quinta-feira, junho 28, 2007

PRADA

Juan Manuel de Prada declarou recentemente, num Curso de Narrativa para jovens, que não voltará tão cedo a escrever um romance.

Tenho pena, pois sou grande admirador da sua escrita, do seu estilo e talento. No entanto, posso compreender a sua decisão. Depois de levar cerca de três anos a escrever a última obra El Séptimo Velo (sobre a qual fizemos já aqui uma pequena recensão), sente necessidade de um intervalo antes de voltar a embarcar no domínio da ficção. Como afirma: "la inspiración, que es fundamental en la escritura, hay que cultivarla, debe estar fortalecida por el esfuerzo y la disciplina."

Considero Juan Manuel de Prada um dos maiores escritores da actualidade, e parece que não estou sózinho. Assim, é de realçar esta declaração de humildade e contrapô-la à prolixidade da maior parte dos escritores da actualidade, escritores de segunda ou terceira categoria, que não cessam de produzir livros e mais livros que, afinal, nada trazem de novo.

Entretanto, enquanto inicio esta nova (e longa!) espera pelo próximo romance deste autor espanhol, terei de me conformar com as suas crónicas no diário "ABC", também elas cheias de interesse e qualidade.

quarta-feira, junho 27, 2007

A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO 2- OS MALEFÍCIOS DO TABACO

Cenário: um jornal de referência português. Tempo: um dia destes. O título da primeira página afirma: "Tabaco provocou 12 mil mortes em Portugal no ano de 2005". Vamos ler a notícia, acendendo logo um cigarro, arripiados: logo nas primeiras linhas o texto revela que "as causas" da morte dessas 12 mil pessoas são "atribuídas [itálico nosso]ao consumo de tabaco". Mais à frente, já no interior, ficamos a saber que se trata de uma estimativa ("estima-se que o tabaco tenha sido responsável por....") constante não de um estudo médico mas de um trabalho de economia. Donde vêm outros elementos, como o cálculo das probabilidades da aparição do cancro de pulmão (vinte e três vezes mais num fumador do que num não fumador) -não se sabe, embora pelos vistos tudo isto seja de uma impressionante precisão (23 vezes, não mais ou menos 20 ou cerca de 25; as supostas vítimas do tabaco são, exactamente, 12.615, nem mais uma nem menos uma). Mais uma nota interessante: o estudo - ou pelo menos a notícia do estudo - atribui a tudo isto um preço de não sei quantos milhões em despesas de saúde - "se os fumadores tivessem cessado o consumo tinha-se poupado....etc."; não há qualquer referência, no entanto, a quanto arrecada o Estado em impostos sobre o consumo do tabaco, uma grande fatia do respectivo preço (como no caso da maldita gasolina).

terça-feira, junho 26, 2007

LIMPEM OS PASSEIOS!

Com sinceridade, confesso que não tenho seguido muito a campanha eleitoral em Lisboa. As razões são diversas: outros afazeres e, sobretudo, uma imensa falta de pachorra para ouvir sempre as mesmas promessas, com a certeza de que não irão ser cumpridas. No entanto, tenho ouvido falar em grandes projectos megalómanos, saneamentos financeiros, planos de reordenamento, programas de integração das minorias, etc. Não vejo nada é sobre a imundície que reina na capital. Eu já não falo dos buracos nas estradas, dos graffitti nas paredes, da poluição que vai pelos ares (ai os autocarros públicos!). Olhem apenas para os passeios, para o sítio onde andamos todos os dias, para a esburacada calçada à portuguesa que tantos insistem em manter. Não estará na altura de pôr alguma ordem nos nossos passeios? Que tal multar os donos dos cães que emporcalham o sítio por onde passamos? Que tal punir as lojas que despejam as águas da limpeza para a rua? Que tal acabar com o estacionamento em cima dos passeios (mas encontrem-se alternativas!)? Caramba, aumentem a frota dos "moto-cão" (alguém já os viu?), voltem às mangueiradas. Façam alguma coisa. Das promessas estamos fartos. Um pouco de higiene!

segunda-feira, junho 25, 2007

A NOSSA PÁTRIA

A incluir na secção da revista "A Nossa Pátria" (é a língua portuguesa...): um estimável representante da comunidade dos praticantes de ioga portugueses informou-nos numa entrevista televisiva que o ioga ajuda a enfrentar as "diversidades" com um espírito cheio de "positivismo". Todo um programa.

domingo, junho 24, 2007

"TARDE EM ITAPUÃ"-JÁ AGORA O POEMA...

PASSEIO DE DOMINGO-NO FAROL DE ITAPUÃ


Era mesmo aonde eu gostava de ir hoje-a Itapuã...Com a companhia verbal e musical do Vinicius e do Toquinho, com umas crónicas e memórias do João Ubaldo e do Jorge Amado, ir aqui até ao Farol e ficar a pensar no lado de cá e no lado de lá. Sem ter que decidir nada, só ouvindo a tarde passar, a tarde de domingo, quando aí começa o "Inverno" tropical.

sábado, junho 23, 2007

THOMAS H. BENTON OUTRA VEZ-"THE COTTAGE BY THE SEA"


INSPIRATION POINT BERKELEY

“If you despise this state so
why did you come here?”
I come here to remind myself
The meadows are designed
by Thomas Hart Benton
Underneath the bridge
white sharks are preying
It is a golden door to Singapore
The freighters are bringing
rare mushrooms
The mountain lions are yawning
There are walkers, cyclists, and
runners on the trails
I never knew there were so
many shades of trees
The cows and I are black
I don’t even mind the radio
towers
From here
you can see everything
but the faults.

Ishmael Reed

THOMAS HART BENTON-PINTOR DA AMÉRICA


"Poker Night" é um quadro de Thomas Hart Benton (1889-1975) um destes pintores americanos "característicos", no duplo sentido de se ver que são americanos e de terem "características" que os distinguem dos outros... Como Edward Hopper, Virginia O'Keefe, ou Paul Turner Sargent. Acho que faz a capa de uma edição de peças de Tennessee Williams, na "Penguin". Fui à procura de outras obras suas. Deixo aqui algumas:

Em cima,"The Twist" (1964).

quinta-feira, junho 21, 2007

AEROPORTO '07

Não querendo ser menos que o resto dos nossos concidadãos aqui fica um contributo para o debate nacional sobre o novo aeroporto internacional, já conhecido por "debate sobre a Ota" ("Ota" já se transformou em sinónimo de "novo aeroporto internacional português", como "Kodak" chegou a ser usado como sinónimo de máquina fotográfica ou"em technicolor" de filme a cores, porque durante muito tempo parecia que não havia alternativa).
Ainda não vi ninguém referir que em Londres foi construido há uns bons anos em plena cidade (num aterro das docas) um aeroporto que começou por ser de uso limitado e se tem desenvolvido e vai continuar a desenvolver-se a grandes passos; é um aeroporto de propriedade privada que no princípio só podia receber aviões de pequeno porte e hoje já recebe carreiras regulares com aparelhos de médio porte, para gente que viaja entre a City e várias cidades europeias, usado por milhões de passageiros. Quem quiser mais informação sobre o London City Airport pode visitar o site do mesmo. O Mayor de Londres, ao contrário do Dr. António Costa, não acha que essa "Portela" de Londres deva ser desactivada ou desencorajada por causa dos perigos, incómodos ou outros hipotéticos impactos ambientais para a população da cidade, antes pelo contrário, o que só se explica porque Londres precisa mais de visitantes e de negócios do que Lisboa, cuja pujança é a admiração do mundo civilizado. A "Portela" de Londres não tem investimento público, nem precisa: o segundo dono comprou o City Airport há uns anos por umas dezenas de milhões de libras e vendeu-o o ano passado a um consórcio internacional por um considerável número de centenas de milhões.

quarta-feira, junho 20, 2007

O LIBERALISMO PORTUGUÊS

Os primeiros "liberais" propriamente ditos que conheci pessoalmente não eram portugueses nem os encontrei cá. Eram espanhóis e foi em Madrid que travei relações com eles na segunda metade dos anos 70. Tenho ideia que me foram apresentados por Martim Cabral . Um dos meus acompanhantes, a certa altura, nessa inesperada camaradagem, foi o António Marques Bessa, precursor de muitas admirações hoje na moda, mas pouco conhecido como profeta do liberalismo económico entre nós. Estivemos com esses nossos liberais na fase da criação do próprio Partido Liberal que chegou a existir em Espanha, até se diluir na UCD de Adolfo Suárez ou coisa parecida. Eram, principalmente, os irmãos Reig, Luis e Joaquín, de uma mais do que abastada família catalã, gente muito bem educada, hospitaleira e amabilíssima, donos de muita coisa - incluindo parcelas importantes da banca espanhola e uma editora que vendia livros por assinatura, a Unión Editorial. A UE publicou em Espanha os textos de Von Mises, Von Hayek, Milton Friedman, etc. Foram eles que me deram o La Acción Humana, um grande livro de Mises. Não mo "deram", propriamente: venderam-mo. Não havia almoços grátis, a não ser quando nos abriam cordialmente as portas das suas casas para umas tertúlias muito agradáveis, divertidas e estimulantes, o que acontecia com generosa frequência. Estavam ligados a certos grupos liberais ingleses e à Mount Pelerin Society e contavam com um pequeno grupo de economistas espanhóis da mesma persuasão, menos ou mais conhecidos- como Júlio Pascual e Pedro Schwartz. Em Portugal - tirando o caso de Orlando Vitorino e do seu grupo - nunca conheci ou ouvi falar de liberais até muito recentemente. Dá-se o caso que hoje, justamente, foi apresentado na FNAC do Chiado um livro do "Compromisso Portugal" (Alexandre Relvas, António Carrapatoso, Miguel Coutinho, Rui Ramos, V. Pulido Valente e outros) que se apresenta, no fundo, como um manifesto liberal, com o título Revolucionários!. Vamos ler e comentar. Entretanto, logo de entrada no texto de Vasco Pulido Valente, publicado em parte no Público desta manhã, lá se diz que em Portugal "a mudança (isto é, no caso, o liberalismo) veio de fora" - e pela força: "Foi o invasor, escreve VPV, que separou o Portugal velho do novo Portugal". Isto lembra-me duas coisas. A primeira, um estudo do meu pai, que saíu em folhetins no Diário da Manhã, sobre o que ele chamou "A nossa guerra dos cem anos" (1826-1926) e que talvez valesse a pena desenterrar e publicar em livro. Em segundo lugar, a incompreensível tese, que se tornou habitual assestar como uma evidência a propósito da invasão do Iraque, de que "a democracia não se pode impôr à bomba", uma ideia que a história dos últimos três ou quatro séculos constantemente mostra ser precisamente o contrário dos factos, em particular na Europa do século XX. Pense-se na Guerra Civil americana (a primeira Guerra Total?), na Revolução Francesa, na República Portuguesa, na Democracia Alemã, na actual República Italiana, na V República ainda vigente em França, no Portugal actual, etc. Aquilo a que se costuma chamar "democracia" - sejam quais forem os seus méritos ou deméritos - é "à bomba" precisamente que tem sido quase sempre instaurado. Não é um argumento contra "a democracia", nem sequer a favor dela. Parece é de um "óbvio ululante".

DUBRAVKA UGRESIC 2 - LISBOA E A IMAGINAÇÃO EUROPEIA RECENTE

A escritora croata Dubravka Ugresic foi aqui chamada há dias, em atenção ao seu livro de crónicas, sátiras, etc. Thank you for not reading. É também romancista e um dos seus romances tem o prometedor título de Museum of Unconditional Surrender ("Museu da rendição incondicional"). Segundo a sinopse disponível na Amazon, os personagens vivem "em Berlim e Lisboa". Ficámos ainda com mais curiosidade de o ler. A presença de Lisboa nos títulos e nos textos da ficção europeia dos últimos vinte ou trinta anos (não só literária, lembre-se por exemplo "A Cidade Branca" de Alain Tanner) merece um catálogo e um estudo.

terça-feira, junho 19, 2007

"SACRE BLEU, AVEC LE TRUC DE COLOMBIE, VOUS NOUZAVEZ OUBLIÉS!"



É verdade, Capitão, e não fosse ontem ter dado uma olhada aqui na blogosfera local, passava !Promet(o)emos emendar!

segunda-feira, junho 18, 2007

IMPRESSÕES DE BOGOTÁ 4-(OUTRO BOTERO) E (MÁS ) IMPRESSÕES DE LISBOA



Voltei hoje de Bogotá,via Madrid. Ao chegar a Lisboa, depois de mais de 12 horas de voo, o subtil funcionário das alfândegas nacionais, olhando para a minha mala etiquetada com o trajecto, pergunta-me donde venho..."De Bogotá via Madrid!" Manda-me passar à revista, feita por uma colega sem luvas. Pergunto-lhe se não é do Regulamento que a vistoria das malas se faça com luvas...Com um ar feliz,como anunciando a chegada da Liberdade ou o fim da crise, a criatura diz-me"Isso já deixou de ser obrigatório há muito tempo".
Costumo,por trabalho e por curiosidade, andar por países esquisitos e não vou agora pedir contas desta "subtileza", que nem sequer chegou a ser grosseira. Embora seja triste e sinal de um "atraso portugês". Já agora alguém me sabe dizer se, de facto, as luvas foram abolidas?
Para alegrar os espíritos fica aqui mais este Botero. E deixem-me acrescentar que em poucos países vi pessoal -nos hoteis, nos restaurantes, nas lojas, nos táxis, na rua, soldados, polícias,-tão bem educado e amável como na Colômbia! Mas falarei disso outro dia.

NO FAROESTE

O Far West já se escreveu assim em português: faroeste - nos tempos em que o faroeste ainda era vivo (quem, tirando gente de gerações em vias de extinção, como eu, ou cinéfilos muito esquisitos, ainda é capaz de ver e tomar a sérios os filmes de cowboys, o western?). A RTP 2, num daqueles curiosos ciclos de cinema em sessão dupla que tem programado nas noites de sábado, apresentou neste fim de semana um dos filmes - talvez o filme - em que o género foi mais dignamente enterrado: Os Pistoleiros da Noite (1962), de Sam Peckinpah (do Peckinpah ainda fresco, ainda não consagrado nem decadente, como começaria logo a ser, quase ao mesmo tempo), um filme conhecido em inglês por dois títulos, Guns in the Afternoon e - como aparece hoje em quase todos os livros de referência - Ride the High Country. Os dois protagonistas do filme, que tiveram ambos uma notável carreira em filmes do faroeste, são Randolph Scott e Joel Mc Crea. Interpretam dois pistoleiros em fim de carreira e tinham na altura a idade dos seus personagens, à volta dos sessenta anos (coisa, em si, revolucionária). Nasceram os dois perto do princípio do século passado (1898 e 1905), com pouca diferença de John Wayne (1907). O centenário do nascimento de Wayne está a ser comemorado com bastante mais pompa e circunstância do que os deles, que passaram sem história - e também mereceriam ter sido assinalados. Wayne, no entanto, tem outra dimensão, de facto. Acabo de rever um dos seus filmes em que menos se fala e que está disponível em dvd (obra do centenário?). Só o tinha visto uma vez, numa cópia um bocado estragada e mutilada, no Politeama de outros tempos, salvo erro, e não desilude: Hondo (1953), um belo filme de John Farrow. Não vamos falar, para já, de John Farrow, um realizador da mesma geração destes actores - nasceu em 1903 e que também dirigiu o famoso The Big Clock (1948), de que No Way Out (1987), com Kevin Kostner foi um muito razoável remake (adaptando uma história de crime passional ao cenário da Guerra Fria) e outros filmes dignos de menção; lembro, só por curiosidade, que foi pai de Mia Farrow, um duvidoso título de glória. Mas estas conversas não são como as cerejas, são ainda piores: acrescento ainda que num dos melhores filmes de Woody Allen (Hannah and Her Sisters, 1986) a mãe de Mia Farrow, a actriz Maureen O'Sullivan, interpretava o papel de mãe da personagem representada pela filha; o papel de pai coube nesse filme a Lloyd Nolan, outro nosso velho conhecido dos filmes americanos dos anos 30 e 40. Fiquemos por aqui.

O FRACASSO DAS ILUSÕES

Existe em Budapeste um "Instituto 1956" dedicado à investigação e história do levantamento húngaro de 1956. Em toda a parte, mas em especial nos Estados Unidos, têm proliferado nos últimos tempos os estudos sobre o período da Guerra Fria, em geral. A abertura de muitos arquivos soviéticos e outros tem permitido aquilo que se costuma designar por história "internacional" desse período, cujo estudo estivera até há relativamente pouco tempo confinado ao ponto de vista "ocidental" e quase exclusivamente americano. Era o único documentado enquanto não houve acesso a outra documentação e outros testemunhos, que só a dissolução da União Soviética e do Pacto de Varsóvia permitiu. Um dos mais recentes volumes publicados sobre a revolta da Hungria é Failed Illusions, da autoria de Charles Gati, um estudioso norte-americano de origem húngara (foi para os Estados Unidos depois dos acontecimentos de 56, já com vinte e tal anos, e hoje lecciona na Johns Hopkins University).
Uma das questões mais espinhosas das novas revelações sobre os países da chamada Europa de Leste sob domínio soviético tem sido a da relação dos respectivos cidadãos - dos mais altos responsáveis comunistas aos mais vulgares "homens da rua" - com as polícias políticas locais ou do Centro. É uma questão que nalguns países como a Hungria ou a Polónia se tem tornado numa questão política de muita relevância actual. A simples consideração da quantidade de gente envolvida torna o tema "incontornável": foram pioneiras as informações dadas a público sobre a actuação da Stasi na Alemanha de Leste (como The File, A Personal History, publicada em 1998 por Timothy Garton Ash). Na Stasiland e no resto dos países sob controle de Moscovo os informadores das variadas polícias eram às centenas de milhares, sem falar do número de funcionários (na Alemanha de Leste eram um múltiplo considerável dos que a Gestapo teve em toda a Alemanha e territórios ocupados). Na Hungria eram 40.000, na Polónia muitas dezenas de milhar também, em percentagens das populações que chegavam aos 2% (o que em Portugal, incluindo territórios do Ultramar, daria um número da ordem dos 400.000). Mas o que torna tudo mais doloroso é a qualidade desses informadores: irmãos, amigos, colegas, amantes e por aí fora.
O livro de Gati, publicado na América, também não é amável para o Ocidente e os Estados Unidos e uma NATO cujas iniciais, dizia-se sarcasticamente nesses tempos, correspondiam a No Action, Talk Only. Mas isso é outra história.

sábado, junho 16, 2007

SEGURANÇA ESPIRITUAL

André Brun diverte-nos, num dos seus textos, com a história de um desgraçado que na Lisboa pelintra do primeiro quartel do século passado, enlouquecido pela miséria e pela fome acaba a fritar nuns restos de brilhantina um esquálido peixinho encarnado roubado do aquário da pensão. Na Rússia de hoje - contam seriamente os jornais de uma destas manhãs - muitos dos seus muitos bêbados engulam - à falta de melhor - águas de colónia baratas e outros produtos similares para se abastecerem do necessário módico de álcool, em vez do vodka que não têm dinheiro para comprar. A desgraça - provisória, provavelmente, e talvez inevitável - em que as desgraças da Rússia pós-comunista lançaram muitos milhões de pessoas, não tem graça nenhuma. Ajuda a explicar que a "segurança espiritual" faça parte dos objectivos estratégicos do novo Estado Russo novo dirigido por Putin: uma especialista em asuntos da Rússia contemporânea descreve num dos seus trabalhos o novo "culto do FSB" (o FSB é a organização herdeira do KGB na Rússia nova) e a estreita ligação entre o chamado "chekismo" e a Igreja Ortodoxa, que desde 2002 tem uma Igreja consagrada em terrenos da Lubianka (os antigos cárceres do KGB), e alarma-se com isto, embora admita que "sob certos aspectos estejamos perante manifestações de tradicionalismo semelhantes às que existem noutras partes do mundo". Há muita coisa que parece fácil empurrar porta fora mas acaba por voltar a entrar pela janela.

IMPRESSÕES DE BOGOTÁ 3- MUSEU BOTERO



Ontem fui com a Mona E.P. ver a Candelaria, algumas igrejas antigas e os Museus do Ouro e "Botero". O Botero sempre me levantou pensamentos e sentimentos desencontrados. Mas por estar aqui na sua terra colombiana-nasceu em Medellin em 1932-fui agarrado pelo lado positivo,por esta mistura de Douanier Rousseau com folclore e violência hispano-americana. Vejam se não é único este quadro? Nós achamos.

sexta-feira, junho 15, 2007

IMPRESSÕES DE BOGOTÁ 2



A cidade é do século XVI, com esta carga monumental barroca de partida, um século XIX que fica em ruas românticas, pintores naturalistas, varandas ou balcões "galdosianos", no meio de uma urbe gigantesca, com 7 milhões de pessoas, arrumada em coliseu, fechado pelas montanhas. A qualidade de vida, é claro que concerteza na área alta e alta-média, é boa.Bons hotéis, excelentes restaurantes, boas livrarias - além do Garcia Marquez a Colômbia tem uma série de escritores de primeira escolha de que falarei depois, boas lojas de moda feminina e masculina, ruas sombreadas por árvores e jardins.E um ar fresco de altitude (2640 mts) sem o opressivo de La Paz, na Bolívia, que vai perto dos 4000.
Estria-se hoje a versão teatral de"Cem anos de Solidão", numa versão do sobrinho de Gabo-Esteban Garcia - encenada pelo russo David Gurji. Nas primeiras páginas dos jornais os presidentes andinos do Peru, da Colômbia, da Bolívia e do Equador, protestam contra a decisão da FIFA de não permitir eliminatórias a mais de 2500 metros de altitude.

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DUBRAVKA UGRESIC E O NOVO "REALISMO SOCIALISTA"

"Adoro ver o show de Oprah Winfrey. Cultura, auto-educação, a realização de elevados objectivos pessoais, alma sã num corpo são, apoio aos pobres (Universidades para os pobres!), apoio aos jovens e às pessoas de talento, apoio à educação dos adultos, a crença de que quanto mais saudável uma pessoa fôr mais saudável será a sociedade, a certeza de que a palavra escrita pode transformar as nossas vidas (e o mundo!) e de que saber é poder - tudo isto eram lugares comuns da antiga propaganda cultural comunista. Às vezes chego a julgar que a Oprah é a minha professora da instrução primária que me está aparecer no ecran de televisão passados estes anos todos. Mudou de língua, mudou de cor e de aspecto mas percebo e amo tudo o que ela diz porque já ouvi aquilo tudo há muitos anos."



(Thank You for Not Reading, Essays on Literary Trivia, Dalkey Archives, 2003, é um livro de reflexões, ficcções, crónicas, ensaios, quase sempre em modo satírico, irónico ou sarcástico, da escritora croata Dubravka Ugresic, um nome que já é e vai ser muito mais conhecido. Deve estar a aparecer entre nós. Este livro foi publicado originalmente em holandês (ela vive na Holanda) mas foi traduzido para inglês da língua original. Dubravka Ugresic tem ensinado em várias universidades nos Estados Unidos e na Europa. Nos últimos anos tem recebido inúmeros prémios literários, o crítico inglês Clive James escreveu sobre ela, etc. No Google, quando fui lá ver, tinha 152 mil referências, das quais, nas primeiras páginas, pelo menos, uma quantidade delas em polaco. Esperamos que as citações de Pierre Bourdieu que salpicam este livro não correspondam a uma especial consideração por esse maçador.)

quarta-feira, junho 13, 2007

IMPRESSÕES DE BOGOTÁ 1



Hoje, que com 6 horas de diferença, aí já amanhã -Santo António, cheguei a Bogotá.O voo da Ibéria cruza o Atlântico até Caracas e depois corta até aqui. Aqui está a 2640 metros de altitude, o ar é límpo e fresco. Estou para já longe do Centro Histórico e numa parte da cidade parecida com o boneco que aqui deixo.

terça-feira, junho 12, 2007

EMIGRAÇÕES

Muita gente tem vindo ultimamente a falar da tristeza e descrença que invadiu a sociedade portuguesa. É um facto e é particularmente gritante quando vemos alguns amigos a afirmarem que já não conseguem viver no País onde nasceram e que amam acima de tudo porque acham que "este país" é já outro país; também a nossa juventude, que só consegue perspectivar um futuro melhor com recurso à emigração. É triste que em pleno século XXI, com todos os fundos europeus, com já mais de trinta anos de "liberdade", "democracia" e "progresso", seja essa a única solução.

Bem sei que as nossas elites não ajudam, que a corrupção grassa e que o atraso se vai agravando, mas não há ninguém que consiga, tão sómente, dar um pouco de esperança à nossa juventude? Curiosamente, este é, hoje em dia, um fenómeno que não diz respeito apenas às classes mais desfavorecidas (que continuam a partir, para Inglaterra, para a Holanda, Espanha ou outra terra qualquer onde sejam bem exploradas), mas também aos jovens com mais habilitações, que partem em busca de um sítio que reconheça as suas qualidades e que lhes dê as condições para as desenvolverem.

Antes, a justificação era a guerra e a crise a ela associada. Hoje, que explicação se encontra para uma tal crise, para uma tal ausência de esperança? Haverá aí muitos tecnocratas prontos a darem explicações que julgam convincentes, mas, cá para mim, talvez se estudarmos o já longínquo e muito esquecido Verão Quente de 1975 possamos encontrar algumas pistas... É que uma boa parte das nossas "elites" foi formada nessa escola e, ainda hoje, sofremos as consequências.

segunda-feira, junho 11, 2007

ESTALINISMOS

No seu último livro, intitulado Comrades: History of World Communism (Macmillan), Robert Service faz uma análise demolidora do comunismo. Contudo, para que tal estudo seja demolidor não precisou de grande paixão ou empenhamento ideológico, limitou-se a descrever a realidade. Comparou regimes - a Rússia soviética, a China (a da Revolução Cultural e a do presente), a Coreia do Norte, Castro e Pol Pot - para encontrar uma matriz comum. E encontrou-a, chama-se totalitarismo. Os esquerdistas de serviço não gostaram e consideraram que o autor não estava a ser objectivo. O problema é que estava, bastando apenas viajar por qualquer desses países (dos que já se podem visitar) para nos apercebermos do horror em que viveram todos esses povos.

A escola "revisionista" da historiografia soviética não aceita as conclusões deste autor: em todos os casos de regimes comunistas houve uma aproximação ao modelo soviético. E este modelo caracteriza-se pelo terror (as polícias políticas; os campos de trabalho; as deportações; os saneamentos, etc.), pela nacionalização da economia, pela perseguição à Igreja e às instituições tradicionais, pelo controlo total dos media.

Os arautos do comunismo (que ainda os há) não conseguem compreender que o autor foi apenas intelectualmente honesto na sua análise dos factos. Falou das perseguições, do controlo total e absoluto das populações no plano interno e nas tentativas de exportação do modelo. Referiu a nomenklatura e o partido único, e falou da censura e da cultura oficial do Partido. No entanto, não se esqueceu também de mencionar os níveis de formação escolar da população, que subiram, o crescimento industrial e o desemprego que praticamente desapareceu.

Apesar da objectividade, os representantes da intelligentzia não se cansam de o insultar. Um dos últimos foi Seumas Milne, no The Guardian, onde classifica Robert Service como "neoconservador", tentando assim pôr um carácter ideológico numa obra que tem apenas uma natureza marcadamente científica. Lá, como cá, a técnica do costume: a difamação pura e simples. O autor defendeu-se em artigo do passado dia 07 de Junho no "Newstatesman", intitulado "Party Politics", acusando Milne de recurso a métodos "estalinóides" de argumentação. Também me parece que sim.

MANUEL GAMA (1929-2007)

Alguma coisa faremos de mais sério em memória do Manuel Gama, amigo de sempre, desaparecido já lá vai um mês (morreu no Rio, em fins de Abril - o tempo não passa, voa). Vivia no Brasil desde 1974. Nestes últimos trinta e tal anos vimo-nos três ou quatro vezes, há muitos anos, no Rio - noutra vida - e, em Lisboa, nas suas poucas visitas. A última, se não me engano, já lá vão quase dez anos. Do que nós perdemos, havemos de falar - e, sobretudo, de quem Portugal perdeu, um dos espíritos mais originais e mais penetrantes do nosso século XX e um crítico e escritor sem paralelo. Há tempos, tínhamos recordado no Futuro Presente um dos seus definitivos textos de crítica cinematográfica ("A Grande Farsa", nº52). É indispensável recordar tudo o resto, do seu magistral ensaio Cinema e Público em Portugal à ficção de "Os Muros Amarelos", de que a revista Tempo Presente publicou algumas amostras.

A UNIÃO EUROPEIA - VISTA DA PONTE LEVADIÇA

A "Carta da Eslovénia" do Bernardo veio a calhar para anteceder este post que estava na calha há uns dias - em que se fala de um professor da Universidade de Ljubliana.
De facto, trata-se de um artigo de Slavoj Zizek, publicado numa nova "revista" inglesa de ideias, literatura, comentários e arte, que sob o formato de jornal aparece trimestralmente. Cada número é dedicado a um tema: os dois números que tenho ocupam-se do "fracasso" e da "liberdade". A orientação é "esquerdista", se assim lhe quisermos chamar. O nome da publicação - curiosamente - é The Drawbridge, "A Ponte Levadiça", uma escolha à primeira vista pouco "progressista". No capítulo do "fracasso", publicou um texto de Zizek sobre a União Europeia (como evitar a UE neste capítulo?) que tem por título "Uma ode Turca demais para a Europa" e na sua maior parte analisa o "Hino à Alegria" de Beethoven, que tem funcionado como uma espécie de "hino da Europa", depois de ter servido para celebrar muitas outras coisas - como lembra o autor - desde a Humanidade ("a Marselhesa da humanidade", para o comunista Romain Rolland) à Revolução Cultural Chinesa, passando pelo III Reich. É uma peça musical cheia de referências turcas, diz o ensaista esloveno, o que lhe parece pouco feliz dada a embaraçosa relação entre a UE e a Turquia, e que "se desconstrói a si própria". A concluir, diz Zizek: "Como no final da Nona Sinfonia de Beethoven, não será que o verdadeiro problema não é a Turquia, mas a própria melodia de base, a canção da unidade Europeia tal como nos é tocada pela elite tecnocrática pós-política de Bruxelas? Do que precisamos é de uma melodia principal totalmente nova, uma nova definição da própria Europa. O problema da Turquia, a perplexidade da União Europeia quanto ao que há-de fazer com ela, não tem tanto a ver com a Turquia como com a confusão sobre o que é que a Europa é."

CARTA DA ESLOVÉNIA

Ljubljana é hoje uma cidade em que não se notam as marcas das lutas pela independência. Não nos lembramos já, mas foi aí que começou a dissolução da Jugoslávia; aí foram disparados os primeiros tiros, mas estes foram rapidamente controlados e os eslovenos depressa partiram no caminho da independência e da modernidade. Hoje, ao contrário do que acontece nos países vizinhos, já nem sequer nas mentalidades é muito visível a herança comunista. Dá a sensação que uma esponja foi passada sobre todo esse período e as más recordações que ele traz.

O país, de facto, teve uma evolução impressionante e em escassos anos. Não falamos apenas na rapidez com que se adaptou aos requisitos para a sua adesão à NATO e à União Europeia e o terem sido os primeiros na região a aderirem ao euro. Não, o que impressiona no caso esloveno é a sua atitude positiva perante a vida, que os levou a conseguir uma modernização quase generalizada das infra-estruturas, a captar investimento estrangeiro, a pôr o país na rota do turismo internacional e a fazer com que a Eslovénia, pequena em área geográfica, se tornasse fundamental para o trânsito e os contactos entre diversos países. Hoje o seu porto de Koper faz já concorrência aos portos italianos; a sua indústria, embora limitada a alguns nichos de mercado, é já uma referência e, dentro de pouco mais de seis meses, logo a seguir a Portugal, estará a presidir à União Europeia.

Muitas vezes falamos no problema da dimensão para justificar o atraso português. Convém que olhemos para a Eslovénia para vermos que a explicação tem de ser outra.

domingo, junho 10, 2007

VIVAM AS TELENOVELAS 2- "A CASA DAS SETE MULHERES"



Agora estou a ver "A Casa das Sete Mulheres", em DVD que trouxe do Brasil. É uma mini-série(1084 ms.) épica, centrada na chamada Guerra dos Farrapos, uma insurreição separatista do Rio Grande do Sul, contra o Brasil Imperial.
Belíssimas paisagens, óptimos actores, óptimas actrizes, algumas também gíríssimas.Um tom épico e hiperromântico. E trágico, quanto baste.
Um dos personagens da mini-série - e desta história na sua base real - é o famoso Giuseppe Garibaldi , o revolucionário internacionalista do Sec.XIX ( representado por Thiago Lacerda) que foi combater ao lado dos "farroupilhas" de Bento Gonçalves, contra os "carumurus", os Imperiais.Pinga-amores, depois de um rápido e intensíssimo "romance" com Manuela (a interessantíssima Camila Morgado), sobrinha de Bento Gonçalves e uma das "sete" da "Casa", vai encontrar a mulher prá vida -Anita -(Giovanna Antonelli). A cena acima é o momento culminante desse encontro.

sábado, junho 09, 2007

PASSEIOS DE DOMINGO-A BELÉM NO 10 DE JUNHO DOS COMBATENTES

Amanhã o passeio é aqui, como vem sendo ritual , há 14 anos. Estou nesta organização desde o princípio, e tenho muita honra de ser da sua Comissão de Honra. Lembro alguns de sempre, que já lá não vão estar, pois partiram de vez, para outra Vida - o General Kaúlza d'Arriaga, o Almirante Ferrer Caeiro, o General Diogo Neto, o Coronel Gilberto Santos e Castro, o Coronel Rodrigo da Silveira, o Alfredo Aparício, o Zé Pais, o Zé Manel Rosa d' Oliveira, o Barbosa Henriques. Combatentes do Ultramar e gente "grande". Deus os guarde. Fazem cá falta.
Faz falta também o Victor Ribeiro que, como Presidente da Associação de Comandos, foi muitos anos a alma (e o corpo...) desta iniciativa. Mas esse está vivo e de excelente saúde em Moçambique! E o Francisco Van Uden e o Zé Lobo do Amaral têm feito um bom papel, daí pra cá.

sexta-feira, junho 08, 2007

VIVAM AS TELENOVELAS 1- ENGRAÇADINHA

Trouxe do Brasil alguns DVDs com "novelões" de qualidade. Como esta fabulosa adaptação do grande e fabuloso Nelson Rodrigues-"Engraçadinha-Seus amores e seus pecados". A mini-série é de 1995 e revela muita da temática constante de Nelson Rodrigues, o"anjo pornográfico"como lhe chamou o seu biógrafo, Ruy Castro.
É a história de uma jovem muito atraente e allumeuse -Engraçadinha - cuja vida vai permitir a Rodrigues um itinerário das suas obcessões e histórias do Amor e de Sexo, concerteza superchocantes para o Brasil dos anos 50 e 60, em que escrevia. Incesto, lesbianismo, homossexualidade, adultério - tudo aparece, bem explícito, nesta história. Mas Nelson Rodrigues consegue, pela intensidade dramática, evitar o sórdido, mesmo quando os seus personagens e situações são sórdidas.
O papel de "Engraçadinha", nas suas duas fases - a de jovem, em Vitória, em 1940 e no Rio de Janeiro, quase 20 anos depois, coube a Alessandra Negrini e Claudia Raia (na imagem de cima, com o DVD de 2006) . Outros" grandes" do teatro e da televisão brasileiros integram, em papeis principais ou secundários o elenco.

quinta-feira, junho 07, 2007

CONHECEM MAIS BONITA? PRAIA DO PEMBA-BEACH HOTEL, MOÇAMBIQUE


Há dias, um leitor deste Blogue perguntou-me qual era a "praia de Moçambique" que eu aqui tinha posto. Confesso que a fui buscar à NET e não consegui identificá-la. Podia ser, das que conheço, a da Macaneta, perto de Maputo, em Marracuene.
Mas esta conheço muito bem, já lá estive e recomendo, com a reserva de cuidado com algumas pedras e ouriços, em alguns pontos. Mas como lugar é difícil achar tão bonito.

OS NEO-CONSERVADORES CONTRA GEORGE BUSH

"The President said that he felt terrible for the family, especially his wife and his kids."
--Deputy White House press secretary Dana Perino, accompanying President Bush on Air Force One, Tuesday


I FEEL TERRIBLE for Scooter Libby's family. Millions of Americans feel terrible for Scooter Libby's family. But we can't do anything about the injustice that has been done. Nor can we do anything to avert a further injustice looming on the horizon--Judge Reggie Walton seems inclined not to let Libby remain free pending appeal.

Unlike the rest of us, however, George W. Bush is president. Article II, Section Two of the Constitution gives him the pardon power. George W. Bush can do something to begin to make up for the injustice a prosecutor appointed by his own administration brought down on Scooter Libby. And he can do something to avert the further injustice of a prison term.

Will Bush pardon Libby? Apparently not--even if it means a man who worked closely with him and sought tirelessly to do what was right for the country goes to prison. Bush spokeswoman Dana Perino, noting that the appeals process was underway, said, "Given that and in keeping with what we have said in the past, the president has not intervened so far in any other criminal matter and he is going to decline to do so now."

So much for loyalty, or decency, or courage. For President Bush, loyalty is apparently a one-way street; decency is something he's for as long as he doesn't have to take any


risks in its behalf; and courage--well, that's nowhere to be seen. Many of us used to respect President Bush. Can one respect him still?

William Kristol is editor of The Weekly Standard.

Este texto tem muita importância política pois marca o princípio da rotura dos neoconservadores com W.

terça-feira, junho 05, 2007

A UNIÃO EUROPEIA - VISTA DE LONDRES ON THE POTOMAC

"A União Europeia - Amigo ou Inimigo?", é o título que John Blundell, director-geral do Institute of Economic Affairs de Londres, deu a uma conferência proferida há uns meses e publicada na Heritage Foundation, em Washington. São os argumentos de um inglês contra a "construção europeia" - para americano ver. Dada a extensão do documento, reproduzimos a seguir um resumo - o que eles chamam Talking Points:

"Desde o início que os Estados Unidos apoiaram incondicionalmente o projecto da integração europeia. Era dado por adquirido que a nascente União Europeia partilharia os valores fundamentais da América e se tornaria um aliado com o qual compartilhar o pesado fardo das responsabilidades económicas e de segurança.

(No texto há uma interessante referência ao apoio da CIA, que teria "canalizado milhões de dólares para o movimento europeu".)


É abundantemente claro, no entanto, que a Europa aspira a ser um rival e não um parceiro dos Estados Unidos e que as instituições da UE são notavelmente não democráticas.

Os Estados antes independentes que cederam soberania à UE estão enterrados numa economia caracterizada pelo baixo crescimento, por mercados de trabalho rígidos, uma regulamentação crescentemente invasiva, impostos altos e proteccionismo comercial.

A relação especial entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos é posta em risco por este Estado unitário europeu. Um problema especial é o que resulta das especificações comuns impostas pela UE para o equipamento militar que diferem em geral dos padrões americanos e impedirão a cooperação com os Estados Unidos nos campos de batalha de alta tecnologia do futuro."

O texto completo está em www.heritage.org/research/Europe/hl983.cfm.
Foi produzido por The Margaret Thatcher Center for Freedom.

sábado, junho 02, 2007

PASSEIOS DE DOMINGO-A UMA PRAIA DE MOÇAMBIQUE

E hoje, como regresso a Lisboa, não vou poder ir a esta praia de Moçambique, que era para onde se encaminhariam os meus passos se cá pudesse ficar mais uns dois ou três dias. Mas não vai dar.

sexta-feira, junho 01, 2007

DIAS EM MOÇAMBIQUE 1


Visita rápida, tempo ameno, muito trabalho, amigos de cá. E lá fora esta imagem sempre belíssima do Índico face ao "Polana", destes céu e mar em permanente vizinhança, às vezes com umas nuvens brancas, tranquilas, passando e passeando pelo horizonte. E o cruzamento, aqui, dos rios e das civizações: da África, da Índia, do Oriente mais profundo, dos Portugueses, dos Ingleses, dos Boers.E cheiros de especiarias nas ruas da"Baixa",e mulheres bonitas que assistem a um Seminário Económico aqui no Hotel, e antigos combatentes da Frelimo e portugueses, e crepúsculos doces e rápidos.
É o spleen dos locais antigos, memorizados no "inconsciente colectivo, por onde andamos física e emocionalmente.Gosto sempre de aqui voltar.