sábado, março 31, 2007

GRANDES PORTUGUESES - JUST A DETAIL

Os retratos hoje publicados em O SOL, ilustrando os "faits-divers" da final dos "Grandes Portugueses", foram tirados na sessão inaugural, em 16 de Janeiro. Nomeadamente aquele em que estou a conversar, animada e afávelmente, com o Dr.Paulo Portas.

NOSTALGIAS: A AMÉRICA ANTES DA AMÉRICA - O ÚLTIMO MOICANO



Devo ter lido pela primeira vez O último moicano numa edição da "Biblioteca dos Rapazes"; ou talvez tenha sido num "Album" do Cavaleiro Andante", que trazia histórias completas. Lembro-me de desenhos românticos de florestas do Novo Mundo(ainda hoje lá estão...) de "casacas vermelhas" e "casacas azuis", respectivamente Ingleses e Franceses; e de índios "bons", os moicanos, e "maus", os outros. O Fenimore Cooper simpatizava mais com os Ingleses. Escrevia em 1826, mas a história reportava a1757, com as duas jovens filhas do comandante do forte,Cora e Alice, passando por aventuras e desventuras. Até porque os índios "maus", os "Hurões"- ao contrário dos nossos respeitáveis "Beirões"- não só batiam, como matavam mulheres e crianças.
O mau dos maus é Magua,"Raposa Matreira". Mas o herói - Hawkeye - filho adoptivo do "ultimo"Moicano Chingachgook, vai tratar de põr todos no seu sítio e salvar as raparigas.O filme de Michael Mann,acima,mostra esta bela história...

RAPARIGAS DO NOSSO TEMPO - ISABEL ADJANI




É de uma beleza de sentidos, "sensual", à flor da pele; mas também luminosa, tranquilizante quanto à harmonia do mundo. E do mundo com a espécie dos homens. E respectivas companheiras, senão não tinha graça nenhuma e acabava depressa. A espécie eleita, não por sufrágio universal, para possuir aTerra. Achei-a magnífica como Margarida de Vallois, em "La Reine Margot", uma adaptação de Alexandre Dumas, que continuo a achar um magnífico romancista histórico. O Nimier achava-o o máximo. E acharia também a Adjani, se tivesse vivido para a conhecer.
Uma nota local: quem tem coisas da Adjani é a Catarina Furtado. Eu acho.

sexta-feira, março 30, 2007

GRANDES PORTUGUESES - 4: COMO VI ODETE SANTOS





Muita gente me perguntou a minha opinião e reacção às atitudes da Dra. Odete Santos, nos "Grandes Portugueses". A Dra Odete Santos é uma comunista; o seu mundo é um mundo maniqueu de visões e ideologias absolutas, onde se é bom ou mau consoante a " fé" política que se partilha. Os comunistas são bons, puros, dedicados, coerentes; os seus inimigos são maus, corruptos, fanáticos, fascistas! Cunhal é um santo, Salazar um -"o"- demónio! Eu que o fui defender -o "advogado do demónio"! Não é mais que isto, e não tem mais mal que isto. Só teria se a Senhora e os seus camaradas tivessem o poder, como em 74-75, quando tiveram algum... E mandaram prender, perseguir, sanear, exilar, os seus inimigos. Exactamente aquilo de que acusam Salazar.

A Dra. Odete Santos é para além disto uma pessoa expansiva, que quando não está a pensar no Lenine e no Outubro Vermelho tem até sentido de humor. No pograma de domingo só pensava neles e no Dr.Cunhal. Not her better day.
Quanto à minha reacção de balanço ao concurso não estou arrependido de ter aceite a defesa de Salazar. Embora achasse extraordinário todo o leque de medidas cautelares para diminuir o impacto da, pelos vistos "esperada" e "indesejada", vitória de Salazar. Como a sondagem, a menos de 1000 pessoas, no dia que se sabiam os votos de mais de 200,000! E com aquela conversa do carácter "não científico" do concurso e algumas reacções básicas que se têm seguido. É claro que não é científico! E a sondagem é! É espantosa a quantidade de "democratas" que diz que se devia ter proibido Salazar de entrar no Concurso, que se deve punir a RTP por ter feito o Concurso. Com "democratas" destes acabo a descobrir que o "democrata" sou eu!

A BELEZA PERPLEXA: AVA GARDNER EM MEDITAÇÃO


Sendo um idealista-realista, acho que nos devemos preparar para o que vem pela proa. E nada melhor para um pensamento positivo, como pensar na Ava Gardner a pensar. Assim nos preparamos, para suportar mais um dia de cogitações "antifascistas"- e não só-sobre a vitória de Salazar nos "Grandes Portugueses".

VIGILÂNCIA DEMOCRÁTICA EXIGE-SE: ATENÇÃO AO REVIVALISMO REACCIONÁRIO



A democracia e "o espírito de Abril" estão ameaçados pela campanha de branqueamento do Ditador Salazar,promovida pela RTP, em secreta cooperação, com a CIA, a OPUS DEI e alguns grupos de fundamentalistas evangélicos do Alabama.Na semana anterior ao domingo 25 de Março, notou-se um acentuado tráfico aéreo, entre as Lages, o Continente e a base dos SEALS em Bizerta de voos misteriosos. Usando métodos científicos rigorosos-inquéritos de rua e logaritmos do BINGO-, um painel de historiadores antifascistas, conseguiu desvendar a trama:
Estes voos transportam bombistas islâmicos detidos sem culpa formada a caminho de Guantanamo. Na volta trazem elementos do KU KLUX KLAN de Bradford (Texas), que entre nós , depois de terem
votado com telemóveis satélite da Nasa(dotados de células multiplicadoras) em Salazar, festejam descaradamente, disfarçados de agricultores minhotos , numa cave de uma "safe house" do Bairro Alto a vitória do fascismo.

quinta-feira, março 29, 2007

NOSTALGIAS - 500 ANOS DA ANA DOS 100 DIAS!



"Anne of the Thousand Days" foi um destes dramas históricos da minha adolescência(1969). Era a história de Henrique VIII, apaixonado por Ana Bolena. Ela tinha 18 anos. Ele 43. Uma paixão complicada, no filme, mas ainda mais na realidade histórica, pois Henrique repudiou a mulher , Catarina de Aragão, o que levou à separação da Inglaterra da Igreja de Roma. Mas o Rei(Richard Burton) estava mesmo "caído" pela belíssima Ana Bolena(Genevieve Bujold). Paixão de idade madura, a caminho, para a época(imagine-se!), da terceira idade. Paixão radical, insegura, e com o poder quase absoluto da Coroa a empurrar pra tragédia. Foi há 500 anos que nasceu Ana Bolena, mãe de Isabel I.

quarta-feira, março 28, 2007

GRANDES PORTUGUESES - 3: A MINHA VIAGEM NOS "G.P." - DOIS OBJECTIVOS

Bem, isto – "OS GP" – foi um concurso e nada mais que um concurso. Convidaram-me para defender Salazar e eu aceitei.

Aceitei não por saudosismo, não por devoção histórica, nem sequer por qualquer sentimento de anti-esquerdismo.

Aceitei porque pensei ser um interessante ponto de partida para, à volta deste tema, conseguir dois objectivos:

Dar o outro lado de 50 anos de História de Portugal 1926-1974, que, embora a nível académico já vão tendo tratamento sério (é curiosa, entretanto, a atitude de alguns académicos de esquerda – v.g. Fernando Rosas, Costa Pinto, etc), que nos seus trabalho e estudos universitários têm uma certa distância e isenção sobre o período, mas, nestes casos, ficam iguais aos "antifascistas" primários.

Explicar que Salazar foi mais que a "Restauração das Finanças e a PIDE". E que pensou o Estado, em Portugal, que pensou e articulou um processo de consolidação de uma maioria nacional. E também para atacar o mal mais grave da direita portuguesa: que o facto de Salazar ter defendido – de modo autoritário e não democrático certos valores – religiosos, nacionais, sociais, económicos, como Deus, a Pátria, a Família, a Propriedade – não exclui nem deve excluir esses valores, sobretudo a Nação, da agenda política.

Foi esse o meu objectivo, traduzido num documentário, que já vi atacado em abstracto, ou com chalaças sardónicas – o estilo de uma certa "esquerda" (não toda...), quando quer ter graça.
Não vi ainda argumentos no sentido de dizer – este facto está errado, esta interpretação vai contra os factos...

N.B. A propósito: na questão dos refugiados em Portugal na Segunda Guerra Mundial, falei num "milhão", no meu programa. Foi, quero aqui dizê-lo um lapso que derivou da "leitura", por mim, na locução final do programa. O meu guião tinha inicialmente mais de meio milhão.
Posteriormente procurei aprofundar a questão; outro dia na final, voltei a referir um milhão. O número tinha algum sentido, pois em 1940-41, havia registados oficialmente na área de Lisboa, 400.000.
E é natural que houvesse mais noutras localidades e que houvesse alguns por registar. Mas, sendo um detalhe, quero deixar aqui os 600.000 que me parecem mais próximos da verdade.

ACTUALIDADES...

"Imagine-se o momento solene da chegada de sua majestade a um concelho rural. A municipalidade, burlesca nos seus trajes de gala, como um coro de ópera cómica, adianta-se com passos pré-históricos. O presidente da câmara, pedindo vénia, começa naturalmente por dizer:

«Senhor! Cabe a esta câmara municipal a subida honra de vir depositar nos degraus do trono de vossa majestade como pelas façanhas de vossa majestade mesmo, as chaves desta heróica vila...».

Quando os povos boquiabertos imaginam que o presidente da câmara endoideceu de repente, ao ouvirem-no falar no degrau do trono quando o rei está no meio do chão, e nas chaves da vila quando a vila não tem chaves nem portas nem muros, faria um saudável efeito, que, em vez de sua majestade se mostrar tão mentecapto como o presidente da câmara respondendo-lhe pelos termos postos: «Recebo as chaves desta heróica vila, cujas proezas não menos que as dos meus antepassados, etc.» - sua majestade dissesse simples e abruptamente:

«Meus senhores! Sei que vos deu o pulgão das laranjeiras. O vosso agrónomo do distrito assim o comunicou ao meu ministro das obras públicas, mandando-lhe um ramo de laranjeira com o pulgão respectivo. O meu ministro das obras públicas, ignorando o remédio que lhe competia dar a este mal, remeteu o pulgão ao meu ministro do reino; este encarregou a Academia das Ciências de estudar essa questão por via dos seus ontomologistas e dos seus químicos. Aqui vos trago neste frasco o remédio para o pulgão. Ide tratar da vossa vida e das vossas laranjeiras. Adeus, meus senhores.»

Este novo sistema de discursar teria grandes vantagens. Em primeiro lugar satisfaria uma necessidade local, a extinção do pulgão. Depois ensinaria de um modo prático, exemplificativo e claro, uma cousa que os povos em geral ignoram, isto é: para que serve um agrónomo, para que serve um ministério das obras públicas, para que serve uma academia. E os povos começariam talvez a amar e a respeitar essas instituições consagradas à sua felicidade."

in As Farpas
Ramalho Ortigão
(1836-1915)

No comments....

O ELOGIO DA ESPADA

O livro mais vendido (ou mais comprado) no Japão neste momento é o mais recente capítulo da "saga" Harry Potter. Era de calcular - a globalização é a globalização. Mas em segundo lugar - com mais de dois milhões de exemplares - está um candidato talvez mais inesperado: um ensaio escrito por um matemático, Masahiko Fujiwara, com o título pouco sexy de A Dignidade de um Estado. Segundo o jornalista do Financial Times que nos dá estas notícias e entrevista o autor (10-11 de Março) o livro, que advoga a restauração dos valores tradicionais japoneses, é um "um best-seller inflamatório" que "insiste" no "regresso ao "código dos samurai". Ainda não há nenhuma tradução publicada de A Dignidade de um Estado, embora seja de esperar para breve uma tradução em inglês do livrinho. Em português não é provável.

A DES-UNIÃO EUROPEIA

Foram celebrados com a devida pompa e uma certa melancolia os cinquenta anos do Tratado de Roma. O "hino à alegria" - no ambiente tristonho da comemoração - deve ter soado falso: "Sem Constituição europeia, sem alargamento, sem euro e sem consenso" - como teve de observar o insuspeito Público. A declaração final teve de de ser torturada pelos tradutores - diplomatas para dizer o que cada um queria que ela dissesse: "modelo social europeu" em francês, só "modelo europeu" em português e inglês, e por aí fora (veja-se Isabel Arriaga e Cunha, em Bruxelas, "Declaração varia consoante as línguas", Público, 26 de Março). São hábitos de duplicidade que estão enraizados na "construção europeia". E hábitos de despotismo democrático: como mostra uma longa peça jornalística do Euobserver que Luis Filipe Coimbra teve a bondade de me mandar as tentativas de impôr a vontade da "bloco central" europeu continuam e continuarão -"à porta fechada". Torturam-se as declarações e tenta-se "torcer o braço" aos governos. Bem podem os checos ou quaisquer outros queixar-se da "falta de debate democrático". Havemos de ser "livres", quer queiramos quer não

EUA-POR QUE É QUE OS ESQUERDISTAS VIRAM À DIREITA?

"What causes lefties to turn into conservatives? Conservatives are fascinated with this question, repeating, often for years on end, their stories of deliverance from liberal hell to conservative heaven. Several such testimonies can be found in a new volume, Why I Turned Right: Leading Baby Boom Conservatives Chronicle Their Political Journeys. Most of the journeys described are short ones--from apolitical child of (generally) conservative parents to conservative young adult. (Rich Lowry's progression from son of Republican parents to avid teenage reader of National Review to editor of National Review lacks the dramatic tension of, say, Whittaker Chambers's Witness.) Of the essays that do describe genuine left-to-right conversions, the striking thing about them is that encounters with actual liberalism are virtually absent. Heather Mac Donald details her experiences in academia with literary deconstructionism and critical legal studies. P.J. O'Rourke recalls that he "was a communist, unless I really was an anarchist or an anarcho-syndicalist or a Trotskyite or a Maoist." And Stanley Kurtz describes campus activists cheering when Ronald Reagan was shot and the sight of "severed pig heads impaled on poles carried by antiwar demonstrators in New York's Central Park."

Este é mais um livro-"Why I turned Right"- publicado nos Eua sobre a migração político-intelectual dos esquerdistas para a direita.Mas convertem-se e abjuram. Por cá eles vêm, mas em vez de mudarem de ideias trazem as suas ideias a que geralmente só acrescentam uma fé brusca e muito intensa nas virtudes do capitalismp"selvagem". E depois passama gurus dos partidos do dito"centro- direita".Por isso estes não têm uma ideia política e quem as tem não está lá a fazer nada.


terça-feira, março 27, 2007

GRANDES PORTUGUESES -2 : FROM RUSSIA WITH (OUT) DOCT. ODETE SANTOS



Em 1963 saiu o segundo James Bond,"From Russia with love". Na época eu tinha uma paixão que, como o nacionalismo para os políticamente correctos, era "exacerbada"! Exacerbada, obcessiva, romântica, platónica e até um bocadinho infeliz. Cultivava o género. Lembro-me de uma frase do Roger Nimier,"Hussard" e um dos meus autores preferidos ao tempo-"Et c'était beau comm'un amour malheureux..."A miúda era giríssima,loira, pequenina e de origem russa; ou melhor "alemã do Báltico". Deve ter sido o meu primeiro sentimento sério ou a sério depois da Audrey Hepburn de Férias em Roma aos 12 anos. O From Russia with love, passado em Constantinopla era obrigatório neste contexto e vi-o várias vezes, com aquela ritualidade dos amores secretos. As comunistas da "guerra fria" também eram outra coisa.

segunda-feira, março 26, 2007

GRANDES PORTUGUESES - 1 : AFTER THE HAPPY-END



Hoje- e depois de ontem à noite-sinto-me um bocado assim, como o John Wayne, que sempre admirei, como pessoa e actor, embora os meus amigos mais cinéfilos, o achem às vezes um bocado "canastrão".Como ele vou descansar.Amanhã volto pra falar dos "GRANDES PORTUGUESES"

domingo, março 25, 2007

ISTO É QUE É LIDERANÇA! - HENRY V POR KENNETH BRANAGH

3-ENSAIO GERAL DE METAIS E CLARINS -DIE WALKÜRE

PREPARATIVOS FINAIS 2- HOW THE ANCIENTS DID IT-TROY

ÚLTIMOS PREPARATIVOS PARA LOGO À NOITE - A BRIDGE TOO FAR!

sábado, março 24, 2007

COLE PORTER-DIANA KRALL-JUST ONE OF THOSE THINGS

A ESTRATÉGIA PORTUGUESA (SEIS MÁXIMAS)

É fácil aos não iniciados falar sobre estratégia. Em todo o caso, trata-se de um tema recorrente na literatura militar e muito desenvolvido nos inúmeros debates que se travam nas academias americanas e russas. É compreensível pensar Portugal e as suas opções num vínculo geográfico, mas tal raramente foi feito. Exceptuando alguns ilustres pensadores onde incluo Políbio Valente de Almeida, Loureiro do Santos, François Martins, Vice-Almirante Sachetti, Lopo Cajarabile, as incursões andam pelo domínio do comum, planam sobre um assunto que vale a pena pensar com coragem. Enquanto o USA desenvolveram uma escola de geopolítica, como os italianos e franceses, nós ficámos pela superfície com observações distanciadas, sem ter a iniciativa de pensar Portugal neste meio Global. Na realidade, não só importa sumariar o que se sabe, como explorar as possibilidades que se oferecem. Normalmente, as entidades governantes são formadas em disciplinas que nade devem ao pensamento estratégico e geopolítico e provavelmente foi isso que ditou a sentença para o país desde a Invencível Armada, um país vítima do pensamento cultivado na Teologia e no Direito da Universidade reformada de Coimbra, para onde Dom João, o Piedoso, resolveu interiorizar o saber de experiência feito.

1 - O facto indesmentível é que o país tem dez milhões de habitantes com demografia pobre e envelhecimento. Acaba de aprovar uma lei em que o bebé necessário vai para o crematório. Os poucos milhões de habitantes cabem em São Paulo e sobram casas, para não dizer que uma grande cidade absorveria toda a população sem problema. A mania das grandezas e do protagonismo universal devia acabar nesta verificação: não há população para nada, nem para ganhar o Guinness no mergulho.

2 - Mas esta pequena população é discriminada pela sua elite política, que é excessiva e predadora. Aliás as elites tendem a ser predadoras sobre a classe média e o proletariado mal ensinado, que descansa no poder ridículo de um sindicalismo parasita. Tenham sido ensinadas em Argel, em Moscovo ou aqui, o resultado é o mesmo: a predatoriedade como máxima. A funcionalidade de pequeno secretário de albergue como mínima . A teoria do burro e das moscas, bem explicada por Ramalho Ortigão, é muito actual. Quem não teve uma tradição de combate não a adquire através de uma burocracia oficiosa e de representação. Assim, o proletariado não está treinado, no seu analfabetismo, para criar de si mesmo dirigentes genuínos e tem que se contentar com os imbecis de classe média que o chefiam há longo tempo e que já abandonaram o trabalho efectivo e duro há muitos anos. Envergaram a gravata e os colarinhos brancos e vão comer à mesa do rei. A classe média, apesar das inúmeras provas em contrario, sem experiência de choque, ainda sonha com alguma protecção enquanto lhe retiram o poder de compra, a roubam e a inviabilizam. Continua a jogar indiferenciadamente porque não percebe o que é aquilo que conta: a violência instrumental.

3 - Internamente abafados, viramo-nos para fora. E aí o panorama é desastroso. O que se devia fazer não se faz, e faz-se o que não se devia fazer. As posições adquiridas pela política externa indiciam que a primeira ordenação é ter atenção à UE. É nesse espaço que nos movemos e quisemos estar. A EU não dará nada a Lisboa e fará com que atabafemos aqui. Nem crescer, nem diminuir. O resto é conversa para imbecis. OS USA encontram-se nesta definição por causa do mar, do meio da ligação transatlântica, mas isso interessa mais a uns do que a outros. Menos à Alemanha e França do que à Grã-Bretanha, sempre entendida como o porta-aviões da superpotência transatlântica. Destes dois espaços o país obteve pouco pelos seus encartados embaixadores e comissões. Isso indicia bem a classe dos indivíduos escolhidos para esta tarefa: um bando de estrangeirados em busca de bifes. Em vez de explorar a EU fomos explorados e reduzidos a um lugar vigiado de "melhor aluno" e , finalmente, de quase último na escala, destacado pelos índices de horror e de pavor, como costuma dizer a minha mulher.

4 - A segunda orientação seria o mar, explorando o triângulo estratégico, em matéria de pescas e em assuntos estratégicos. Se Lisboa fosse forte, o mar até aos Açores daria trabalho, peixe e uma frota de se tirar o chapéu. Mas essa parece que ainda não é a via compreendida pela tal elite política que se vende regularmente a interesses que nós não percebemos desde que as suas contas não sejam vistoriadas e a sua vida vigiada como se vigiam os ladrões. Na realidade trata-se de um espaço marítimo desguarnecido que vale várias vezes o território emerso aqui deste lado e nas ilhas. O peixe passa por baixo das nossas redes não existentes, mas cai nas dos outros. É bom abater navios. Recebe-se. Mas depois quem pesca? Não é bom pensar a curto prazo porque os países e as gerações têm uma vida longa.

5 - A terceira orientação inclinar-se-ia para onde o país conta com o peso linguístico: o Brasil. Isso significa passar das palavras aos actos. Negócios. O Brasil não nos vai dar nada e nós não devemos dar nada ao Brasil. Negócios devem interessar a ambos : ao Planalto e a Lisboa. Mas teremos gente que compreenda isto? Que não se tratará de festa do linguarejar em português, mas de fazer negócios reais em tempo útil para ambos? É difícil perceber que os homens do poder não entendam o que são e representam Brasília e São Paulo. Estão habituados a ir ao Rio de Janeiro e isso não é nada para o Planalto. Torna-se necessário perceber a questão. Porque é que a Universidade de Salamanca tem o melhor Centro de Estudos Hispano-Brasileiros ? Porque é que, paulatinamente o espanhol ( castellano) se está a transformar na segunda língua no Brasil , depois de ter tomado os territórios do sul dos Estados Unidos? Ninguém pensa uma geopolítica do português e isso recai nesses institutos fantasmáticos dedicados ao tema como o Instituto Camões e quejandas criações, sem dinheiro, sem projecto, sem indicação e sem fundos. Pois bem: assim não há pais que aguente. Deixem passar a procissão. E os Palop dirão. Uma última atenção de um país que não tem culpas, senão pelos massacres dos seus, e que tem dado demasiada atenção a esse assunto fora de toda a lógica. O interesses são explorados por companhias estrangeiras. O amorzinho é dos portugueses. Quando é que vamos aprender com as experiências de Afonso de Albuquerque. Quem não tem poder não tem vícios.

6 - São precisas prioridades e elas tem que ser definidas e conhecidas. Que estamos a fazer: tudo ao contrário.

SALAZAR, OS "10 MAIS GP" E OS "ANTIFASCISTAS"


Por uma questão de princípio e de "ética de responsabilidade", decidi durante este período do concurso de "Os Grandes Portugueses", para além de ter feito o documentário de SALAZAR, e participar num ou outro inquérito relacionado com o programa, não entrar em polémicas marginais sobre o assunto. Hoje queria apenas quebrar esse intencional silêncio para:

1)Agradecer a todas as pessoas que me mandaram felicitações, comentários, elementos críticos ou informativos. Procurei fazê-lo em tempo, mas receio ter deixado alguns de fora. Para esses fica este agradecimento.

2)Das críticas negativas nos media ao meu Documentário, geralmente de áreas ideológicas donde não podia esperar outra coisa, registo que não vi refutado nenhum facto. Vi, em dois ou três casos exibições daquela arrogância maniqueista dos (e "das") "antifascistas" domésticos(cas, naquele tom e estilo que eles acham sarcástico ou até "queirozianamente" gracioso, mas que geralmente não passa de uma retórica ressabiada, intolerante, que acaba por ser lorpa.

3)De resto, penso que outros, mais lúcidos e mais honestos, não tendo mal para dizer fora daquilo que tinha a ver com a simples discordância ideológica e também não podendo dizer bem, optaram pelo silêncio.

4)Ainda apareceram, fora da esquerda,uns atrasados mentais da teoria da conspiração que viram no meu documentário perigosas concessões a essa mesma esquerda, concerteza ditadas pelo chorudo "cachet" de 1500 Euros!

5)Nos últimos dias parecem-me alguns "antifascistas", que já levam 30 anos de resistência ao "vácuo" do fascismo em Portugal e 60 no mundo, muito preocupados com a hipótese se Salazar ficar em primeiro lugar. Seria de facto, um pequeno atestado de incompetência para a sua constante e maçadora pedagogia que assim sucedesse, mas não me parece que as instituições estivessem em perigo.E nesta matéria não posso deixar de achar divertida a procura de alternativas democráticas, para o "voto útil" anti-Salazar, que depois de andarem pelo A.Sousa Mendes, iriam agora para D.Afonso Henriques!
Conhecido pelas suas convicções democráticas e de direita do Séc.XXI...

NO FIM, NADA COMO WAGNER PRÁ ANIMAR



Porque no fim do fim -de-semana, o modo vai ter que ser mais pró-activo, passando do romantismo New England do Sinatra, pra formas superiores de música...

PARA UM FIM-DE-SEMANA TRANQUILO - FRANK SINATRA

sexta-feira, março 23, 2007

NOSTALGIAS: GLENN MILLER

ENTREVISTA À REVISTA "TV GUIA"

PERGUNTAS:

1- Frase emblemática de Salazar
2 - Acto mais cruel que cometeu
3 - Maior feito
4 - Maior adversário
5 -Sonho ou ideal
6 - Cognome
7- Estado Civil/ Família (Casou, teve filhos...)
8- Hobbies
9- Doenças


RESPOSTAS:

1."Sei o que quero e para onde vou".
2.Alguma "crueldade mental", geralmente em relação a ministros ou
colaboradores próximos.
3.A política externa de Portugal na Guerra de Espanha e na 2a Guerra Mundial.
4.A Internacional Comunista.
5.Manter a independência e integridade territorial de Portugal.
6.O nome ou alcunha, meio carinhosa, meio crítica era "Botas", por causa
das botas correctivas que sempre usou.
7.Solteiro,sem filhos, com alguns" romances", "flirts" e uma ou outra
"amitiée amoureuse". Tudo ao tempo, discreto.
8.Ler e no Vimieiro ocupar-se da sua "lavoura".
9.Aquela de que veio a morrer.

A (NOT SO) BRIEF ENCOUNTER - THE BEST OF DAVID LEAN



Vi o primeiro filme de David Lean em 1958, no Porto-A Ponte do rio Kwai.Depois vi ,de Lawrence da Arabia até A filha de Ryan tudo o que foi dirigindo. Sempre achei os primeiros os seus melhores filmes.E talvez"melhor dos melhores , sem "épico"ou num" épico" de grande tragédia pessoal e privada, sem grandeza colectiva mas magnífico como narrativa austera, a preto e branco,"à inglesa" do imediato pós-guerra (é de 1946) de sentmentos e conflitos que as sociedades de hoje (quase)desconhecem.

quinta-feira, março 22, 2007

RAPARIGAS DO MEU TEMPO (1) - CARROL BAKER AND COMPANY

E VIVAM OS INIMIGOS DECENTES - MEMÓRIA DE SALADINO



Acho que Saladino era kurdo.Deu imenso que fazer aos nossos correligionários cristãos da Terra Santa medieval. Mas parece, sem os exageros politicamente correctos de "Reino dos Céus", que era um Realpolitiker e um homem civilizado.Nos antípodas dos "farisecos" beras que por aí andam.

MOZART AS AN ALTERNATIVE WAY OUT

quarta-feira, março 21, 2007

"THE WAY THEY WERE" - LANCELOT AND GUINEVERE AGAIN

terça-feira, março 20, 2007

HIPERROMANTISMOS - LANCELOT AND GUINEVERE

segunda-feira, março 19, 2007

NOSTALGIAS FRANCO-AMERICANAS - EDITH PIAF



Para a Paula Mascarenhas com um grande beijinho de parabéns por hoje.

TEMPESTADES SOBRE WASHINGTON

Washington é esta cidade racionalista, neo-clássica, nas margens do Potomac, capital da República Imperial americana. É uma cidade que conheço bem há 30 anos.

Tem o Mall com as sedes e símbolos do poder – o Capitólio, a Casa Branca, os "executive buildings"; Georgetown, boémia, académica tipo "rive gauche"; e Dupont Circle, também boémio, ao lado da zona residencial de luxo, Embassy Row; e uma "baixa" com os escritórios dos "lobbies", dos "think-tanks", das Fundações, das revistas políticas. E os três clubes importantes: o Metropolitan, desta tão especial gentry americana que fascinou, acolheu, e liquidou o Jay Gatsby – Scott Fitzgerald; o Cosmos, dos políticos e dos académicos, onde fico sempre; o Army and Navy, dos militares. "Metropolitan is money; Cosmos, brains; no money no brains, Army and Navy". É uma graça anti-militarista de Washington.
Sobre esta, pairam um fantasma e uma incógnita: o fantasma é o Iraque; a incógnita, as presidenciais.

O fantasma, que assombrava o Executivo, passou também para o Congresso, desde que os democratas são a maioria. Na Administração, já toda a gente entendeu que os neo-conservadores, neo-wilsonianos e ex-esquerdistas do "democracia já e em toda a parte", arrastaram o país para outro Vietname. Os realistas tomaram agora conta do State Department e, com Robert Gates, do Pentágono. A política vai ser mais bipartidária e vai concentrar-se no "honorable way out", sem que os estragos sejam (muito) visíveis. As esperanças voltam-se para o General Petraeus um dos artífices da vitória militar de 2003, um peso pesado. Ele e Gates, um expert na área da intelligence, devem pôr de pé uma estratégia de contra-insurreição, inspirada na linha de Jacques Massu na Batalha de Argel. Mas que só funcionará se fôr suspenso o "Estado de direito" imposto pela correcção política – com juizes iraquianos, a julgarem terroristas, (que absolvem sempre, é claro!). Assim, não há forças iraquianas, militares ou policiais, para os combater.

O outro tema são as presidenciais. Há dois candidatos "fortes" republicanos - Rudi Giuliani e John McCain – que têm dificuldade por vidas e opiniões, com a base evangélica do partido, isto é para a nomeação. E dois – Hillary Clinton e Barack Obama – nos democratas. Hillary tem dinheiro, fama, e sabe manipular as convicções à mercê do interesse imediato. É detestada pelos evangélicos, para quem simboliza o pior. Obama tem simpatia, originalidade, uma mulher (muito) bonita e os media puxam por ele. Mas não tem dinheiro, numa nomeação que se vai decidir, com o calendário de primárias previsto, até Maio de 2008. O que quer dizer, ter pelo menos 100 milhões de dólares cash, em Dezembro de 2007, para ser um candidato a sério.

Ora se a candidata democrática for Hillary, os evangélicos – que são religiosos, mas não são estúpidos – irão votar contra ela, seja quem fôr o seu opositor. Até Giuliani, casado pela terceira vez e com opiniões tolerantes sobre questões de moral e costumes. E, segundo as "sondagens", Hillary perde contra Giuliani, e até contra McCain, desde que os evangélicos não fiquem em casa! Interessante.

Jaime Nogueira Pinto
Artigo publicado no Expresso a 17 de Março de 2007.

domingo, março 18, 2007

OUTRAS NOSTALGIAS - A GOOD OLD WAR MOVIE



Acho nostalgias românticas a mais...Uns bons filmes de guerra do meu tempo (não a guerra, os filmes) pra abrir a semana , que vai ser dura!

VOZES DA MEMÓRIA - JULIE ANDREWS

NOSTALGIAS - DE VOLTA VIAGEM DE ZURIQUE O SINATRA QUE NÃO TEM NADA A VER

sexta-feira, março 16, 2007

NOSTALGIAS - A JULIE CHRISTIE DO DR. JIVAGO

Mais "Arabian Nights"-para a Nélida Piñon

A Nélida Pinõn escreveu e publicou uma belíssima recriação das"Mil e uma Noites", as "Vozes do Deserto"Achei estas imagens e a música próprias para os sentimentos e ambientes que essa história pode trazer aos que a lêem e a todos que se sentem com alma de "orientalistas ".Ou bem melhor,como o T.E.Lawrence "embeded" nas Arabian Nights.

quinta-feira, março 15, 2007

Sorti de notre passé lointain,un "Feu Follet"perce la nuit

Drieu de la Rochelle foi um autor essencial para a minha geração: foi o mais lúcido e mais político dos"malditos", bem longe do romantismo de Brasillach, dos delírios panfletários de Céline, das militâncias básicas dos "colabos" oportunistas. Autor de um romance ideológico"confessional"- "Gilles"- e de fábulas fantásticas como "L'homme à cheval", Drieu, na sua complexidade de dandy visionário ou de "último europeu", deixou outros livros, ditos menores, que são entretanto admiráveis..È o caso "Feu Follet",depois no cinema com Maurice Ronet.Ainda por cima num Paris parado no tempo,memória do futuro.

Nostalgias-This Side of Paradise

quarta-feira, março 14, 2007

Nostalgias:os Bárbaros(às vezes)são os maiores!

Nostalgias:New York

Improving Western perceptions of Islam-Aladin's air travels

terça-feira, março 13, 2007

ENTREVISTA DE JAIME NOGUEIRA PINTO À REVISTA "FOCUS"

PERGUNTAS:

1. Relativamente ao programa Grandes Portugueses, que reacções têm tido as pessoas quando o encontram na rua?

2. De que forma pensa ter contribuído para a percepção de Salazar por parte dos portugueses?

3. Há uns anos o estilista Nuno Gama apresentou publicamente uma t-shirt com a imagem de Salazar. Na altura, as reacções foram muito negativas, mas hoje parece já não ser assim. O que é que mudou nos últimos dez anos e que é que prevê que vá mudar nos próximos tempos?

REPOSTAS:

1. Dois tipos de reacções, ou melhor três: pessoas que simpatizam ou admiram o meu “defendido” e me felicitam. Depois, pessoas umas que conheço, outras não, que me dizem que não gostam ou não partilham as convicções políticas de Salazar, nem do seu governo, mas que gostaram do modo como eu o apresentei e defendi. Tive também ataques – que reflectem dois tipos de mentalidade: uns fundamentalistas esquerdistas, indignadíssimos ou “sardónicos”, e a tentarem fazer graça (pobrezinha). Argumentos, poucos ou nenhuns. E até criaturas que desenvolveram teorias da conspiração em que eu estaria feito com a esquerda, para dar cabo de Salazar” Mas a substância dos comentários é positiva e alguns – entre os mais novos, revelam surpresa genuína por Salazar não ser o ogre, o saloio, ou o Torquemada que lhes pintaram!

2. O meu objectivo principal era mostrar o outro lado de uma história que há 30 anos a esta parte é unilateral. Como admito que fosse unilateral no tempo do Estado Novo embora ao contrário. E sobretudo acentuar a importância da “Nação”, como valor político, e de Salazar como defensor da independência nacional, da liberdade da Nação. O que eu queria que as pessoas percebessem era que Salazar – que pode ter errado, e errou em vários aspectos – actuou sempre pensando nesse interesse nacional. Além de ser honesto, inteligente, corajoso e coerente. E ter endireitado as Finanças, guiado bem a política externa e restaurado o prestígio do país.

3. É a passagem do tempo, com a passagem dos “antifascistas” de moda. As pessoas hoje – depois do 11 de Setembro e do “Não” à Constituição Europeia - dão-se conta de temas e problemas, que antes estavam encobertos por esta euforia optimista, panglosiana do tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos. Hoje com o macroterrorismo, com a crise da construção europeia, com a questão energética, com a imigração galopante, com os riscos do Estado de Bem-Estar, começam a duvidar das políticas e dos políticos eufóricos, auto-satisfeitos. E a entender que a sociedade, a civilização são coisas boas mas precárias, difíceis. Que por um lado, como dizia o Friedman “there is no free lunch”; e por outro, uma sociedade baseada na pura soberania, relativismo e “autenticidade” dos seus membros – sem regras de jogo e valores de orientação permanente – é uma sociedade suicida.
Daí que um pensamento rigoroso, realista, baseado na experiência histórica e um certo pessimismo antropológico, como o de Salazar, desperte o interesse.
E que o “pensamento único”, antifascista, nas suas várias modalidades canse as pessoas. O que não quer dizer, que se queira ou vá restaurar o Estado Novo amanhã!

segunda-feira, março 12, 2007

Nostalgias-Nada como a Catherine Deneuve and the late 60s!



A Catherine Deneuve, quando apareceu, em "Les Parapluies de Cherbourg", fascinou uma inteira geração de adolescentes-a minha. Foi numa fase em que líamos Alain Fournier("Le Grand Meaulnes") e o Brasillach de"Comme le temps passe". Uma fase um tanto romântico-soft. No fim da infância tínhamos passado por uma fase mais realista, mais wild, com as italianas "boazonas"-a Loren (que aos 70, continua interessantíssima), a Lolobrigida(que na mesma faixa etária, está gorda e patética) e aquelas muitíssimas starlettes ou bimbos -Francescas, Silvias, Renatas, Silvanas, Grazielas, Ornelas, que faziam de princesas das autarquias gregas de Corinto ou Tebas, de romanas decadentes, de enfermeiras pra todo o serviço e contracenavam, nos peplum,nos dramalhões históricos, nas comédias porno-soft, com o Steve Reeves, que fazia de Hércules, o Jack Palance , que fez uma vez de Átila, com o Tótó, o De Sica, oSordi, que faziam qualquer papel e eram sempre fantásticos. E bruscamente, destas heroínas da líbido reprimida do"fascismo"lusitano, passámos para outro tipo de mulher fatal ou ideal.A Catherine Deneuve foi essa aparição nos anos 60-com a Julie Christie.Lembro-a aqui com muita nostalgia.

Aladin and the Princess go on:for an( improved )image of the (arab)world

domingo, março 11, 2007

A minha nostalgia do dia da mulher:Audrey Hepburn.

Dia da mulher:uma efeméride e uma nostalgia.

Efeméride.O direito de voto foi concedido, pela primeira vez, às mulheres em Portugal, pelo Decreto nº19694, de 5 deMaio de 1931, em plena Ditadura Militar, sendo Salazar Ministro das Finanças e já o "homem forte"do Governo.Era para as mulheres que tivessem o Curso dos Liceus,mas de qualquer modo,a I República democrática nunca o dera.Assim as primeiras mulheres eleitas deputadas à Assembleia Nacional(três) foram para o primeiro Parlamento do Estado Novo, em 1934.


Back to the "Blues",on a sunny spring and blue day...

sexta-feira, março 09, 2007

DEZ GRANDES PORTUGUESAS

Resposta de Jaime Nogueira Pinto ao inquérito do Jornal 24 Horas, sobre “Dez grandes Portuguesas”:

1) D. Filipa de Lencastre – O factor materno e feminino da Ínclita Geração a quem deve atribuir-se muitas das qualidades dos “Infantes de Aviz”.

2)D.Luisa de Gusmão – A mulher corajosa e ambiciosa, que empurra D. João IV para a Restauração.

3) Rainha D. Leonor – A primeira grande organizadora da solidariedade e da caridade entre os Portugueses.

4) Rainha Santa Isabel – O espírito da caridade e da arbitragem e moderação do poder.

5) Padeira de Aljubarrota – Símbolo da independência nacional e da resistência popular ao invasor.

6) Maria da Fonte – Símbolo da resistência popular aos poderes domésticos sentidos como iníquos.

7) D. Inês de Castro – A tragédia romântica perante a Razão de Estado, imortalizada por Camões e Montherlant em “La Reine morte”.

8) Isabel Fernandes - “A velha de Diu”, heroína de dois cercos, simboliza as “mulheres do Império”.

9) Infanta D. Maria – Ter sido, em verdade ou imaginação, amada por Camões, é muito importante.

10) Margarida Dulmo - é uma “heroína” da ficção, a heroína do “Mau Tempo no Canal” de Vitorino Nemésio. Mas é extraordinária uma mulher assim.


PS: Não escolhi, por princípio, nenhuma mulher viva porque acho que a “Grandeza” carece de “tempo histórico” para a confirmação. Estas mulheres são, também, símbolos, poderes indirectos, actuando nos homens ou através deles, isto é tendo mais influência que poder. Mas era o resultado das condições da época. E a influência é – sobretudo hoje – mais permanente que o poder.




Jaime Nogueira Pinto

quinta-feira, março 08, 2007

Nostalgias americanas 2-"on a sentimental mood"



Quando era miúdo, no Porto dos anos 60, adorava estudar pelas noites de Primavera alta, a ouvir jazz,as jazz bands norte-americanas e estes "grandes"do tempo:Duke Ellington, Louis Amstrong, Ella Fitzgerald,Billie Holiday, Mahalia Jackson.No "rádio", ou no"gira-discos", como dizíamos.Fumava cigarro atrás de cigarro e imaginava Nova Iorque,7000kms pra lá do Atlântico. "On a sentimental mood" era uma dessa "músicas" da noite. Lembro-a aqui e a um amigo e grande companheiro de estudo e de ideias da minha adolescência -o Arnaldo Pamplona de Oliveira. Que descanse em paz e onde está possa ouvir o Duke Ellington de vez em quando.

quarta-feira, março 07, 2007

Nostalgias americanas-Sara Vaughan

UMA SEMANA EM WASHINGTON (1)

Chegámos – eu e a minha filha Maria Teresa – com um nevão extraordinário, que durou o Domingo de 25 de Fevereiro; demos uma volta de carro com o F. V. nos arredores com muita neve de vários palmos. A neve é um tema da pintura americana, de Childe Hassam até às fotos de Stieglitz. Mas essa é neve de New York. Esta é neve da Virgínia e Maryland, neve do campo que me lembrou um quadro do velho Bruhgel, o dos cães e dos homens no regresso da caça. Neve "mais limpa" como a da velha Rússia do Henry Troyat, que morreu anteontem.

Segunda, 26, pela manhã, o tempo mostra sinais de melhoria, persistindo da neve, apenas aquela parda e lamacenta nas ruas. Revisita aos museus de Arte da Smithsonian: colecções magníficas, também de pintura europeia: por um lado, os milionários americanos dos finais do século XIX princípios do XX – os Morgan, os Mellon, os Rockfeller – compraram na Europa muitas coisas, que depois doaram aos seus museus; por outro, há uma "arte americana" nativa, que vai dos naïfs do período colonial aos – Edward Hopper, Winslow Homer, Georgia O’Keefe, John Singer Sargent – que pegaram nos temas e na paisagem americanos. Até Roy Lichenstein e Pollock.

Outra coisa boa de Washington são os clubes: é mais agradável ficar lá que nos hotéis. Pois é quase ficar em casa. Ficámos no Cosmos Club, no 2121, Massachussets. O Cosmos é o clube dos políticos, académicos e intelectuais. Tem entre os seus sócios dezenas de prémios Nobel e prémios Pulitzer numa galeria de entrada...

Na Quarta, 27 de Fev., almoçámos com o W.K. no Metropolitan – o clube mais tradicional da capital, downtown, perto da Casa Branca. E voltámos lá para o jantar da Anglosphere, uma associação cultural anglo-americana, animada por dois velhos amigos – o John O’Sullivan que foi speechwriter de Tatcher e o Dan Oliver da Heritage Foundation. A sair, bruscamente, de uma cabine, Henry Kissinger, himself, para surpresa e divertimento da M. T.

Noto que as medidas de segurança, aqui, como em Nova Iorque, estão menos obcessivas, que das últimas vezes que cá vim; no State Department em vez de ter que se chegar com 20 minutos de antecedência, bastam 5 minutos.

Revejo outros amigos de há quase 30 anos, como o Jimmy Lucier e o Jeff Gayner. Conhecemo-nos em Fevereiro de 1980, numa reunião no Madison Hotel nos primeiros passos da "Era Reagan", quando começou a "Segunda Guerra Fria" e o fim da União Soviética. De um modo ou de outro, fomos "combatentes" dessa guerra, a única que me lembro de ter corrido bem para "o lado de cá". Pelo menos até ver.

(to be continued).

And more academic matters...A.M.Schlesinger on conservatism

That Lion of American Liberalism'

By E.J. DIONNE
The Washington Post
March 7, 2007

"No intellectual phenomenon has been more surprising in recent years than the revival in the United States of conservatism as a respectable social philosophy."

Thus wrote that lion of American liberalism, Arthur M. Schlesinger Jr., in 1955, long before the Reagan and Gingrich revolutions. Here was a historian whose understanding of the past afforded him remarkable perspective on the future.

Schlesinger's death last week at 89 raises the question of whether the liberalism to which he was devoted -- "I remain to this day a New Dealer, unreconstructed and unrepentant," he wrote in a memoir published in 2000 -- will be buried with him.

The short answer that arises from the body of Schlesinger's brilliant work is that reports of liberalism's death are always premature. Liberalism will rise again and again because renewing the public sphere and reviving concern for the less privileged and less powerful are what free citizens demand at the end of a conservative era.

Consider these words from Schlesinger in 1960: "At periodic moments in our history, our country has paused on the threshold of a new epoch in our national life, unable for a moment to open the door, but aware that it must advance if it is to preserve its national vitality and identity. One feels that we are approaching such a moment now -- that the mood which has dominated the nation for a decade is beginning to seem thin and irrelevant; that it no longer interprets our desires and needs as a people; that new forces, new energies, new values are straining for expression and for release."

Like John Kenneth Galbraith, his friend and fellow worker in liberalism's vineyards, Schlesinger worried about "the classical condition of private opulence and public squalor." He said of the 1950s: "We have chosen in this decade to invest not in people but in things. We have chosen to allocate our resources to undertakings which bring short-run profits to individuals rather than to those which bring long-run profits to the nation."

Schlesinger is honored by foreign policy hawks for his loathing of communism as antithetical to any form of liberalism. A few years after completing "The Age of Jackson," his magisterial work on Andrew Jackson, Schlesinger wrote a polemical volume in 1949 called "The Vital Center" that denounced the "sentimentalism" and even "private neurosis" of the pro-Soviet left. Standing up to the Soviet Union, he argued, was a liberal obligation.

Yet, if Schlesinger understood the benefits of American power, he also knew its limits. He opposed the Iraq War and the "ghastly mess" it created.

In a 2005 essay in The New York Times Book Review, Schlesinger cited Reinhold Niebuhr, the great theologian who was his friend, on what it took for Americans to be effective in the world: "a sense of modesty about the virtue, wisdom and power available to us" and "a sense of contrition about the common human frailties and foibles which lie at the foundation of both the enemy's demonry and our vanities." It's hard to imagine wiser advice on the proper use of power. Schlesinger was a practical realist who disdained utopianism but lived in hope. Indeed, his 1963 essay collection was called "The Politics of Hope," a precursor, perhaps, to Barack Obama's "The Audacity of Hope." Does it require more audacity to be hopeful in 2007 than in 1963? You have to hope not.

At its best, Schlesinger said, democratic politics is about "the search for remedy." A belief in remedy -- in problem-solving -- is the antidote to social indifference and to despair about our capacity to act in common through government. This is the liberalism Schlesinger spent his life advancing. Thanks in significant part to his work, it will long survive him."

The Wall Street Journal, 6 March 2007

One cheer for America-M.M.reading Joyce


A América tem coisas únicas, harmonias fragmentadas e exóticas, nostalgias muito especiais, sugestões de histórias e memórias, raras e quase perfeitas. Pensei isto diante desta imagem, uma fotografia já antiga (anos 50...) de Marlyn Monroe a ler, atentamente, concentradamente, o Ulysses de James Joyce.O nec plus ultra da beleza do tempo e o mais sofisticado do tempo literário do século XX. Can You imagine?

segunda-feira, março 05, 2007

One cheer for France!

Continuando a minha digressão pela arte"americana",e pensando no mal que tenho às vezes dito da França, deixo aqui esta pintura romântica de Jean-Baptiste Paon, que representa Lafayette, acompanhado pelo seu ordenança, Armistead, no cerco de Yorktown.

Considerando o papel decisivo dos Franceses na Guerra da Independência norte-americana, ao darem a Washington o
apoio naval que faltava à sua mobilidade e logística, penso também no "romantismo", nativista e naif, destas imagens "pastorais", que faziam o Scott Fitzgerald, (cito da cabeça e do coração) dizer que não se surpreenderia de ver um rebanho a atravessar uma avenida de New York...
.

domingo, março 04, 2007

O Cavalo Vermelho

Há um livro que, não sendo propriamente uma novidade editorial, tem passado completamente despercebido em Portugal. E, no entanto, foi um verdadeiro êxito de vendas em muitos outros países, tendo sido igualmente alvo de grandes e acesas polémicas. Os motivos pelo qual não terá sido traduzido e publicado em português terão a ver com o facto de se tratar de uma obra com mais de mil páginas, o que constitui certamente uma aposta arriscada para as nossas editoras, mas penso que a principal razão é o ser politicamente incorrectíssima e dar uma versão do comunismo muito diferente daquela que nos querem impingir.

Eugenio Corti, quando publicou, em 1983, Il Cavallo Rosso, narrando a sua experiência na frente russa durante a II Guerra Mundial, não estava provavelmente à espera que a sua publicação se viesse a revelar um verdadeiro "caso literário". A história começa com uma juventude feliz nessa Itália dos anos 30, marcada pela revolução fascista. Depois vem a época do entusiasmo juvenil que conduz os protagonistas a oferecerem-se, como voluntários, para a grande cruzada contra o bolchevismo. Seguem-se a neve, o gelo e o frio, o início da retirada que irá conduzir à prisão pelos comunistas, aos campos de trabalho escravo e, mais tarde, muito mais tarde, à libertação e ao regresso a Itália onde se luta, ao lado dos aliados, contra um Mussolini que já só domina o território da República Social Italiana.

Este romance, baseado em factos verídicos e na própria experiência do autor, apesar da sua dimensão lê-se quase sem fôlego, dada a vivacidade com que são descritos tantos episódios, marcados pela dor e pelo desespero. Sobretudo a terrível luta contra o frio e a sua prisão pelos comunistas, onde vão encontrar numerosos compatriotas presos já há muitos anos, bem como campos para mulheres, repletos de freiras e religiosas das mais diversas nacionalidades. Contudo, as páginas mais duras são as respeitantes à fome, a uma fome terrível que transforma homens comuns em selvagens, que os conduz mesmo a casos de canibalismo e a um sofrimento extremo impossível de narrar.

Penso que é um livro que faz falta no nosso País, sobretudo num momento em que se tenta, de novo, dar alguma respeitabilidade aos regimes comunistas. Convém que não nos esqueçamos do que aqueles regimes representaram e do sofrimento que provocaram.

Para quem esteja interessado, existe uma versão em francês: Le Cheval Rouge, editado pela L'Age de L'Homme.

"Romance"by T.H.Benton

Thomas Hart Benton(1889-1975) é outra minha recente descoberta americana. Um "realista"bem do Novo Mundo, nos temas, na luz, nas cores. Um"auto-retrato seu é capa de "Portrait of a Nation", uma selecção de retratos da National Portrait Gallery de Washington.

Mais John Wayne-"She wore a Yellow Ribbon"



Não resisti a este flash de um grande filme de Wayne.Perdoem-me os subtítulos...

100 anos de John Wayne



A voltar de Washington,reparo que John Wayne nasceu em 1907,logo tem o seu centenário este ano.Antes de mais condignas ou elaboradas celebrações pareceu-me importante lembrar aqui a efeméride de quem ,para além dos magníficos papeis de herói tranquilo e arrebatado de tantos filmes da nossa adolescência,foi sempre um combatente(político) de boas causas.

quinta-feira, março 01, 2007

Prémio PEN/Faulkner

Philip Roth é um dos meus escritores americanos preferidos. Estou habituado a que ganhe prémios em quase cada romance que escreve, muito embora deva confessar que me divido muito acerca das suas obras: se há romances, como A Pastoral Americana ou A Mancha Humana, que adorei, há outros, como O Teatro de Sabath ou Casei com um Comunista, de que francamente não gostei. Já perante o Complot contra a América fiquei relativamente indiferente.

O seu novo livro, Everyman, acaba de receber o Prémio PEN/Faulkner. Ainda não o li, mas espero fazê-lo em breve. Depois digo alguma coisa (entretanto, o Jaime, outro grande admirador deste escritor, já o leu e gostou bastante. No último número da revista fala disso...).