel muito secundário - um polícia, no último quarto de hora - vê-se o actor francês Philippe Léotard, que ganharia depois alguma importância no cinema francês e morreu (novo?) em vésperas de fazer sessenta e um anos, em 2001; também andou cá por Lisboa; foi o principal intérprete de Pandora, de António da Cunha Telles, (1996).

NOSTALGIAS - UM POEMA DE ALEXANDRE O'NEILL

Alexandre O'Neill
Às vezes a memória vem assim, de surpresa, a propósito de uma rua antiga onde não passávamos há muito tempo, de uma ternura que ficou de uma adolescente vista numa janela de um bairro que não era o nosso, de um domingo de Verão na cidade deserta, de um passeio de transporte público com alguém especial.
Foi assim que vim parar a este poema do Alexandre O' Neill, nesta manhã de Domingo de Junho, que aqui no Oeste amanheceu nublado, da côr do Mar ali no Baleal.

"HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM"

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

sábado, junho 21, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - HOJE, E AINDA ONTEM

Grande sábado de cinema, hoje. À tarde, na RTP Memória está a passar Terra Bruta (Two Rode Together, 1961), um filme de John Ford que Vasco Pulido Valente proclamou o máximo. Eu prefiro outros filmes do grande realizador, mas este tem coisas esplêndidas. Às 16.50, na RTP 1 O leão da Estrela (Arthur Duarte, 1947): na curva descendente da "comédia à portuguesa", é certo, mas António Silva - sempre genial - Eurico Braga, Milú...Às 17.00, na SIC, Piratas das Caraíbas - A maldição da pérola negra (Pirates of the Caribbean - The curse of the Black Pearl, 2003), o primeiro de uma série que já conta três partes e foi um dos grandes acertos da Disney do século XXI no cinema não animado. Um regresso actualizado ao espírito e ao corpus de O Pirata Vermelho (The Crimson Pirate, Robert Siodmak, 1952) e outras comédias de aventuras dos anos cinquenta, que valeria quanto mais não fosse pela criação de Johnny Depp no Capitão Jack Sparrow, protagonista dos dois filmes seguintes, Dead Man's Chest (O cofre do homem morto, 2006) e At the World's End (Nos confins do mundo, 2007). No TCM, além de poder rever 2001 - Odisseia no espaço (A Space Odissey, Stanley Kubrick, 1968 - reparem na data, o primeiro ano do resto das nossas vidas...), às 20.00, passa logo a seguir, às 22.15, Adeus, amigos (Diner, Barry Levinson, 1982), um dos primeiros do género Os amigos de Alex (The Big Chill, Lawrence Kasdan, 1983), o desencanto do mundo encantado e triunfante dos 60. Na RTP 2, às 23.30, e no Hollywood, às 02.00, um mini-ciclo do melhor dos anos 70: primeiro, Tiro de escape (The Getaway, Sam Pekinpah, 1972) e depois Chacal (The Day of the Jackal, Fred Zinneman, 1973), um thriller criminal e um thriller político, ambos de primeira classe - de dois realizadores muito diferentes e duas mentalidades: um do género mais ajuizado, mas não menos eficaz e competente, e outro, Peckinpah, um desaustinado. Tiro de escape é um filme "negro" aprés la lettre, tirado do romance homónimo de um dos mais negros escritores do romance negro tardio, Jim Thompson, cuja biografia, escrita por Robert Polito, e só para lhes dar uma ideia, foi intitulada Savage Art. E é mesmo selvagem, embora o filme, mesmo assim, amacie um pouco a terrível arte do escritor. Falando do género criminal e de escritores notáveis, ainda quero mencionar que ontem passou uma das muitas adaptações felizes de Elmore Leonard ao cinema, Out of Sight (Romance perigoso, 1998), em que Steven Soderbergh transpõe com êxito para cinema o "humor" de Leonard, como também o fez Quentin Tarantino em Jackie Brown (1997) - e por aí fora, podíamos passar o dia a falar de Elmore Leonard, dos seus livros, dos filmes que escreveu e dos filmes que foram tirados dos seus livros.

SALAZAR GRANDE E PEQUENO

Recebemos do Nuno Rogeiro um texto com o título acima que vamos publicar em "episódios". É a "versão desenvolvida de um texto escrito para a Presslivre". Aqui está a apresentação do autor, só para abrir o apetite:

"Haverá duas formas de encarar a experiência política do Estado Novo, entre Julho de 1932 e Setembro de 1968: integrá-la e compreendê-la no seu tempo, ou transplantá-la para o presente, e reinventá-la.
“Salazaristas” e “anti-salazaristas”, isto é, aqueles que pensam continuar a obra política do ex - Presidente do Conselho de Ministros, ou continuar a opor-se a ela, costumam optar pela segunda via.
Mas nunca a primeira se tornou mais importante do que hoje, quando parece ter-se feito alguma distância para olhar, com serenidade e olhos de ver, o que aconteceu a Portugal, depois da queda da Primeira República.
Este pequeno ensaio limita-se, como é óbvio, a relançar algumas pistas."

sexta-feira, junho 20, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - MICHAEL CRICHTON

Hoje, às 20.00, o TCM dá-nos O mundo do Oeste (Westworld, 1973), um filme de ficção científica que vale a pena ver (os pormenores, noutro dia). É uma boa oportunidade para chamar a atenção para Michael Crichton, argumentista e realizador deste filme. É possível que hoje muita gente reconheça o nome dele, associado à série do Parque Jurássico, que teve na sua base um dos vários best-sellers de que é autor, a começar nos remotos tempos de 1969 em que publicou The Andromeda Strain (de que também se fez um filme - muito actual no seu "terror" biológico). Além de muitas outras coisas este rapaz da minha idade (mesmo um bocadinho mais velho, embora bem conservado) é formado em Medicina por Harvard e criou a série de televisão ER (Emergency Room) que toda a gente já viu. Não posso estender-me agora sobre a longa e produtiva carreira de Crichton - a quem demos alguma atenção na Revista não há muito tempo. Recomendo, para começar, uma visita ao seu site oficial. Só mais uma palavrinha: reparo agora que também foi um dos argumentistas de Twister, um filme que aqui recomendámos recentemente.

quinta-feira, junho 19, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - REPETIÇÕES

A noite hoje é do canal Hollywood, embora o TCM exiba às 23.30 The Outrage (Martin Ritt, 1964), remake desastrado, se bem me lembro, do Rashomon (As Portas do Inferno) de Akira Kurosawa; é aquele filme, já aqui lembrado, em que Paul Newman faz de mexicano. No Hollywood, depois de ter passado o passável Hard Rain (Águas mortíferas, 1998), está a correr BZ, Viagem alucinante (Jacob's Ladder, 1990), de Adrian Lyne, o pornógrafo de Nove semanas e meia (1986) e da segunda Lolita (1998), que é um espécie de remake não assumido, ou actualização, da excelente média metragem que Robert Enrico tirou do maravilhoso conto de Ambrose Bierce, An Occurrence - ou "An Incident" - at Owl's Creek Bridge (La Rivière du Hibou, 1961); fica a milhas desse filme francês. A seguir, outro remake declarado, e mal empregado: O candidato da verdade (2004), de Jonathan Demme, nova versão de The Manchurian Candidate (1962), de John Frankenheimer, George Axelrod, um argumentista a tratar um dia destes, e Richard Condon, um excelente escritor imerecidamente esquecido de thrillers famosos e muito vendidos há umas décadas.

NOSTALGIAS - BECKETT OU A HONRA DE DEUS



É, eu tinha 18 anos e perdi a cabeça com este filme. No momento um bocado fragmentado e dividido, lembrei-me do adolescente que fui. Gostava verdadeiramente destas fitas e da solenidade dos seus "trailers".

terça-feira, junho 17, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - TARDE DEMAIS

Já não chego a tempo para notar utilmente que o TCM incluia na sua programação de hoje uma nova passagem de À beira do fim (Soylent Green, de Richard Fleischer): foi às 20.00. No mesmo canal, ainda se pode ver - às 23.25 - Passage to Marseille, um Casablanca sem encanto realizado dois anos depois pelo mesmo Michael Curtiz, de novo com Humphrey Bogart (Passagem para Marselha, 1944). Mistérios da criação cinematográfica! E também é tarde, entretanto, para chamar a atenção para o filme da RTP Memória (começou às 22.00): The Swimmer (Mergulho no passado, 1968), adaptação enregeladora de um esplêndido "conto" do grande e estranho John Cheever, insólito objecto cinematográfico, com um extraordinário Burt Lancaster; foi realizado por Frank Perry, com argumento de sua mulher, um casal de cineastas cujas pretensões artísticas não foram, tirando este caso, grandemente produtivas (alguém se lembra do insuportável David and Lisa, que foi o filme mais aclamado desta parelha e tinha como protagonista o Keir Dullea, tornado depois vagamente célebre como o astronauta de 2001-Odisseia no espaço; e reparo agora, dando uma vista de olhos à sua biografia, que o revi há pouco num papel secundário em O bom pastor, o filme sobre a CIA e James Jesus Angleton tão desgraçadamente falhado por Robert de Niro).

segunda-feira, junho 16, 2008

NOSTALGIAS - A LESTE DO PARAÍSO



Uma parte da infância, na memória alegre e dolorosa de sons familiares que de repente chegam de lá do muro do tempo, é do cinema das fitas! Como esta, extraordinária de um livro também extraordinário: e apeteceu-me ir aos Estados-Unidos. Para o mês que vem, se Deus quizer...vou.

domingo, junho 15, 2008

NOSTALGIAS - JACQUES BREL

PASSEIO DE DOMINGO - PRAIA DA BRETANHA


Depois destes dias todos em Angola e talvez por influência dos amigos do Norte da Europa e de França e da Bélgica que nos visitaram durante o longo fim de semana - eram 60 do Institut d'Études Politiques - apeteceu-me rever a Bretanha. Estivemos um Verão lá-em Saint-Malo. Esta praia está bem.

QUE FITA VAI HOJE? - A CIDADE BRANCA

O filme é razoavelmente maçador - mas a referência impõe-se: ao princípio da madrugada, à 1.55, na RTP1, A cidade branca (Dans la ville blanche, 1983), de Alain Tanner; no pós-revolução, Lisboa tornou-se uma referência do "imaginário" europeu e o filme do cineasta suiço é uma das primeiras e mais emblemáticas manifestações dessa "mitologia", que tem no recente romance de Pascal Mercier Combóio da noite para Lisboa mais um exemplo (verifiquei que existe um outro romance com o mesmo título, mas a que em francês chamaram Dernier train pour Lisbonne, talvez para evitar confusões ou porque calhou assim: Night train to Lisbon, de Emily Grayson, de quem nunca tinha tido o gosto de ouvir falar). Às 00.40, outro género de referência: Fúria, de Fritz Lang (Fury, 1936), o primeiro filme americano do grande realizador alemão (foi na Alemanha que fez a primeira parte da sua carreira nos anos 20 e 30, mas tinha nascido em Viena de Áustria); é um filme em que nalguns recursos estilísticos ainda está presente o cinema mudo; é também um filme desagradável e pouco animador quanto à natureza dos homens e à justiça das multidões.

sábado, junho 14, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - UM DIA EM CHEIO, SEGUNDA PARTE

Antes de passar ao programa de hoje - que não é para deitar fora - ainda umas palavras sobre o dia de ontem. Por favor não me morda o pescoço ou O Baile dos vampiros talvez tenha parecido mais engraçado à época da sua estreia do que pode hoje parecer. Nunca foi dos meus predilectos, mas não podemos esquecer que devemos a Roman Polanski, entre algumas outras coisas, talvez, o quase perfeito Rosemary' Baby (1968) e Chinatown (1974), este último em particular, uma genial reinterpretação do "cinema negro", o melhor filme de Faye Dunaway, um John Huston insuperável como melíflua e assustadora encarnação do Mal, um filme em que até Jack Nicholson vai bem, num papel que é uma esplêndida revisão do "detective privado". Tempestade (Perfect Storm, 2000) é um filme correcto, bem interpretado e bem executado mas não muito convincente e por natureza falseado; o livro em que se baseia, um tour de force literário e jornalístico de Sebastian Junger, sem inventar nada, usando casos paralelos, exemplos, outras histórias bem documentadas, os fragmentários registos da história verdadeira que conta, faz "viver" como se lá estivéssemos a história do naufrágio de um pesqueiro apanhado tragicamente pela confluência da sua circunstância e de uma "tempestade perfeita": o filme tem de nos "mostrar" o que ninguém viu e ninguém sabe exactamente como foi. Só mais duas linhas sobre Lolita: trata-se de um dos poucos livros de Nabokov que não li, mas penso que a meticulosidade cerebral e o tipo de sentido do humor de Stanley Kubrick se ajustam muito bem ao estilo do escritor e o filme é um dos melhores que assinou, com um fantástico James Mason. Hoje - dois clássicos americanos: Ter e não ter (To Have and Have Not, Howard Hawks, 1944), a espampanante entrada em cena de Lauren Bacall no cinema de Hollywood, às 23.30 na RTP2, e Fúria sanguinária (White heat, Raoul Walsh, 1949), com James Cagney, há pouco aqui falado. No canal Hollywood, às 21.30, um excelente "divertimento": A paixão de Shakespeare (Shakespeare in Love, 1998, John Madden). A relação de Sakespeare com o cinema, de resto, daria para muitos e muitos capítulos.

NÃO - MAS SIM

As regras são claras - mas só se aplicam quando o resultado é o que "nós" queremos. O "não" do referendo da Irlanda, para todos os efeitos, matou o Tratado de Lisboa. Só falta enterrá-lo, ao lado da primeira versão? Nem pensar. Isto é apenas uma "crise" passageira. Houve muita abstenção (felizmente nunca tive a tentação do argumento "abstencionista" e por isso estou à vontade para o achar muito curioso). A Irlanda que resolva como quiser esta mínima "dificuldade". Seguimos em frente. Como na história do Raúl Solnado - havemos de ser todos bombeiros voluntários quer queiramos quer não.

NOSTALGIAS (ACTUAIS)



Rhianna. Isn't She nice?

sexta-feira, junho 13, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - UM DIA EM CHEIO

Às oo.15, na RTP 1, um filme de Roger Donaldson, O recruta (The Recruit, 2002), mais uma história de CIA, com Al Pacino e Colin Farrell, lealdades contraditórias, amizades falsas, traições, nada é o que parece - o costume, tudo bem feito mas não excepcional. Donaldson é um realizador consistente mas tem filmes melhores. No TCM, um festival dos anos 60: às 21.00, A história de um fotógrafo (Blow-up, 1966), Antonioni num filme ultra datado que põe em evidência as suas fraquezas e superficialidades; às 21.50, Lolita (1962, Stanley Kubrick) e depois Por favor não me morda o pescoço (1967, Roman Polanski). Na RTP Memória, às 22.15, Cantinflas no Inferno (1945). No Hollywood, Tempestade (2000) e Ligações sujas (Internal Affairs, 1990) - o grande papel de Richard Gere - dois filmes também a pedir mais comentários. No AXN, às 23.50, Tornado (Twister, 1996). Depois temos que falar.

quarta-feira, junho 11, 2008

10 DE JUNHO - O DIA SEGUINTE

Ontem, assinalámos de raspão o "Dia da Raça" - uma designação datada que o Presidente da República exumou (por inadvertência?) e que eriça os pelos da "esquerda", mas pouco tem a ver com qualquer espécie de racismo ou de concepção "biológica" da Pátria, se é isso que a incomoda; um incómodo que seria cómico em quem tem uma tão assente concepção materialista da vida e da história e uma tão belicosa tradição de intolerância. A expressão é mais a exaltação de uma têmpera (outro termo que caíu em desuso) que se julga ou quer ver nos "melhores de entre nós" - nos feitos do passado e nas ambições para o futuro. O Jaime lembrou a propósito, muito justamente, o Coronel Costa Campos - de quem fui a certa altura contemporâneo em Moçambique e lá conheci e admirei nos seus "domínios" do Dondo, perto da cidade da Beira. A RTP1 decidiu passar o "Camões", como devidamente assinalei. E a data passou. Acho que não deve passar em claro, no entanto, uma iniciativa muitíssimo inteligente e oportuna da Comissão Executiva do Encontro Nacional de Combatentes que pela décima quinta vez se realizou ontem. A Comissão organizou e levou a cabo, este ano, uma conferência importantísima dedicada ao tema "Os valores da Nação e o papel das Forças Armadas". Participaram como oradores Adriano Moreira, João Ferreira do Amaral, Leonardo Mathias, Joaquim Aguiar, o General Espírito Santo, Jaime Nogueira Pinto, Carlos Gaspar e Vítor Bento, e, como "moderadores", o General António Jesus Bispo, o Almirante Vieira Matias, Paulo Teixeira Pinto e Maria Perpétua Rocha. Não vou alargar-me sobre as comunicações, nem sequer - a não ser que me peçam - elencá-las, o que seria suficiente para medir o interesse do exercício: só chamo a atenção para a pertinência actual - que não é "teórica" - de reflexões deste tipo quando estamos perante, para usar palavras do título da comunicação do Jaime, "a evolução possível do Estado e das suas instituições tradicionais" e se quer contrapôr na ordem internacional "a defesa dos valores universalistas versus a defesa dos valores nacionais" - e se vive mais uma "revolução das questões militares".

NOSTALGIAS - "LOVE IN THE AFTERNOON"



De Billy Wilder, com Audrey Hepburn, Gary Cooper (out of the great "westerns") Maurice Chevalier.E a preto e branco, em Paris, anos 50. Hoje, saí dos meus hábitos não-futebolísticos e consegui ver , e até vibrar um bocadinho,com o Portugal-Répública Checa. Quando acabou "zappei" e apanhei no Hollywood esta fita quase a acabar!
Lindíssima. Conseguiu tirar-me da neura e transformá-la em nostalgia. Quem me dera ser o Gary Cooper!

terça-feira, junho 10, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - CAMÕES

Só um filme: às 23.45, na RTP1, o Camões de Afonso Lopes Vieira, Leitão de Barros, António Vilar.

10 DE JUNHO - MEMÓRIA

Morreu há poucas semanas o Coronel Siegfredo da Costa Campos, que foi um dos fundadores e primeiros comandantes dos GEPs. Lembrei-me hoje dele, ali no monumento do Forte do Bom Sucesso...

NOSTALGIAS 2- RIO BRAVO

Vi o filme no Porto há 50 anos...No Coliseu, no S.João, no Batalha? Não me lembro, mas lembro-me desses sábados à tarde de descoberta do Cinema, e de todos os sonhos que vinham com o cinema. Há dias a discutir com o Miguel Anacoreta Correia e o Fernando Leal Machado, entre Benguela e Moçâmedes, quem era "a miúda" do filme, nenhum de nós se lembrou! É a Angie Dickinson e que bem que ela era!

NOSTALGIAS (DE 10 DE JUNHO À TARDE) - RIO BRAVO

segunda-feira, junho 09, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - A TORO PASADO, UMA VEZ MAIS

Não era uma noite muito interessante - embora a exibição na RTP Memória (foi às 22.20) de Call Me Madam (Sua Excelência a Embaixatriz - que deveria realmente intitular-se "Sua Excelência a Embaixadora" - 1953) talvez tivesse merecido uma menção, por conta, pelo menos, do realizador Walter Lang (dirigiu Can-Can, dirigiu There's No Business Like Show Business, dirigiu O rei e eu, de Yul Bryner e Deborah Kerr, fez de tudo no cinema, dos anos 20 aos anos 60, mas não deixou rasto que se veja na história do cinema), de Irving Berlin, autor da comédia musical em que o filme se baseou, da actriz Ethel Merman, de Donald O'Connor, de secundários como Helmut Dantine, Walter Slezak, etc., mas não tenho tempo nem saber na ponta da língua para tratar aqui e agora. E havia Gangs de Nova Iorque, de Martin Scorsese (Gangs of New York, 2002), uma decepção mas com muita matéria para conversas intermináveis sobre a América, a literatura dos bas-fonds, etc. E um filme de Spike Lee, não dos melhores, é certo (Jungle Fever, A febre da selva, 1991) - mas como sempre "discutível". À tarde, um clássico: O rio vermelho, de Howard Hawks (Red River, de 1948), com John Wayne e Montgomery Clift, no tradicional confronto de veterano e novato que aprendem a respeitar-se mutuamente, um "Mutiny on the Bounty no faroeste", diz Leonard Maltin, um filme do realizador de quem ainda ontem falávamos e que - escreveu um crítico francês, com aquele jeito para as frases dos franceses - filmava à altura dos homens, ou uma coisa deste género.

PASSEIOS DE DOMINGO (EM ATRASO) - FOZ DO CUNENE


Terminei ontem em Lubango (ex-Sá da Bandeira) e Luanda o "meu" raid à Foz do Cunene. Foi uma viagem muito interessante, fantástica se me deixar de correcções semânticas.
Antes de pormenores fica uma imagem do Cunene mais ou menos no lugar onde acampamos há 4 dias.

domingo, junho 08, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - SEGUNDA PARTE

Hatari!, de Howard Hawks é o segundo da espampanante meia-dúzia de filmes que, depois de um interregno de quatro anos, a seguir a Land of Pharaohs (1955), encerrou descontraídamente a carreira de Howard Hawks, uma das lendas da realização americana, membro destacado do panteão da crítica francesa que idolatrou úm certo número de realizadores americanos nos anos 50 e 60. Os outros foram Rio Bravo (1959, mais palavras para quê?), a comédia O desporto favorito dos homens (Man's favourite sport, 1964, a apoteose de Paula Prentiss, ainda alguém se lembra dela?), o filme de automóveis Red Line 7000 (1965), El Dorado (1966, o western que repetia em comédia o drama de Rio Bravo, com Robert Mitchum e, de novo, John Wayne) e Rio Lobo (1970), o único que, segundo me lembro, fraqueja. Quanto a Perdigão Queiroga, diz a wikipedia que realizou com As pupilas do Senhor Reitor (1961) o primeiro filme português em cinemascópio, mas eu acho que não - primeiro esteve O primo Basílio (1959) de António Lopes Ribeiro; não sei se a confusão é por um ser a cores e o do António ser a preto e branco.

QUE FITA VAI HOJE? - MAIS CEDO

Hoje é mais cedo do que o costume, mas é domingo. Às cinco em ponto da tarde passam ao mesmo tempo dois filmes a rever: Fado, História de uma cantadeira, 1948, o melhor filme de Perdigão Queiroga, com Amália e Virgílio Teixeira, e Hatari!, 1962, de Howard Hawks, na RTP1 e no canal Hollywood, respectivamente. Continuamos a conversar mais tarde.

sábado, junho 07, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - JÁ

Às 23.30, na RTP 2, o filme de sábado é O inimigo público (The Public Enemy, 1931, William Wellman), com James Cagney, mais do que uma vez aqui aludido, se bem me lembro. Bem sei que num dia de em que o jogo da selecção nacional concentrou as atenções - e a vitória está a ser festejada, houve muito que fazer, mas há mais: no TCM, às 21.45, passava My Favourite Year (Richard Benjamin, 1982), que me divertiu muito quando o vi, com o que me pareceu uma excelente interpretação cómica de Peter O'Toole, e que penso que continua a ser divertido; recorda os tempos em que tudo na televisão era em directo e tem outras curiosidades, como a presença num dos papéis de Adolph Green, autor, com Betty Comden, de muitas comédias musicais célebres e de canções como, nem mais nem menos, "New York, New York". No mesmo TCM está a correr Golpe de Misericórdia (Colorado Territory, Raoul Walsh, 1949), um western que não é para desprezar. Há dias em que acontece tudo ao mesmo tempo.

quarta-feira, junho 04, 2008

JOHN STEINBECK (1902-1968)

Na minha magra biblioteca de romancistas americanos "sérios" só tenho um romance de Steinbeck, o primeiro e, até agora, o último dos seus livros que li de fio a pavio. É uma edição francesa: Des souris et des hommes, Le Livre de Poche (éramos assim nos anos 50, como acaba de lembrar o Jaime). Nunca li A Leste do Paraíso - mas vi o filme, que revelou e consagrou James Dean, dirigido por Elia Kazan, como estão fartos de saber. Robert Gottlieb, num artigo do jornal The New York Review of Books intitulado "The Rescue of John Steinbeck" opina que, com todos os seus defeitos, este é o seu melhor romance; para este crítico, entre muitos romances maus, são East of Eden e The Winter of our Discontent (o último que publicou) os únicos que lhe conferem alguma estatura como romancista e um lugar de relevo na história da ficção norte-americana. Provavelmente tem razão, como a tem certamente em lhe atribuir, sim, um talento acima do normal como "repórter"; não é caso único entre os escritores americanos, grandes jornalistas e romancistas tantas vezes falhados: vejam-se os exemplos de Norman Mailer, Tom Wolfe, mesmo Truman Capote, e alguns outros nomes ilustres. Nos anos juvenis em que muito avaramente gastei algum tempo a tentar lê-lo, eu embirrava um bocado com John Steinbeck, com a sua popularidade entre a juventude com pretensões intelectuais do meu tempo, com o seu suposto "progressismo". E embirrava também com a "mística" do Nobel (que Steinbeck recebeu em 1962), sem saber sequer que ainda haviam de o dar a José Saramago. Congracei-me vagamente com ele, mais tarde, por causa do seu prefácio a um livro de Al Capp (o criador reaccionário dos comics incomparáveis de Lil'Abner, do Shmoo e de Fearless Fosdick ) e porque, nunca muito querido dos críticos do seu país, a sua defesa da intervenção americana no Vietname o tornara finalmente impopular nos círculos do semi-analfabetismo bem pensante. "Tinha-se tornado- escreve o articulista referido - essa coisa embaraçosa e pouco na moda que é um patriota". Não cheguei, confesso, ao ponto de voltar a tentar pegar nos seus romances. Pode ser que tente outra vez lê-lo, nem que seja só o jornalismo de guerra.

QUE FITA VAI HOJE? - OUTRA VEZ

Já posso dar o título português (não sei se cheguei a dá-lo?) de Gunfight at the OK Corral, de John Sturges, que me foi lembrado pelo canal Hollywood que passou o filme esta tarde: é Duelo de Fogo. Esta noite a TVI exibe mais uma tentativa mal sucedida de recriar Hitchcock: Um homicídio perfeito (Perfect Murder, 1998, com Gwineth Paltrow no papel que foi inesquecivelmente de Grace Kelly). O original, Dial M for Murder (Chamada para a morte, salvo erro - é isso, é - 1954) vale mais que esta nova versão, um dos filmes menos conseguidos de Andrew Davis. Mesmo assim, esta versão alterada do filme de Hitchcock é melhor do que a falsa "cópia" de Psycho realizada por Gus van Sant, que não tem graça de espécie nenhuma. Dial M for Murder foi a única tentativa de Hitchcock entre meia dúzia de exemplares do filme em 3D, ou seja, três dimensões, uma ideia que nunca vingou e foi das mais disparatadas reacções da "indústria" à concorrência da televisão.

TER ESCRITO - 2

No mundo anglo-saxónico as referências à fórmula hate writing, love having written são incontáveis. Eis alguns dos autores a quem são atribuidas variações do mesmo pensamento: Dan Brown, Stephen J. Cannell (produtor e argumentista de televisão), e outros ainda menos ilustres - ou mais ilustres como Douglas Adams, o do Hitchiker's Guide to the Galaxy e outras "pequenas maravilhas", como dizia um amigo meu das suas grandes admirações, escritor "prematuramente" desaparecido (morreu a fazer jogging). Em 90% dos casos a frase é devidamente (?) atribuída, no entanto, a Dorothy Parker, como já indicámos.

segunda-feira, junho 02, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - DEPOIS DE CAIR A NOITE

Às 23.40, no TCM, passa mais um filme pouco fácil de ver: The Scapegoat (Robert Hamer, 1959), cujo título português não sei mas poderia ser, traduzido à letra, "O bode expiatório". É um filme de "duplos", com Alec Guinness em dois papéis - o que não é nada comparado com os oito que desempenhou noutro filme do mesmo realizador, Oito vidas por um título (1949). Este filme, Kind hearts and Coronets, é uma das justamente célebres comédias dos Ealing Studios, o humor cinematográfico inglês no seu melhor (incluem, por exemplo, o excelente The Lady Killers (O quinteto era de cordas, de Alexander MacKendrick, já lembrado aqui, e dois ou três filmes dirigidos por Charles Crichton, que foi recuperado uns anos antes de morrer para assinar a impecável realização de Um peixe chamado Wanda, pela qual bem mereceu a sua primeira nomeação para um Oscar, depois de vinte anos sem assinar um filme). Um "espontâneo" chama a The Scapegoat um "filme da Ealing", mas os Ealing Studios já tinham fechado quando foi feito, embora o pessoal seja o mesmo (há um livro muito completo sobre os Ealing Studios, de Charles Barr, , 3rd ed., 1988 [1977]). O argumento é baseado numa obra de (Dame) Daphne du Maurier, de que poucos estarão lembrados, mas cujos livros estiveram na origem de, por exemplo, dois filmes de Hitchcock, Rebecca (1940) e The Birds (Os pássaros, 1963) e outros. The Scapegoat foi o penúltimo filme de Hamer, que morreu novo - 1963, com 52 anos - e cuja filmografia como realizador não é muito extensa. Inclui outros filmes com Alec Guinness, entre os quais o Father Brown de 1954, ao que se diz a melhor versão cinematográfica do imortal padre detective criado por G.K. Chesterton. Hamer não tem nada a ver como os Hammer Studios, mas isso é outra história. Embora já seja tarde demais para o ver esta noite, não quero passar em claro O ano de todos os perigos, (The Year of Living Dangerously, 1982, exibido hoje, também no TCM, um dos melhores filmes de Peter Weir: com este filme mais Under Fire, (Roger Spottiswoode, 1983), The Killing Fields, (Roland Joffé, 1984), Air America, (Roger Spotiswoode, 1990), The Dogs of War, (John Irvin, 1980), fazia-se um belo ciclo cujo título ainda não pensei - Indonésia, Nicarágua, Cambodja, Laos, África ocidental.

QUE FITA VAI HOJE? - ESTA, PARA JÁ

Dentro de cinco ou dez minutos, à 1.00, no canal TCM o dia começa com o filme O homem que ri (The Man Who Laughs, Paul Leni, 1928), com Conrad Veidt, o actor de O gabinete do Dr. Caligari; expressionismo alemão transplantado para Hollywood, mais um dos muitos transplantes que criaram o cinema "americano", exemplo do melting pot cada vez mais distante na América que se desune (vide The Disuniting of America, 1991, um livro pouco mencionado do insuspeito Arthur M. Schlesinger, Jr., que morreu o ano passado). Baseado num romance de Victor Hugo, a máscara do protagonista inspirou, diz-se, muitos desenhadores de histórias em quadradinhos, em especial a do Joker da banda desenhada Batman e do filme que dela foi tirado por Tim Burton (o primeiro, em que o papel desse vilão esteve a cargo de Jack Nicholson). Entretanto, durante uma boa parte da noite, o TCM maçou-nos horas e horas com o Dr. Jivago, um filme de David Lean que muita gente conhecerá e de que muita gente gosta e cujos encantos, por qualquer razão, são para mim absolutamente resistíveis.

IN PRINCIPAL

Num reputado jornal literário de Nova Iorque , numa "carta ao director" de um reputado alto funcionário americano, vem escrito "in principal" em vez de "in principle" (erro ou lapso de escrita do autor e distracção do revisor?), o primeiro exemplo que encontro da inversão de um erro cada vez mais comum em textos norte-americanos, que é o de escrever "principle" por "principal": a fonética mascavada tornou, finalmente, as duas ortografias indestrinçáveis e privou-as de sentido. Há cada vez mais erros destes em toda a parte. Com e sem acordos ortográficos.